O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, embora estejamos aí bem próximos do início da Ordem do Dia, eu estou inscrito para uma comunicação inadiável para dizer que é com bastante preocupação que ocupo a tribuna do Senado Federal para relatar um pouco do trabalho que procuramos fazer, não só eu, mas toda a Bancada Federal do Acre, em Rio Branco, no Acre, nesse final de semana.

            Eu saí daqui, quinta-feira, com a Deputada Perpétua e o Senador Anibal, fomos a Rondônia; conseguimos chegar à área onde o Rio Madeira transbordou, numa enchente recorde. Ali, conversamos com caminhoneiros, com pessoas que estão há uma semana, dez dias, sem poder nem voltar, nem seguir viagem rumo ao Acre.

            Refiro-me à cheia histórica, recorde, do Rio Madeira, que atingiu 19,71m. Isso é algo inimaginável para um rio como aquele, o quarto rio mais veloz do País, o décimo mais veloz do mundo, com um volume de água, neste momento, equivalente a 50 rios São Francisco fora do período de cheia.

            Esse fenômeno interditou, de certa forma, a BR-364, fazendo com que todo o abastecimento do Acre fosse comprometido. Para ilustrar: se trafegavam ali, por mês, sete mil carretas, ontem passaram 18 carretas, depois de quase cinco dias sem passar carro algum. Hoje - e acabei de falar com o Governador Tião Viana -, a expectativa é de que passem mais 20 carretas, mas numa operação de guerra, com equipamento pesado, funcionários do Governo do Acre, bombeiros do Acre atuando no Estado de Rondônia para fazer o esforço necessário a fim de que o isolamento do Acre não seja total e absoluto.

            O Senador Sérgio Petecão, que está aqui no plenário, como coordenador da Bancada, organizou e coordenou uma reunião que fizemos com o Governador Tião Viana. Estivemos lá, toda a Bancada Federal, numa posição muito importante, suprapartidária, deixando de lado toda e qualquer diferença, porque o Acre nunca enfrentou uma situação tão grave como essa.

            A pedido do próprio coordenador, Senador Sérgio Petecão, como resultado da reunião, fiquei encarregado de tentar uma audiência com o Ministro Aloizio Mercadante. Nós assim procedemos e, daqui a pouco, toda a bancada tem uma audiência com o Ministro-Chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, com o Ministro dos Transportes e o Diretor-Geral do DNIT - audiência já marcada -, tendo em vista a gravidade e a urgência de termos um contato com essas autoridades pedindo mais apoio.

            A Presidenta Dilma esteve lá, foi como uma amiga - e é na hora da dificuldade que a gente reconhece quem de fato é amigo da gente -, fez uma visita ao governador e visitou os flagelados da alagação, juntamente com o Prefeito Marcus Alexandre.

            Contudo, como o nível do rio baixou e muitas pessoas voltaram para casa, a situação do Acre se agravou muito, de uma maneira que não podíamos imaginar, porque a BR-364, principal ligação do Acre com o resto do Brasil, ficou interditada.

            Há uma lâmina d’água de 1,70m acima do leito da estrada. Baixou um pouco, em torno de 30cm, na área do Abunã. O rio segue persistente, porque é uma bacia muito grande. Certamente, o desastre será muito grande rio abaixo - Humaitá, no baixo e médio Amazonas -, será uma tragédia se o Governo Federal, as autoridades não se anteciparem, porque, no Acre, a situação só não é mais grave por conta das medidas que estão sendo adotadas pelo Estado.

            Eu sei que é complexo, mas, em virtude da gravidade do tema, ouço o meu colega de bancada aqui, no Senado, o Senador Sérgio Petecão.

            O Sr. Sérgio Petecão (Bloco Maioria/PSD-AC) - Agradeço ao Senador Jorge Viana pelo aparte, apenas para reforçar as suas palavras. Tivemos uma reunião com o governador, e eu agradeci ao governador pelo gesto de receber toda a bancada. Eu sempre tenho dito que, acima dos interesses políticos e partidários, estão os interesses da nossa população, e essa situação que o senhor acabou de relatar, das dificuldades por que estamos passando... E, aqui, eu reconheci, de público, o esforço que o governador tem feito no sentido de amenizar; todavia, a estrutura do governo é pequena, a estrutura da Prefeitura de Rio Branco é pequena. É preciso que o Governo Federal nos dê o apoio necessário. Eu conversava com um cidadão comum e ele dizia: “Petecão, às vezes, o governo brasileiro sai daqui para ir ajudar irmãos lá no Haiti; por que não bota essa estrutura pesada do Governo Federal para ajudar o Acre? O acre passa por um momento de muita dificuldade”. Então, eu queria...

            O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT-AC) - Talvez o maior da história.

            O Sr. Sérgio Petecão (Bloco Maioria/PSD-AC) - Exatamente. Os depoimentos das pessoas mais antigas, as pessoas que conhecem a região desde a Bolívia até a região do Rio Madeira, dão conta de que elas nunca se depararam com uma situação dessas. Nós não tínhamos como enfrentar uma situação nunca antes vista no Estado. Então, eu queria parabenizá-lo também, Senador Jorge Viana, pelo seu esforço. Eu acho que esse momento é... Recebi muitas críticas por ter ido ao gabinete do governador. Não tem problema! Eu sou do PSD, mas o meu partido maior é o Acre! E o depoimento daqueles empresários que eu ouvi lá, na reunião em que o senhor estava presente, foi um verdadeiro desabafo, com pessoas chorando, empresários que perderam quase tudo. Então, este é o momento...

            O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT-AC) - De esforço.

            O Sr. Sérgio Petecão (Bloco Maioria/PSD-AC) - ... de darmos as mãos para tentar amenizar o sofrimento do nosso povo. Parabéns, Senador Jorge Viana.

            O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT-AC) - Eu peço apenas mais dois minutos, que serão suficientes para que eu possa concluir, Sr. Presidente.

            Agradeço o aparte do Senador Petecão.

            Queria ainda dizer que há situações que temos de registrar aqui. Uma delas é que as companhias aéreas, na hora em que a gente enfrenta o isolamento rodoviário... Chegamos a ter 2.600 haitianos em Brasileia, um Município que passa por situação gravíssima. A prefeitura está vivendo um drama terrível e a população sofrendo com a presença de 2.600 haitianos. Levávamos a efeito, ali, uma política no sentido de que esses irmãos nossos seguissem viagem, entrando no Brasil, uma vez que temos feito o acolhimento; porem, com a interrupção da estrada, eles não têm como sair. Assim, a situação está se agravando.

            Nós temos problemas de falta ou escassez de produtos de primeira necessidade em Rio Branco. Temos racionamento de energia, com fila nos postos de abastecimento. A propósito, há o esforço do Governador Tião Viana para garantir a chegada de balsas que, hoje, começam a embarcar cinco milhões de litros de gasolina vindos do Peru.

            E vamos ao Ministro Mercadante, vamos ao Ministro dos Transportes. Eu fiquei encarregado de marcar essas audiências e consegui marcá-las. Agradeço-os de antemão. Toda a Bancada do Acre lá estará presente para reforçar os apelos do Governador Tião Viana e do povo acriano.

            Não é possível! Não se tem a dimensão do problema que estamos enfrentando. Eram 250 carretas por dia; passaram 18 ontem; anteontem, foram três. E, durante vários dias, nenhuma carreta passou. Então, a situação é grave.

            Embora o rio tenha baixado 30cm, sofreremos ainda seriíssimas consequências nos próximos meses...

(interrupção do som.)

            O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT-AC) - ... em decorrência dessa situação. (Fora do microfone.)

            Agradeço, Sr. Presidente, a todos que estão me acompanhando no Acre pela TV Senado, pela Rádio Senado.

            Estive duas vezes na área. Tenho procurado usar a minha experiência de ex-prefeito e de ex-governador para ajudar a bancada, ajudar o governador. Tenho ficado todos os dias ligado nesse assunto, porque a situação é gravíssima. As Prefeituras vão sofrer graves consequências. A nossa economia já está sofrendo. O governo do Acre enfrentará muitas dificuldades, e o cidadão acriano, certamente, terá uma conta ainda maior.

            E se nós não nos unirmos, se não buscarmos força e apoio, certamente a situação seria pior ainda. Só não é mais grave a situação do Acre hoje graças ao ativismo do Governador Tião Viana, que está procurando se antecipar aos problemas, não medindo esforços. Porém, cada caminhão que passa para o Acre hoje, dos poucos que estão passando, é graças aos bombeiros, aos funcionários do governo, ao esforço que eles ali estão fazendo.

            E nós ainda estamos querendo a presença de equipamentos, de funcionários federais. Temos tido apoio de Rondônia, do Exercito, da Polícia Rodoviária Federal, da FAB, e da própria Defesa Civil, mas precisamos de mais apoio. E é isso que vamos pedir, daqui a pouco, em audiência com o Ministro-Chefe da Casa Civil e o Ministro dos Transportes.

            Muito obrigado, Presidente Suplicy, pela compreensão de V. Exª.