Discurso durante a 45ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Insatisfação com a decisão da Presidência do Senado em relação à “CPI da Petrobras”; e outro assunto.

Autor
Lúcia Vânia (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
Nome completo: Lúcia Vânia Abrão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS). HOMENAGEM.:
  • Insatisfação com a decisão da Presidência do Senado em relação à “CPI da Petrobras”; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 04/04/2014 - Página 475
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS). HOMENAGEM.
Indexação
  • CRITICA, DECISÃO, PRESIDENTE, SENADO, RELAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), OBJETIVO, INVESTIGAÇÃO, FATO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), IRREGULARIDADE, AQUISIÇÃO, REFINARIA, PETROLEO, LOCAL, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ASSUNTO, ABERTURA, INQUERITO, POLICIA FEDERAL, VENDA, EMPRESA, PAIS ESTRANGEIRO, ARGENTINA.
  • HOMENAGEM POSTUMA, MEDICO, ESTADO DE GOIAS (GO), PARTICIPANTE, FUNDAÇÃO, ENSINO SUPERIOR, MEDICINA, UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIAS (UFGO), CIDADE, GOIANIA (GO), EXIGENCIA, ESTUDANTE, TRABALHO, INTERIOR.

            A SRª LÚCIA VÂNIA (Bloco Minoria/PSDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, antes de fazer o meu pronunciamento, eu não poderia deixar de manifestar aqui o meu constrangimento pela sessão de ontem, principalmente o meu constrangimento pela decisão do Presidente da Casa em relação à CPI da Petrobras.

            O Governo teme uma CPI para esclarecer fatos muito claros, definidos e muito graves, acontecidos dentro da maior empresa do País, que vive, sem dúvida nenhuma, uma crise sem precedentes e que age de forma truculenta para inviabilizar a investigação.

            Não me lembro, Sr. Presidente, em minha vida pública, de ter acompanhado a prisão de um dirigente da Petrobras.

            Para a nossa surpresa, hoje, novamente, aparecem novos fatos. A Folha de S.Paulo informa que a Polícia Federal decidiu abrir mais um inquérito, desta vez para investigar a venda da refinaria de San Lorenzo para um grupo empresarial argentino. Também o Ministério Público Federal e o Tribunal de Contas da União investigam a operação. Agora, o comando da Petrobras é suspeito de ter vendido um ativo por menos do que valia. Nos Estados Unidos, a Petrobras pagou mais caro e, na Argentina, está vendendo abaixo do preço.

            Considero, Sr. Presidente, que a politização desse assunto não nos leva a lugar nenhum. Precisamos que o Governo preste contas à sociedade, de uma vez por todas, sobre o que está acontecendo na Petrobras, afinal, essa é uma empresa que é patrimônio de todos os brasileiros, uma empresa que desempenhou e desempenha um papel estratégico no setor energético brasileiro. Uma empresa que o cidadão brasileiro espera fazer com que este País venha a ocupar um dos primeiros lugares no desenvolvimento tanto econômico quanto social.

            Portanto, não adianta tapar o sol com a peneira. É preciso colocar os fatos às claras. É essa a exigência da sociedade em relação a esta Casa. É isso que a sociedade espera de todos nós.

            Estou aqui, no Congresso Nacional, por quase 30 anos, Sr. Presidente, e nunca tive muita simpatia pelas CPIs, mesmo porque participei de algumas com resultados totalmente negativos. Mas esta, eu acredito que precisa ser feita. É preciso que o povo brasileiro entenda o que está acontecendo nessa grande empresa que, sem dúvida nenhuma, orgulha a todos os brasileiros.

            Portanto, deixo aqui a minha manifestação em relação ao triste acontecimento de ontem à noite, mas espero que na próxima semana nós tenhamos novos embates e que desta vez o Governo se sensibilize no sentido de entender que essa CPI não é uma disputa política, essa CPI é, sem dúvida nenhuma, uma resposta que a sociedade exige desta Casa.

            Mas, Sr. Presidente, encaminhei, na segunda-feira, um voto de pesar pelo falecimento do médico e professor Francisco Ludovico de Almeida Neto, que faleceu no último 31 de março, aos 86 anos, em Goiânia.

            Francisco Ludovico é, entre os inúmeros feitos pelo Estado de Goiás, o fundador da Faculdade de Medicina da Universidade Federal. Filho do ex-Governador José Ludovico de Almeida, o Professor Ludovico estudou Medicina no Rio de Janeiro e, ao se formar, na década de 50, retornou à Goiânia para idealizar o projeto do curso na cidade.

            Foi o primeiro diretor da Faculdade de Medicina da UFG, por dez anos, e responsável pela fundação do Hospital Santa Genoveva, em 1964. Ele também ajudou a fundar a Academia Goiana de Medicina e era membro da Academia Brasileira de Administração Hospitalar.

            Francisco Ludovico foi, ainda, professor emérito da Faculdade de Medicina desde 1988, depois de ter sido professor do Departamento de Cirurgia.

            Exemplo de generosidade, em um depoimento que consta nos históricos da Faculdade de Medicina, Francisco Ludovico contou que a ideia inicial do curso de Medicina em Goiás era que os formandos trabalhassem por um tempo em regiões que não contavam com médico formado.

            Dizia ele que no seu currículo constava a exigência de o recém-formado passar um ano atendendo nas cidades e distritos onde não existissem médicos atuando, e que essa exigência fazia com que o médico se tornasse mais maduro, mais corajoso, além de sentir que estava devolvendo, em seu trabalho digno, o que a sociedade havia investido para a sua formação.

            Há exatamente seis anos, ocupei a tribuna para falar do meu orgulho em compartilhar com esta Casa o fato de a Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás ter sido classificada pelo Ministério da Educação como uma das seis melhores do País.

            Naquela oportunidade, quando preparava o meu pronunciamento, recorri ao Professor Francisco Ludovico, que me encaminhou um depoimento usando, humildemente, a terceira pessoa na sua narrativa.

            Lembro-me, naquela ocasião, de ele dizer - abre aspas -: "Nós que trabalhamos no inicio de tudo, nos orgulhamos do trabalho que ali foi desenvolvido. Orgulhamo-nos de nossa Universidade Federal de Goiás e destacamos o esforço de todos para seu desenvolvimento" - fecha aspas.

            Nos últimos tempos de sua vida, o professor estava debilitado, e provavelmente faleceu sem ter consciência do quanto sua trajetória foi importante e do quanto sua vida mudou para sempre a história da educação e da saúde no Estado de Goiás.

            Ainda assim, fica aqui, Sr. Presidente, a minha homenagem, em nome do povo goiano, ao Professor Francisco Ludovico de Almeida Neto.

            Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/04/2014 - Página 475