Discurso durante a Sessão Solene, no Congresso Nacional

Pronunciamento da sessão conjunta do Congresso Nacional destinada a comemorar o centenário de nascimento do ex-senador paraibano João Agripino Filho.

Autor
Cícero Lucena (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PB)
Nome completo: Cícero de Lucena Filho
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Pronunciamento da sessão conjunta do Congresso Nacional destinada a comemorar o centenário de nascimento do ex-senador paraibano João Agripino Filho.
Publicação
Publicação no DCN de 25/03/2014 - Página 13
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • PRONUNCIAMENTO, SESSÃO CONJUNTA, CONGRESSO NACIONAL, COMEMORAÇÃO, CENTENARIO, NASCIMENTO, JOÃO AGRIPINO, EX SENADOR, ELOGIO, VIDA PUBLICA.

O SR. CÍCERO LUCENA (Bloco Minoria/PSDB-PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.)

     Sr. Presidente José Agripino; Senador Cássio Cunha Lima, autor da proposta desta sessão especial aqui do

Senado, bem como o Deputado Ruy Carneiro na Câmara dos Deputados, ex-Deputado João Agripino Neto, em

nome de quem cumprimento todos os familiares aqui presentes, bem como os que se encontram em outros

locais, em particular na Paraíba; Sras. e Srs. Parlamentares; minhas senhoras e meus senhores.

Cem anos sempre será um marco especial a ser lembrado e comemorado. Infelizmente, é dada a poucos

a oportunidade de festejar em vida a passagem de um século.

Nesta sessão do Congresso Nacional, estamos homenageando uma das figuras mais influentes da polí-

tica paraibana, nordestina e nacional, João Agripino Filho, pelo centenário do seu nascimento.

Ele já trazia a política no sangue, pois o seu pai, João Agripino de Vasconcelos Maia, advogado e fazen-

deiro, foi Deputado Estadual por cinco legislaturas consecutivas, de 1915 a 1930; seu avô materno, Antônio

Marques da Silva Mariz, foi político do Império e, depois, Deputado Federal, de 1894 a 1903, chegando a Pri-

meiro-Secretário da Câmara dos Deputados; seu tio, José Mariz, foi Interventor Interino, Procurador e Secretá-

rio Estadual da Paraíba; seu irmão, Tarcísio Maia, foi Governador do Rio Grande do Norte, de 1975 a 1979; seu primo, Antônio Mariz, foi Deputado Federal, Senador e Governador da Paraíba; seu filho, aqui presente, João Agripino de Vasconcelos Maia, foi Deputado Federal e Constituinte da atual Carta Magna; e seu sobrinho, José Agripino, foi Constituinte, Governador do Rio Grande do Norte, Senador e nos dá o prazer de estar presidindo a presente sessão.

    João Agripino é conhecido dos paraibanos pelo carinhoso epíteto de “Mago de Catolé”. Valente e respei- tado, tinha consciência plena do que os cidadãos da Paraíba dele esperavam. Sabia fazer valer a autoridade e sempre enfrentou pessoas e fatos na defesa dos interesses da Paraíba e dos paraibanos.

    Quando assumiu o Governo da Paraíba em 1966, o último eleito pelo voto direto no início do governo militar, demonstrou que tinha compromissos, em primeiro lugar, com o povo que o elegeu. Apesar de suas li- gações com a alta cúpula do Estado autoritário recentemente implantado, confrontou-se, por diversas vezes, com determinações das autoridades militares. Mesmo assim, era reconhecido como uma peça importante aos interesses do Governo Central, pois apresentava uma popularidade crescente, com as realizações desenvol- vimentistas de seu governo. A liderança que exercia em relação aos outros governos da região também era conveniente às pretensões das autoridades então no poder.

    Alguns fatos, sempre é bom lembrar, da região dão mostra do seu temperamento e da sua personalida- de. Em 1965, quando da campanha pelo Governo do Estado, Agripino indispôs-se com o Comando do Grupa- mento de Engenharia, que exigia o fim dos comitês estudantis que apoiavam o candidato, e os comitês foram mantidos. Nessa mesma campanha, teve um atrito com o General do Serviço Nacional de Informação - SNI, que gerou uma crise no interior do órgão, resultando no afastamento desse General e demissão do responsá- vel pelo órgão em Pernambuco.

    Em pleno exercício do Governo, em entrevista de alcance nacional, criticou a escolha de Costa e Silva para Presidência da República. Mais tarde, voltou a criticar Costa e Silva pela sua política econômica.

Em uma nova entrevista de alcance nacional, defendeu a volta do pluripartidarismo.

Enfrentou o Comandante do IV Exército, na defesa da permanência do jogo do bicho na Paraíba.

Enfrentou o General que dirigia a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), por

discordar do autoritarismo presente nas reuniões do órgão, muito bem relatada aqui por João Agripino Neto.

Sr. Presidente, Sras. e Srs Parlamentares, João Agripino de Vasconcelos Maia Filho nasceu em Brejo da Cruz,

no Estado da Paraíba, em 1º de março de 1914 e teve uma trajetória de vida modelar. Sua formação intelectual

foi resultado da passagem por instituições respeitáveis, como: Liceu Paraibano de João Pessoa, Ginásio Santa

Luzia, em Mossoró, no Rio Grande do Norte, e a graduação superior na Faculdade de Direito de Recife, em 1937.

Desenvolvimentista, favoreceu, durante seu Governo, os investimentos industriais, atraindo investidores

externos. Mas, como o Estado necessitava de infraestrutura, atacou duas linhas essenciais: a eletrificação de

todos os Municípios paraibanos, como anteriormente aqui citado, até então restrita apenas ao litoral, à região

do Brejo e aos mais importantes do Sertão; e a construção de duas rodovias essenciais à integração territorial

e econômica da Paraíba.

João Agripino, pela sua autonomia, demonstrada em seus atos e em suas atitudes, garantiu um lugar

especial no coração da população paraibana e no de quem teve a oportunidade de com ele conviver ou de

conhecê-lo através da sua história.

Sua visão progressista dotou o Estado de uma linha divisória, que nos permite dizer que havia uma Pa-

raíba antes de seu Governo e que há uma outra Paraíba após a definição dos novos rumos para o desenvolvimento do Estado.

João Agripino fazia política com “P” maiúsculo, não se submetendo a barganha, a negociata. Ele tinha

apenas um compromisso: fazer justiça e trabalhar pelo povo da Paraíba.

João Agripino Filho é, pois, digno de todas as homenagens que lhe prestamos nesta ocasião, na Paraíbaou em qualquer lugar.

Era o que eu tinha dizer.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (José Agripino. Bloco Minoria/DEM-RN) - Agradeço as palavras ao Senador CíceroLucena.

SEGUE, NA ÍNTEGRA, O PRONUNCIAMENTO DO SR. SENADOR CÍCERO LUCENA

    O SR. CÍCERO LUCENA (Bloco Minoria/PSDB-PB. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, cem anos sempre será um marco especial a ser lembrado e comemorado. Infelizmente, é dada a poucos a oportunidade de festejar em vida a passagem de um século.

    E, nesta Sessão do Congresso Nacional, estamos homenageando uma das figuras mais influentes da po- lítica nordestina, João Agripino Filho, pelo centenário de seu nascimento.

    Ele já trazia a política no sangue, pois seu pai, João Agripino de Vasconcelos Maia, advogado e fazendei- ro, foi deputado estadual por cinco legislaturas consecutivas (1915-1930); seu avô materno, Antônio Marques da Silva Mariz, foi político do Império e, depois, Deputado Federal (1894-1903), chegando a Primeiro Secre- tário da Câmara dos Deputados; seu tio, José Mariz, foi interventor interino, Procurador e Secretário Estadual da Paraíba; seu irmão Tarcísio Maia, foi Governador do Rio Grande do Norte (1975-1979); seu primo, Antônio Mariz, foi Deputado Federal, Senador e Governador da Paraíba; seu filho, João Agripino de Vasconcelos Maia, foi Deputado Federal (1987-1991) e Constituinte da atual Carta Magna; e seu sobrinho, José Agripino Maia, foi Constituinte (1987-1988), Governador do Rio Grande do Norte (1983-1986 e 1991-1994) e Senador (1987-1991 e desde 1995), com mandato até 1919.

    João Agripino é conhecido dos paraibanos pelo carinhoso epíteto de “Mago de Catolé”. Valente e respei- tado, tinha consciência plena do que os cidadãos da Paraíba dele esperavam. Sabia fazer valer a autoridade e sempre enfrentou pessoas e fatos na defesa dos interesses da Paraíba e dos paraibanos.

    Quando assumiu o governo da Paraíba em 1966, o último eleito pelo voto direto no início do governo militar, demonstrou que tinha compromissos, em primeiro lugar, com o povo que o elegeu. Apesar de suas li- gações com a alta cúpula do Estado autoritário recentemente implantado, confrontou-se, por diversas vezes, comdeterminações das autoridades militares. Mesmo assim, era reconhecido como uma peça importante aos interesses do governo central, pois apresentava uma popularidade crescente, com as realizações desenvolvi- mentistas de seu governo. A liderança que exercia em relação aos outros governos da região também era con- veniente às pretensões das autoridades então no poder.

    Alguns fatos que entraram para o folclore político da região dão uma mostra de seu temperamento e de sua personalidade:

     Em 1965, quando da campanha pelo governo do Estado, Agripino indispôs-se com o Comandante do Grupamento de Engenharia, que exigia o fim dos comitês estudantis que apoiavam o candidato, e os comitês foram mantidos.

     Nessa mesma campanha, teve um atrito com o general-chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI),

que gerou uma crise no interior do órgão, resultando no afastamento desse general e demissão do responsá-

vel pelo órgão em Pernambuco.

     Em pleno exercício do governo, em entrevista de alcance nacional, criticou a escolha de Costa e Silva

para a Presidência da República. Mais tarde, voltou a criticar Costa e Silva por sua política econômica.

     Em uma nova entrevista de alcance nacional, defendeu a volta do pluripartidarismo.

     Enfrentou o Comandante do IV Exército na defesa da permanência do jogo do bicho na Paraíba.

     Enfrentou o General que dirigia a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), por

discordar do autoritarismo presente nas reuniões do órgão.

Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Parlamentares,

João Agripino de Vasconcelos Maia Filho nasceu em Brejo da Cruz, no Estado da Paraíba, em 10 de março

de 1914 e teve uma trajetória de vida modelar.

Sua formação intelectual foi resultado da passagem por instituições respeitáveis, como: Liceu Paraibano

(João Pessoa-PB), Ginásio Santa Luzia (Mossoró-RN), e a graduação superior na Faculdade de Direito de Recife-

-PE, em 1937.

Desenvolvimentista, favoreceu, durante seu governo, os investimentos industriais, atraindo investidores

externos. Mas, como o Estado necessitava de infraestrutura, atacou duas linhas essenciais: a eletrificação de

todos os Municípios paraibanos, até então restrita aos do litoral, aos da região do Brejo e aos mais importantes

do sertão; e a construção de duas rodovias essenciais à integração territorial e econômica da Paraíba.

Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Parlamentares,

João Agripino Filho não está imune às críticas de sua ligação com o governo autoritário, mas a autonomia

demonstrada em seus atos e em suas atitudes lhe garante um lugar especial no coração da população paraibana.

Sua visão progressista dotou o Estado de uma linha divisória, que nos permite dizer que havia uma Pa-

raíba antes de seu governo, e que há outra Paraíba após a definição dos novos rumos para o desenvolvimento

do Estado.

João Agripino Filho é, pois, digno de todas as homenagens que lhe prestamos nesta ocasião.

Era o que tinha dizer.


Este texto não substitui o publicado no DCN de 25/03/2014 - Página 13