Discurso durante a 50ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Entusiasmo com os benefícios econômicos gerados pela Zona Franca de Manaus; e outros assuntos.

Autor
Vanessa Grazziotin (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA INDUSTRIAL, GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Entusiasmo com os benefícios econômicos gerados pela Zona Franca de Manaus; e outros assuntos.
Publicação
Publicação no DSF de 10/04/2014 - Página 405
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA INDUSTRIAL, GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • HOMENAGEM, TEATRO, ESTADO DO AMAZONAS (AM), MOTIVO, DIVULGAÇÃO, JORNAL, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), IMPORTANCIA, CULTURA, BRASIL.
  • ANALISE, RESULTADO, PESQUISA, AUTORIA, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE), RELAÇÃO, CRESCIMENTO, PRODUÇÃO INDUSTRIAL, COMENTARIO, IMPORTANCIA, INDUSTRIA AUTOMOBILISTICA, LOCAL, ESTADO DO PARANA (PR), REGISTRO, AUMENTO, PRODUÇÃO, ZONA FRANCA, MANAUS (AM), ESTADO DO AMAZONAS (AM), ELOGIO, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, IMPLANTAÇÃO, GOVERNO FEDERAL.

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Apoio Governo/PCdoB - AM. Sem revisão da oradora.) - Paim, como disse o Senador Casildo Maldaner, como o País para, a fim esperar o Senador Mário Couto falar, eu sou uma privilegiada, porque a audiência neste momento é elevada, visto que, logo após a minha pequena intervenção, falará o Senador Mário Couto.

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Esta é a grande Senadora Vanessa Grazziotin. Teve um gesto nobre agora, de respeito a V. Exª, que V. Exª tinha tido com ela anteriormente.

            Prorrogamos a sessão por mais uma hora.

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Apoio Governo/PCdoB - AM) - Antes de abordar o assunto que me traz à tribuna, eu aqui vou falar a respeito do crescimento da indústria, da produção industrial registrada no Brasil, dos resultados divulgados ontem e publicados nos jornais e em todos os meios de comunicação do País.

            Antes disso, Sr. Presidente, quero falar aqui de um dos nossos grandes orgulhos, que, tenho certeza, não é apenas do Amazonas, mas da Amazônia e do Brasil. O Teatro Amazonas passa a constar em mais uma lista como um dos dez mais importantes teatros, um das mais importantes casas de ópera do Planeta, desta feita uma lista que foi publicada recentemente, nesses últimos dias, no jornal norte-americano USA Today. O Teatro Amazonas figura, ao lado do Palais Garnier, da França; ao lado do Metropolitan Opera House, dos Estados Unidos; de Sydney Opera House, da Austrália, e de tantos outros templos.

            O importante, Sr. Presidente, registrar as observações feitas em relação ao Teatro Amazonas. De fato, Manaus é uma cidade que fica no centro da Floresta Amazônica, e lá, nessa cidade que tem 2 milhões de habitantes, está o Teatro Amazonas, que é, repito, uma das dez casas de ópera mais belas do Planeta. Para nós, isso é muito importante, porque não é só um monumento, mas é um monumento que traz em si uma parte importante da história da Amazônia, da história do Amazonas, da história do Brasil.

            A Amazônia, hoje, é aquela região que representa 60% do Território brasileiro, que tem a maior área florestal preservada, não do Brasil, mas do Planeta, mas é também a região onde há grandes centros povoados. Temos a cidade de Belém, capital do Estado do Pará, e, junto dela, outras cidades, como Ananindeua, formando uma grande região metropolitana. Temos também Manaus, Iranduba, também outra grande região metropolitana; Rio Branco, no Estado do Acre; Porto Velho, no Estado de Rondônia, e tantas outras cidades, Sr. Presidente.

            O nosso grande desafio é conviver, é buscar o desenvolvimento da região, a implantação dos investimentos em infraestruturas necessárias para a nossa região, com o cuidado ambiental.

            Mas o Teatro Amazonas, assim como outras obras importantes que temos na cidade de Manaus - em belém também -, é símbolo desse período áureo da borracha que viveram o Amazonas e outros Estados da Região Norte. São obras que vêm lá do início dos anos de 1900, final de 1800, 1880, 1890, quando a exportação do látex - Senador Paim, V. Exª que é de lá, do outro extremo do País -, da borracha, representava mais do que 25% da pauta exportadora do nosso País. Portanto, a Amazônia já sustentou este País, Sr. Presidente, com o extrativismo e, sobretudo, a borracha.

            Foi exatamente no Estado do Amazonas que se instalou a primeira universidade, apesar de que a história do Brasil ainda não reconheceu esse fato. São de lá as primeiras cidades brasileiras a ter energia elétrica, a ter bonde. E quando aconteceu a derrocada do ciclo da borracha - todos conhecemos a história -, a Malásia biopirateou a borracha do Brasil e passou a produzir esse produto de forma muito mais eficaz e muito mais barata, porque lá eles lá plantaram. Toda a produção brasileira, a partir da Amazônia, vinha do extrativismo, ou seja, de árvores que já existiam e apenas o produto era retirado. A plantação, muito mais adensada, fazia com que um volume muito maior de látex fosse produzido, o que o barateou. Quando houve a derrocada, Belém e tantas outras cidades, mas, principalmente Manaus, viveram péssimos momentos. Manaus soergueu somente com a implantação da Zona Franca de Manaus, há 34 anos.

            E é exatamente este o tema que me traz à tribuna mais uma vez, Sr. Presidente: a Zona Franca de Manaus. Só que desta vez eu quero usar o tema da Zona Franca de Manaus para falar da pesquisa, do levantamento feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), todos os meses, no Brasil, em, salvo engano, 11 ou 14 regiões metropolitanas do Brasil, para verificar o desenvolvimento da produção industrial em nosso País.

            Pasmem V. Exªs. O aumento registrado no Brasil foi de 5%. Segundo os pesquisadores, esses 5% de crescimento da produção industrial revelam uma surpresa. Uma participação importante para que o Brasil crescesse 5% ocorreu no Estado do Paraná, em decorrência da indústria automobilística - automóveis de passeio, máquinas agrícolas e caminhões. O crescimento no Estado do Paraná foi significativo, seguido pelo crescimento da indústria no Estado do Amazonas.

            Se no Paraná o que puxou foi o crescimento produtivo industrial, foi o segmento automobilístico e de máquinas agrícolas, no Amazonas foi a recuperação do segmento de duas rodas, mas, principalmente, o excelente desempenho no setor eletroeletrônico na produção de televisores, Senador Paim, em decorrência da Copa do Mundo que teremos no Brasil. A cada quatro anos, em véspera de Copa do Mundo, o crescimento da produção na Zona Franca de Manaus dá um salto um pouco maior do que em anos em que não há Copa do Mundo. E, neste ano, tudo indica, exatamente pelo fato de a Copa do Mundo ser no Brasil, que o crescimento será bem maior, proporcionalmente, percentualmente, do que aqueles experimentados, já alcançados em anos anteriores, em Copas do Mundo anteriores.

            Sr. Presidente, quando a imprensa divulga uma pesquisa, divulga também uma análise do porquê e quais os fatores que têm levado ao crescimento. Mostra que grande parte da retomada da produção de máquinas agrícolas, de caminhões, de automóveis se deve ao Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Lá no Paraná estão instaladas importantes empresas, como a Volvo, a Renault, a Nissan e a Volkswagen, além da Caterpillar e outras, Sr. Presidente, ou seja, um programa do Governo Federal. E o que percebemos? Abrindo os jornais, as revistas semanais, as notícias são extremamente negativas em relação ao Governo da Presidenta Dilma.

            Aliás, os juros subiram mais uma vez em nosso País, já ultrapassando a casa dos 11%, alcançando um patamar superior àquele recebido pela Presidenta Dilma, quando ela assumiu o poder. E dizem que essa política do rebaixamento do valor das taxas de juros no País te sido responsável pela subida inflacionária.

            Mas vejamos bem, Sr. Presidente, aí vem outra crítica de quem? Da oposição, porque aqui, da tribuna, são poucos os que enfrentam esse debate. Eles preferem vir à tribuna falar de Petrobras, e falar de CPI, e falar disso, e falar daquilo. Não, vamos falar de uma coisa mais consistente, vamos falar de política econômica, inclusive, inserir a Petrobras nesse debate de política econômica do Brasil. E dizem: “Mas é errado, não deixou aumentar o preço da gasolina, uma interferência.” Mas e aí, Senador Paim, se o preço da gasolina tivesse aumentado mesmo, como é que estaria a inflação e como é que estaria o poder aquisitivo do trabalhador brasileiro? Como é que estaria isso?

            Reclamam que é muita gastança, que é preciso fechar a torneira, que o BNDES tem as suas torneiras abertas. Mas está aqui o resultado: exatamente por conta de o BNDES ter torneira aberta, de o Brasil ter tido a capacidade de trazer a Copa do Mundo para cá, é que o nível de emprego não caiu. Apesar de tudo, nenhum deles vem à tribuna para dizer: o desemprego no Brasil aumentou, o valor do salário do trabalhador diminuiu.

            Não subiu nem vai subir, Senador Paim, por uma única razão: porque esta é a política do Governo que nós aqui defendemos, a política que olha para o trabalhador, a política que olha para aquele mais humilde. Eles não têm coragem de dizer, quando falam em responsabilidade fiscal, que o sinônimo de responsabilidade fiscal seria, seria não acabar, mas pelo menos diminuir o programa Minha Casa, Minha Vida, um programa que faz com que o sonho de muitos brasileiros e brasileiras de ter a sua casa própria se torne realidade.

            Quando eles falam em reajuste fiscal, o que eles querem dizer é que tem de acabar com a lei que garante o aumento real no valor do salário mínimo, todos os meses. É isso que o Brasil precisa discutir, é isso o que estará em jogo e é isso o que está em jogo neste momento.

            Mas, não! Tudo é um problema da CPI, é um problema da CPI, da CPI. Vamos abrir um debate franco, um debate aberto. Vamos fazer, sim, uma avaliação do que foram os governos passados para o Brasil e para o povo brasileiro e o que tem sido este Governo corajoso da Presidenta Dilma, da primeira mulher a governar este País.

            Então, eu fico muito feliz, Sr. Presidente. Para mim, seria muito difícil, e tenho certeza de que também para V. Exª, Senador Paim, que continua da forma de quando iniciou sua militância política, na oposição ou na situação, mas defendendo sempre o salário do trabalhador, defendendo sempre o emprego do trabalhador. E isto poucos países podem falar: que o emprego não está em queda; que o salário não está em queda.

            Está aí a Europa, estão aí os Estados Unidos e vários países da Ásia. Na União Europeia, principalmente, o que vem acontecendo? As leis aprovadas subtraem direitos dos trabalhadores. O salário do trabalhador, em vez de crescer, como acontece neste País, tem diminuído. Mas são essas as críticas que eles fazem. Como não querem usar as tribunas para fazer uma análise do Brasil real e da real política da Presidente Dilma e explicar para o povo que, quando defendem o aperto fiscal, estão, no fundo, defendendo que o BNDES distribua menos recursos, disponibilize menos recursos, que bancos como a Caixa Econômica Federal não concedam empréstimos para o povo brasileiro, porque, na avaliação deles, conceder crédito para o povo significa fazer com que dinheiro circule no mercado interno.

            Agora, é exatamente o dinheiro que circula no mercado interno, é exatamente o poder de compra do povo trabalhador que faz com que a economia gire como uma roda em um ciclo virtuoso, Sr. Presidente: quando tem consumo, tem produção; quando tem produção, tem emprego; e, quando tem emprego, tem salário, Sr. Presidente.

            Então, é este o País que nós defendemos. É este o Governo que nós defendemos. E é essa a política de que me orgulho muito defender. Mas aí eles vêm e dizem: “O Governo manobra para não ter CPI.” Isso não é verdade. Essa é a mentira mais deslavada, que não se sustenta no primeiro poste que chega e que se aproxima, Sr. Presidente, porque colide, porque a verdade tem vida longa, mas a mentira, como diz o velho ditado popular, tem perna curta. Ninguém está manobrando contra CPI nenhuma, não. O grande embate que se trava hoje no Parlamento brasileiro é o seguinte: CPI são favas contadas, teremos CPI. O embate que nós estamos tendo é que tipo de CPI: CPI que vai analisar apenas as questões que envolvem a Petrobras ou que vai analisar também questões relativas - e que também ocupam as páginas dos jornais deste País - ao problema do metrô do Estado de São Paulo e outras obras realizadas em outros Estados brasileiros? Essa é a verdadeira questão, diferente do passado. Quando tantos outros Senadores ou Senadoras começam a ler um discurso, que, na realidade, não é só um discurso, mas é um retorno à história - e contra fatos não se seguram boatos - incomoda tanto. Como quando o Senador Paim vem aqui e faz um retrospecto: Não, espera lá, estão dizendo que há manobra do Governo, que o Governo não quer isso, não quer aquilo, mas como foi que esses que falam assim agiram no passado?

            Mas não quero nem entrar nesse mérito, eu não quero entrar nisso. Eu só quero entrar no seguinte fato: nunca o povo brasileiro teve um governo que se preocupasse tanto com sua condição, com sua qualidade de vida do que o que temos agora; e nunca, Sr. Presidente, investigou-se tanta coisa no Brasil como agora, inclusive no Parlamento. Então, não adianta ficar aí dizendo “não, não quer CPI”. Quer, sim.

            Aprovar requerimento sobre a Petrobras? Vamos aprovar requerimento, mas vamos aprovar também o do metrô. Vamos tudo, Sr. Presidente. Vamos passar a limpo, passar uma borracha, virar tudo do lado avesso, do lado direito, pegar o lado esquerdo, tudo, e vamos analisar tudo. Essa é a diferença. Ninguém aqui quer enterrar CPI nenhuma, como tantas outras já foram enterradas.

            Então, Sr. Presidente, com esse pronunciamento, primeiro, comemoro, porque aqui fala uma brasileira que é amazônida, uma Senadora pelo Estado do Amazonas. E fico feliz, muito feliz, Senador Paim, de dizer que a Zona Franca completou, este ano, 47 anos, e bem ali do lado, ali do lado, na Câmara dos Deputados, está tramitando e será votada, em breve, em segundo turno, uma proposta de emenda constitucional que prorroga a Zona Franca por mais 50 anos. E de quem é essa PEC? Quem foi autora da PEC? Foi a Presidenta Dilma.

            Como foi dito aqui: Quem devolveu para o Brasil a Sudam, a Sudene? Foi o governo do Presidente Lula. Mas isso incomoda, Sr. Presidente, porque a palavra mais bonita para eles não é povo, não. A palavra mais bonita, mas que eles querem ver longe, é inflação. Aí dizem o seguinte: para não ter inflação, não pode haver consumo. Agora, têm que dizer mais para o povo: não ter consumo é não ter salário. Não ter consumo é não ter financiamento para o povo, para o pequeno agricultor.

            Então, eu fico feliz de estar deste lado. E sei que tudo que está sendo debatido nesta Casa, neste momento, e ali ao lado, se dá em decorrência da proximidade das eleições. Eu, aliás, não sou candidata a nada nesta eleição. Sou candidata a cabo eleitoral para defender o programa que eu passei minha inteira defendendo, Senador Paim.

            O desespero é porque, na política, na economia, no social, eles não têm o que dizer, eles não têm o que falar. Eles não têm outra proposta a contrapor à proposta de quem está no poder hoje, porque esta, sim, é a proposta avançada, é a proposta de um país independente, é a proposta de uma Nação forte como a nossa, que trabalhe para integrar todos os países vizinhos do continente latino-americano e caribenho; e um país, Sr. Presidente, que se preocupe, claro, com a inflação, porque inflação alta significa corrosão do salário, mas que se preocupe principalmente com o trabalho, com o emprego e com o salário do trabalhador. Isto é muito importante. Isto é muito importante, Sr. Presidente.

            Então, vir do Estado do Amazonas e falar que a gente tem um Governo que compreende e que tirou a Zona Franca da crise permanente, aguda e crônica ao mesmo tempo, em que vivia na época do Presidente Fernando Henrique Cardoso é algo que me traz muito alegria. E não só uma alegria da palavra, mas uma alegria da vivência, porque eu estou aqui no Senado, mas a minha cidade é Manaus.

            A fonte de emprego e de sustento da minha cidade é a Zona Franca de Manaus. E a Zona Franca de Manaus hoje é outra, muito diferente do que era há 12 anos. É um modelo de desenvolvimento produtivo importante e reconhecido pelo Governo Federal.

            Então, é muito bom, Sr. Presidente, vir aqui dizer que, pela última pesquisa feita pelo IBGE, o Amazonas, por conta da Zona Franca, ocupa o segundo lugar no ranking dos Estados que mais cresceram economicamente. Foi um crescimento significativo. Foi um crescimento muito importante, Sr. Presidente, muito importante mesmo, e que contribuiu para que o Brasil tivesse um crescimento de 5% na produção nesse último mês.

            E dizer também que nós temos um grande desafio, que é cada vez mais fazer com que todos os produtos fabricados na Zona Franca tenham seus insumos produzidos no Brasil, ou lá na Zona Franca ou em outras regiões. Em vários segmentos, como o de duas rodas e o de alguns tipos de aparelhos eletroeletrônicos, nós já temos alcançado essa condição.

            Então, era o que eu tinha a dizer. Falar da alegria, porque isso que está escrito no papel é sentido no dia a dia da vida do povo: uma Zona Franca desenvolvida, gerando cada vez mais emprego para a nossa gente.

            Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/04/2014 - Página 405