O SR. RUBEN FIGUEIRÓ (Bloco Minoria/PSDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eminente Senador Paulo Paim, senhores ouvintes da Rádio Senado, telespectadores da TV Senado, senhoras e senhores aqui presentes neste plenário, minhas homenagens, inicialmente, aos representantes da Aerus, servidores das companhias aéreas e sobretudo servidores do nosso País. Têm V. Sªs a minha solidariedade, não só nas palavras do Senador Paulo Paim, mas na confiança também de que, no próximo dia 22, a Senhora Presidente da República dará uma solução ao pleito por que tanto labutam e que merecem seja consagrado.

            Sr. Presidente, o meu Estado, o Mato Grosso do Sul, tem uma história recente, história construída pela inteligência e labor de seus filhos, muitos ilustres filhos que jamais podem ficar esquecidos pela pátina do tempo. De um deles impõe-me a consciência de reverenciar a memória: quando jovem estudante universitário, no início da década de 30, fez parte da liga sul-mato-grossense e na Cidade Maravilhosa, do Rio de Janeiro. A liga, já nos idos do ano de 1934, propugnava pela autonomia da região sul do então Mato Grosso Uno.

            Médico formado pela então Universidade do Brasil do Rio de Janeiro, como bom filho, voltou para a sua terra natal, Campo Grande, e destacou-se como respeitabilíssimo clínico-geral e cirurgião. Cidadão de visão larga, acentuada dedicação à assistência à saúde, tornou-se, em companhia de outros eminentes médicos, o construtor de um complexo hospitalar à época, o mais importante do Estado, o Hospital Campo Grande, que inovou na assistência à população, inclusive em toda uma grande extensão territorial.

            Homem de espírito público acrisolado, tornou-se um dos mais influentes líderes políticos do Estado. Caracterizava-se pela defesa de postulados socialistas e, em razão de suas posições, embora moderadas e avessas a atitudes arbitrárias e radicais, sofreu humilhações quando dos episódios de 1964. Esse homem de postura irreprochável como cidadão foi o Dr. Alberto Neder, que ontem, se estivesse em nosso convívio, completaria 100 anos de existência.

            A mais tocante homenagem que recebeu foi de seu neto, João Alberto, que, com lastro de saudade, por meio da imprensa, publicou uma sensibilizadora mensagem cujo trecho tenho a honra de aqui reproduzir:

Mesmo que eu tenha a certeza impune e solitária de que nunca te encontrarei... Mesmo que essas curvas d'água se repitam como ondas no vazio, sem tua doce e sólida figura... Mesmo que esses campos, cerrados, insistam em me mostrar o capim virgem de tua caminhada... Eu continuarei, por toda a minha vida, te procurando. Buscando em cada amanhecer tua sombra. Sombra que tantas vezes me protegeu deste sol inclemente ou da geada rasteira. Tua sombra que me instigava a entender este mistério cotidiano das nuvens, dos ventos e da chuva... Quantas vezes senti teu abraço forte, tua voz onipresente indicando-me caminhos invisíveis nesse chão vermelho, branco, chão mato-grossense que há de engolir todos nós... Chão sagrado hoje pleno de ti, pleno de tua força e dos teus sonhos, sonhos nossos, sonhos teus, pai-avô querido, pedaço de mim, único pedaço de todos nós...

            Sr. Presidente, Senador Paulo Paim, Srªs e Srs. Senadores, a sociedade campo-grandense, na qual se inclui a minha família, rende preitos de admiração pela figura que foi o Dr. Alberto Neder.

            Eu, pessoalmente, não comungava com a doutrina política esposada por ele, mas jamais deixei de reconhecer o ardor cívico com que o Dr. Alberto Neder defendia suas ideias. Em meu entender, elas ficavam à margem do respeito e admiração com que cultivava a ciência médica e o fizeram merecedor das homenagens que ouso render-lhe em nome dos seus coestaduanos daqui, da tribuna desta mais alta Casa do Parlamento brasileiro.

            Sr. Presidente, com esta manifestação de apreço à memória de um grande homem do meu Estado, Mato Grosso do Sul, quero dizer a V. Exªs que o Dr. Alberto Neder é uma figura que meu Estado jamais esquecerá, não só como médico, não só como cidadão, mas como pai de família, de uma família também de alta representatividade no meu Estado.

            Eu estou aqui para, repito, em nome dos meus coestaduanos, render a ele a homenagem póstuma que merece pelo muito que fez à comunidade do meu Estado.

            É o meu pronunciamento, Sr. Presidente.