O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (Bloco União e Força/PTB - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Flexa Ribeiro, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, há algumas coisas na vida da gente que a gente nunca esquece, principalmente coisas que vêm da infância, com as quais a gente conviveu, que ficaram marcadas, realmente, nos nossos corações, nas nossas mentes, e a gente é, digamos assim, satisfatoriamente, obrigado a registrar.

            Quero, hoje, registrar os 98 anos de existência da Escola São José, no meu Estado.

            A Escola Estadual São José, localizada no centro histórico de Boa Vista, completa, hoje, 92 anos. Portanto, é uma quase secular instituição. Para celebrar a data, a instituição programou uma série de atividades culturais, esportivas e pedagógicas, que serão realizadas das 8h às 14h, na própria unidade de ensino - oficialmente, foi a primeira escola de Roraima.

            Então, é bom deixar bem claro: foi a primeira escola de Roraima a funcionar.

            As atividades se iniciam com um momento cívico. Às 8h30, na Igreja Matriz, que fica próxima, haverá a celebração de uma missa em ação de graças para uma das escolas mais antigas e tradicionais do Estado.

            Na sequência, haverá uma homenagem aos funcionários mais antigos, apresentações culturais, esportivas e oficinas de beleza as mais diversas. Serão ofertados para a comunidade serviços como o teste de glicose e a aferição de pressão arterial, medida corpórea, vacinação, aplicação de flúor e orientações sobre a escovação de dentes. Após as atividades, a escola irá servir uma feijoada que será comercializada ao peço de R$10,00.

            Diz a diretora da escola: “Neste ano, as comemorações do aniversário da escola estão voltadas à comunidade por meio da oferta de serviços e a oficina. Nossa intenção é aproximar a família da escola.”

            Quero pedir a V. Exª que autorize a transcrição do restante dessa matéria, publicada na Folha de Boa Vista, mas quero aqui fazer um comentário. Essa escola foi aberta e durante muito tempo ficou sob a manutenção da Igreja Católica em Roraima. Eram, inicialmente, freiras de uma ordem, depois passou a ser de outra ordem. Era uma escola feminina. Agora já não é mais. A escola tinha o condão de realmente formar pessoas preparadas para o futuro.

            Minhas duas irmãs estudaram lá, ao mesmo tempo em que eu estudava na hoje escola Euclides da Cunha - na época chamada Ginásio Euclides da Cunha -, que recebia, portanto, os estudantes masculinos.

            Quero, com muita satisfação, registrar esse fato, ao tempo em que digo que fico feliz, porque, embora tenha a formação de médico, sou também professor da Universidade Federal de Roraima e sempre entendi, desde a mais tenra idade, como meu pai mesmo me dizia, que o maior tesouro que uma pessoa pode ter é o saber.

            Portanto, eu sempre pautei a minha conduta como Parlamentar priorizando a educação. Foi assim que, graças a Deus, por meio de projetos meus, foram criadas a Universidade Federal de Roraima, que já tem mais de 25 anos de existência, foi criado também o Instituto Federal de Educação, que era a antiga Escola Técnica, e agora estamos batalhando, Senador Flexa pela criação de um colégio militar em Roraima.

            Infelizmente, o projeto apresentado por mim, aqui no Senado, já está há muitos anos na Câmara e lá não é votado.

            Estamos negociando também, já que o Exército, Senador Flexa, coincidentemente, priorizou no Estado de V. Exª, na capital, Belém, e, no meu Estado, na capital Boa Vista.

            Então, falta realmente haver sensibilização por parte do Executivo, para que a gente bote em prática isso, uma coisa que o próprio Exército já definiu. O que falta, portanto, é botar em prática.

            Nem me importo se o meu projeto vai ser aprovado ou não. O que eu quero é que o meu Estado tenha um colégio militar, como o Estado de V. Exª. O Estado de V. Exª com maior razão, porque agora foi criado o Comando Militar do Norte. Então, como é que se cria um comando sem haver um colégio militar?

            E é bom que se esclareça que o colégio militar não é só para filhos de militares; é uma instituição aberta para homens e mulheres, filhos ou não de militares.

            Então, eu acho que nós temos que somar esforços, Senador Flexa, para que tanto o colégio militar de Belém quanto o colégio militar de Boa Vista, capital do meu Estado, sejam realmente instalados, independentemente de posição partidária, independentemente de ser ou não a favor do Governo. A questão aqui é ser a favor do povo do meu Estado e do seu Estado.

            Agora, não entendo por que não se aprova esse projeto, Senador Flexa, porque é um projeto autorizativo, como foi o da universidade e da escola técnica. Quando é um projeto autorizativo, o Congresso dá autorização para o Executivo executar; quer dizer, ele se antecipa à remessa da mensagem da Presidente, autorizando a fazer. Quando ela vai fazer e como vai fazer é um problema do Executivo. O Legislativo já terá dado a autorização.

            Então, eu estou insistindo nisso porque não posso encontrar outro caminho, principalmente para aquelas pessoas mais pobres, senão a educação. E olhe: como médico, eu estou priorizando a educação, porque sei que quem não tem instrução nem sequer sabem se prevenir de doenças que poderiam ser evitadas apenas com hábitos de higiene ou com cuidados básicos, como lavar as mãos, escovar os dentes.

            Então, eu quero aqui defender, ao mesmo tempo em que peço realmente muito apoio do Ministério da Educação às escolas que eu mencionei aqui, da Universidade Federal de Roraima, do Instituto Federal de Educação, porque estão fazendo uma revolução na educação do meu Estado.

            Senador Flexa, eu estudei em Belém. Formei-me em Belém. Naquela época, nós não tínhamos nem o chamado, hoje, ensino médio - antigamente era chamado 2º grau. E eu fui lá para Belém, fui muito bem acolhido, formei-me em Medicina. Meus pais foram para lá para darem condições de nós estudarmos, morreram lá, e eu tenho duas irmãs em Belém.

            Então, eu quero, de fato, priorizar a educação, porque, sem isso, nós não vamos fazer, nem sequer no Estado, um Estado melhor. E, não vamos fazer um País melhor realmente, mais sólido, se não investirmos pesado na educação.

            Então, fica aqui este registro, Senador Flexa.

            Para terminar, eu quero apenas fazer uma homenagem à minha mãe, que há um ano morreu. Eu, como médico, achava que estava preparado para a hora de sua partida. Partiu aos 89 anos, às vésperas de fazer 90 anos. Uma pessoa que me deixou muitos ensinamentos, uma pessoa que, de fato, cuidou de perto tanto de mim como de meus irmãos. Portanto, faço-o hoje, com o coração aliviado, porque tenho certeza de que ela está perto de Deus e que vai continuar protegendo tanto a mim como a meus irmãos, como sempre fez na vida.

            Há um ano, eu fiquei muito abalado com o seu falecimento. Embora eu estivesse aparentemente preparado, quando ela morreu, eu realmente sofri muito, foi um transtorno emocional muito forte. Mas, hoje, graças a Deus, o que existe é uma saudade, uma lembrança positiva dela, que quero deixar registrada nos Anais do Senado.

            Portanto, Senador Flexa Ribeiro, quero pedir a V. Exª a transcrição desta matéria na íntegra, como parte do meu pronunciamento.

DOCUMENTO ENCAMINHADO PELO SR. SENADOR MOZARILDO CAVALCANTI EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e §2º, do Regimento Interno.)

Matéria referida:

- Artigo “Escola São José comemora 92 anos hoje”; jornal Folha de Boa Vista, 19/03/2014.