Comunicação inadiável durante a 77ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa dos benefícios a serem gerados pela Copa do Mundo ao País; e outro assunto.

Autor
Vanessa Grazziotin (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS). GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO, IMPRENSA.:
  • Defesa dos benefícios a serem gerados pela Copa do Mundo ao País; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 23/05/2014 - Página 119
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS). GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO, IMPRENSA.
Indexação
  • PRESTAÇÃO DE CONTAS, RELAÇÃO, TRABALHO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), OBJETIVO, APURAÇÃO, DENUNCIA, REFERENCIA, IRREGULARIDADE, ATUAÇÃO, SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA, CRITICA, FALTA, PRESENÇA, OPOSIÇÃO, DEBATE.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ASSUNTO, INDICE, OPINIÃO, POPULAÇÃO, RELAÇÃO, REALIZAÇÃO, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL, LOCAL, BRASIL, REGISTRO, IMPORTANCIA, EVENTO, REFERENCIA, AMBITO INTERNACIONAL, PAIS.

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Apoio Governo/PCdoB - AM. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Muito obrigada, Sr. Presidente Senador Paim, Srs. Senadores, companheiros e companheiras, antes de iniciar a abordagem do assunto que me traz à tribuna neste momento, eu quero aqui relatar brevemente o que têm sido os trabalhos da CPI do Senado Federal que investiga as denúncias que envolvem a empresa de petróleo brasileira, Petrobras.

            Nós já iniciamos os trabalhos faz duas semanas, Sr. Presidente, e hoje mesmo acabamos de concluir uma audiência, uma reunião, uma oitiva em que foi ouvido o ex-diretor internacional da Petrobras, aliás, o diretor internacional da Petrobras à época em que essa empresa adquiriu a Refinaria Pasadena, assim como a trading comercializadora, e uma audiência pública de algumas horas, Sr. Presidente. E lamento que, infelizmente, na audiência pública, não havia nenhum, sequer um Senador, uma Senadora dos Partidos contrários ao Governo da Presidenta Dilma. Nenhum.

            É lamentável! Porque foram eles que apresentaram o requerimento, foram eles que se opuseram a que a CPI tivesse o foco ampliado, foram eles que foram ao Supremo Tribunal Federal, Sr. Presidente, para garantir a instalação da CPI. E depois se arrependeram: “Não, não queremos mais a CPI do Senado”. Senador Casildo, eles não querem mais a CPI do Senado.

            Fizeram umas contas, acharam que a correlação de forças lhes era negativa e “Não, não, essa não nos interessa. O que nós queremos agora é a CPI mista; queremos uma CPMI, uma CPI que englobe Senadores, mas também Deputados Federais”.

            Porque, no fundo, Sr. Presidente, o que esses Parlamentares querem não é uma investigação profunda; no fundo, eles não querem que mude a resposta e as notícias de que a empresa Astra não comprou um ano antes a Refinaria de Pasadena por US$42 milhões, com insistem em dizer. Porque não querem que a resposta diga que não houve superfaturamento na compra de Pasadena; não querem, Sr. Presidente. O que querem é apenas manter esse diálogo vivo - e não é bem um diálogo -, mas manter essas dúvidas na cabeça do povo muito vivas até as eleições acabarem-se, encerrar-se o período eleitoral e ocorrerem as eleições. É isso que eles querem.

            E aí ficam dizendo: “CPI chapa branca”; “CPI que não quer apurar”; “CPI que não quer responder”. Não é verdade.

            A imprensa é testemunha disso, e, aliás, está acompanhando, com muito critério, os trabalhos desta Comissão Parlamentar de Inquérito; toda a imprensa do nosso País; acompanhando.

            E eu lá vi jornalistas, mulheres, homens, desde manhã cedo até o final da CPI, acompanhando atentamente absolutamente tudo. A imprensa está interessada sim. E é bom que seja, porque, afinal de contas, é dever número um, é responsabilidade da imprensa, da mídia, divulgar os fatos à população brasileira.

            E eu tenho convicção de que a imprensa tem sido muito zelosa em divulgar as informações de forma correta.

            Então, Sr. Presidente, dizer que é “chapa branca”, que é isso, que é aquilo e sair de lá, não é verdade.

            O Relator tem promovido um cansaço em todos nós, Sr. Presidente, o Relator Pimentel.

            Na audiência com o ex-presidente da Petrobras, Dr. Sérgio Gabrielli, foram mais de 140 questionamentos. Hoje foram mais de cem questionamentos, questionamentos duros, Sr. Presidente - duros, duríssimos -, e questionamentos sérios, cujas respostas têm que ser ouvidas, têm que ser anotadas para que a gente possa reunir todos os elementos e chegar sim a uma conclusão.

            Então, nós, Sr. Presidente, estamos fazendo a nossa obrigação. A CPI foi instalada, conforme determinou o Supremo Tribunal Federal, está funcionando, trabalhando, mas cadê a oposição? Como disse, na última sessão, o Senador Anibal Diniz: “Acho que são três efes: fez fogo, mas fugiu”. Não está lá.

            Lamento profundamente, não que a presença da oposição torne o debate mais rico ou leve a questionamentos que porventura não têm sido feitos, porque são muitos os questionamentos e todos feitos por escrito, diretos, nenhum indireto, dando a possibilidade, inclusive, de buscar qualquer tipo de contradição que possa haver entre um ou outro dirigente ou ex-dirigente, ou entre um ou outro depoente.

            Então, faço este registro.

            Mas, como na vida nunca é tarde para absolutamente nada, ainda há tempo para que a oposição compareça. Se há quatro, cinco, três, dois membros na CPI, isso tem pouca importância. Aliás, uma CPI como qualquer outra comissão do Senado, da Câmara, do Congresso, é aberta a qualquer um, seja membro ou não, efetivo ou suplente; qualquer Parlamentar que chegue a qualquer reunião do Senado tem direito a falar, tem direito a se posicionar.

            Então, eu lamento, lamento que tenham ficado ausentes propositadamente desses debates. E repito: a razão não é porque estejam em minoria, não; a razão é porque as respostas não lhes interessam. Porque as respostas, Sr. Presidente, vão levar a população brasileira a um outro tipo de avaliação.

            Mas, enfim, Sr. Presidente, eu preparei um pronunciamento aqui para relatar um pouco do que foi a vinda a esta Casa, aqui ao Senado, no âmbito da Comissão de Educação, que é dirigida com muita competência pelo Senador Cyro Miranda, ali do Estado de Goiás, na última quinta-feira, do Ministro dos Esportes, Aldo Rebelo. Ele esteve presente conosco para falar das ações do Ministério e, especialmente, das ações da Copa do Mundo.

            Por coincidência, hoje mesmo, o jornal Folha de S.Paulo publica a mais recente pesquisa feita com a população sobre a Copa do Mundo e a percepção que está tendo em relação às manifestações, aos protestos ocorridos no Brasil, sobretudo no Estado e na cidade de São Paulo. Quanto aos protestos na cidade de São Paulo - e aí a pesquisa que envolveu a cidade de São Paulo -, em junho do ano passado, em junho de 2013, quando o Brasil assistiu às maiores manifestações já realizada no País, 89% da população brasileira era a favor das manifestações. Hoje, no dia 20 de maio de 2014, portanto, há dois dias, 52% somente da população se coloca favorável às manifestações ocorridas na cidade de São Paulo; e 73% - aliás, esta é a manchete da matéria, é a chamada da matéria - da população da capital do Estado de São Paulo acreditam que há mais prejuízos para os paulistanos a realização dos manifestos do que benefícios para os paulistanos.

            E quando chegamos à pesquisa nacional, Sr. Presidente, uma das perguntas feitas foi se o Brasil está ou não preparado para a Copa do Mundo: 76% da população, um número significativo, afirmam que o Brasil não está preparado; enquanto que 21% afirmam que o Brasil está preparado totalmente ou parcialmente.

            Um outro questionamento pergunta se a pessoa é a favor ou contra que ocorram protestos durante a Copa do Mundo. Aí 63% da população é contra que haja ou que sejam organizados e realizados protestos durante os eventos e os jogos da Copa do Mundo.

            Um outro questionamento: se é a favor ou contra a realização da Copa do Mundo no Brasil. Aí a gente vê uma divisão muito diferente do que há alguns anos, quando o Brasil foi escolhido para sediar a Copa do Mundo, em que uma parcela muito grande da população apoiava. Hoje, temos um Brasil dividido: 45% a favor - a maior parte ainda a favor - e 43% contrários à realização do Mundial futebolístico em nosso Brasil. E, questionados sobre se há corrupção, 90% dos brasileiros acreditam que haja corrupção envolvendo a organização da Copa do Mundo no Brasil, e a maior parte dos brasileiros acha que haverá, com a Copa do Mundo no Brasil, mais prejuízos que benefícios; 66% acham que haverá mais prejuízos.

            E é exatamente sobre isso que venho à tribuna falar. Não diz respeito, diretamente, a essa pesquisa, mas diz respeito a um sentimento, a uma opinião negativista, Srs. Senadores, Senador Paim, que está envolvendo o nosso País.

            Diz-se que é muito ruim, porque não é bom, porque precisa-se de saúde, precisa-se de educação. É verdade: precisa-se muito de saúde, precisa-se muito de educação, mas o Brasil precisa se afirmar no âmbito internacional. E eu não tenho dúvida nenhuma de que, para o Brasil, há alguns anos - o Presidente ainda era o Presidente Lula -, ter conquistado sediar a Copa do Mundo e, em seguida, ter conquistado sediar as Olimpíadas, dos maiores eventos internacionais, Sr. Presidente, é uma grande coisa. Isso mostra o quanto o nosso País, Senador Casildo, avançou perante os olhos do mundo - perante os olhos do mundo!

            E quero recordar outro fato muito recente, que envolve também disputa do nosso Brasil para sediar eventos internacionais e que envolveu, somente nesse caso, a cidade de São Paulo, que, juntamente com Dubai, cidade dos Emirados Árabes,...

(Soa a campainha.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Apoio Governo/PCdoB - AM) - ... concorreu para sediar em 2020 - 2020! - a maior feira de exposição do mundo, a Expo Mundial 2020. E para lá, para onde foi feito o sorteio, sabe quem foi? Não só o prefeito da cidade de São Paulo, como também o governador do Estado de São Paulo; foi o governador; foram os dois, de dois partidos diferentes, opositores um ao outro, porque têm projetos diferentes de Brasil. Foram para lá o Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, juntamente com o Prefeito Fernando Haddad, da cidade de São Paulo.

            Mas o Brasil não venceu - eu digo Brasil porque eu considero que São Paulo, antes de ser São Paulo, é Brasil. O Brasil perdeu. E hoje, na cidade de Dubai, em tudo, nos aviões da Emirates, em tudo, tudo, tudo que a gente vê, já é a propaganda da Expo 2020.

(Soa a campainha.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Apoio Governo/PCdoB - AM) - Qual é o país que não queria estar no lugar do Brasil, sediando a Copa do Mundo e sediando as Olimpíadas? Todos gostariam de estar no lugar do Brasil, sediando - eu repito - os maiores eventos esportivos do mundo! E, aliás, o esporte não é só o esporte; o esporte é a saúde, o esporte é a congregação entre as comunidades, o esporte é educação, o esporte é tudo.

            Então, o que está em curso no Brasil, efetivamente, é isto: é tentar colocar na cabeça do povo que isso não tem nenhum significado negativo, nenhum significado ruim. Não! Isso é positivo. É muito positivo. Foi isso que o Ministro Aldo Rebelo falou muito na última quinta-feira, em que apresentou um estudo da Fundação Getúlio Vargas que indica a geração de mais de 3,6 milhões de empregos no Brasil por causa do Mundial, e que vai receber três milhões de turistas.

(Soa a campainha.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Apoio Governo/PCdoB - AM) - Isto não é importante, três milhões de turistas? Seiscentos mil estrangeiros e quarenta milhões de telespectadores no mundo inteiro, vendo jogo em Porto Alegre, vendo jogo em Manaus, em Recife, em Natal, no Rio Grande do Norte, em São Paulo, no Rio de Janeiro.

            A minha cidade de Manaus querida vai ser vista pelo mundo inteiro. Aliás, já está sendo falada pelo mundo inteiro, porque o técnico do time da Inglaterra foi dizer "ai, que pena, que ruim que nós caímos para jogar em Manaus; a cidade é muito quente." E aí houve uma polêmica, tanto que o Prefeito de Manaus, que não é do meu partido, é do PSDB, envolveu-se na polêmica, já foi ao Reino Unido, já veio aqui à Embaixada, já foi à Suíça, a tudo que é lugar, divulgando Manaus.

            É tão ruim assim a Copa do Mundo? É tão ruim assim como dizem?

            Não! Ela é muito positiva, e nós estamos citando dados. O Ministro trouxe dados para nós aqui. Os investimentos superiores...

(Soa a campainha.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Apoio Governo/PCdoB - AM) -... a R$25 bilhões. A previsão - e eu já concluo, Sr. Presidente - é que a Copa agregue R$183 bilhões ao PIB brasileiro até o ano de 2019. Segundo o mesmo estudo, chamado “Brasil Sustentável - Impactos Socioeconômicos da Copa do Mundo de 2014”, o Mundial deve adicionar à renda da população R$63 bilhões.

            Estão ocorrendo investimentos pesados em infraestrutura, na organização do campeonato, na mídia, construção de estádios, no parque hoteleiro, na segurança e tecnologia da informação.

            É claro - e aqui quero abrir um parêntese - que há problemas. Eu não vou pegar problema dos outros, exemplos dos outros; vou pegar o exemplo da minha cidade, Manaus, que não conseguiu fazer o BRT - e já estou concluindo, Senador Casildo -, não conseguir fazer o VLT, mas não por falta de recursos; os recursos estavam disponibilizados...

(Soa a campainha.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Apoio Governo/PCdoB - AM) -... o Governo Federal disponibilizou os recursos. Não foram feitos por problemas ligados ao Ministério Público, problemas ligados a projeto, problemas ligados à prefeitura e ao governo do Estado, mas estava lá disponibilizado.

            Isso não significa dizer que esse legado foi esquecido. Haverá, sim, BRT, haverá monotrilho na cidade de Manaus, eu não tenho dúvida nenhuma.

            Então, quero dizer às pessoas que procurem se aprofundar no debate, em vez de ouvir de forma espaçada, uma coisa aqui, outra coisa ali. Vai lá, está no Portal da Transparência - no sítio copa2014.gov.br - uma série de informações que precisam ser conhecidas pela população, porque sou daquelas que entendem, Sr. Presidente - e já estou concluindo -, da mesma forma que V. Exª, que o melhor juízo de valor é aquele que é tomado a partir do momento em que se tem conhecimento...

            (Interrupção do som.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Apoio Governo/PCdoB - AM) - ...de todos os elementos: elementos positivos, elementos negativos, elementos favoráveis, elementos contrários.

            Então, venho aqui, sim, comemorar esse Mundial.

            Educação. “Ah, porque gasta mais com Copa do que em educação.” Não é verdade. Nunca! E é bom que se faça a comparação entre o que se gasta em educação neste Governo e o quanto o governo passado, dos críticos de hoje, gastava em educação.

            Qual é o tratamento que se dá às universidades públicas hoje, à juventude brasileira, e qual era o tratamento que se dava às universidades públicas, à juventude brasileira no passado? Qual era o tratamento? O que queriam era privatizar as universidades, diferentemente deste Governo de Dilma, do governo do ex-Presidente Lula, que amplia a universidade pública, amplia as vagas e garante cota para negros, Senador Paim. Esse é o avanço que tem de ser registrado no Brasil, esse é o avanço que o povo brasileiro tem garantido na nossa Nação.

            Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/05/2014 - Página 119