Discurso durante a 62ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apelo aos jovens por participação ativa e constante nos destinos políticos do País.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MANIFESTAÇÃO COLETIVA.:
  • Apelo aos jovens por participação ativa e constante nos destinos políticos do País.
Aparteantes
Ana Amélia, Casildo Maldaner, Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 01/05/2014 - Página 57
Assunto
Outros > MANIFESTAÇÃO COLETIVA.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, POPULAÇÃO, ADOLESCENTE, PARTICIPAÇÃO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, IMPORTANCIA, REALIZAÇÃO, REFORMA POLITICA, CRITICA, VIOLENCIA, DESTRUIÇÃO, PATRIMONIO, PARTICIPANTE, OCULTAÇÃO, IDENTIDADE.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Parlamentares, permita-me Deus transformar por alguns instantes as minhas coronárias em cordas vocais! E que eu possa falar a linguagem atual, presente, direta, pois eu quero me dirigir nesse meu tempo a todos os jovens brasileiros, do mais fundo do meu coração.

            Hoje, o verbo ser para os jovens é conjugado no tempo presente, e não no futuro, e há mais condicional: eles não serão, muito menos seriam. Os jovens são o Brasil de hoje.

            Mais do que isso: o vigor da juventude contaminou todos nós. Deu-nos a longevidade espiritual. Enquanto antecipam o futuro, resgatam-nos do passado. Os jovens são, hoje, os mestres da obra da construção da nossa história.

            Por isso, quero falar aos jovens brasileiros de todas as idades. Fiz isso no ano passado, Sr. Presidente, com muita emoção, numa hora muito grave, e faço isso agora, com uma grande emoção, numa hora de grande gravidade. É que nós, todos, estamos construindo o Brasil do presente. A história, o passado, são os nossos alicerces. Derrubamos as paredes que nos dividiam e construímos outras que hoje nos integram.

            Hoje, embora sejamos parte da construção de uma nova história, sentimo-nos inteiros. Somos todos nós integrados por uma juventude inquieta, que pulsa e que sonha.

            A nossa nova história vive, com certeza, um dos seus momento mais importantes. Quem participou, como eu, da construção desses alicerces do passado sabe que não há melhor argamassa do que o povo nas ruas, tijolo por tijolo, num desenho ideológico, profundo, como disse o poeta.

            Foi assim, Presidente, na luta pela anistia. Os jovens de todas as idades foram às ruas e exigiram a volta “de tanta gente que partiu”. E foram tantos! E voltaram tantos! Ali, no desembarcar emocionado desses tantos, éramos todos “irmãos do Henfil”.

            Foi assim na campanha das Diretas Já, na campanha para a Presidência da República. Começamos milhares. Continuamos milhões. Terminamos todos. Creio não haver, na nossa história, momento mais emocionante do que o das Diretas Já.

Quem é esse?

De quem essa ira santa

Essa saúde civil

Que tocando a ferida

Redescobre o Brasil?

            Esse era o Teotônio. Era o Tancredo. Era o Arraes. Era o Ulysses. Era o Covas. Era o Montoro. Era o Lula. Era a Fafá de Belém. Era o Chico Buarque. Era o Osmar. Era o Pedro, o José, o Luiz, a Vânia, o João, o Lucas. Éramos todos nós!

            Embora o Congresso Nacional tenha colocado uma pedra no caminho da democracia ao derrubar a emenda pelas eleições diretas, um dos nossos direitos mais fundamentais, o povo transpôs, enfim, todos os obstáculos e levou-nos ao melhor destino.

            Os fatídicos colégios eleitorais, dos sucessivos generais, foram substituídos pelo voto direto e livre das urnas. Caiu a prepotência. Subiu a consciência.

            Foi assim com os “caras-pintadas”. Todas as cores substituídas pelo luto, enquanto a ética foi ferida de morte. Novamente, milhões de jovens de todas as idades nas ruas do País.

            “Brasil, um sonho intenso, um raio vívido. De amor e de esperança...”. O Hino Nacional, antes restrito aos estádios, às aulas de “moral e cívica” e a hasteamentos formais de bandeiras, foi cantado em corais a todos os pulmões e em todos os sotaques.

            Sr. Presidente, passaram-se mais de vinte anos. Parecia que os jovens brasileiros dormiam “em berço esplêndido”. Uma verdadeira contradição em um dos períodos mais longos de nossas liberdades democráticas, o povo saiu das ruas.

            O patrimônio público de todos foi entregue a mãos privadas de poucos, na chamada “bacia das almas”, e as ruas permaneceram vazias. Nenhum protesto. Poucas vozes. As canetas mais pareciam baionetas. Compravam votos e consciências.

            A Companhia Vale do Rio Doce, por exemplo, avaliada pelo lucro posterior de um trimestre, passou incólume aos reclamos públicos e à exigência de uma investigação séria e realmente profusa das “tenebrosas transações” da Vale do Rio Doce. Compras de votos, vendas de consciências e reeleição passaram ao largo pelo Congresso Nacional, algumas com CPI, que protegeram nas gavetas ou no Ministério Público.

            De repente, parece que um despertador coletivo voltou às nossas cabeceiras. Em um mesmo cenário, a suntuosidade dos estádios e a precariedade dos hospitais públicos. O dinheiro público pelo ralo da corrupção e a falta de recursos para a educação. A verdadeira guerra civil não declarada da violência nas ruas, nas casas e em todos os lugares onde a vida passou a ser banalizada.

            Na verdade, o despertador de nossas cabeceiras é a apartheid social que bate às nossas portas. Repetidas vezes, é de se reconhecer.

            Em junho do ano passado, os jovens de todas as idades voltaram às ruas. E voltaram exatamente quando as luzes dos estádios se acenderam e as lanternas da saúde, da educação e da segurança pública permaneceram apagadas. Quando os processos de corrupção saíram das gavetas e mostraram os desvãos por onde se escoam os recursos que faltam à cidadania.

            Os estádios viraram muito mais do que campos de futebol, com os seus gramados e suas arquibancadas. Os estádios transformaram-se em um verdadeiro símbolo do supérfluo, em um país onde falta o mais básico para a vida do cidadão.

            São estádios suntuosos, os gastos exorbitantes pela propaganda oficial.

            São estádios suntuosos os financiamentos de campanhas.

            São estádios suntuosos aquisições desastradas de refinaria que ensejam a corrupção.

            São estádios suntuosos os gastos sigilosos com cartões corporativos.

            São gastos suntuosos os mensalões de diferentes partidos.

            É estádio o aparelhamento da máquina pública com apadrinhados que trocam votos no Congresso. Votos que também valem a liberação de emendas orçamentárias, nem sempre fertilizadas pela necessidade da ética.

            São muitos, portanto, os estádios, ainda que, em muitos deles, os jogos se desenrolem nas penumbras das coxias lá dos gabinetes, vestiário para uniformes de colarinho branco.

            No ano passado, os jovens voltaram às ruas. No Rio de Janeiro, para elevar as preces a Deus junto ao Papa Francisco, e, no Brasil inteiro, para exigir dos governantes ética no tratamento do dinheiro público.

            O povo sabe que o dinheiro é desviado pela corrupção, e esse dinheiro que é desviado pela corrupção é o mesmo que falta nos hospitais, na escola, na rua e nas casas. O povo sabe, portanto, que a corrupção é causadora principal de todos os tipos de apartheid. Aliás, é sempre bom recordar o que disse o Papa Francisco na Praia de Copacabana, na sua visita ao Brasil:

O coração de vocês, coração jovem, quer construir um mundo melhor. Acompanho as notícias do mundo e vejo que muitos jovens saíram pelas estradas para expressar o desejo por uma civilização mais justa e fraterna. Os jovens nas estradas são jovens que querem ser protagonistas da mudança. Por favor, não deixem para outros o ser protagonista da mudança. Vocês[, jovens,] são aqueles que têm o futuro. Através de vocês, entra o futuro no mundo. Também a vocês, eu peço para serem protagonistas dessa mudança. Continuem a vencer a apatia, dando uma resposta cristã às inquietações sociais e políticas que estão surgindo em vários lugares do mundo. Peço-lhes para serem construtores do mundo, trabalharem por um mundo melhor. Queridos jovens, não olhem da sacada a vida, entrem nela! [a própria vida].

            Eu acho que, nas palavras do Papa Francisco, está a expressão-chave para a participação do jovem na luta pelos direitos mais fundamentais de cidadania do povo brasileiro: “não olhar da sacada a vida”. É preciso entrar nela. É preciso participar. É preciso, como em outros momentos, fazer valer a força da união.

            Em todos os principais momentos da nossa história, os jovens brasileiros não se contentaram em “olhar da sacada”. Foram às ruas para restaurar a democracia, para restaurar a soberania, para restaurar a ética. Agora, não é diferente.

            A participação dos jovens de todas as idades nos destinos políticos do País não pode se circunscrever a períodos da Copa ou de um evento de vulto. Não pode se circunscrever às “sacadas” ou a efêmeras “belas jogadas” aqui e acolá.

            Como nas Copas, as eleições também acontecem a cada quatro anos.

            Nada mais importante que as eleições numa democracia, mas elas não podem se circunscrever ao momento do voto. A participação política tem que ser constante.

            As soluções políticas para os nossos maiores problemas não podem depender de eventuais soluções daqueles que, também a cada quatro anos, são eleitos, a poder de vultosos financiamentos de campanha e, mais do que isso, de chicanas eleitorais que permitem a posse de quem não foi escolhido pelo povo.

            Para se ter uma ideia,...

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - ... nas eleições passadas, apenas 35 do 513 Deputados obtiveram votos próprios para serem eleitos. Os demais 463 tomaram o poder nas coligações.

            Eu já citei, aqui, o exemplo do Rio Grande do Sul, da Deputada não eleita mais votada do Brasil, a jovem Luciana Genro. No seu próprio partido, só que por outro Estado, tomou posse um candidato que obteve apenas 13 mil votos. Ela, repito, a Deputada não eleita mais jovem e mais votada, teve a preferência de 130 mil votos, enquanto o Deputado Federal eleito mais votado do País, de apelido político Chico das Verduras, totalizou menos de seis mil eleitores, ou seja, 20 vezes menos do que a candidata gaúcha.

            Deputados que explodiram em votos em seus respectivos Estados trouxeram outros que não seriam eleitos nem mesmo como Vereadores em seus respectivos Municípios, com todo o respeito que merecem as Câmaras Legislativas municipais.

            Isso, obviamente, tem que mudar. Não há representação política que se legitime na tortuosidade das chicanas eleitorais. Pior: qualquer mudança somente será válida se votada e aprovada exatamente por quem se beneficiou de tais desvios, ainda que legais. Isso significa pouca ou nenhuma chance de mudança de dentro para fora, daí a necessidade da manutenção da mobilização popular.

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Dos jovens de qualquer idade nas ruas. As mudanças só virão por meio de pressão, de fora para dentro, do aparato institucional. De fora para dentro, é que poderão vir as mudanças de que precisamos. Virão somente se o grito das ruas fizer eco nos corredores, nos gabinetes e no plenário do Congresso Nacional.

            É evidente que eu falo de pressões dentro dos limites da ordem e da paz.

            Nos limites da democracia. As vozes, os sotaques, admitem e devem respeitar o contraditório, as várias diferenças, mas não por poder ou à força da destruição do patrimônio, público ou privado, o vandalismo, a qualquer título, absolutamente não é válido.

            O vandalismo nocauteou parte significativa das manifestações do ano que passou. Não fez o bom contraditório, fez o jogo do contrário, fez o jogo do adversário, de quem nada quer mudar ou, pior ainda, para quem a democracia é um empecilho às atitudes de coxia.

            Não houve vandalismo nas manifestações pela anistia. Não houve vandalismo nas manifestações pelas eleições das Diretas Já. Não houve vandalismo nas manifestações pela ética na política em outros tempos, embora lá também existisse o contraditório. Contrários com a força remanescente dos tempos de exceção. A que interessaria, portanto, a violência dos poucos, mas ameaçadores, das manifestações de 2013? Certamente não aos que desejam a democracia, não aos que desejam a soberania e a cidadania.

            Em 2014, teremos, novamente, o silêncio das urnas e o grito das ruas. Como já disse, Presidente, momentos dos mais importantes na construção da nossa história Eu nunca coloquei em dúvida que é preciso sonhar, mas eu também nunca deixei de lado a ideia de que, principalmente nos momentos em que os sonhos se tornam pesadelos, é preciso acordar.

            De nada adiantará o grito das ruas, se ele caminhar na contramão do silêncio das urnas. Exatamente porque no grito das ruas haverá sempre o sonho e no silêncio das urnas podem estar camuflados os piores pesadelos.

            Continuo convicto de que, agora, não há riscos para a nossa liberdade, a nossa democracia e a nossa soberania. Quem sabe para a soberania, porque a globalização ainda alimenta os sonhos dos vendilhões da Pátria.

            Eu não tenho dúvida, porém, de que este é momento da defesa da ética. E, no mesmo patamar, da defesa da liberdade, da democracia e da soberania de outros momentos.

            A ética continua torturada nos bastidores.

            Muitos de nós, em outros tempos, tivemos de derrubar os portões dos calabouços. Hoje, com certeza, temos de abrir as portas de muitos gabinetes, onde a ética permanece sufocada.

            Qual o caminho? As ruas!

            Qual a chave? O voto!

            É preciso

            É preciso, portanto, que os jovens de todas as idades voltem às ruas, neste 2014. E que a bandeira principal seja a da luta pelo voto consciente.

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - A Lei da Ficha Limpa, meu Presidente, deu passos largos neste mesmo caminho. Mas é preciso ir além.

            Se não haverá mudança de dentro para fora, é preciso mudar quem está dentro. Se não mudam as pessoas, pelo menos que se alterem as posturas. Daí, a importância do voto e das ruas.

            O voto não pode se restringir ao ato em si de apertar o botão da urna eletrônica.

            As ruas não podem se limitar aos gritos de ordem. Essas mesmas ordens não serão cumpridas por quem nada quer mudar, nem pessoas, nem posturas.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - V. Exª me permite o aparte na hora que avaliar como conveniente?

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Já lhe darei.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Eu agradeceria muito.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Na ordem do dia, a questão da Petrobras. Não podemos repetir erros passados. A Petrobras é tão grande e tão importante para todos nós, que não cabe na "bacia das almas".

            Muitos brasileiros foram às ruas para defender o nosso petróleo, símbolo da soberania nacional. Aliás, a Petrobras sempre foi o outro nome da nossa soberania. Um nome agora arranhado por suspeitas, evidências e fatos que necessitam ser conhecidos. Afinal, a Petrobras é patrimônio do povo brasileiro.

            Mas as chicanas também têm sido repetitivas nas investigações do Congresso Nacional.

            Tudo se faz para que nada seja investigado. Discursos de mudança. Prática de Lampedusa: tudo mudar, para que tudo permaneça como está.

            A Petrobras continuará sendo nossa se o nosso jovem, a nossa mocidade, mais uma vez, incluir na pauta das ruas uma investigação séria sobre as denúncias que ocuparam as páginas dos jornais nos últimos dias.

            Quem sabe o caso Petrobras nos forneça o combustível necessário para caminharmos em direção à ética no tratamento do que é público, do que é de todos, do povo brasileiro de todos os sotaques e de todas as idades.

            Lembro, assim - antes de lhe dar o aparte, nobre Senador -, a "Oração aos Moços", de Rui Barbosa, como paraninfo dos formandos de 1920, da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Ouso, apenas, alterar o título concebido pelo grande mestre: “Oração aos Moços de todas as idades”:

Eia, senhores!

Mocidade viril!

Inteligência brasileira!

Nobre nação explorada!

Brasil de ontem e amanhã!

Dai-nos o de hoje, que nos falta.

Mãos à obra da reivindicação de nossa perdida autonomia;

mãos à obra da nossa reconstituição interior;

mãos à obra de reconciliarmos a vida nacional com as instituições nacionais;

mãos à obra de substituir pela verdade o simulacro político da nossa existência entre as nações.

Trabalhai por essa que há de ser a salvação nossa.

Mas não buscando salvadores.

Ainda vos podereis salvar a vós mesmos.

Não é sonho, meus amigos: bem sinto eu, nas pulsações do sangue, essa ressurreição ansiada.

Oxalá não se me fechem os olhos, antes de lhe ver os primeiros indícios no horizonte.

Assim o queira Deus.

            Pois não, querido.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Prezado Senador Pedro Simon, o apelo de V. Exª aos jovens é de extraordinária relevância e, sobretudo, o conteúdo de seu pronunciamento, recordando, de maneira tão bela, toda a inspiração do Menestrel das Alagoas, o Senador Teotônio Vilela - que foi a pessoa que despontou nas campanhas por eleições diretas, pela anistia -, e a sua memória foi tão bem trazida. Também V. Exª aqui recordou os movimentos de 1982, 1983 e 1984, para que tivéssemos as Diretas Já. Felizmente, em 2014, estamos tendo eleições diretas para governador, o que não tínhamos à época - ficamos mais de 21 anos sem eleições para governador -, para prefeitos das capitais, das estâncias e áreas de segurança nacional. V. Exª aqui faz recomendações aos jovens para que sigam os exemplos daqueles que conseguimos mudar as coisas no Brasil, nas campanhas, tanto pelas Diretas Já como por Ética na Política, e sem que houvesse a caracterização de violência, de vandalismo nas manifestações das quais ambos participamos e tantas pessoas aqui, no Congresso Nacional, hoje. V. Exª bem enfatiza que temos a confiança de que a democracia no Brasil está aí para valer e não será modificada. Não há qualquer possibilidade de interrompermos o processo democrático. O que pode e deve haver é, sim, o aperfeiçoamento da democracia, através das livres manifestações do povo. Mas recomenda V. Exª que não sejam caracterizadas pelo vandalismo, pela destruição de propriedade privada, de propriedade pública, e às vezes até de bancas de jornais, vans ônibus, automóveis que estejam nas ruas, o que, infelizmente vêm caracterizando certos atos, tanto na região metropolitana do Rio de Janeiro quanto na região metropolitana de São Paulo e de outros Estados. Que possamos transmitir aos jovens, como V. Exª hoje faz tão bem, sim, vamos lutar por ética na política, por transparência, por políticas que conduzam à realização de maior justiça, de maiores oportunidades de educação, de provimento do atendimento de saúde, de moradia e, assim por diante, ao povo, mas que essas manifestações se caracterizem pela não violência. Que possamos todos escolher bem - sobretudo os jovens - aquelas pessoas em quem ter total confiança nas eleições de 5 de outubro próximo. É muito importante. Seria ótimo se o Supremo Tribunal Federal logo decidisse pela não constitucionalidade das contribuições de pessoas jurídicas, das empresas, conforme estivemos juntos lá conversando com os Ministros do Supremo Tribunal a respeito dessa questão. Isso significaria, atendendo até a campanha por eleições limpas, limitar as contribuições de pessoas físicas, por coibir a contribuição de pessoas jurídicas, fazer com que haja transparência total, compromisso de todos os partidos de registrar as contribuições de qualquer natureza para cada partido...

(Interrupção de som.)

(Soa a campainha.)

            O SR. PRESIDENTE (Cidinho Santos. Bloco União e Força/PR - MT) - Só para concluir, Senador Suplicy.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Vou concluir. Enfim, avalio que a sua Oração aos Moços, aos jovens, nesta tarde, Senador Pedro Simon, está na direção correta. Possam todos os jovens brasileiros ouvir as recomendações de quem tem extraordinária experiência, ocupou os cargos de Governador, de Deputado, de Prefeito, de Senador. Com tanto brilho, V. Exª diz palavras muito importantes aos jovens brasileiros. Espero que seja muito bem ouvido.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Eu agradeço muito o aparte de V. Exª...

(Soa a campainha.)

            O Sr. Casildo Maldaner (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Senador Pedro Simon, eu queria pegar uma carona

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - ... e faço questão de dizer que V. Exª, nessa longa caminhada, na Câmara e aqui, no Senado, é uma das pessoas a quem tenho a obrigação de dizer, pois pautou a sua vida neste sentido. No governo ou na oposição, quando o seu Partido era pequeninho, lutando para ser alguém, quando o seu Partido cresceu e ficou grande, quando o seu Partido esteve no governo ou na oposição, V. Exª foi o mesmo, com a mesma ideia, os mesmos princípios, as mesmas bandeiras.

            Muitas vezes, a gente vê muitos que são A no governo e B na oposição, que têm uma linguagem magnífica quando estão na oposição e mudam 100% quando estão no governo. V. Exª - eu sou testemunha ocular e permanente - é o mesmo, com as mesmas ideias e os mesmos princípios.

            Pois não.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Muito obrigado.

            O Sr. Casildo Maldaner (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Senador Pedro Simon, serei breve, mas não podia deixar de aparteá-lo neste instante - eu, que o conheço desde jovem, V. Exª também jovem na época, mas já era o nosso, eu diria, timoneiro no Sul do Brasil. V. Exª continua um ícone para os jovens brasileiros, continua um espelho, continua um alicerce. Oxalá o nosso Partido, o nosso velho MDB, o nosso PMDB, pudesse ter um ícone como V. Exª,...

(Soa a campainha.)

            O Sr. Casildo Maldaner (Bloco Maioria/PMDB - SC) - ... pegar seu cajado e sair do Sul, percorrer o Brasil e dizer em seu caminho: “Quem for brasileiro, siga-me.” Sei lá, é alguma coisa assim. Às vezes, eu fico lembrando o Pedro. Eu chego até a lembrar que, na Bíblia, já estava escrito, e ele disse: “Está na Bíblia.” O Pedro da Bíblia dizia que Cristo disse: “Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja.” E nós do partido temos o nosso Pedro, o nosso alicerce, a nossa rocha, a nossa resistência, o nosso ícone. Ah, como seria lindo ver o nosso Pedro franciscano sair de cajado, pegar o minuano, ajudar a soprar e sair por este Brasil afora e dizer: “Habemus candidato à Presidência da República.” Uma cruzada bonita! Se ele veio de Roma agora, fez uma cruzada pelo Brasil e mexeu com o Brasil, mexeu com a juventude, V. Exª reúne essas condições. Ah, que sonho! Como mexeria! Olha, uma coisa tão bonita que ficaria. Está faltando para nós todos no Brasil.

            Pedro, um abraço, Pedro!

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Eu agradeço muito a V. Exª. A nossa amizade vem de longe.

            Lembro-me quando, no meio da desgraça, da tristeza geral, o que vamos fazer e o que não vamos fazer, nós do Rio Grande, V. Exª e os companheiros de Santa Catarina nos reunimos em várias cidades de Santa Catarina - Florianópolis, Lajes, Chapecó - para discutir: O que nós podemos fazer? Qual é o nosso caminho? Por onde podemos seguir? E, já naquela época - V. Exª um jovem, começando -, V. Exª apresentou e seguiu um belíssimo trabalho: Vereador, Prefeito, Deputado Estadual, Senador, Governador de Estado.

            Eu também posso dizer, assim como V. Exª, com muita emoção: nosso MDB, infelizmente, não é mais o mesmo. Não temos aquelas referências tantas quantas gostaríamos. Mas V. Exª é um dos que permaneceram o mesmo.

            V. Exª, que já foi Governador, já foi diretor de banco e está aqui no Senado, V. Exª é o mesmo. Eu vejo em V. Exª o mesmo jovem, com as mesmas ideias, com os mesmos princípios e com o mesmo fundamento. Que bom!

            Eu, de certa forma, quando olho para mim e vejo, no final da minha caminhada no âmbito institucional, olhando para trás, eu também como V. Exª posso ter cometido equívocos, posso ter errado, posso não ter acertado, mas eu fiz o que achava o que está certo. Eu fiz o que devia fazer.

            Várias vezes, em várias oportunidades, o Governo que começava em 1964, quando assumiu o Sarney, quando assumiu o Fernando Henrique, quando assumiu o Lula, eu poderia ter me adaptado, poderia ter sido Governo, ter pegado as coisas boas de Governo e caminhar adiante, mas preferi ficar um cidadão independente. À exceção do Governo de Itamar Franco, eu fui uma pessoa independente. Nunca fiz oposição a nenhum deles e nunca fiz apoio a nenhum deles de maneira irreversível. Eu acho que isso vale a pena.

            Quando eu vejo a minha caminhada indo para o lugar que vai, eu me alegro em ver V. Exª, porque vejo que nós começamos juntos, lá trás, quando as perspectivas eram zero - praticamente não tínhamos nem partido, nem futuro, nem democracia, nem nada - e do zero nós começamos; e, hoje, está aí, uma democracia respeitável na qual, modestamente, para ela nós colaboramos.

            Agradeço a tolerância de V. Exª.

            A Srª Ana Amélia (Bloco Maioria/PP - RS) - Senador Simon, Presidente, eu acho que o Plenário, às vésperas do dia 1º de maio, sei que os Senadores estão também agoniados, mas eu não podia deixar de registrar, neste modesto aparte ao Senador Pedro Simon, de dizer o seguinte: Senador Simon, essa sua exortação aos moços que o senhor fez nesse pronunciamento, reportou-me ao que aconteceu no ano passado, quando o Papa Francisco, com sua humildade, sua generosidade, esteve presente aqui no Brasil, trazendo uma mensagem de muita paz e exortando os jovens brasileiros e do mundo - porque era a jornada mundial dos jovens - a esses princípios e a esses valores que V. Exª usou agora da tribuna. Eu penso, com muita convicção, de que é exatamente a ausência desses valores que está resultando e respondendo por tanta criminalidade, por tanto abandono, por tanta busca da droga, da bebida e de outras coisas ruins que estão destruindo os sonhos de muitos jovens antes de chegarem à idade adulta. Então, eu queria cumprimentá-lo por essa exortação aos moços - quase como disse a música do Lupicínio ou a Oração aos Moços, de Rui Barbosa - em relação à juventude. Portanto, meus cumprimentos. A simples referência ao Papa Francisco é sempre, digamos, uma lembrança que a nós todos chama para ver o valor da vida baseada nesses princípios. Parabéns, Senador Simon.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Muito obrigado, colega Senadora do Rio Grande, cuja atuação neste Senado tem se destacado pela sua importância e pelo seu brilhantismo.

            Obrigado pela tolerância, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/05/2014 - Página 57