O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco Apoio Governo/PDT - DF. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, inicialmente, eu quero dizer ao Senador Eduardo Braga que eu não aceito essa ideia de que outros defendem a Petrobras e de que eu não defendo a Petrobras, por ter assinado a convocação da CPI. Eu diria o contrário: eu respeito e amo mais a Petrobras do que muitos dos que não assinaram. A assinatura é em defesa da Petrobras.

            Veja bem, Senador, cinco anos atrás, houve aqui, sim, como disse o Senador Inácio, a convocação de uma CPI, mas não houve investigação. A CPI foi enterrada. E eu, naquele momento, não apoiei a CPI. Não apoiei, porque me convenceram de que bastava receber aqui o Presidente Gabrieli, Senador Flexa, e isso resolveria tudo.

            Aquela CPI era para apurar o aumento de US$2 bilhões para US$4 bilhões do investimento na Refinaria de Abreu e Lima - US$2 bilhões para US$4 bilhões. Está em US$22 bilhões.

            Se tivéssemos feito uma investigação séria, cuidadosa; se todos fossem ouvidos naquele momento, seria bem possível que não tivesse acontecido esse superfaturamento que está havendo, ou essas ineficiências que estão ocorrendo, ou essa falta de gestão que está fazendo com que suba tanto o custo de uma empresa.

            Se nós tivéssemos feito aquela CPI, Senador Renan, nós estaríamos, provavelmente, hoje, discutindo outra coisa, e não uma crise na Petrobras. Por isso, eu assinei e estou convicto de que nós precisamos fazer essa CPI.

            Agora, eu quero falar uma coisa dirigida ao senhor. O senhor foi eleito sem o meu voto, mas eu já manifestei aqui, mais de uma vez, o meu respeito pela maneira como o senhor tem se comportado na condução aqui dentro.

            Amanhã, Senador Renan, o Brasil inteiro vai estar olhando para o senhor, mais do que se fosse uma Copa de Mundo, mais do que qualquer outra coisa, nos últimos anos, sobre qualquer pessoa, e a população vai querer saber qual posição o senhor vai tomar: enterrar todas as propostas, as duas; manter uma e não manter a outra; ou uma outra coisa que, a meu ver, seria a mais justa.

Chegou uma convocação de CPI com um conjunto de objetivos relacionados à Petrobras. Veio uma outra que retoma isso e acrescenta mais coisas. Por que não fazer duas? Por que não fazer a que chegou primeiro para a Petrobras e fazer a outra do metrô? E eu quero que me peçam a assinatura, até porque eu fui Governador de Brasília quando se construiu o metrô e quero o meu desempenho avaliado por uma CPI. Eu quero assinar.

            Mas, se enterrar as duas, o senhor entrará num campeonato de que alguém aqui falou - creio que Humberto Costa -, de coveiros de CPI. Porque há o coveiro lá de São Paulo e há os coveiros aqui do Brasil inteiro. Não entre nesse campeonato, Senador, de coveiro de CPI. Vamos fazer a CPI. Façamos duas. Façamos aquela que entrou primeiro sobre a Petrobras e façamos a outra também, e me tragam para assinar. Por que duas? Porque uma misturando tudo é nenhuma. A mistura levará a não apurar nada.

            Então, fica aqui o meu apelo. Olhando para o Brasil inteiro, sabendo que o Brasil inteiro está olhando para o senhor, digo-lhe: não seja coveiro de CPI, como alguns que estão em São Paulo, segundo disse o Senador Humberto Costa e outros aqui. E o pior é que ele tem razão: enterraram CPIs, lá em São Paulo, de diversas operações.

            Vamos retomar aquela, conforme essa proposta que está aí, mas sem prejudicar a primeira. Façamos as duas. É o pedido que eu faço ao senhor.