O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Apoio Governo/PSOL - AP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, para cumprir o rito, nesta rápida comunicação após o comunicado do recolhimento de assinaturas de CPI, eu queria repercutir que, no início da sessão do dia de hoje, alguns líderes do Governo aqui fizeram referência a uma representação que eu e outros corajosos e coerentes colegas Senadores, com quem tenho a honra de compartilhar, assinaram e levaram, ainda no dia de ontem, uma representação à Procuradoria Geral da República. Além de mim, a Senadora Ana Amélia, os Senadores Cristovam Buarque, Jarbas Vasconcelos, Pedro Taques, Pedro Simon, Rodrigo Rollemberg e o Deputado Ivan Valente estiveram, ontem, na Procuradoria Geral da República para levar uma representação, e, no dia de hoje, nós fomos acusados de essa representação ter sido contra a Presidente da República.

            É necessário, Sr. Presidente, aqui repor a verdade. Uma breve e simples leitura dessa representação mostraria que ela começa dizendo o seguinte: “Para que seja investigada a atuação do Conselho de Administração da Petrobras”. Ou seja, uma simples leitura reporia a verdade.

            Como muito bem foi dito, parece-me que as palavras não expressam a verdade do sentimento do que querem as lideranças do Governo, porque eles dizem “que não reste pedra sobre pedra de investigação”, mas as palavras não se refletem em gestos. Os gestos, para que não pare pedra sobre pedra de investigação, são que todos os órgãos investiguem - a Procuradoria Geral da República, o Ministério Público Federal, o comparecimento aqui, no Congresso Nacional, de todos os personagens: a Presidente Graça Foster, o Ministro Edson Lobão, o Sr. Nestor Cerveró, o Sr. Sérgio Gabrielli. E, se for o caso, também a instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito.

            Eu recuso ser utilizada qualquer desculpa em contrário a isso. Não utilizemos a velha desculpa de que isso vai ocasionar a quebra da Petrobras, ou de que isso é argumento para a privatização da Petrobras.

(Soa a campainha.)

            O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Apoio Governo/PSOL - AP) - Não é, Sr. Presidente. Eu quero lembrar que, se há alguém que fez leilão e fez modelo de privatização da Petrobras, através do leilão do pré-sal, através de modelo novo de privatização, chamado partilha, foi o atual Governo. Se o anterior governo, dos anos 1990, do PSDB, privatizou através de concessão, o atual fez uma forma de privatização também. Então, não utilizem isso como argumento para o que está acontecendo atualmente. Isso não pode ser argumento contrário à investigação. Ninguém pode ser contrário a qualquer forma de investigação, a qualquer tentativa de investigação.

            Sr. Presidente, alguns argumentam - e falo isso para concluir, para atender vosso apelo de breve pela ordem - que nós temos, com isso, Senador Pedro Taques, espírito udenista. Ora, esse tipo de afirmação faz da velha, conservadora e hipócrita UDN um paradigma de moralidade. Isso é lamentável. Não ressuscitem a conservadora e hipócrita UDN dessa forma. Os fatos, dessa forma, se invertem.

            Para nós da esquerda, Sr. Presidente - o senhor é de um partido de esquerda e sabe muito bem -, investigar é um princípio. É de Samora Machel, militante de esquerda, uma frase indelével: "Não basta ser moral a nossa causa, é necessário que a moral e o princípio estejam dentro de nós." Portanto, ter como princípio e querer levar a investigação a qualquer consequência deve ser exigência nossa.

            Quero acreditar que não deve haver nenhuma percepção contrária, não deveria haver, da parte de nenhuma liderança do Governo, nenhum óbice a qualquer investigação.

            Quanto à representação que assinei junto com outros Senadores, é importante que se diga a verdade. Bastava uma simples leitura da representação que se veria que ela começa dizendo: “para que seja investigada a atuação do Conselho de Administração da Petrobras”. É lógico que a presidente do Conselho de Administração era aquela que é hoje a Presidente da República, mas a representação começa dizendo: “para que seja investigado o Conselho de Administração”. Uma simples leitura colocaria em termos a verdade.

            Então, que não se deturpem fatos, que não se deturpe o que está escrito, que não se falseie a verdade. A simples leitura da representação coloca o que nós levamos, ontem, para ser investigado pelo Procurador-Geral da República.