Pronunciamento de Eduardo Suplicy em 13/05/2014
Pela ordem durante a 70ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Encaminhamento de requerimento de voto de pesar pelo falecimento do Sr. Jair Rodrigues de Oliveira.
- Autor
- Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
- Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Pela ordem
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM.:
- Encaminhamento de requerimento de voto de pesar pelo falecimento do Sr. Jair Rodrigues de Oliveira.
- Publicação
- Publicação no DSF de 14/05/2014 - Página 132
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
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- ENCAMINHAMENTO, REQUERIMENTO, VOTO DE PESAR, MORTE, CANTOR, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), IMPORTANCIA, MUSICA POPULAR.
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, encaminho à Mesa um requerimento de homenagem e de pesar sobre Jair Rodrigues. Agradecerei se puder fazer aqui a justificativa.
O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Muito bem, Senador Suplicy!
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) -
Prepare o seu coração
Pras coisas que eu vou contar
eu venho lá do sertão
eu venho lá do sertão...
e posso não lhe agradar...
Não agradar, coisa difícil na vida de Jair Rodrigues de Oliveira, nascido em Igarapava no interior de São Paulo em 6 de fevereiro de 1939, cantor que deu voz a sambas e bossas em mais de 50 anos de carreira que lhe renderam ainda o nome de “pai do rap brasileiro”.
De crooner, em casas no interior de São Paulo, a cantor profissional foi um caminho curto, três anos. Tudo começou nos anos 60, em programas de calouros.
O registro de estreia do cantor é de 1962. Trata-se de um disco de 78 rotações com as canções Brasil Sensacional e Marechal da Vitória, que tinham como tema a Copa do Mundo daquele ano, no Chile, vencida pela Seleção brasileira. O primeiro LP é Vou de Samba com Você (1964), que tinha Deixa Isso Pra Lá, canção que fez Jair ser considerado pioneiro do rap no Brasil. Com versos mais falados do que cantados, a música, originalmente um samba, ganhou popularidade também graças à coreografia feita com as mãos.
Jair Rodrigues também ficou conhecido pelo trabalho ao lado de Elis Regina. Os dois iniciaram a parceria em 1965 e lançaram o disco ao vivo Dois na Bossa. A boa repercussão do LP rendeu convite para apresentar o programa O Fino da Bossa, que estreou em maio daquele ano na TV Record. Com Elis, o cantor lançou, em 1966 e em 1967, outros dois volumes da série Dois na Bossa.
A vitória no II Festival de Música Popular Brasileira, em 1966, foi outro ponto marcante da trajetória de Jair Rodrigues. Ele concorreu com Disparada, escrita por Geraldo Vandré e por Teo de Barros. Na final, dividiu o primeiro lugar com A Banda, composição de Chico Buarque interpretada, na ocasião, por Nara Leão.
No IV Festival de Música Popular Brasileira, em 1968, Jair Rodrigues também se destacou com a música A Família, de Chico Anysio e de Ari Toledo, que ficou em terceiro lugar para os jurados, mas em segundo lugar para o júri popular.
Nos anos 70, o cantor se dedicou mais intensamente ao samba. Em 1971, lançou o LP Festa Para Um Rei Negro. Uma das canções era o samba-enredo que deu título ao trabalho, defendido pela escola de samba Acadêmicos do Salgueiro. A música era conhecida pelo refrão: “Ô lê lê, ô lá lá/ pega no ganzê/ pega no ganzá”.
Na década de 1980, vieram álbuns de temática mais popular e por vezes romântica, caso de Estou Lhe Devendo Um Sorriso, Alegria de Um Povo, Jair Rodrigues de Oliveira e Carinhoso. Na década de 1990, houve uma predileção pela música sertaneja e caipira e por uma revisão de gêneros desde o seu início como artista.
Em 2012, participou de eventos que lembraram os 30 anos de morte da cantora e antiga parceira Elis Regina. Nos últimos anos, o cantor seguia na ativa em projetos com os filhos, em discos lançados por ele, e também ao participar de homenagens para Elis.
O cantor se despediu dos palcos e da música na última terça-feira, dia 6, durante uma apresentação no Hotel Guanabara, em São Lourenço, Minas Gerais. Segundo o organizador do show, Daniel Moura, Jair cantou e dançou por mais de uma hora, demonstrando a típica alegria e vitalidade. Ele plantou bananeira no palco e fez uma homenagem para Elis Regina. Segundo Moura, antes de Romaria, conversava com a cantora como se ela estivesse no palco: “Olha, Pimentinha, manda um abraço para São Pedro, porque eu não estou com pressa.”
Jairzinho Oliveira, filho do cantor, publicou no Facebook a letra de uma música chamada O Sorriso. “Pai, esta canção que acabei de escrever vai para você, esteja o teu sorriso onde estiver. Te amo pra sempre.”
Eis a letra de “O Sorriso”:
É...
A vida é tão frágil
E o tempo é tão ágil
Que a gente nem vê passar
É...
A realidade
Abraça a saudade
E aperta pra sufocar
É...
Aí lá no fundo
O que vale no mundo
É a luz de um Sorriso
É...
Este é o paraíso!
Sorrir é preciso
Pra não se perder a razão do sonhar
Então, sorri com força
Sorri com vontade
Sorri pra vida
Pra ela te sorri de verdade
Sorri com força
Sorri com vontade
Sorri pra vida
Pra ela te sorrir de verdade
Obrigado por teu Sorriso.
Jair Rodrigues comparecia, todos os anos, à festa junina da paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no Jardim Paulistano, em São Paulo, onde tantas vezes eu com ele encontrei e até cantei com seus filhos Jairzinho e Luciana. Sempre estava presente sua esposa, Claudine Mello.
Para todos os seus familiares, presto aqui minha homenagem.
Tão bonita foi a despedida do povo, com tantos artistas que compareceram tanto à Assembleia Legislativa de São Paulo, durante o velório, como depois ao Cemitério Gethsêmani. Houve ali, de um lado, a tristeza de termos perdido esse afrodescendente brasileiro, que tanto honrou o Brasil. Mas, por outro lado, todos nós estávamos sempre contagiados pela alegria de suas canções, por sua forma tão alegre de ser e de proporcionar tanta felicidade ao povo brasileiro.
V. Exª, assim como a Senadora Vanessa Grazziotin, já o havia homenageado, mas eu também fiz questão de homenagear meu conterrâneo de São Paulo Jair Rodrigues.