Discurso durante a 30ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao Governador de Pernambuco pelos supostos ataques direcionados à Presidente da República; e outro assunto.

Autor
Humberto Costa (PT - Partido dos Trabalhadores/PE)
Nome completo: Humberto Sérgio Costa Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESPORTE. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), GOVERNO ESTADUAL. :
  • Críticas ao Governador de Pernambuco pelos supostos ataques direcionados à Presidente da República; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 19/03/2014 - Página 53
Assunto
Outros > ESPORTE. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • COMENTARIO, DADOS, RESULTADO, PESQUISA, PUBLICAÇÃO, JORNAL DO COMMERCIO, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), REFERENCIA, EXPECTATIVA, APOIO, POPULAÇÃO, RECIFE (PE), RELAÇÃO, REALIZAÇÃO, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL, LOCAL, BRASIL.
  • CRITICA, DECLARAÇÃO, GOVERNADOR, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), RELAÇÃO, NOMEAÇÃO, CARGO, MINISTRO DE ESTADO, TROCA, APOIO, GOVERNO FEDERAL, REGISTRO, AUMENTO, NUMERO, SECRETARIA DE ESTADO, GOVERNO ESTADUAL.

            O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Apoio Governo/PT - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, telespectadores da TV Senado, ouvintes que nos acompanham pela Rádio Senado, antes de entrar no meu discurso propriamente dito, quero ressaltar aqui alguns dados muito importantes publicados hoje em um jornal de Recife, o Jornal do Commercio.

            Ontem, tive a oportunidade de, desta tribuna, dizer que o brasileiro quer a Copa do Mundo e que o Brasil vai fazer este ano a Copa das Copas, a mais bonita da história.

            Pois bem, o Instituto Maurício de Nassau divulgou uma pesquisa intitulada "Os recifenses e a Copa do Mundo", feita sobre o mundial de futebol, que contraria as gralhas de sempre, aquelas dos discursos raivosos contra o sucesso do Brasil.

            Os dados mostram que 71,5% das pessoas de Recife são favoráveis ao fato de a Copa ser sediada no Brasil. Outros 73,3% disseram que pretendem assistir aos jogos, e 78,7% acreditam que o Brasil será hexacampeão jogando em casa. Mais ainda, 66,2% dos entrevistados afirmaram que reprovam a realização de manifestações no período dos jogos numa demonstração insofismável de apoio ao campeonato mundial.

            Nesse sentido, quero aqui transcrever a fala do trabalhador autônomo Gutemberg Lima, de 26 anos, que, em entrevista ao Jornal do Commercio, falou sobre o seu sentimento em relação à Copa. Ele diz:

Acho que o Governo tinha de investir mesmo na Copa do Mundo, ela só acontece a cada quatro anos, e, na segunda vez que é realizada aqui, não poderíamos fazer feio. Esse é o sonho de todo brasileiro: ver o torneio aqui e, de preferência, a seleção erguendo a taça.

            Então, fico muito contente de ter trazido este tema à pauta para rebater essas críticas persistentes contra o êxito da nossa Copa e provar que elas não encontram amparo no sentimento da população. O Brasil quer a Copa do Mundo de Futebol e está na torcida para que ela seja um sucesso.

            Mas, Sr. Presidente, hoje, por dever de ofício, na condição de Líder do PT e também pelo meu próprio convencimento, sou obrigado aqui a abordar, mais uma vez, as posições equivocadas que integrantes da oposição têm insistido em defender nessa disputa eleitoral.

            Na semana passada, cheguei a propor que o debate nessa campanha que se inicia tivesse um nível mais elevado, condizente com o cargo que está em disputa, a Presidência da República. Mas, novamente, somos surpreendidos com uma enxurrada de agressões, discursos vazios e metáforas pobres contra o nosso Governo, contra a Presidente Dilma.

            Recentemente, numa cidade do interior de Pernambuco, o Governador Eduardo Campos, candidato a Presidente da República pelo PSB, voltou a atacar o Governo Federal dizendo que a composição de cargos é feita no Governo como se estivesse distribuindo bananas ou laranjas.

            Ora, até dois meses atrás, o tamanho do primeiro escalão do Governo de Pernambuco chegava a 29 secretarias, muitas delas, inclusive, exatamente coincidentes com os ministérios que nós temos aqui na esplanada. E agora, no oitavo e último ano do Governo, é que S. Exª reduziu o número de secretarias de 29 para 23.

            É importante ressaltar também que foi essa gestão de Pernambuco que elevou para mais de 3,5 mil o número de cargos comissionados do Estado, maior patamar já alcançado na história da máquina pública de Pernambuco. Eu tenho certeza de que esses cargos foram criados porque eles eram necessários à Administração Pública estadual.

            Somente no último ano, tivemos a redução desse número de cargos comissionados. E é importante ressaltar que muitos desses cargos terminaram sendo ocupados por ex-prefeitos, por ex-Parlamentares que, obviamente, foram ocupar esses cargos não somente pelo seu prestígio, pela sua competência, mas também por razões de ordem política.

            Portanto, da mesma forma que acontece no Governo Federal, no Governo de Pernambuco também os partidos que dão suporte ao Governo ocupam espaços importantes, contribuem administrativamente para o sucesso da gestão, como nós do PT já contribuímos em outros momentos da administração.

            Pois bem, muitos desses cargos são agora ocupados por ex-prefeitos, por ex-Deputados que estão ali para trazer a sua contribuição também para a disputa eleitoral que vai acontecer em 2014, no nosso Estado.

            Eu fico pasmo quando eu vejo os integrantes da oposição que vêm para cá fazer discurso e dizem que o Governo faz conchavo, dizem que o Governo faz acordo espúrio, dizem que o Governo loteia os seus espaços.

E quando se diz que há uma crise entre o PT e o PMDB, são os primeiros a irem até lá, para ver se sobra alguma coisa para eles. Dizem que o PMDB é a cópia exata do demônio, é a cópia do satanás, mas quando há uma crise entre PT e PMDB, eles são os primeiros a irem buscar as Lideranças do PMDB para ver se vão compor as suas chapas e a sua base de apoio.

            Portanto, nós entendemos que essas críticas, como as que o Governador Eduardo Campos fez, são injustas, até porque, há seis meses, o PSB ocupava um Ministério importante, como o Ministério da Integração Nacional, que desenvolveu muitas políticas importantes, inclusive nos Estados governados pelo PSB. O PSB ocupava, em outro momento, o Ministério da Ciência e Tecnologia, a Secretaria dos Portos, a Chesf, a Codevasf, a Sudeco, a Sudene. Todos esses cargos eram ocupados pelo PSB. Ou seja, quando o PSB era governo, esses cargos não eram iguais a laranjas ou bananas. Eram cargos importantes. Agora que o PSB está fora, esses cargos são usados pelo Governo para negociar, como laranja e como banana.

            Entendo que a tática do Governador de Pernambuco de buscar atacar a Presidenta Dilma vem no sentido de tentar criar uma polarização, se apresentando como oposição para atingir uma parte significativa do eleitorado. Mas isso deve ser feito com argumentos políticos. Isso não deve ser feito com ataques, isso não deve ser feito com agressões e, principalmente, isso não pode ser feito com incoerências.

(Soa a campainha.)

            O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Apoio Governo/PT - PE) - No Governo de Pernambuco, todos os Partidos que apoiam o Governo na Assembleia têm cargos. Na prefeitura do Recife, todos os Partidos - e foram mais de dez - que apoiaram o candidato a prefeito - o hoje Prefeito -, todos eles participam do Governo. Mas, no Governo Federal, não pode. Eles nos acusam de fisiologismo, nos acusam de distribuir cargos para ter apoio e solidariedade no Congresso Nacional. É exatamente assim que agem. Não por maldade, nem deles nem nossa, mas porque temos um sistema político-eleitoral que é absolutamente falho. No Brasil se elege um Presidente da República, às vezes, com mais de 60% dos votos no segundo turno. No entanto, o seu Partido, muitas vezes, não consegue atingir 20% do eleitorado. E aí o que acontece? Somos obrigados a fazer o presidencialismo de coalizão, e o Governador Eduardo Campos sabe muito bem que, se ele ganhar a eleição, terá que fazer as mesmas coalizões.

            Portanto, não venham nos criticar de forma agressiva pelo fato de que nós estamos dando espaço para que os nossos aliados contribuam com a administração. Mas tenho certeza de que isso é por falta de um discurso que responda aos anseios da população brasileira. Vejo a oposição no Brasil, a cada dia, mais aturdida, mais desencaminhada e vive às voltas com a sua incoerência e com a sua falta de ideias para o debate no nosso País.

            Vejam bem, até 15 dias atrás, este púlpito era ocupado por pessoas que reproduziam o que os jornais anunciavam, que o Brasil estava num abismo econômico, que havia o desequilíbrio fiscal, que a inflação ia subir, que o desemprego ia aumentar.

(Soa a campainha.)

            O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Apoio Governo/PT - PE) - Agora, depois que o Governo apresentou as suas proposições para 2014, superávit primário, propostas de contingenciamento do orçamento, de combate à inflação; agora que nós tivemos, neste mês de fevereiro, o menor desemprego da história de todos os fevereiros - e isso foi contabilizado pelo IBGE -, mudou o assunto. Ninguém fala mais de economia. Vão esperar a próxima oportunidade para transformar qualquer problema numa grande catástrofe. Agora o tema é o setor elétrico. Todos vêm aqui com a cantilena de que vai haver racionamento, de que não houve planejamento, de que a conta vai ser paga pela população. É a discussão sobre a situação da Petrobras. Ora, a oposição não sabe, realmente, em que se centrar para fazer o debate político sobre a situação do País.

            É por isso que nós temos a mais absoluta certeza e convicção de que teremos um grande debate nessa eleição, mas nós vamos vencê-la, porque nós temos o que mostrar ao povo brasileiro, porque nós incluímos milhões de pessoas neste País que nunca tiveram direito à cidadania e à dignidade para viver, porque nós conseguimos fazer com que o Brasil, que era um País que não tinha, há muito tempo, investimentos em infraestrutura, tivesse o PAC 1, o PAC 2, estivesse hoje repensando a sua realidade estrutural e traçando o futuro do nosso País.

            Portanto, Sr. Presidente, eu quero agradecer a tolerância de V. Exª.

            Eu conheço o Governador Eduardo Campos. Sei da sua competência, sei do seu preparo, sei, acima de tudo, da maneira elegante como ele faz política.

            Não siga por esse caminho, Governador.

(Soa a campainha.)

            O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Apoio Governo/PT - PE) - Vamos discutir o Brasil de forma elevada, vamos discutir o Brasil em termos de propostas políticas. Não vai ser com sopapos e agressões que nós vamos fazer com que o povo se interesse pelo debate político-eleitoral.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/03/2014 - Página 53