O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Fiquei ali, conversando com o pessoal do Aerus. O pronunciamento que faço tem a ver com eles.

            Quero que vocês sintam este pronunciamento como se fosse uma homenagem à luta de vocês, que hoje e amanhã estarão retornando às suas casas, mas voltarão no dia 22, na perspectiva de que até lá tenhamos um acordo.

            Pois bem, na próxima semana, nós vamos celebrar a Páscoa. Senti vontade de falar um pouco sobre esse tema, que é universal, atual e inspirador. Tempo de renovação, lembrando essa vigília de 30 dias que vocês fizeram em época de Quaresma.

            O termo “Páscoa” significa passagem e tem origem no termo hebraico Pessach. Conforme consta da Bíblia, a Páscoa, no Primeiro ou no Antigo Testamento, tem a finalidade de celebrar a passagem de Deus, que libertou o povo de Israel da escravidão do Egito. No seu aspecto histórico, a Páscoa, no Antigo Testamento, é a festa que faz a memória da passagem de Deus no Egito para a libertação do povo. Eles foram escravos no Egito por cerca de 400 anos. No aspecto agrícola, anteriormente, era a celebração do início da primavera, no primeiro mês da colheita da cevada, e que Israel adaptou, para a celebração da Páscoa, quando eram feitos os pães sem fermento.

            Segundo a Bíblia, Jesus participou de várias celebrações pascoais. Ele teria sido levado pelos seus pais, José e Maria, quando tinha 12 anos, para lembrar a Páscoa e teria participado sempre nos anos seguintes.

            No Segundo ou no Novo Testamento, a Páscoa pontua a passagem da morte para a vida. Os 40 dias - vocês completam hoje 30 dias - que precedem a Semana Santa e a Páscoa, período conhecido como Quaresma, lembram os 40 dias em que Jesus ficou no deserto - vocês ficaram 30 dias no confinamento, na vigília - e o sofrimento que ele suportou - eu calculei vocês dormindo no chão e comendo fruta, pão, banana, pizza de vez em quando.

            Enfim, a Sexta-Feira Santa, é o dia em que os cristãos celebram a morte de Jesus na cruz. O domingo de Páscoa, que se aproxima, celebra a ressurreição de Jesus. Ele faz a sua passagem da morte para a vida plena, e é quando acontece sua primeira aparição entre seus discípulos.

            A Páscoa, portanto, é a vitória de Deus sobre tudo o que fere e mata a vida. É a vitória contra a maldade, contra a injustiça.

            Aí eu me lembrei de novo de vocês, que perseguem somente a justiça.

            Eu penso que deveríamos aproveitar a chegada da Semana Santa para uma avaliação profunda sobre o tema “injustiça”. Quantas pessoas aguardam, ansiosas, para que erros cometidos contra elas - como o que cometeram contra Cristo - sejam efetivamente reparados?

            Cristo o mundo hoje embala, canta, reza, reconhece a sua Liderança, independentemente até de religião. E o pessoal do Aerus? Como vocês se sentem? Está aqui escrito. Vocês querem somente a justiça.

            Que esse clima de Páscoa ajude nessa caminhada do entendimento, do acordo. Que a energia do universo, do Senhor Deus, ajude os Poderes constituídos a caminhar para um acordo mediante decisão do Supremo.

            Espero também que a gente encontre uma saída para o fator previdenciário e que haja uma política definitiva para os aposentados.

            Enfim, que a Páscoa simbolize a caminhada para a justiça. E vocês, do Aerus, vão para casa, eu sei, e voltarão no dia 22. Oxalá, como aqui já foi dito pela Senadora Vanessa, que a gente possa nesse dia celebrar o acordo, logo após o domingo de Páscoa.

            Espero que os sentimentos, a energia desta semana, desta data, do fim da Quaresma, sensibilize todos na linha da justiça, pois esse caso é o símbolo de uma injustiça. Eu sei, e me pediram que eu dissesse, que isso vem de uma injustiça cometida antes do governo Lula, mas, como Governo, temos que responder à situação do momento.

            Eu acredito que a Páscoa nos traz um momento sublime, uma grande oportunidade de fazer mudanças, e a decisão do Aerus é uma mudança.

            Nesse tempo de renovação, de passagem, somos convidados a viajar pelo interior de nós mesmos, extrairmos dele a capacidade de ir em direção àquilo que é justo, de nos colocarmos no lugar do outro. Eu, às vezes, me coloco no lugar de vocês. Novecentos e cinquenta e três já faleceram.

            Eu gostaria que esse convite à reflexão do combate a todo tipo de injustiça permeasse os corações dos homens e mulheres deste País e da própria humanidade. Gostaria que Deus renovasse a nossa capacidade de amar e de sermos justos. Gostaria que encontrássemos toda a nossa capacidade de ficar indignados contra qualquer tipo de injustiça.

            Termino dizendo, Sr. Presidente, que Cristo se doou de uma forma jamais superada ou igualada. Acredito que Ele nos deixou um convite bem claro para a renovação, para o renascimento, para perseguirmos, eternamente, da forma quase de um imortal, a caminhada dos justos. Perseguir a justiça.

            Meu mais profundo desejo é que nos possamos colocar no lugar dos injustiçados, como vocês do Aerus, para sentir, responder e atender ao que vocês pleiteiam, que é somente receber aquilo a que têm direito.

            Enfim, que possamos renascer no amor e na justiça, reparando as injustiças que são feitas.

            Acreditamos que construiremos, sim, o acordo nessa questão do Aerus, pela boa vontade que percebi de todos os setores do Governo e da própria Presidenta Dilma.

            Sr. Presidente, para concluir, eu só faço um registro, em quatro minutos.

            Ontem, a Anfip - Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal, fez 64 anos. Não pude ir ao jantar deles. Fiquei um pouco aqui, com o pessoal do Aerus. Depois, também tive um compromisso também com o movimento sindical, quando falamos também da questão do Aerus.

            Então, eu queria agradecer muito o convite que me foi feito pela Presidenta da entidade, Srª Margarida Lopes de Araújo, pela Vice-Presidente de Relações Públicas, Srª Maria Aparecida Fernandes Paes Leme, e por toda a diretoria dessa importante entidade.

            A Anfip é uma entidade sindical que muito orgulha toda a categoria, das mais variadas áreas, porque ela não se dedica somente a falar do trabalho dos auditores fiscais, mas também a subsidiar o bom debate que travamos aqui, no Congresso, e na sociedade, por exemplo, sobre a questão da previdência.

            Enfim, fica aqui o meu carinho à nossa querida Anfip - Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal. São 64 anos de uma história bonita tanto para a categoria, especificamente, quanto ao subsídio aos trabalhadores no bom debate em relação, principalmente, à questão da nossa previdência pública, com a qual mais me envolvi.

            Era isso, Sr. Presidente. Agradeço a V. Exª.

            Termino dizendo que vou entregar a carta que você me pediu, do Aerus, em mão, à Presidenta, hoje, às 18h.

            Tenho certeza de que, nessa carta, que é sensível, vocês reconhecem que não é o governo Lula nem o Governo Dilma os responsáveis pela quebra do Fundo Aerus, mas, ao mesmo tempo, pedem que se cumpra a decisão do Supremo Tribunal Federal e que seja assegurada, então, a devida indenização, de imediato, com a volta do pagamento da folha, nos moldes que vocês estão propondo.

            Era isso.

            Feliz Páscoa para todos!

            Que Deus ilumine o caminho de todos nós!