Pronunciamento de Rodrigo Rollemberg em 28/04/2014
Pela Liderança durante a 60ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Defesa do posicionamento adotado pelo pré-candidato à Presidência da República, Eduardo Campos, em visita ao Estado do Amazonas; e outro assunto.
- Autor
- Rodrigo Rollemberg (PSB - Partido Socialista Brasileiro/DF)
- Nome completo: Rodrigo Sobral Rollemberg
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Pela Liderança
- Resumo por assunto
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ELEIÇÕES.
POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA.:
- Defesa do posicionamento adotado pelo pré-candidato à Presidência da República, Eduardo Campos, em visita ao Estado do Amazonas; e outro assunto.
- Publicação
- Publicação no DSF de 29/04/2014 - Página 139
- Assunto
- Outros > ELEIÇÕES. POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA.
- Indexação
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- DEFESA, POSIÇÃO, EDUARDO CAMPOS, MARINA SILVA, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, VICE-PRESIDENTE DA REPUBLICA, RELAÇÃO, PRONUNCIAMENTO, MUNICIPIO, MANAUS (AM), ESTADO DO AMAZONAS (AM), CRITICA, INEFICACIA, GESTÃO, GOVERNO FEDERAL, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
- REGISTRO, INAUGURAÇÃO, BANCO DE DADOS, GENETICA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), COMENTARIO, IMPORTANCIA, ALIMENTAÇÃO, NUTRIÇÃO, POPULAÇÃO.
O SR. RODRIGO ROLLEMBERG (Bloco Apoio Governo/PSB - DF. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Parlamentares, em primeiro lugar, quero aqui registrar o sucesso que tem sido a caravana de Eduardo Campos e Marina Silva País afora, discutindo as diretrizes do programa de governo.
Nesse sábado, os dois estiveram em Manaus para a continuidade desses seminários. Houve, efetivamente, uma grande repercussão. A Senadora Vanessa Grazziotin ocupou a tribuna há pouco para tecer comentários sobre essa visita do ex-Governador Eduardo Campos e da ex-Senadora Marina Silva, inclusive se referindo ao destaque que a imprensa do Estado do Amazonas deu à presença dos dois, maior, inclusive, do que à presença da própria Presidente da República naquele Estado. Talvez isso seja um sintoma, Sr. Presidente, de que a imprensa do Estado do Amazonas tem sensibilidade e percepção para perceber a novidade, para perceber efetivamente que Eduardo Campos e Marina Silva perfazem uma dupla que veio para mudar, que veio para inovar, que representa o sentimento de mudança da população brasileira.
É importante aqui comentar algumas críticas da Senadora Vanessa sobre o que disse o ex-Governador Eduardo Campos disse - o que eu reitero -: que esse pacto político que sustenta o Governo da Presidente Dilma está mofado, está ultrapassado e precisa ser modificado.
Todos sabem aqui a forma como estão sendo negociados os ministérios e a ocupação de empresas públicas. Estão aí os problemas para demonstrar que esse modelo está errado, completamente diferente do modelo adotado no Estado de Pernambuco, em que o governador sai com uma aprovação em torno de 82%. Ou alguém acha que a forma como foram preenchidas as diretorias da Petrobras está correta? Ou alguém acha que a forma como se negociaram ministérios, em torno de apoio político, está correta?
E, ainda hoje, Sr. Presidente, vemos o anúncio de que o PR da Câmara abandona a candidatura da Presidenta Dilma, já percebendo, em função de sua caída na pesquisa, a redução das perspectivas de poder.
Tenho um apreço e admiração enormes pela Senadora Vanessa, que foi Presidente da Comissão de Mudanças Climáticas. Mas quero dizer que é importante registrar que este Governo precisa, sim, ser criticado. Precisa ser criticado porque o fantasma da inflação, Sr. Presidente, está de volta. A inflação já está no limite do teto, sendo que, no preço dos alimentos, ela é muito superior à média. Esse é um dado concreto, esse é um dado correto e, portanto, devemos, sim, apontar os erros deste Governo. Ou será que alguém - a população do Amazonas especialmente, um Estado que teve a capacidade de manter preservada grande parte de suas florestas -, será que a população brasileira está feliz com o aumento do desmatamento em nosso País? Desmatamento que cresceu muito do ano passado para cá, sob a presidência da Presidenta Dilma Rousseff. Será que estão satisfeitos com o aumento do desmatamento?
Esta semana, a imprensa trouxe um levantamento da criação de unidades de conservação no governo Fernando Henrique, no governo do Presidente Lula e no Governo da Presidenta Dilma, e é inexistente, praticamente inexistente, a criação de unidades de conservação no período da Presidenta Dilma. Ou será que alguém está feliz com o aumento da utilização de energia termoelétrica, contribuindo para o aquecimento global, para um País que tinha grande parte da sua matriz energética de origem limpa, de origem renovável?
Portanto, é muito importante que essas questões sejam apontadas efetivamente dentro de um debate político importante, debate político que se tentou cercear como se aqui aqueles que tivessem a ousadia de discordar e de apresentar uma proposta diferente fossem traidores. Traidores são aqueles que ficam calados diante de tamanho desapreço ao País. Portanto, esse debate precisa ser feito, sim, precisa ser feito com tranquilidade, precisa ser feito com profundidade. É preciso apontar os equívocos e é preciso apontar alternativas para que o País volte a crescer. Ou alguém está satisfeito com o menor crescimento dos últimos anos? O Governo que menos cresceu durante o seu período. Alguém pode estar satisfeito com isso? Não, não estamos. Queremos voltar a crescer. Queremos voltar a crescer com distribuição de renda. Queremos voltar a crescer com sustentabilidade. E é importante fazer a crítica, a crítica leal, a crítica correta, mas, mais do que a crítica, é fazer o que Eduardo e Marina vêm fazendo Brasil afora: ouvindo a população, construindo junto com a população as alternativas, as propostas, as soluções para um Brasil melhor, para um Brasil que possa crescer de forma sustentável, que possa crescer distribuindo renda, que possa crescer melhorando a qualidade de vida da nossa população.
Sr. Presidente, registro aqui a presença, que nos honra, do ex-Vereador Romário, de Cachoeiro-BA, que hoje acompanha esta sessão, e aproveito para fazer um registro que me enche de alegria, que me enche de satisfação. Na última quinta-feira, dia 24, a Embrapa inaugurou o terceiro maior banco genético do mundo, inaugurou as novas instalações do Banco de Germoplasma, o moderno prédio de mais de dois mil metros quadrados, dividido em dois pavimentos, que abrigará uma das maiores coleções mundiais de recursos genéticos.
O Brasil ocupava a sétima posição até então e passará agora a ocupar a terceira posição no que se refere ao armazenamento de recursos genéticos, perdendo apenas para os Estados Unidos e para a China. As instalações compõem a infraestrutura da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e têm capacidade para abrigar em torno de 750 mil amostras nesse banco de germoplasma. Se formos também contabilizar outras formas de armazenamento, a Embrapa tem a capacidade de armazenar mais de 1 milhão de amostras nos diferentes métodos.
Digo isso, Sr. Presidente, com muita satisfação, porque fui procurado pelo chefe da Embrapa Recursos Genéticos, Dr. Mauro, que, naquela ocasião, estava de férias e me ligou para dizer da importância de conseguir recursos para a ampliação desse banco de germoplasma. É importante não apenas para o Distrito Federal, mas para o Brasil e para o mundo, porque nós estamos falando de segurança alimentar, nós estamos falando da possibilidade de, através dos recursos genéticos ali armazenados, construir e desenvolver variedades de produtos, como arroz, feijão, milho, soja adaptados, por exemplo, às mudanças climáticas. Sabemos que este é um dos grandes desafios da humanidade, além de mitigar a emissão de gases de efeito estufa: avançar no processo de adaptação às mudanças climáticas. É através desse material genético que a Embrapa terá condições de desenvolver essas variedades adaptadas às mudanças climáticas.
Sabemos, Sr. Presidente, que grande parte dos recursos genéticos dos produtos utilizados pela Embrapa é de recursos importados; eles não são originários do Brasil, como a soja, por exemplo, que veio da China, como a cana-de-açúcar, que veio da Índia, e outras variedades.
Além de haver nesse banco diversas espécies de produtos exóticos - digamos assim - vindos de outros países, também teremos uma enorme capacidade de armazenamento da biodiversidade nacional - biodiversidade essa que permitiu, por exemplo, em 1995, que krahôs pudessem recuperar uma variedade de milho utilizada por seus ancestrais, nos seus rituais sagrados e nas suas celebrações. A Embrapa teve a oportunidade de oferecer esse material genético a essas populações indígenas, que o reproduziram e devolveram, para que uma nova quantidade ficasse armazenada no banco da Embrapa.
É importante registrar, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, telespectadores da TV Senado, que, junto a esse novo Banco de Germoplasma da Embrapa, também há uma fábrica de nitrogênio. Isso é importante, porque vai reduzir os gastos da Embrapa, já que se consome uma grande quantidade de nitrogênio para o armazenamento desse material genético. E a Embrapa vai poder fornecer também para outras instituições nitrogênio armazenado.
E o que nos enche de satisfação, Sr. Presidente, é que coube a mim, encarregado pelo chefe da Embrapa, fazer a articulação da Bancada de Deputados e Senadores do Distrito Federal, para conseguir os recursos que permitiram a ampliação desse banco de recursos genéticos.
Na época, eu era Deputado Federal, coordenador da Bancada do Distrito Federal, e procurei os Deputados e Senadores, que, como sempre, demonstraram apoio às iniciativas da Embrapa. Quero registrar o Deputado Augusto Carvalho, o Deputado Jofran Frejat, o Deputado Tadeu Filippelli, o Senador Cristovam Buarque, o Senador Gim Argello, o Senador Adelmir Santana. Cada um, à época, destinou R$700 mil de suas emendas para esse Banco de Germoplasma, aos quais acrescentei R$1 milhão das minhas emendas individuais destinadas diretamente à Embrapa para a implantação desse banco.
Foi uma cerimônia bonita, uma cerimônia que coloca a Embrapa no seu devido lugar, no patamar mais alto da pesquisa científica e tecnológica, como uma instituição que tem uma contribuição inestimável a dar à humanidade, como vem dando, desenvolvendo valores como inovação tecnológica e sustentabilidade.
Portanto, parabéns à Embrapa! Parabéns ao Presidente da Embrapa, Maurício! Parabéns ao Mauro, chefe da Embrapa Recursos Genéticos, que se empenhou pessoalmente na busca desses recursos que permitiram a construção desse novo banco de germoplasma!
Quero aqui aproveitar para parabenizar todos os servidores da Embrapa no Brasil, que completa 41 anos e que, através do esforço, da dedicação e da competência dos seus recursos humanos, tem conseguido revolucionar a agricultura em todo o Brasil.
Também quero aproveitar este momento, Sr. Presidente, Senador Eduardo Suplicy, para lançar mais um apelo à Presidenta Dilma, para lançar mais um apelo à base do Governo, para lançar um apelo aos ouvidos moucos, porque, enquanto estamos celebrando os 41 anos da Embrapa, enquanto estamos celebrando a ampliação do banco de germoplasma da Embrapa, essa instituição de credibilidade internacional sofre ameaças do próprio Governo do Distrito Federal.
Neste momento, Senador Suplicy, a Embrapa Cerrado, um dos centros mais importantes de pesquisa, que revolucionou a pesquisa científica no Brasil, compreendendo o solo do Cerrado, experimentando as mudanças do solo do Cerrado que permitiram que essa região se transformasse no grande celeiro do Brasil, neste momento, 38 anos de pesquisa correm risco de serem jogados por água abaixo porque o Governo do Distrito Federal está desalojando a Embrapa Cerrado dessa área onde desenvolve pesquisas de solo há 38 anos para implantar ali um núcleo habitacional, Senador Suplicy, que pode ser colocado do lado, que pode ser colocado muito próximo.
Nós entendemos que seja importante que termos núcleos habitacionais, mas não é preciso, para isso, desalojar uma instituição científica e tecnológica do gabarito da Embrapa, da importância da Embrapa, que é capaz de revolucionar a pesquisa no Brasil.
Portanto, faço aqui mais um apelo, um apelo ao Ministro da Ciência e Tecnologia, um apelo ao Ministro Aloizio Mercadante, que foi Ministro da Ciência e Tecnologia, para que não deixe que essa área da Embrapa seja perdida e que 38 anos de pesquisas sejam jogados fora pelo Governo do Distrito Federal.
Este é o presente, esta é a questão que está colocada na falta de prioridades deste governo, na falta de visão de futuro deste governo. Se o Governo Federal não fizer nada neste momento para proteger a Embrapa da ação do Governo do Distrito Federal, o Governo Federal será responsabilizado por uma omissão histórica, uma omissão que trará prejuízos enormes ao desenvolvimento da pesquisa científica e tecnológica em nosso País.
Portanto, fica aqui, Senador Suplicy, este alerta e este apelo ao Governo Federal para que não permita que o Governo do Distrito Federal desaloje a Embrapa, essa instituição que há 38 anos desenvolve pesquisas científicas da maior importância para o Brasil naquela região.