Discurso durante a 54ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro de requerimento protocolado por S. Exª junto ao Parlamento do Mercosul solicitando a criação de uma comissão para visitar a Venezuela e analisar as condições da política interna daquele país, assim como a situação de brasileiros em território venezuelano; e outro assunto.

Autor
Mozarildo Cavalcanti (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RR)
Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL), POLITICA EXTERNA, POLITICA INTERNACIONAL. GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DE RORAIMA (RR), CORRUPÇÃO, ELEIÇÕES.:
  • Registro de requerimento protocolado por S. Exª junto ao Parlamento do Mercosul solicitando a criação de uma comissão para visitar a Venezuela e analisar as condições da política interna daquele país, assim como a situação de brasileiros em território venezuelano; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 16/04/2014 - Página 228
Assunto
Outros > MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL), POLITICA EXTERNA, POLITICA INTERNACIONAL. GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DE RORAIMA (RR), CORRUPÇÃO, ELEIÇÕES.
Indexação
  • COMENTARIO, PARTICIPAÇÃO, REUNIÃO, PARLAMENTO, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL), LOCAL, MONTEVIDEU, PAIS ESTRANGEIRO, URUGUAI, REGISTRO, APRESENTAÇÃO, REQUERIMENTO, VISITA, COMISSÃO, PAIS, VENEZUELA, OBJETIVO, ANALISE, SITUAÇÃO POLITICA, LEGALIDADE, PRISÃO, BRASILEIROS.
  • CRITICA, GESTÃO, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DE RORAIMA (RR), MOTIVO, CORRUPÇÃO, CRIME ELEITORAL.

            O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (Bloco União e Força/PTB - RR. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, estivemos, na semana passada, numa reunião do Parlamento do Mercosul, em Montevidéu, em que discutimos, primeiro, a questão das comissões. Na verdade, é uma reunião em que há muito pouco espaço para muito tema a se debater. O fato é que, na verdade, o Parlamento do Mercosul precisa ampliar o seu espaço de ação.

            Mas, nessa reunião, o meu foco principal era dar entrada num requerimento pedindo que uma comissão, composta por Parlamentares de todos os países que compõem o Mercosul, fosse à Venezuela para verificar a situação dramática não só, eu diria, da política interna da Venezuela, mas também dos brasileiros que estão lá presos sob nenhum fundamento legal, sendo extorquidos e sem nada ser feito.

            O Governador do meu Estado, que se licenciou agora para disputar o Senado, disse que não havia informações oficiais, porque ele não recebeu nenhuma informação oficial. O jornal do Estado, Folha de Boa Vista, todo dia publica fotos e outros dados de casos que acontecem na Venezuela.

            Nós, no Senado, estamos um pouco à frente, porque já aprovamos um requerimento meu para irmos à Venezuela na semana seguinte à Semana Santa, portanto na próxima semana. Alguns Senadores da Comissão de Relações Exteriores e talvez um ou dois Deputados da Comissão de Relações Exteriores da Câmara vão visitar in loco para ver como estão sendo tratados os brasileiros na Venezuela e buscar, no âmbito da nossa possibilidade de diálogo junto com o Parlamento e com as autoridades da Venezuela, um caminho que realmente possa fazer aquele país voltar à normalidade - e aí falo da normalidade no setor comercial. O seu Pará, Senador Flexa Ribeiro, é um dos poucos Estados que têm comércio com a Venezuela - o nosso, que é fronteiriço, colado na Venezuela, não tem.

            Então, é preciso que realmente mudemos essa convivência entre países tão próximos, de maneira a fazer o bem para ambas as partes. Nós podemos ter convênios na área de educação que beneficiem a Venezuela, como podemos ter convênios na área de saúde que beneficiem a Venezuela e vice-versa; na área cultural, na área comercial. No turismo, por exemplo, a Ilha de Margarita é considerada, digamos assim, a praia nº 1 de todos os latino-americanos e principalmente nossa lá da Amazônia. E nós não queremos ver essa situação de não podermos mais ir à Venezuela para não sofrer constrangimentos, para não sofrer prisões ilegais e todo tipo de extorsão.

            Por isso, requeri lá no Mercosul a ida de uma comissão à Venezuela, e aqui na Comissão de Relações Exteriores também. Mas é importante que a gente não perca de vista o porquê de, durante tanto tempo, o nosso Estado de Roraima não ter tido o cuidado de ter com a Venezuela, com os países vizinhos, por exemplo com o Estado de Bolívar, uma relação proativa, realmente de profundo intercâmbio entre os Estados de Bolívar e o Estado de Roraima e os outros Estados que são próximos, de forma que nós pudéssemos não só poder adquirir bens da Venezuela, como adquirimos cimento, ferro e outros elementos da indústria, assim também nós podermos exportar várias coisas, inclusive grãos como soja, milho.

            No entanto, hoje nós estamos em uma posição de total estagnação, quer dizer, nem exportamos, nem importamos, e terminamos pagando um preço altíssimo por ser brasileiros, pagando a gasolina mais cara do Brasil ao lado de um país que tem a gasolina mais barata da América Latina. Esses contrassensos geográficos que não se explicam pela lógica política.

            Mas, infelizmente, nós tivemos um governo que, entre o pedaço que herdou do titular, do Brigadeiro Ottomar, e o que ele exerceu sub judice até agora, que se licenciou para concorrer ao Senado, ele realmente não teve nenhuma preocupação com o Estado de Roraima. Teve preocupação de afundar o Estado de Roraima, tanto é que ele tem uma mansão hoje tida como a melhor de Roraima. Ele, embora fosse um empresário falido, não teve nenhuma preocupação de não ostentar isso. Também temos notícias de apartamentos em Miami, empresas no Ceará. E, agora, esse cidadão - que é ex-governador e sequer foi julgado pelo TSE, porque foi cassado pelo TRE, e não julgado pelo TSE - vai para uma campanha e diz, claramente, nas rodadas dele lá, que o povo não liga para isso, que o povo liga é para quem tem dinheiro. E dinheiro ele tem, mas de onde ele tirou também não sabemos.

            Então, é muito importante que tenhamos essa visão, agora que as eleições se aproximam, para ver que as dificuldades por que o Estado e o povo atravessam foram causadas ou por votos realmente corrompidos - como foi o caso flagrantemente mostrado lá em Roraima -, ou por votos que foram, infelizmente, levados para um lado, por causa de alguma vantagem momentânea. E o resultado foi, verdadeiramente, sete anos de retrocesso no meu Estado, que levaram o povo a sofrer em todos os aspectos.

            Falei sobre esse aspecto da Venezuela, mas podemos olhar também o aspecto de que não importamos o gado em pé para Manaus, porque só podemos importá-lo em pé, depois de quarentena, porque Roraima não foi declarada zona livre de aftosa, e, portanto, não podemos exportar abatido para o Amazonas. Quer dizer, é necessário passar por uma quarentena e, depois, vender. E ir para a Venezuela nem se fala, não se vende nem de um jeito, nem do outro.

            Estamos num Estado sitiado, perdendo valor, porque até mesmo produtos fabricados em Rondônia, por exemplo, ganham competitividade em Roraima, mesmo que tenhamos a mesma coisa, porque eles entram com os incentivos da área de livre comércio de Roraima.

            Ali se fez tudo ao inverso. Foram sete anos de desgoverno. Espero que, de fato, o povo de Roraima acorde bem e veja que está em nossas mãos mudar o rumo dessas coisas e, principalmente, fazer com que aqueles que ludibriaram muitos de boa-fé possam, agora, ter o troco devido, esperando, quem sabe, que a Justiça Eleitoral ainda faça justiça, mesmo que ao final de todo esse tempo.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/04/2014 - Página 228