Discurso durante a 43ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa da ampliação do objeto de investigação da CPI da Petrobras.

Autor
Vanessa Grazziotin (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), GOVERNO FEDERAL.:
  • Defesa da ampliação do objeto de investigação da CPI da Petrobras.
Publicação
Publicação no DSF de 02/04/2014 - Página 144
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), GOVERNO FEDERAL.
Indexação
  • DEFESA, AMPLIAÇÃO, OBJETO, INVESTIGAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS).

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Apoio Governo/PCdoB - AM. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, eu quero falar muito pouco, e, talvez, a maior parte do que eu diga será mera repetição, mas faço questão de registrar a minha opinião diante dos fatos que estamos debatendo neste momento.

            Primeiro, quero destacar a importância dos meios de comunicação, não só do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, mas de todas as Assembleias Legislativas e Câmaras de Vereadores. Quiçá um dia, Sr. Presidente, a população brasileira tenha, de fato, como hábito assistir a esses canais que mostram como os parlamentares, eleitos pela própria população, se comportam dentro de seus Parlamentos.

            Eu aqui quero apenas reafirmar o que foi dito. Estamos, obviamente, diante de uma matéria regimental, diante de uma matéria que tem nuances constitucionais, e, sem dúvida nenhuma, o Presidente Renan, amanhã, deverá anunciar a sua decisão diante de duas questões de ordem apresentadas, diante de duas impugnações.

            Veja bem V. Exª, seja a decisão que for, as duas propostas sobre a mesa, de duas CPIs diferentes, têm em comum a solicitação de uma investigação na Petrobras. Entretanto, a outra agrega à investigação outros fatos que, de igual forma, têm que ser investigados no Brasil, Sr. Presidente. Não importa se tenha acontecido em São Paulo ou se tenha acontecido em Pernambuco, mas, da mesma forma, têm que ser investigados.

            Poderíamos, hoje, nem estar debatendo essa questão aqui, nem falar do metrô em absoluto, como disse o Senador Pimentel e tantos outros, caso a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo já tivesse promovido ou estivesse com uma investigação em curso. Mas não está, e por quê? Porque a base do governo do PSDB, do Governador Geraldo Alckmin, não aceita que a CPI seja instalada, diferentemente da postura do governo hoje. Vamos instalar a CPI, vamos investigar a Petrobras, mas vamos investigar outras coisas também. E aí também dizem: “mas aí não pode; é político”. Política foi a CPI.

            Quando foi a última CPI da Petrobras instalada nesta Casa? Em 2009, véspera de 2010, ano eleitoral. E, agora, em 2014, vem a mesma CPI sendo proposta - a mesma! - e com assuntos que aqui, como vários já disseram, seja Pasadena, seja Refinaria Abreu e Lima, já foram investigadas pela CPI passada de 2009.

            Eu participei da CPI do Cachoeira e quero dizer que nem um pouco aquela participação enalteceu o meu currículo - nem um pouco! Ali havia um único fato específico, mas não se investigou absolutamente nada, porque aquilo virou um palco, onde cada qual defendia os seus.

            Então, Srª Presidente, quero dizer que estou muito tranquila, porque o debate que esta Casa trava é político sim, porque políticas são as relações deste Poder. As diferenças entre programas não são apenas momentâneas, porque um é uma candidata e o outro é um candidato à Presidência, não! As diferenças são muito maiores. As diferenças são ideológicas; as diferenças são de programa. As diferenças estão em quem, de fato, defende a Petrobras como uma empresa pública do povo brasileiro. E, aí, não dá para negar: essa defesa este governo faz com muita força.

            Quem queria vender a Petrobras? O Senador Requião lembrou bem - e eu era Deputada à época - que a proposta apresentada pelo governo àquela altura, de PetroBrax, não resistiu nem uma semana tamanha a mobilização do povo brasileiro. E, naquela época, não tínhamos as tais mídias sociais, os facebooks, os twitters. Não tínhamos nada disso. Mas a reação do povo brasileiro foi tão forte que a proposta não perdurou, porque todos sabiam que isso era o início, era a preparação para vender a Petrobras, para entregar a Petrobras ao capital estrangeiro.

            Hoje, não! Hoje, nós temos uma nova lei que regulamenta a exploração de petróleo em águas profundas, o petróleo do pré-sal, e uma nova regulamentação que favorece o Brasil e o povo brasileiro.

            Quero dizer, Srª Presidente, que, independentemente da decisão, repito, que o Presidente Renan vá tomar amanhã, eu não tenho dúvida nenhuma, nós aqui deveremos ter investigação, sim, mas não é investigar um lado só, não. É investigar mais de um lado; é investigar tudo aquilo de errado que está acontecendo no País e que tem tomado as capas e as páginas dos jornais e das revistas brasileiros e tem feito as manchetes dos telejornais e dos noticiários de rádio também.

            E o que a gente tem visto ultimamente? Muito de Petrobras, mas muito dos trens de São Paulo. E como dito aqui, há recursos federais. Em havendo recursos federais, nós não podemos nos omitir também de investigar. Se querem uma luta, vamos à luta! Mas à boa luta, à luta correta, àquela luta que procura ver todos os lados e analisar absolutamente tudo o que está sendo questionado hoje, principalmente pela imprensa brasileira.

            Obrigada, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/04/2014 - Página 144