Discurso durante a 57ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem pelo transcurso do Dia do Índio.

Autor
Alfredo Nascimento (PR - Partido Liberal/AM)
Nome completo: Alfredo Pereira do Nascimento
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM, POLITICA INDIGENISTA.:
  • Homenagem pelo transcurso do Dia do Índio.
Publicação
Publicação no DSF de 24/04/2014 - Página 1437
Assunto
Outros > HOMENAGEM, POLITICA INDIGENISTA.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, INDIO, COMENTARIO, IMPORTANCIA, CRIAÇÃO, POLITICAS PUBLICAS, OBJETIVO, VALORIZAÇÃO, RESPEITO, DIREITOS, COMUNIDADE INDIGENA, INCLUSÃO, PROCESSO, DESENVOLVIMENTO, REGISTRO, POLITICA, INCLUSÃO SOCIAL, AUTORIA, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DO AMAZONAS (AM), POSSIBILIDADE, EDUCAÇÃO, GRUPO INDIGENA.

            O SR. ALFREDO NASCIMENTO (Bloco União e Força/PR - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, o Brasil celebrou o Dia do índio e essa é uma das mais importantes datas de nosso calendário nacional. No entanto, penso que, hoje, as homenagens aos povos indígenas devem estar revestidas de uma reflexão profunda sobre a importância desse povo, que ainda vive à margem do desenvolvimento social e econômico do país. Mais que nosso dever, a valorização e o respeito aos índios hoje é uma dívida da nossa sociedade que, infelizmente, ainda, mantém esses povos alijados do progresso e vítimas de discriminação. É preciso garantir o direito e devolver a esses nossos irmãos não apenas a terra, mas principalmente, a sua dignidade.

            Parlamentar eleito pelo estado do Amazonas, onde se concentra a maior população indígena do país, sinto-me no dever de trazer um alerta e propor uma nova maneira de enxergar o índio em nossa sociedade. Em meu estado, temos um contingente de 120 mil índios de 66 etnias diferentes. Para promover o resgate desse povo sofrido é fundamental a implantação de políticas públicas voltadas para suas reais necessidades e que tais políticas sejam executadas com prioridade, recursos e respeito. Mais do que curar as feridas do passado, que nos distanciam dos nossos irmãos, essa é a única maneira e o meio legítimo de assegurar seus direitos e incluí-los no processo de desenvolvimento. Nossos índios não são menos brasileiros do que qualquer um de nós e merecem nossa atenção e apoio.

            Ampliar os investimentos em educação indígena é um bom começo. Prover uma educação de qualidade, sem distinção, é a forma mais eficaz para diminuir as diferenças, ampliar as oportunidades com isonomia e, principalmente, acabar com o preconceito. Não podemos pensar em educação apenas como um meio de aproximar os índios da nossa realidade. Ela é, na verdade, uma via de mão dupla capaz de transformar o Brasil, agregando os conhecimentos dominados por esses povos. Para que as crianças e os jovens indígenas tenham a possibilidade de melhorar a estrutura político-social em que vivem é fundamental adquirir conhecimento. Quando analisamos as ações voltadas para as comunidades indígenas observamos que ainda estamos muito atrasados. A falta de estrutura e de profissionais qualificados são os maiores problemas a serem superados.

            O governo do Amazonas tem feito um esforço consistente nesse sentido. Há mais de 15 anos, a Secretaria de Educação do Estado tem criado projetos com a finalidade de conciliar a educação indígena com a educação formal, apresentando as diferentes culturas presentes no Amazonas com foco na redução do preconceito, ainda muito evidente, inclusive, entre as próprias etnias. O projeto Pirayawara é exemplo na formação e capacitação de professores aptos a lidar com hábitos e costumes de cada aldeia. O objetivo é garantir uma educação diferenciada, específica e intercultural. Hoje, aproximadamente 45 mil indígenas são beneficiados diretamente pelo programa, com acesso garantido a educação básica.

            Em números globais, apenas no Amazonas, são mais de 900 escolas e aproximadamente dois mil professores preparados para atender os alunos indígenas. O projeto Pirayawara, pretende assegurar condições de acesso e de permanência na escola a toda população das áreas indígenas, respeitando sua língua, seus valores culturais e étnicos. Paralelamente, o projeto garante também o acesso à educação "tradicional". Um exemplo de bons resultados está no município de São Gabriel da Cachoeira. De seus 37 mil habitantes, 29 mil são indígenas. A cidade conta com sete escolas que oferecem educação das séries iniciais ao ensino médio, Para harmonizar o ambiente escolar, os indígenas compõem o quadro de funcionários das escolas, exercendo o papel de gestores e de professores. A região do Alto Solimões, Tabatinga e Benjamin Constant também seguem esse mesmo modelo de ensino.

            É fato que ainda há um longo caminho para se atingir um nível de educação adequado para incluir esses povos. Mas os avanços são significativos e já começam a dar bons frutos. Aproximadamente mil alunos já cursam o ensino superior, nos 46 cursos oferecidos aos indígenas na Universidade do Estado do Amazonas, onde se trabalha com o sistema de cotas.

            É fundamental apoiar e expandir projetos dessa envergadura. Somente a educação nos transforma e nos ensina que não existem culturas superiores nem inferiores, mas sim, culturas diferenciadas. É conhecendo com profundidade as nossas origens, a história do nosso povo, que seremos capazes de construir um país igualitário e progressista. É por meio da união dos povos e do respeito mútuo que saberemos dar o devido valor e preservar nossa diversidade cultural - principal marca do povo brasileiro.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/04/2014 - Página 1437