Discurso durante a 30ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apresentação de requerimento de voto de pesar pelo falecimento do ator João Goulart.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Apresentação de requerimento de voto de pesar pelo falecimento do ator João Goulart.
Publicação
Publicação no DSF de 19/03/2014 - Página 243
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • APRESENTAÇÃO, REQUERIMENTO, HOMENAGEM, VOTO DE PESAR, MORTE, ATOR, ESTADO DE SÃO PAULO (SP).

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo /PT - SP) - Sr. Presidente, agradeço se puder ser lido o requerimento, em cuja justificação me inscrevo para falar do pesar pelo falecimento do ator Paulo Goulart. Ou, se V. Exª permitir, eu aqui leio o requerimento.

            Posso ler o requerimento, Sr. Presidente?

            O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. Bloco Maioria/PMDB - AL) - Pode ler o requerimento, Senador Suplicy.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP. Sem revisão do orador.) - Requeiro, nos termos do art. 218, inciso VII, e art. 221, inciso I, do Regimento, inserção em ata de voto de pesar pelo falecimento do ator Paulo Afonso Miessa, conhecido como Paulo Goulart, na quinta-feira, dia 13, aos 81 anos, no Hospital da Beneficência Portuguesa, em São Paulo, e apresentação de condolências a sua esposa, Nicette Bruno, aos filhos Beth Goulart, Bárbara Bruno e Paulo Goulart Filho; aos netos e bisnetos.

            O amor pela interpretação foi tão grande que Paulo Goulart a levou para a sua própria vida, na qual a mulher e os filhos também fizeram da arte a sua profissão. Patriarca de uma família dedicada à arte de interpretar, ele deixa um vazio na TV, no teatro e no cinema.

            Paulo Afonso Miessa nasceu em1933, em Ribeirão Preto, no interior do Estado de São Paulo. Adotou como sobrenome artístico o Goulart de um tio, o radialista Airton Goulart. O primeiro emprego foi como DJ, operador e locutor em uma rádio fundada por seu pai, em Olímpia, também no interior paulista.

            A carreira artística começou na Rádio Tupi, em 1951, como ator de radionovelas. Ao mesmo tempo, Goulart fez seu primeiro trabalho na TV, ao lado de Mazzaropi.

            Antes de iniciar a carreira artística, o futuro ator estudou Química Industrial. Ele próprio dizia que a ideia era ter uma alternativa de emprego. "Eu queria ter algum outro ofício, porque rádio, embora fosse uma grande coqueluche, não era encarado como uma profissão".

            Goulart conheceu a atriz Nicette Bruno em 1952, quando ela procurava um galã para atuar ao seu lado na peça “Senhorita, Minha Mãe”. Goulart fez um teste e foi aprovado pela própria Nicette. Pouco depois, os dois começaram a namorar e permaneceram casados por toda a vida de Paulo. Juntos eles tiveram três filhos, sete netos e dois bisnetos.

            No cinema, ele estreou em 1954, na comédia “Destino em Apuros”, de Ernesto Remani. Nesse, que é tido como o primeiro filme colorido produzido no Brasil, Goulart contracenou com Paulo Autran, Sérgio Britto, Ítalo Rossi e Inezita Barroso. Também atuou no filme “Rio, Zona Norte”, em 1957, de Nelson Pereira dos Santos, um de nossos maiores cineastas.

            Antes de ir para a TV Globo, em 1969, Paulo Goulart trabalhou na antiga TV Excelsior. Entre o final da década de 1950 e o começo da de 1960, prosseguiu atuando no cinema. Em 1958, esteve em nada menos que cinco filmes. Já na Globo, seu primeiro papel veio em “A Cabana do Pai Tomás”.

            Entre 1977 e 1979, Goulart fez novelas importantes na TV Tupi, como “Éramos Seis” e “Gaivotas”. De volta à Globo, atuou em “Plumas e Paetês” (1980), “Jogo da Vida” (1981), “Transas e Caretas” (1984), “Roda de Fogo” (1986) e “Fera Radical” (1988). Em 1993, Goulart viveu um marcante papel de vilão na novela “Mulheres de Areia”, com a personagem Donato.

            Após fazer “As Pupilas do Senhor Reitor”, em 1995, no SBT; “O Campeão” (1996), “Zazá” (1997), “Esperança” (2002), na Globo, Goulart foi escalado para viver o padrasto da protagonista Sol (Deborah Secco), em “América”, em 2005, também na TV Globo.

            O ator participou de várias minisséries como “O Auto da Compadecida” (1999), “Aquarela do Brasil” (2000), “Um Só Coração” (2004), “JK” (2006) e “Amazônia: de Galvez a Chico Mendes” (2007).

            Já em tratamento, Paulo participou das gravações do filme “O Tempo e o Vento”, adaptação para o cinema do clássico de Érico Veríssimo, com direção de Jayme Monjardim.

            Paulo era um ator de grande versatilidade. Atuava com a naturalidade dos grandes intérpretes, percorria do galã ao vilão, do matuto ao grande empresário, com sua atuação firme e marcante que enche de orgulho a dramaturgia brasileira.

            Com sua reconhecida educação no trato com as pessoas, Paulo Goulart foi um exemplo de cortesia, afeto e respeito com todos. De viva alegria, Paulo Goulart também nos ensinou a importância de buscarmos, a cada dia, um caminho na nossa jornada de evolução espiritual.

            Esse espírito de homem correto e fazedor do bem, adquirido também em função de sua vida a dois com Nicette Bruno, segue como exemplo natural nas pessoas de seus filhos queridos, netos e bisnetos.

            Foi tão belo o depoimento o depoimento de tantos atores e atrizes, de Juca de Oliveira, da própria Nicette Bruno, da sua filha Beth Goulart, de Paulo Goulart Filho, da Bárbara Bruno e de tantos outros que disseram como Paulo Goulart foi para eles um exemplo que fizeram tantos também seguirem a carreira de atores e de atrizes pela seriedade com que ele fazia com tanto amor o seu trabalho.

            Os nossos votos de pesar à família de Paulo Goulart, a quem rendemos homenagem.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/03/2014 - Página 243