O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, queria eu poder estar feliz nesta tarde, dizendo aqui, desta tribuna, a todos nós que nosso País estaria vivendo um momento de explosão no seu crescimento, como prometeram, como disseram. Quando Fernando Henrique Cardoso saiu do poder, disseram que o Brasil ia entrar numa explosão de crescimento.

            Mesmo sem ser membro da Comissão de Constituição e Justiça, fui assistir ao interrogatório da Presidenta da Petrobras.

            Senhores e senhoras, paraenses do meu querido Estado do Pará, por que querem uma Transamazônica, por que querem um Estado em crescimento? De muita coisa o Pará precisa! Esse dinheiro, paraense, é todo roubado, esse dinheiro que nós pagamos é todo roubado, e não se fala nada a sério. Tudo é mentira. São pesquisas enganosas, pesquisas mentirosas.

            A Presidenta da Petrobras mentiu na minha cara. Na minha cara, ela mentiu! Eu perguntei para ela se o marido dela vendia para a Petrobras. Ela disse, na minha cara, que não! Pois é, brasileiros, o marido dela vendeu para a Petrobras quando ela era diretora da Petrobras. Sabem o que eles fizeram? Para fugir da licitação, eles picotaram, dispensando vinte licitações. E ela disse para mim que não.

            Aí, perguntei a ela, pelas duas perguntas anteriores que fiz: “Quem mente mais? Será que a imprensa, durante 20 dias, está mentindo? Tudo isso que a imprensa está dizendo é mentira, já que senhora e a Presidenta Dilma disseram que está tudo bem na Petrobras?” Ela não respondeu, meu grande líder Pedro Simon. Não respondeu, disse que queria ir diretamente ao assunto do marido: “Não! Eu quero ir diretamente ao assunto do meu marido. Meu marido não vendeu nada à Petrobras!”

            Mentem, mentem descaradamente! Sabe quem disse que o marido dela vendeu à Petrobras? A própria Petrobras, Senador Pedro. Foi a própria Petrobras que o disse!

            Isso aí não é nada. Tenho uma mulher que é diretora da Petrobras e, no jantar, antes de ir para o quarto, eu digo: “Minha filha, estou precisando de uma grana. Nós precisamos comprar apartamentos, fazendas. Eu preciso vender para a sua empresa, que tem muito dinheiro. Está todo mundo roubando, e eu também quero entrar no negócio.” Ela diz: “Eu vou dar um jeito.” Chama lá quem de direito e diz: “Vamos fugir da licitação. Vamos fugir, é só picotar. Baixa, divide em vinte, em trinta, em quarenta, e aí fatura à vontade.” Esse é o País de hoje.

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Eu não consigo entender, por exemplo, meu caro... Dê-me mais um tempinho.

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Eu lhe darei o mesmo tempo que dei para os outros. Teve cinco minutos e já tem mais cinco minutos.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - V. Exª fique à vontade. Se V. Exª achar... V. Exª sempre foi muito carinhoso comigo. V. Exª está na qualidade de homem sensato. Sempre o vi assim e tenho certeza de que sempre o verei assim. Em toda regra há exceção. Em toda regra há exceção.

            O tema dos últimos dias é mentir: mentir para se livrar de uma CPI; mentir ao acusar pessoas que eram diretores. “Ora, vamos livrar. Temos que livrar a Presidenta da República, gente! Não pode ninguém tocar na Presidenta. Ela já está caindo nas pesquisas, gente! Não deixem! Não deixem respingar na Presidenta! Vamos embora mentir! Mintam à vontade, mas não deixem respingar na Presidenta porque ela está caindo, gente!”

            Aí, foram dizer que era o Gabrielli: “O Gabrielli. Foi o Gabrielli quem roubou. Gabrielli roubou!”. Aí, o Gabrielli vestiu calças de homem. O Gabrielli virou homem: “Não, não fui só eu não! Não fui só eu não. A Dilma é culpada sim, a Presidente!” Foi ao Estadão e disse: “A Dilma é culpada sim! Ela assinou documento como Presidenta da República!”.

            Ei, psiu! Se fosse em um país sério, a Dilma estaria “impeachmada”! Não tem jeito!

            Pátria, Nação brasileira, está vindo tudo à tona, Nação. Está horrível, está ridículo, está irrecuperável! Não é só Pasadena, no Texas, não! Gasoduto lá em Manaus, roubaram! A de Pernambuco, 35 milhões distribuídos a políticos! Vamos embora abafar! Esse negócio da Abreu, da refinaria em Pernambuco, não pode evoluir porque foram repassados 35 milhões a políticos!

            Brasil, está demais, Brasil! É impressionante, Brasil! Vejam que ainda há Senadores que sobem a esta tribuna para defender Dilma.

            Ainda há Senadores que vêm aqui, meu caro Cristovam Buarque, defender a situação que está posta, que é uma situação de calamidade pública. Nunca se viu tanta corrupção na história do Brasil, Cristovam. Na história do Brasil! Nunca se viu tanta corrupção. O volume, Cristovam, o volume da corrupção, o volume do roubo. São bilhões, bilhões e bilhões, Cristovam, que roubam da população brasileira. A inflação toma conta do País. Os remédios aumentaram, batata, cebola, farinha, feijão. Desenfrearam, perderam o controle da inflação.

            Não sei, não sei o que vai acontecer nos próximos dias, meu querido Pedro Simon, V. Exª que é um veterano Senador da República, conceituadíssimo. Acho que já nasceu Senador da República. Nunca usaram um dedo para lhe acusar. Senador que admiro pessoalmente. Ninguém pode dizer o que vai acontecer amanhã.

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Tudo é muito imprevisível. O País é uma pólvora. O brasileiro não aguenta mais, o brasileiro não suporta mais, o brasileiro não atura mais pagar tanto imposto - recordes e recordes de pagamento de imposto.

            Escolheram - vou descer, Presidente - a Petrobras. Escolheram a Petrobras. Puxa vida! A Petrobras! A empresa que o brasileiro mais admira, a empresa mais forte nacionalmente, a empresa mais conhecida mundialmente, uma das maiores empresas do mundo. Acabaram com a Petrobras! Acabaram com a Petrobras! Olha, para acabar com uma empresa do tamanho da Petrobras é preciso ter muito ladrão, mas muito ladrão, e é preciso roubar muito.

            E roubaram.

            Desço, Presidente, dizendo que roubaram.

            Roubaram, e, agora, querem sufocar a Comissão. A Presidenta da Petrobras, mentirosa. A Presidenta da República esconde, de todas as formas, mas o povo brasileiro, o povo brasileiro também é outro, meu querido Pedro. É outro.

            Outrora - outrora -, o povo brasileiro ainda ia na mentira. Agora, não. Agora, mudou. Mudou para melhor a consciência do povo brasileiro.

            E nós precisamos mudar, brasileiros e brasileiras. Nós precisamos mudar. Tirar aqueles que enganaram vocês, aqueles que destruíram a maior empresa brasileira. Isso jamais será esquecido em toda a história do Brasil. Isto pode virar, até, currículo escolar: “PT acaba com a Petrobras”. Quem sabe, não vai virar currículo escolar.

            Agora, o que mais me envergonha, Presidente - descendo -, o que mais me envergonha é ver Senadores vindo aqui nesta tribuna defender o indefensável. Defender a Presidenta. Defender, dizendo que nada está acontecendo.

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Que, ao contrário, o País está uma maravilha, o País está ótimo. Isso é que me deixa triste. Me deixa triste e envergonhado, sinceramente, Presidente, de ser Senador da República.

            Muito obrigado.