Discurso durante a 66ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Satisfação pela decisão de se instalar a CPMI da Petrobras.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI).:
  • Satisfação pela decisão de se instalar a CPMI da Petrobras.
Publicação
Publicação no DSF de 09/05/2014 - Página 254
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI).
Indexação
  • APROVAÇÃO, DECISÃO, INSTALAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, CONGRESSO NACIONAL, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), COMENTARIO, POSSIBILIDADE, RELAÇÃO, EX-DIRETOR, EMPRESA, PETROLEO, SISTEMA, CORRUPÇÃO, EMPRESARIO, POLITICO, IMPORTANCIA, CONTINUAÇÃO, INVESTIGAÇÃO, TRANSPARENCIA ADMINISTRATIVA.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente e Srs. Parlamentares, finalmente, ontem, na sessão do Congresso, eu acho que ficou definitivamente determinado que nós teremos uma comissão parlamentar de inquérito mista, Câmara e Senado, para equacionar a questão da Petrobras. Acho correta essa decisão. Não tinha como ser de outra maneira.

            É verdade que a oposição conseguiu uma decisão importantíssima da Ministra Rosa Weber na liminar que concedeu a ela o direito de poder instalar a CPI do Senado. Mas é também verdade que estava intrínseco que, se houve a permissão para instalar a CPI do Senado, a solicitação feita ao Congresso de uma CPI mista para tratar da mesma matéria também teria condições de ser instalada e seria a tese do absurdo imaginar que existiriam duas comissões com a mesma finalidade: uma do Senado e a outra do Congresso Nacional. É evidente que, numa matéria tão importante, entre as duas, a racionalidade, a lógica dos acontecimentos é uma CPI do Congresso Nacional. Como é que nós poderíamos impedir, nós Senadores, que os Parlamentares Deputados que também quiseram, que também debateram, que até, em primeiro lugar, apresentaram o debate dessa matéria não fizessem parte? Essa questão está solucionada.

            Recebi a notícia, há pouco, antes de vir a esta tribuna, de que trabalhadores sem teto, entidades reunidas, aqueles que não possuem teto em São Paulo, invadiram instalações de três empreiteiras da cidade de São Paulo, algo realmente estranho, algo que, até então, não acontecia. E não se sabe qual é a origem, não se sabe qual é causa.

            Mas isso, no fundo, vem dentro de um contexto que estamos vendo e que estamos sentindo, que é a hora em que, de um lado, se prepara uma Copa do Mundo. E se prepara a Copa com alguma preocupação, que, sinceramente, não tenho. Não me passa pela cabeça o que estão a imaginar, que há um movimento para tentar bloquear, confundir, atrapalhar, criar confusão nos jogos da Copa do Mundo, para deixar mal o Brasil. Não creio que existam pessoas com essa péssima determinação, com mente doentia para isso fazer.

            Creio que haverá confusões e dificuldades naturais de uma Copa como essa, com as coisas feitas à última hora, mas o importante é salientarmos que, junto com a Copa do Mundo, vem a torcida. Eu recebi um amigo, que me contou uma piada, meu amigo Cristovam. Foi uma piada de mau gosto, de tremendo mau gosto. Ele dizia o seguinte: “Adivinha o que prefiro? Que dê uma confusão dos diabos na Copa do Mundo, que a Copa não possa sair? Essa é a positiva. A negativa é a de que o Brasil perca para a Argentina nas quartas de finais.” É esse tipo de piada que faz parte do espírito da realidade brasileira.

            Mas acredito que teremos condições de torcer pelo Brasil na Copa do Mundo e de levar adiante os trabalhos da Petrobras. Tenho a convicção de que as coisas na Petrobras estão tão sérias e são tão importantes, que duvido que algum membro, por mais que seja radicalmente contra o Governo, colocará a antipatia ao Governo acima da preocupação com a responsabilidade com que temos de olhar para a Petrobras.

            Chamou a atenção - a imprensa publicou - o fato de que grandes empreiteiras instalaram uma espécie de comitê, e uma delas tem a figura do Sr. Marcio Thomaz Bastos, o ilustre Ministro, advogado da Camargo Corrêa, que previne alto escalão da empresa sobre o risco de explosão de homens-bomba como Paulo Roberto Costa. Nova mensagem do ex-Diretor da Petrobras relatando ameaças que ele tem sofrido da Polícia Federal chegou à Justiça. Delação premiada e programa de proteção a testemunhas estão nos planos desse ilustre ex-Diretor. PR, como rubricava, acumulou uma vasta lista de executivos com os quais se relacionou como diretor da estatal.

            São 36 pen drives de conteúdo explosivo que foram encontrados. Trinta e seis pen drives comporta uma infinidade de informações, é um mundo que não se sabe na mão de quem está. Eles foram apreendidos. O que há ali? Qual é o conteúdo? Invoca-se o quê? Para onde vai? A informação que tenho é a de que uma infinidade de gente dorme com um olho aberto e com o outro fechado, na expectativa do que pode acontecer.

            O risco de morte num presídio comum levou-o de volta à Polícia Federal, onde ele teria passado 48 horas sem ver o sol. E os Deputados querem vê-lo no Paraná.

            A Camargo Corrêa teme a repetição de 2009, quando a sede em São Paulo foi invadida pela Polícia Federal e quando quatro diretores foram presos na Operação Castelo de Areia.

            É interessante que as maiores empreiteiras do País estão com comitês de crise montados, neste momento, em seus quartéis-generais. E vejam o que está acontecendo agora na cidade de São Paulo. A notícia é a de que o maior homem-bomba do País, impressionantemente perigoso, já acendeu seu pavio.

Dono de 36 pen drives em poder da Polícia Federal, nos quais fez anotações detalhadas sobre os negócios em que atuou como diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa registrou nomes de executivos com os quais se relacionou, os tipos de problemas que trataram e as “soluções” encontradas. As primeiras explosões em cima dessa lista podem ser feitas por Costa a Deputados de uma comissão [especial] externa da Câmara dos Deputados, que pretende ir até o Paraná para ouvi-lo. Na prática, seria o início da CPI da Petrobras antes mesmo de sua instalação oficial.

Mas PR, como o preso já é conhecido na Polícia Federal, em razão das rubricas que fazia sobre seu nome nos documentos apreendidos, pode ir muito mais além.

A delação premiada e a entrada no programa nacional de proteção a testemunhas estão nos planos do ex-diretor preso. Ele se sente absolutamente inseguro dentro da Polícia Federal. O segundo bilhete vazado por Costa no dia 28 de abril, relatando pressões e ameaças, chegou nesta segunda-feira, 5, à Justiça. Costa foi transferido para um presídio comum, mas retornou à Polícia Federal em razão de risco de morte por “queima de arquivo”. A filha e o cunhado de Costa foram indiciados em inquérito por suspeita de queima e extravio de documentos. PR [cá entre nós] não tem muito a perder.

           Outra notícia chama a atenção:

Grandes empreiteiras, fornecedoras da Petrobras, se uniram em “pool” para oferecer ao ex-diretor Paulo Roberto Costa os melhores (e mais caros) criminalistas, num esforço desesperado para colocá-lo em liberdade.

Os presidentes das empresas estão preocupados com a possibilidade de o ex-diretor, famoso pelo “pavio curto”, contar tudo o que sabe sobre [todos] os supostos esquemas de corrupção na [empresa] estatal.

[...]

O processo da Operação Lava-Jato será o primeiro sob a nova Lei Anticorrupção, que prevê prisão para os donos de empresas envolvidas.

            Esse é um fato novo que, é claro, coloca na preocupação não apenas os funcionários, mas também os proprietários da empresa.

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Ainda se noticia:

Pela gravidade das acusações, Paulo Roberto Costa deve ser mantido preso até o julgamento, que poderá ocorrer ainda neste semestre.

Especialistas consideram forte a possibilidade de Paulo Roberto Costa ser condenado em regime fechado, sem direito de recorrer em liberdade.

Com as novas descobertas do caso, durante a Operação Lava-Jato, a Polícia Federal se debruça sobre os desdobramentos da investigação.

            É dito ainda, Srªs e Srs. Senadores, que “as empreiteiras estariam dispostas a rachar os custos da defesa do ex-diretor da Petrobras [...] para impedir que ele faça uma delação premiada”.

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Ele é considerado um homem-bomba.

As principais empreiteiras do País estariam se organizando em um pool para bancar a defesa de Paulo Roberto Costa e impedir, assim, que ele faça um acordo de delação premiada com o juiz Sergio Moro. A informação é do jornalista Cláudio Humberto [...].

            Olha, Sr. Presidente, fico impressionado porque, ao longo do tempo, já ouvi muitas vezes falar em delação premiada e em homem-bomba.

            Agora, leio o que diz a coluna de Carlos Brickmann.

(Interrupção do som.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Diz: “O Deputado mineiro Bernardo Santana, líder da bancada federal do PR, aquele que, em seu gabinete, trocou o (Fora do microfone.) retrato de Dilma pelo de Lula [...].”

            O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Estou repondo o som.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Obrigado.

            O retrato do Presidente Lula foi colocado no lugar da fotografia da Presidente Dilma. Continuo:

[...] fala, com certeza, como quem tem informação de cocheira, sobre Alberto Youssef, preso na Operação Lava-Jato da Polícia Federal:

“O Youssef vai abrir o jogo. Dizem que vai entregar cerca de 45 parlamentares, entre Deputados Federais e [nós] Senadores.”

            Essa é a notícia que estaria na interrogação, na dúvida e na angústia da perspectiva da CPI.

            Olha, Sr. Presidente, homens-bomba - e temos a expectativa do que pode acontecer - já houve muitos. Agora, há pouco...

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - ...veio Fernando Cavendish, na CPI do Cachoeira, que terminou dando em nada. Houve um acordo das Lideranças, um entendimento, e todas as ameaças ficaram reduzidas a zero.

            Podemos nos lembrar também de Cláudio Abreu, Diretor da Delta no Centro Oeste; de Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, que também terminou falando nada; de Luiz Antônio Pagot, ex-Diretor do DNIT, que, inclusive, esteve na minha residência, dizendo que gostaria de ser convocado e que contaria tudo o que sabia. Ele foi convocado e não contou nada.

(Interrupção do som.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Ele dizia que havia muita gente que temia o que ele podia dizer, mas nada disse (Fora do microfone.).

            Marcos Valério de Sousa, mesmo com a pena de 40 anos de cadeia, prometeu que revelaria o mar de coisas de que ele sabia, mas nada contou.

            Já termino, Sr. Presidente.

            Na verdade, o homem-bomba foi Duda Mendonça, que, na hora de depor, simplesmente disse o seguinte: “Eu fiz a campanha do Lula, e o PT me pagou em dólar, depositado no exterior”. Foi uma grita generalizada, mas nada aconteceu.

            Espero, Sr. Presidente, em primeiro lugar, que com o Sr. Paulo Roberto Costa não aconteça nada; que a sua saúde seja preservada.

(Interrupção no som.)

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - E que ele tenha condição de falar.

            Espero, Sr. Presidente (Fora do microfone.), que, nesta Comissão, não haja a humilhação de se ver passar o tempo com acordo de lideranças não permitindo que o Brasil saiba o que deve conhecer.

            Eu não sou daqueles que querem ver as coisas negras. Se depender de mim, dessa CPI sairá fortalecida a Petrobras, com a dignidade, com a seriedade, com a responsabilidade que ela merece.

            Mas creio que, dessa vez, as coisas foram longe demais. Eu creio que é interesse de todos - do PT, de V. Exª, nossa - que se busquem os verdadeiros rumos da Petrobras.

            Aliás, eu citei outro dia e poderia citar de novo - não o farei - que os políticos colocados na diretoria da Petrobras foram colocados pelos políticos do Congresso.

(Interrupção no som.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Ali está a grande razão, quando armaram o braço político na Petrobras (Fora do microfone.), quando ela deixou de ser técnica e passou a ser um agente a favor de um partido.

            Que isso termine, que se encontre a verdade, que se encontre o caminho. Que a propaganda que agora está sendo feita no Brasil, nas televisões - bonita a campanha a favor da Petrobras -, é bom que seja feita, mas que nós façamos a nossa parte no sentido de que ela continue sendo feita, mas com verdade e com dignidade.

            Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/05/2014 - Página 254