O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o que eu vi, ainda há pouco, na sessão que era para homenagear os soldados da borracha, foi um fato vergonhoso e humilhante. Foi vergonhoso para o Senado Federal, que, em resumo, é uma casa do povo. Os Senadores que assentam nesta Casa vieram para cá porque tiveram o voto de confiança do povo brasileiro. Senão, nenhum estaria aqui. Toda casa legislativa é considerada a casa do povo.

            Como é, Senador Flexa Ribeiro, que um homem de 96 anos de idade, convidado para prestar um depoimento no Senado Federal, sem agredir absolutamente ninguém com palavras, falando a verdade, pôde ser chamado a atenção pela Senadora que presidia a Mesa? Avô, bisavô, pai, com a voz trêmula do sofrimento que passou durante a sua vida para criar com dignidade os filhos.

            Não é com corrupção, como o PT faz neste País, tirando dinheiro do brasileiro, aquilo que é o direito do cidadão, da cidadã. Só na Petrobras sacaram R$10 bilhões, sem nenhuma nota, sem nenhum documento. Que moral tem um representante desse partido para chamar a atenção de um senhor de 96 anos de idade, que lutou pela vida inteira para criar filhos e netos? Isso é uma humilhação que jamais pode ser repetida neste Senado Federal! Não se pode fazer isso com um cidadão!

            Senadores, ao que eu assisti há pouco me cortou o coração. Tenho 27 anos consecutivos de mandato. Nunca fui derrotado nas urnas. Não tenho nome sujo em tribunais. Não respondo a um processo em juízo. Mas o que vi hoje é humilhante, Sr. Presidente. Oxalá, tomara que jamais, na vida pública, eu possa assistir à cena a que assisti, há poucos minutos.

            No Brasil, Srs. Senadores, hoje é isto que se vê: galerias lotadas de agentes comunitários de saúde, aqueles que realmente trabalham com dignidade, aqueles que vão a pé, de casa em casa, aqueles que mal têm uma bicicleta para andar, passando pelos ramais cheios de lama. Para criar com dignidade seus filhos, não precisavam estar aqui, neste momento; deveria o Governo olhar para eles, mas não olha.

            Enquanto isso, a Dona Dilma gasta um bilhão, Presidente, e mais seiscentos milhões, para construir um estádio de futebol aqui, em Brasília, que nem time tem. Três times de futebol, que disputam a terceira, a quarta, a quinta e a sexta divisão no Campeonato Brasileiro. Para que isso, Dilma?

            Enquanto isso, estão aí os verdadeiros brasileiros, tratando da saúde dos brasileiros, com muita dificuldade, mas com honradez. Com muita honradez, recebem seu mísero salário, que a Dilma dá, pensando que é favor que está fazendo para vocês. É obrigação. É mais do que uma obrigação, porque vocês podem bater no peito e dizer: tenho a honra de ser um agente comunitário de saúde e de tratar do meu conterrâneo brasileiro que sofre na sua casa.

            Vocês são os verdadeiros brasileiros, que gostam de trabalhar, que trabalham pela saúde dos seus irmãos brasileiros. Enquanto isso, a Petrobras faz R$90 bilhões, companheiros, R$90 bilhões! Pensem, pensem um pouquinho no que são R$90 bilhões, sem licitação.

            Sabem de quem é a Petrobras? Não é da Dilma, não. A Petrobras é do povo brasileiro. Sabem de quem são esses R$90 bilhões que foram roubados?

            Pertencem a vocês, que pagaram no sabonete, na pasta que usam, no feijão, no arroz. Existe uma notinha branquinha, e está lá o imposto que vocês pagam. Todas as horas que vocês vão comprar, está lá. Se vocês tirassem aquela notinha dali, o preço do feijão, do arroz, do sabonete, da pasta se reduziria pela metade, porque o Brasil é o País que mais cobra imposto dos seus filhos. E a Dilma ainda quer cobrar mais.

            Fora, Dilma! Fora! O País não te quer mais, Dilma!

            Noventa bilhões, e ela ainda vem dizer, com a maior cara de pau, Senador Flexa Ribeiro: “Eu não li o documento que eu assinei, faltavam dados.” Ela assinou a compra da refinaria do Texas. Cometeu crime. E nada acontece nesta Pátria.

            E os agentes comunitários de saúde que estão aqui pedindo os seus direitos de terem um piso salarial, pedindo os seus direitos de terem um plano de carreira? Eu quero saber qual é o Senador que vai votar contra vocês. Eu quero olhar para a cara do Senador...

            (Manifestação da galeria.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - ... que vai votar contra vocês.

            Eu ainda, na minha profissão de Senador, não tinha vindo à tribuna falar para uma galeria - não estou aqui atrás de aplausos -, nunca tinha vindo. É a primeira que venho falar para uma galeria lotada porque eu sou interiorano, nasci e me criei no interior. Estou, todo final de semana, no interior do Pará e sei o quanto custa o trabalho de vocês. Vocês deviam receber o salário de Senador da República, não o salário que recebem hoje.

            Por isso, eu vou descer desta tribuna deixando o recado para a Dilma e para os brasileiros. Quando eu falei aqui, Presidente, “Fora, Dilma! O povo não te quer mais”, é porque eu tenho a prova na minha mão desta realidade.

            Não fiquem com receio de coisa nenhuma, não. Vocês estão aqui cobrando o direito de vocês. Não fiquem, não! Duvido que haja um Senador que tenha a coragem de votar contra uma profissão tão honrada como a de vocês. Se a Dilma vetar lá, se ela vetar o que foi aprovado aqui, votem três vezes contra ela!. Arranquem a Dilma do poder! Mas não se intimidem.

            Em toda a história do Brasil - em toda! -, não houve nenhum governo, nenhum, em toda a história desta Nação, desde a República, não se viu tanta corrupção como se vê neste Governo do PT. Eu conheço a fundo a história deste País. Li toda a história do Brasil várias vezes, porque amo, adoro esta Pátria, morro por ela, amo meu Estado. Em toda a história desta Nação, nunca se viu tanta mentira, tanta mentira feita por um partido só. Nunca se viu, brasileiros e brasileiras!

            Pesquisa CNI-Ibope, março de 2014: 54% dos brasileiros acham que Dilma é regular, ruim ou péssima; 52% dos cidadãos não confiam na maneira de Dilma governar; 62% dos jovens brasileiros não acreditam mais em Dilma; 65% do povo não aprova a educação do Governo petista.

            Roubam tudo. Desaparece tudo. Não sobra nada para a educação, para a saúde, para a segurança. Está tudo quebrado. As grávidas ficam nos corredores dos hospitais para ter filhos neste País. Enquanto isso, a Dilma gasta bilhões na Copa do Mundo.

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Devia gastar na saúde, devia gastar na educação. Enquanto isso, a Dilma acaba com a Petrobras, com corrupção na Petrobras.

            Setenta e sete por cento dos brasileiros desaprovam a saúde - 77% dos brasileiros! Atenção, Pará! Atenção, Brasil!

            Eu vou descer, Presidente.

            Setenta e sete por centos dos brasileiros dizem assim para a Dilma: “Ei, Dilma. Vai embora, Dilma. Nós não temos saúde.”

            Setenta e seis por cento dos eleitores não confiam na segurança. Morre, todo dia, gente nesta Pátria. Ninguém tem mais segurança, os bandidos tomaram conta do Brasil.

            Toda noite, os telejornais mostram: quatrocentos e tantos ônibus depredados; queimaram sete ônibus; bandido matou mulher; bandido matou um garoto de quatro anos; bandido arrastou uma senhora e matou; traficantes tomam favela não sei de quê; Exército entra na rua para manter a ordem no morro não sei qual. Não se tem mais ordem. É só o nome naquela Bandeira, que pede ordem e progresso, mas não se tem nem ordem, nem progresso! Acabou! Acabou, Dilma!

            Cinquenta e sete por cento dos brasileiros desaprovam o combate ao desemprego; 77% dos cidadãos criticam a carga tributária imposta por Dilma. Ninguém aguenta mais pagar imposto nesta Pátria.

            Você sabe, minha filha, quanto você vai pagar neste ano? Sabe quanto o povo brasileiro vai pagar de imposto neste ano?

            Pensa, vê se tu consegues imaginar o que são R$2 trilhões. Trilhões! E olha os agentes de saúde, uma das profissões que mais trabalham neste País.

            Setenta e um por cento dos eleitores são contra a forma como Dilma combate a inflação.

            O País lutou tantos anos. Por anos e anos e anos, martelamos, choramos. Mudou presidente, saiu presidente, e não se continha a inflação.

            Veio um, chamado Fernando Henrique Cardoso, e conseguiu a fórmula. Agora, a Dilma rasgou a fórmula e a inflação voltou.

            Sr. Presidente, primeiro, muito obrigado pelo tempo que me concedeu.

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Apoio Governo/PT - RS) - A mesma tolerância que tive com outros tive com V. Exª.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Obrigado pela sempre postura de V. Exª, como Presidente, de saber escutar, mesmo sendo de Partido contrário ao meu. Sempre foi assim o Paulo Paim.

            Terceiro, Presidente, desço desta tribuna, pela primeira vez, como Parlamentar, dizendo que eu vou votar e vou dizer os nomes dos Senadores que votarem contra os interesses dos agentes comunitários de saúde. Vou abrir o meu voto: meu voto é a favor. Além do voto, vou brigar com veemência a favor de todos os agentes de saúde que brindam este País com seus trabalhos e suas posturas.

            Parabéns a todos vocês.

            Muito obrigado, Presidente.