Fala da Presidência durante a 28ª Sessão Especial, no Senado Federal

Abertura da Sessão Especial destinada a homenagear a Ordem DeMolay, em alusão ao Dia do DeMolay, nos termos do Requerimento nº 22/2014, de autoria do Senador Mozarildo Cavalcanti e outros Senadores.

Autor
Mozarildo Cavalcanti (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RR)
Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Abertura da Sessão Especial destinada a homenagear a Ordem DeMolay, em alusão ao Dia do DeMolay, nos termos do Requerimento nº 22/2014, de autoria do Senador Mozarildo Cavalcanti e outros Senadores.
Publicação
Publicação no DSF de 18/03/2014 - Página 6
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • ABERTURA, SESSÃO ESPECIAL, HOMENAGEM, DIA, MEMBROS, MAÇONARIA, REGISTRO, IMPORTANCIA, PARTICIPAÇÃO, JUVENTUDE, ENTIDADE, COMENTARIO, ORIGEM, HISTORIA, DOUTRINA.

     O SR. PRESIDENTE (Mozarildo Cavalcanti. Bloco União e Força/PTB - RR) - Declaro aberta a sessão.

     Sob a proteção de Deus, iniciamos nossos trabalhos.

     A presente sessão especial destina-se a homenagear a Ordem DeMolay, em alusão ao Dia do DeMolay, nos termos do Requerimento nº 22, de 2014, de minha autoria e de outros Srs. Senadores e Senadoras.

     Quero convidar para compor a mesa o Deputado Izalci. Representando aqui a Câmara dos Deputados, o nosso irmão Izalci. (Palmas.)

     Convido, agora, o Mestre Conselheiro Nacional do Supremo Conselho da Ordem DeMolay para o Brasil, Sr. Sérgio Luiz Gonçalves. (Palmas.)

     Sr. Yan Walter Carvalho Cavalcante, Secretário Executivo do Grande Conselho da Ordem DeMolay do Estado da Paraíba. (Palmas.)

     Grão-Mestre Adjunto do Grande Oriente do Distrito Federal, o Sr. Lucas Galdeano. (Palmas.)

     Composta a Mesa, queremos saudar todos os irmãos maçons, e também os nossos sobrinhos DeMolay, e dizer da felicidade de estar presidindo esta sessão, porque entendo que uma das grandes ideias postas em prática pela Maçonaria foi exatamente a criação da Ordem DeMolay.

     Não adiantaria fazermos o trabalho só com as pessoas de 21 anos para cima, se não preparássemos os jovens de 21 anos para baixo, para que eles realmente já começassem a incorporar os princípios básicos da Maçonaria e pudessem amanhã ser bons cidadãos como nós pregamos e queremos que todos sejam.

     Quero, inicialmente, fazer referência a um fato. A Ordem DeMolay foi criada por um maçom que praticamente adotou o filho de outro maçom que havia morrido, assumindo, assim, a sua paternidade. Inicialmente, ele trabalhava com esse jovem somente; algum tempo depois, ele trouxe esse jovem da sua escola e, dessa forma, eles foram expandindo o trabalho para criarem, de fato, a Ordem DeMolay.

     Os maçons desejam um mundo em que vigore plenamente a consciência de que somos todos irmãos, sem distinção de credo, raça, cor ou status social. Em sua organização interna, assim deveria ser com decorrência lógica, sob a governança do Grande Arquiteto do Universo, todo mundo vivendo em paz, harmonia, compreensão e assistência fraterna.

     Não é diferente o fundamento da Ordem DeMolay, uma organização que visa auxiliar os jovens com idade entre 12 e 21 anos em um momento crucial da formação e desenvolvimento de seu caráter, tornando-os mais aptos a adentrarem o mundo adulto como seres conscientes e plenos.

     Em sua origem, era não mais que um grupo de jovens patrocinado e apoiado pela Maçonaria. Fundada em 1919 nos Estados Unidos pelo maçom Frank Sherman Land, a Ordem DeMolay deve sua denominação ao 23º e último Grão-Mestre da Ordem dos Templários, que tombou sob Filipe IV, da França, por sua obstinação em não aceitar falsas acusações de heresia e por jamais trair seus companheiros, ainda que isso lhe tenha custado a própria vida.

     Como disse há pouco, a Ordem tem por objetivo criar bons cidadãos, cumpridores de seus deveres legais, morais e familiares. Seus membros respeitam um rigoroso código de conduta, que, na verdade, chamamos de “Sete Virtudes Cardeais”, que são:

1 - amor filial. Realmente, o cidadão que não tem amor pelos pais e pela família dificilmente será um bom cidadão. O amor filial é o amor e o carinho que todos devemos ter pelos nossos pais, que nos semearam, geraram e nos ensinaram as primeiras lições de nossas vidas e se sacrificaram por nós. Através deles, nós tivemos as primeiras lições de educação, respeito e crença em Deus;

2 - reverência pelas coisas sagradas, que significa a crença em Deus, não importando a sua religião. Para ser um DeMolay, o jovem tem que ter fé nEle, o Grande Arquiteto do Universo;

3 - cortesia, interpretada como educação e solidariedade, que são os princípios que um DeMolay procura pôr em prática, por meio da filantropia, mas somente válida quando é feita com sentimento, colocando o coração naquilo que faz. Os DeMolays possuem o seguinte pensamento: para ser útil à sociedade, não é necessário ser um DeMolay, mas, para ser um DeMolay, é necessário ser útil à sociedade. Então, ser útil à sociedade é um princípio muito importante mesmo;

4 - companheirismo, que é ser sempre um amigo leal tanto nas horas boas quanto nas ruins. Um verdadeiro companheiro e amigo é aquele que estende a mão para um irmão em momentos de dificuldade. Companheirismo é levar uma chama de amizade no coração para que, quando um amigo estiver no meio do túnel, ele possa iluminar e mostrar onde está a saída;

5 - fidelidade, que é sempre acreditar em seus ideais e virtudes, mantendo em segredo tudo aquilo que lhe for confiado. É ser fiel a Deus, à sua Pátria e aos seus amigos, seguindo o exemplo de fidelidade de Jacques DeMolay, que preferiu morrer a trair seus irmãos ou faltar com seu juramento;

6 - pureza, que é ser um cidadão idôneo, puro de alma e de coração. É sempre estar de bem com a própria consciência. É manter a mente longe de tudo o que vá contra os princípios de um bom cidadão;

7 - finalmente o patriotismo, até porque o patriotismo requer as outras virtudes anteriores. É respeitar e defender a nossa Pátria, o nosso Estado e a nossa cidade e, além disso, conservar tudo o que diz respeito ao patrimônio público, como escolas, asilos, orfanatos e hospitais que prestam ajuda às pessoas mais carentes da nossa sociedade.

     Assim, cada integrante da Ordem se vê integrado e harmonizado à sociedade em que vive, auxiliando o próximo em suas necessidades.

     Convém, aqui, abrir um parêntese para comentar o especial interesse que a Ordem dedica à educação, particularmente à educação pública. Em consonância com os ideais de fraternidade, companheirismo e também de desenvolvimento pessoal, a DeMolay consagra intenso valor à educação, entendendo-a como o caminho capaz de conferir a todos os jovens, indistintamente, um futuro mais luminoso.

     Em síntese, o cidadão formado de acordo com os princípios da Ordem deve servir como exemplo e modelo a ser seguido por todos os jovens. Nas palavras do Primeiro Diácono na Cerimônia de Iniciação - abro aspas:

O grande objetivo de nossa Ordem é ensinar e praticar as virtudes que nos levam a uma vida pura, reta, patriótica e reverente, como a melhor preparação para a maioridade da qual nos aproximamos. Nós procuramos, sinceramente, ser melhores filhos, melhores irmãos e melhores amigos, para que, ao chegarmos aos anos da maioridade, possamos ser melhores homens.

     Senhoras e senhores aqui presentes, a Ordem DeMolay chegou ao Brasil em 1980, com a instalação de sua célula mater, chamada “Capítulo Rio de Janeiro n° 001”. Foi, também, o pioneiro Capítulo da América do Sul, trazido pelo Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho do Rito Escocês, o inesquecível amigo

Alberto Mansur. Sua expansão em nosso País se deu em ritmo vertiginoso, espraiando-se por todas as unidades federativas.

     Hoje, a Ordem DeMolay conta com mais de 200 mil membros filiados. A instituição obteve amplo reconhecimento internacional, e o Brasil foi um dos países que teve autorização para instalar um Supremo Conselho próprio, já em 1985. Portanto, ambas as instituições dos DeMolays, do Supremo Conselho, são legítimas e

devem, de fato, digamos assim, ter, uns com os outros, a melhor das boas relações.

     Na atualidade, a Ordem defronta-se com um desafio premente, mas que ela, certamente, saberá conduzir a bom termo. Trata-se dos arranjos destinados a unificar a Ordem DeMolay no Brasil.

     Eu, particularmente, encaro como um desafio da Ordem DeMolay, assim como da Maçonaria no geral. Eu acho que se nós queremos realmente a união, nós temos de estar unidos. Então, não adianta pregar a união se nós temos desuniões entre nós mesmos.

     Nos 792 Capítulos instalados em Território brasileiro, espalhados de norte a sul e de leste a oeste, se reúnem milhares de jovens, sequiosos pelo acesso aos ensinamentos de Frank Sherman Land. Pertencente a uma família com profundas raízes na Maçonaria, posso afirmar que, com apoio nas “Sete Virtudes Cardeais”, já

mencionadas, a Ordem DeMolay transformou a vida de milhares de jovens brasileiros e continua a ajudar na formação de um sem-número de líderes juvenis.

     A Ordem DeMolay comemora o seu dia em 18 de março, mas nós estamos fazendo a sessão no dia 17 por questões internas do Senado, e a estamos fazendo hoje justamente em reverência, em homenagem ao

Dia do DeMolay, data da execução do seu patrono, o lendário e insubmisso Jacques DeMolay. Trata-se de uma data que nos traz a todos nós que sempre lutamos pelo engrandecimento da família maçônica e de suas organizações

paralelas muito contentamento e muita emoção.

     Ocorre que homenageamos, nesta data, em pleno Senado Federal, o portento em que se transformou esse grande movimento de jovens, um dos maiores, senão o maior, de todo o mundo. Eu olho para o passado e vejo que, modestamente, contribuí para tal evolução, do mesmo modo que vários irmãos, famosos ou anônimos, entre eles: a ex-Senadora Rosalba Ciarlini, atualmente Governadora do Rio Grande do Norte, que é uma entusiasta da Maçonaria; o amigo e irmão, já mencionado aqui, Alberto Mansur, falecido em 2012, que participou, inclusive, de outras solenidades aqui, no Senado, em homenagem à Ordem DeMolay, mas que, embora falecido, nós temos sempre presente em nossas recordações.

     Por óbvio, a humildade, um dos pilares da mundividência preconizada pela DeMolay, impõe que se reconheça e se exalte o labor cotidiano de seus próprios membros, os jovens, que efetivamente construíram e continuam a fazer a história da Ordem. Não obstante, desejo terminar este pronunciamento com as emocionadas palavras proferidas por Alberto Mansur, por ocasião da primeira homenagem que esta Casa prestou à Ordem DeMolay, por requerimento de minha autoria também. Abro aspas para o nosso irmão Alberto Mansur:

Eu quero pedir, então, aos nossos queridos DeMolays do Supremo Conselho para o Brasil: defendam essa conquista brasileira! Defendam essa conquista que os DeMolays construíram. Defendam sempre, para que essas mensagens maravilhosas dos ensinamentos da DeMolay possam se propagar sempre na nossa terra. Queremos homens bons se tornando melhores; queremos que essas lições, as Sete Virtudes Cardeais, tantas vezes ditas aqui, sejam realmente postas em prática por vocês, DeMolays, porque assim nós poderemos realmente mudar e transformar o mundo, como sempre nós sonhamos, em um mundo de paz, de fraternidade, de amor, sob a proteção do Grande Arquiteto do Universo.

     Então, com essas palavras, quero dar as boas-vindas a todas as autoridades maçônicas aqui presentes, a todas as autoridades dos DeMolays, e dizer que realmente tenho muita honra, primeiro de ser maçom - não tive oportunidade, na minha época, de sequer saber da Ordem DeMolay; só entrei com vinte e poucos anos na Maçonaria; mas creio realmente, como eu disse no início, que essa talvez tenha sido a melhor obra da Maçonaria, de realmente se preocupar com os jovens, que costumamos dizer são o futuro do País; mas, como será um futuro, é preciso praticarem essas Sete Virtudes Cardeais e terem, principalmente, a ideia de o próprio indivíduo necessitar ser útil à sociedade, antes de cobrar coisas da sociedade.

     Por último, quero dizer que fico muito feliz com a presença de vocês todos e também com a presença de algumas senhoras e jovens. É também orgulho para nós - aliás, é uma pregação principal da Maçonaria - a honra e o cuidado com a família, que, na verdade, é a célula mater do Estado e do País, enfim.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/03/2014 - Página 6