Discurso durante a 57ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Lembrança do transcurso do 132º aniversário de fundação do Município de Cristinápolis, no Estado de Sergipe; e outros assuntos.

Autor
Antonio Carlos Valadares (PSB - Partido Socialista Brasileiro/SE)
Nome completo: Antonio Carlos Valadares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DE SERGIPE (SE), GOVERNO MUNICIPAL, HOMENAGEM. ESPORTE, SENADO. CONSTITUIÇÃO FEDERAL, POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Lembrança do transcurso do 132º aniversário de fundação do Município de Cristinápolis, no Estado de Sergipe; e outros assuntos.
Aparteantes
Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 24/04/2014 - Página 1343
Assunto
Outros > ESTADO DE SERGIPE (SE), GOVERNO MUNICIPAL, HOMENAGEM. ESPORTE, SENADO. CONSTITUIÇÃO FEDERAL, POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, MUNICIPIO, CRISTINAPOLIS (SE), ESTADO DE SERGIPE (SE), ELOGIO, PREFEITO, REFERENCIA, MELHORIA, ADMINISTRAÇÃO, CIDADE.
  • REGISTRO, LANÇAMENTO, PERIODICO, ASSUNTO, TRABALHO, COMISSÃO DE EDUCAÇÃO E CULTURA, ESPORTE, SENADO, RELAÇÃO, DISCUSSÃO, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL, COMENTARIO, IMPORTANCIA, EVENTO, REFERENCIA, DESENVOLVIMENTO, PAIS.
  • REGISTRO, APROVAÇÃO, PROPOSTA, EMENDA CONSTITUCIONAL, AUTORIA, LUIZA ERUNDINA, DEPUTADO FEDERAL, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ASSUNTO, INCLUSÃO, TRANSPORTE, DIREITOS SOCIAIS, POPULAÇÃO.

            O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco Apoio Governo/PSB - SE. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no dia de amanhã será comemorado em Sergipe, na cidade de Cristinápolis, o aniversário da cidade: 132 anos de existência. Por isso, eu apresentei um requerimento dirigido ao Prefeito Raimundo da Silva Leal e ao Presidente da Câmara de Vereadores, José Menezes Lima, congratulando-me com esse evento que simboliza um grande acontecimento para o Estado de Sergipe, de vez que a cidade de Cristinápolis tem um histórico a ser registrado. Essa data do aniversário começa em 1882, que é a marca de sua emancipação política.

            Foi um momento em que a então denominada Freguesia da Chapada de São Francisco de Assis desmembrou-se do Município de Espírito Santo, hoje Indiaroba, e elevou-se à categoria de vila, com o nome de Vila Cristina, em homenagem à Imperatriz do Brasil D. Tereza Cristina. Em 1938, tornou-se cidade de Cristina e, em 1944, finalmente, Município de Cristinápolis.

            Os povos pioneiros no processo de povoamento e organização de Cristinápolis eram indígenas do grupo kiriris, que se fixaram num planalto entre os Rios Urubás de Cima e Urubás de Baixo.

            Por volta de 1575, outros grupos indígenas encontraram refúgio entre os kiriris, fugindo do avanço sanguinário dos europeus.

            O local se transformou, portanto, numa espécie de mocambo, que acolhia os gentios oriundos de Tomar do Geru, Santa Luzia e Indiaroba.

            Todos se refugiavam na Chapada e impulsionavam, ao seu modo, o processo de desenvolvimento do grupo social que ali aos poucos se formava.

            A Chapada era ponto de parada e passagem para várias vilas e povoados, fato que contribuiu para o seu desenvolvimento. Mas foi no final da década de 30 que o Município iniciou seu processo de desenvolvimento, muito embora a sua primeira escola pública tenha sido construída em 1849.

            O Município, lá pela década de 30, recebeu iluminação pública por meio de um motor a diesel e tinha duas pensões e um médico.

            Atualmente, a cidade tem como principal base econômica a citricultura com a produção de laranja, tangerina e limão.Tal atividade é responsável por 75% da renda do Município, que possui cerca de 17 mil habitantes. Outras produções importantes são milho, mandioca, maracujá e manga, além da avicultura da pecuária.

            A cidade de Cristinápolis possui belas praças e um povo acolhedor, gentil, hospitaleiro. Possui uma igreja que faz parte do patrimônio histórico-cultural. A Igreja de São Francisco de Assis, que é o padroeiro da cidade, teve origem com os jesuítas. A instituição se parecia com um pequeno chalé, sem luxo e cores.

            No ano de 1924, sob a liderança de Leonardo Leite, a capela foi reformada e sofreu uma grande modificação em sua estrutura. O estilo da arquitetura foi semelhante ao da Igreja de Santo Antônio, da cidade de Aracaju.

            Cristinápolis, portanto, nossa querida cidade, nosso querido Município, chega aos 32 anos com aproximadamente 17 mil habitantes. Os cristinapolenses, são assim os homens e as mulheres que nascem em Cristinápolis, que fizeram da sua história parte da história de Sergipe e continuam trabalhando para tornar aquela região cada vez mais próspera, merecem as nossas homenagens e congratulações.

            Eu quero registrar o meu regozijo por esse aniversário, através do seu Prefeito, o Prefeito Raimundo da Silva Leal, chamado Padre Raimundo, que faz uma administração primorosa, exemplar, e um padrão de honestidade e de devotamento à causa pública. É um político simples, humilde, modesto, querido pelo seu povo, que está exercendo pela segunda vez o mandato de Prefeito de Cristinápolis já que foi reeleito na última eleição.

            E também as minhas congratulações a todos os Vereadores por intermédio do Presidente da Câmara José Menezes Lima.

            Outro assunto que gostaria de tocar, Sr. Presidente, é sobre o lançamento desta revista, na sua 20ª edição. É a revista chamada Em Discussão!, que é editada aqui no Senado Federal, com a capa: Copa 2014. Todo mundo de olho no Brasil. Milhões nos estádios e bilhões em frente à TV vão avaliar desempenho do País dentro e fora do campo. O Senado fiscalizou projetos, obras e gastos.

            Queria assinalar, Sr. Presidente, a nossa admiração, o nosso respeito ao diretor de comunicação, Sr. Davi Emerich, e também ao seu editor-chefe, João Carlos Teixeira, pela obra magistral que conseguiram realizar e publicar.

            Nas suas páginas nós encontramos informações muito claras sobre a situação dos estádios, da mobilidade urbana, dos aeroportos, com dados importantes para conhecimento, não só dos Senadores, como do público em geral.

            A Copa em números. Por exemplo, aqui na página nove, há uma previsão de 3,2 bilhões de telespectadores assistindo aos jogos em mais de 200 países - quer dizer, o Brasil será uma grande vitrine durante a realização da Copa do Mundo -; 256,8 milhões de passageiros, por ano, será a capacidade dos aeroportos reformados para a Copa, quase o dobro da capacidade anterior; 3,6 milhões de empregos temporários serão gerados em 2014 pela Copa; 2,6 milhões de ingressos para os jogos foram vendidos até março; 600 mil turistas estrangeiros estarão no Brasil para o mundial; 18 mil pessoas deverão trabalhar como voluntários; 64 partidas serão disputadas no torneio; 32 seleções disputarão a Taça da FIFA; 12 capitais sediarão partidas da Copa; sete estádios foram construídos, especialmente para o mundial, e cinco foram ou estão sendo reformados. São dados que demonstram a importância do evento que o Brasil vai realizar.

            É verdade que os gastos foram significativos, já atingem o montante de R$28 bilhões. Assim como na África do Sul, o Brasil despendeu na realização desses investimentos mais recursos públicos, muito mais recursos públicos, cerca de 80% de forma financiada ou de forma direta, com a arrecadação do Governo Federal, do governo dos Estados e dos Municípios, do que, por exemplo, a Alemanha, que durante a realização da Copa do Mundo gastou apenas para construir um estádio, porque os demais já estavam todos construídos. E assim mesmo a participação da iniciativa privada foi quase total na Alemanha.

            Em face da realização desses investimentos, o que se espera é que algumas ações do Estado brasileiro, com a participação da União, dos Estados e dos Municípios, possam trazer um legado positivo.

            E a revista assinala, na página 27, que a "Ampliação de aeroportos é o principal legado." Diz ela:

Se os gastos com a construção de 12 estádios viraram alvo de críticas e protestos, as obras programadas para os aeroportos eram mais do que necessárias e esperadas. Com o setor crescendo em ritmo acelerado, os projetos de ampliação dos terminais de passageiros e das pistas de pouso incluídos na Matriz de Responsabilidades [aquilo que é assinado, um documento que assinaram as autoridades brasileiras] já eram há muito demandados.

A pesquisa DataSenado encomendada pela revista Em Discussão! comprova que a opinião pública considera os aeroportos como o maior legado palpável da Copa. Para a ampla maioria (86%), se não fosse a Copa, os aeroportos não seriam reformados. Só 13% acreditam que, mesmo sem o Mundial, tais obras aconteceriam.

A expansão do setor tem sido de cerca de 12% ao ano na última década. 'É importante ressaltar que, mesmo na ausência de grandes eventos, o Brasil precisaria investir muitos bilhões de reais apenas para atender o atual ritmo de crescimento da economia e dos investimentos', escreveram Carlos Alvares da Silva Campos Neto e Frederico Hartmann de Souza, pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) [...].

            Um outro assunto nessa revista, que nós poderíamos destacar, é sobre o balanço que aponta 45 obras de mobilidade urbana. Está na página 30:

Os projetos de mobilidade urbana [diz a revista Em Discussão!] para as cidades-sede da Copa foram apresentados pelas prefeituras e governos estaduais ao governo federal em setembro de 2009. Deu-se prioridade na concessão de financiamento federal, por meio do Programa Pró-Transporte (com recursos do FGTS e liberados pela Caixa Econômica Federal), às obras de ligação entre aeroporto, porto, zona hoteleira, terminal rodoviário e o estádio da Copa, ou de melhoria de transporte coletivo urbano como um todo. As premissas eram que as obras assegurassem um legado para a sociedade e que estivessem concluídas antes do início da competição, em maio.

            Sr. Presidente, eu gostaria de me congratular com os autores das 20ª edição da revista Em Discussão!, que traz informações tão importantes para o momento em que o Brasil está vivendo antes da realização da Copa do Mundo, que é o maior embate de futebol do mundo e que será visto por milhões e milhões de telespectadores.

            Consideramos que os gastos foram enormes, que o trabalho foi grande, que o planejamento aconteceu, que os gastos estão sendo feitos e serão feitos até o final. Não há mais como retroceder. É preciso que tiremos, então, partido daquilo que foi construído de forma benéfica para o povo brasileiro. Que a mobilidade urbana que vai, sem dúvida alguma, contribuir para, em volta dos estádios, haver menos problemas com trânsito seja aproveitada por nós no futuro para melhorar a mobilidade urbana de modo geral nas grandes cidades do Brasil, nos grandes centros urbanos.

            O que está acontecendo atualmente é que os carros estão tomando conta das ruas, porque o povo não acredita no nosso transporte, porque o povo não acredita no ônibus, porque o povo não está acreditando naquilo que foi gasto pelos Estados, pelos Municípios, pela própria União para dar melhores condições de transporte aos trabalhadores, aqueles que se deslocam para o seu trabalho, saem de casa de madrugada e torcem para chegar na hora para o exercício do seu trabalho. São horas e horas que se perdem na ida e na vinda do trabalhador que precisa de maior conforto para o cumprimento de suas tarefas, para criar a sua família.

            O Brasil precisa ser um país mais justo. A igualdade não é apenas a educação; a igualdade não é apenas a saúde - e nós sabemos que são falhas ainda no nosso País -; a igualdade também passa pelo transporte.

            Ainda hoje a CCJ aprovou uma proposição que eu considero importante, porque ela simboliza a preocupação do brasileiro com a mudança, na nossa Constituição, para um transporte mais digno para a nossa sociedade, porque, se nós tivéssemos um transporte mais digno, naturalmente os carros não estavam enchendo as ruas.

            E a proposta que foi aprovada, de autoria da Deputada Federal Luiza Erundina, de São Paulo, do nosso Partido, o PSB, visa incluir, no art. 6º da Constituição Federal, entre os direitos sociais do cidadão e da cidadã brasileira o transporte, assim como existem outras conquistas na nossa Constituição, que, muito embora ainda não tenham sido completamente concretizadas, ali existem como ideal a serem concretizados: a educação, a saúde, a Previdência, a alimentação, e, agora, o transporte.

            Por isso, Sr. Presidente, é que a Copa do Mundo para o nosso País vai melhorar - e muito - os nossos aeroportos; vai oferecer estádios mais bonitos e mais confortáveis; vai oferecer mobilidade urbana, principalmente em derredor dos estádios, e vai deixar não só um legado, mas também um exemplo para que os administradores, a partir do próximo ano, já que haverá eleição este ano, para que os novos administradores, Presidente da República e Governadores possam tomar cada vez mais consciência de que a mobilidade urbana não deve se inserir apenas em uma determinada área, mas em todas as áreas onde há congestionamento, onde há falta de transporte, onde há condições indignas para a nossa sociedade viver melhor.

            Era isso...

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - V. Exª me permite um aparte, Senador Antonio Carlos Valadares?

            O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco Apoio Governo/PSB - SE) - Concedo um aparte ao Senador Eduardo Suplicy.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Cumprimento V. Exª por esse balanço que faz dos investimentos realizados pelos governos, em especial com vistas à realização da Copa do Mundo...

(Soa a campainha.)

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - ... e da sua análise, indicando como é que poderemos, em breve, ter um benefício para todo o povo brasileiro da realização desta competição internacional tão importante. Permita-me que possa precisar aqui o que disse ontem a Ministra da Cultura, Marta Suplicy, na audiência na Comissão de Educação, Cultura e Esporte, uma vez que houve alguém que não ouviu a exposição realizada ontem...

(Soa a campainha.)

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - ... e a tratou com uma distorção. O que a Ministra disse foi que os únicos investimentos feitos, exclusivamente por causa da Copa do Mundo, se limitam a R$8 bilhões, que são as obras nos estádios. Essa foi a soma referente aos investimentos nos estádios. Desse total, o Governo Federal financiou R$3,9 bilhões, por meio de crédito do BNDES. O dinheiro volta com juros para os cofres do Banco, e o valor representa 0,5% do que foi desembolsado pelo banco desde 2010, R$650 bilhões. Levantamento da Fundação de Estudos e Pesquisas Econômicas (Fipe), ligada à USP, mostra que a Copa das Confederações acrescentou R$9,7 bilhões ao Produto Interno Bruto, e a expectativa...

(Interrupção do som.)

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - ... é de que a Copa do Mundo movimente três vezes esse valor, com R$30 bilhões. Segundo estudo da FGV, o campeonato mundial vai injetar mais de R$142 bilhões na economia brasileira, de 2010 a 2014. Apenas permita que eu aqui possa dar uma informação mais precisa sobre o que foi objeto de comentário nesta tarde.

            O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco Apoio Governo/PSB - SE) - Esses dados a que se refere V. Exª, inclusive da contribuição para a Copa em termos monetários, se encontram nesta revista Em Discussão!.

            Agradeço V. Exª e incorporo suas palavras a meu discurso com muito prazer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/04/2014 - Página 1343