O SR. MAGNO MALTA (Bloco União e Força/PR - ES. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, aqueles que nos assistem pelos meios de comunicação desta Casa, penso que esta tarde é muito importante, este é um momento significativo para vida do País, porque entendo que quem assinou o requerimento de instalação da CPI não o assinou porque tem problemas com o Governo, porque odeia o Governo, porque quer escrachar o Governo, porque quer expor o Governo. Muito pelo contrário, penso que quem assinou o requerimento da CPI o assinou por amor ao Brasil. A Petrobras é do Brasil, a Petrobras é dos brasileiros.

            Ora, grosso modo, olham-se os fatos que ocorreram e que foram revelados. Eles já haviam acontecido, eles foram revelados. Mas a mente humana, Senador Renan Calheiros, a mente do cidadão, por mais indouto que seja, a mente de qualquer homem neste País ou no mundo não consegue entender como fato normal o que aconteceu com a Petrobras.

            Esse fato, sendo revelado, só me faz lembrar de Joselino Barbacena, da Escolinha do Professor Raimundo. Lembra que ele ficava escondidinho na escola? Ele ficava escondidinho, e, quando o Professor Raimundo dizia “Joselino Barbacena”, ele dizia assim: “Ah, meu Jesus Cristinho, já me acharam aqui!” Então, muita gente está dizendo: “Meu Jesus Cristinho, já me acharam!”

            Um fato dessa gravidade, que foi revelado, precisa ser investigado. Você não precisa ser oposição, você pode assinar uma CPI mesmo sendo situação. Eu tenho dito - e todo mundo sabe - que no fato de você ser da base do Governo não há demérito. Qual é o demérito? Demérito é subserviência. Subserviência é demérito.

            Sr. Presidente, não assinei esse requerimento da CPI da Petrobras porque acho que o Governo tem de tomar uma descompostura pública. Não! Não o assinei para escancarar isso próximo a um período eleitoral. Não! Eu assinei, Sr. Presidente, o requerimento da CPI da Petrobras porque, se isso não for investigado... Aliás, é o seguinte: tudo que é de interesse do povo parece que as pessoas não querem investigar. Eu sou o autor da CPI dos bingos. O autor da CPI dos bingos sou eu, que acabou virando a CPI do fim do mundo. Ela foi instalada porque o Supremo mandou instalar, cumprindo as regras da Casa, e virou a CPI do fim do mundo. Eu sou o autor da CPI dos planos de saúde, mas enterraram essa CPI de interesse da sociedade brasileira. Eu sou o autor da CPI que investiga erro médico no País. São milhões de brasileiros sofrendo, pagando um preço por erros de criminosos e de não profissionais da saúde que mutilaram sua vida, sua saúde, sua história e sua família. Também nesse caso, enterraram o que é de interesse do povo. Agora, vão enterrar a CPI da Petrobras?

            Sr. Presidente, quero alertar para um fato importante e jurídico. V. Exª editou, em seu primeiro mandato, um livro sobre as CPIs, que, inclusive, está aí sobre a mesa. Eu vou falar o que é fato conexo. Esse requerimento que propõe fato conexo não existe. O Supremo o derruba com um sopro. O fato conexo pode ser requerido depois da CPI instalada. Não se pode evocar fato conexo no texto de um pedido de uma CPI, quando ela tem um fato. Você mostra o fato e, no mesmo texto, mostra o fato conexo. Ora, isso é uma brincadeira!

            A CPI dos bingos virou uma biruta de aeroporto, virou a CPI do fim do mundo, e esse é o destino dessa outra. Essa CPI propõe investigar a Petrobras, o problema do metrô de São Paulo e do metrô de não sei onde. Esses fatos denunciados do metrô de São Paulo são anteriores. Por que as pessoas não foram lá quando o fato explodiu e pediram a CPI? Porque, na verdade, não se quer investigar tudo. O nome deste texto é “embolar jogo”, e o que a sociedade vai assistir com esse embolar de jogo é a CPI do fim do mundo, uma biruta de aeroporto: “Se tu me atacas, eu te ataco. Se tu votas esse requerimento, eu boto outro. Se tu retiras esse, eu coloco este. Se tu botas esse, eu boto este. Se tiras o teu, eu tiro o meu. Se tu atacas esse, eu ataco este.” É CPI do fim do mundo, biruta de aeroporto!

            Não há juridicamente, Senador Pedro Taques, quem possa sustentar essa tese, e o Supremo a derrubará com um sopro. O fato conexo tem de ser evocado após a instalação da CPI. Se isso for mentira minha, o livro que V. Exª editou tem de ser queimado.

            Saibam os senhores - ô gente! - que participei das duas eleições do Lula, que participei da eleição de Dilma. Sempre fui alguém absolutamente leal e respeitoso. Agora, assinei essa CPI, e isso não significa que eu queira expor e levar o Governo a se despir publicamente no limiar de um processo eleitoral. É claro que não! Eu assinei por amor ao Brasil! Nós assinamos por amor ao Brasil, em respeito ao País!

            Então, saibam que, se essa aberração, essa anomalia, esse bicho de sete cabeças for aprovado, o Supremo vai derrubar com um sopro.

            Obrigado, Sr. Presidente.