Discurso durante a 61ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Elogios à homenagem feita pela apresentadora Regina Casé a Douglas Rafael da Silva Pereira, balairino do programa “Esquenta” da Rede Globo, assassinado no Rio de Janeiro; e outro assunto.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM, SEGURANÇA PUBLICA.:
  • Elogios à homenagem feita pela apresentadora Regina Casé a Douglas Rafael da Silva Pereira, balairino do programa “Esquenta” da Rede Globo, assassinado no Rio de Janeiro; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 30/04/2014 - Página 107
Assunto
Outros > HOMENAGEM, SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • ELOGIO, HOMENAGEM, AUTOR, ARTISTA, TELEVISÃO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), REFERENCIA, HOMICIDIO, PROFESSOR, DANÇA, DEFESA, NECESSIDADE, PREVENÇÃO, VIOLENCIA, PAIS.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Prezado Presidente, Senador Casildo Maldaner, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, quero cumprimentar a apresentadora Regina Casé pelo seu Programa Esquenta!, da Rede Globo, no último domingo, no qual foi feita uma homenagem ao Douglas Rafael da Silva Pereira, o DG, bailarino do programa.

            DG foi encontrado morto, na semana passada, numa creche, no morro Pavão-Pavãozinho, na cidade do Rio de Janeiro, após ter levado um tiro pelas costas.

            Os emocionantes depoimentos da mãe de DG, a Srª Maria de Fátima da Silva, de sua ex-esposa Larissa Ignácio, com quem teve uma filha de quatro anos, a pequena Laylla, bem como de artistas e de personagens de televisão foram todos no sentido de como devemos evitar os atos de violência dessa natureza, de como eles não devem se repetir em nosso País.

            Entendo que o homicídio do bailarino DG, como todos esses crimes hediondos, os estupros que sofrem as mulheres, os crimes violentos e os de sangue, o latrocínio, que é o roubo seguido de morte, precisam ser apurados, doa a quem doer. Os responsáveis por essas barbáries precisam ser, obviamente, levados aos tribunais e a verdade precisa aparecer. A possibilidade de impunidade tem facilitado e muito a execução de crimes como o de que foi vítima o DG.

            Quero aqui hoje ler um manifesto da Educafro (Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes), em solidariedade ao Dr. Nilson Bruno, Defensor Geral do Estado do Rio de Janeiro, que foi vítima de racismo.

            O Frei David Santos, pela família Educafro (Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes), encaminhou uma carta, em que ele expressa o seu pensamento sobre - como ele fala - “o nosso irmão Nilson Bruno”, Defensor Geral do Estado do Rio de Janeiro, datada de 29 de abril de 2014:

Acabamos de sair de uma Sexta-feira da Paixão. Ela se repete hoje na sua vida, nosso irmão Defensor Geral, e na vida do nosso povo negro. Pobre ou rico como Neymar e Daniel Alves, são vítimas de um racismo enrustido - local e internacional - e que, com nossa presença, está se aflorando. Setores da sociedade não aceitam negros em cargos, antes ocupados apenas por um segmento étnico da população do nosso Brasil. Isto não vai nos amedrontar! Deus quer direitos iguais e nossa reação nada mais é do que fazer a vontade de Deus em nossa ação cidadã, com este ato público.

Chamar qualquer brasileiro de macaco querendo nos humilhar, não podemos aceitar, enquanto povo organizado! Vamos fazer atos de denúncia como este, nesta terça-feira, dia 29 - [...] [na manhã de hoje], na sede da Defensoria Pública do Estado.

Conclamamos todos os cidadãos, negros e brancos, a denunciarem também o roubo das vagas na UERJ, por pessoas da classe média que se declaram negras ou pobres - com o único objetivo de tirar vantagem de um sistema que não quer colocar em funcionamento um sistema qualificado de averiguação dos abusos.

Conclamamos todos os cidadãos, negros e brancos, a denunciarem e lutarem contra a matança da juventude negra pelas polícias, milícias e grupos de extermínios que trabalham com os marginais - matando nossos filhos - a juventude negra!

Todos os Defensores Públicos do bem, especialmente o nosso irmão Nilson Bruno, vítima do racismo, nossa solidariedade!

Frei David Santos [...] Pela Família Educafro

            Mas gostaria aqui de também comentar um pouco melhor.

            Neste domingo, o programa Esquenta!, de Regina Casé, foi todo em homenagem ao dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, o DG, que fazia parte do elenco, encontrado morto dentro de uma creche, na semana passada, no Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro.

            A apresentadora abriu o programa lembrando que a ideia inicial do seu projeto para a televisão era ser uma festa para alegrar as tardes de domingo, um programa realizado com artistas e sambistas que vivem nas periferias das cidades brasileiras.

            Conforme Regina Casé disse, a realidade brasileira acabou empurrando o programa a falar também sobre a violência, como neste domingo. Disse ela:

Este era um programa para ser uma festa, um programa de almoço de domingo para ser cantando dançando, só alegria. Eu não escolhi fazer um programa jornalístico, muito menos um programa policialesco, mas, mesmo num programa como o Esquenta!, que é uma festa, a realidade foi me empurrando para temas terríveis como este que a gente está tendo hoje. Hoje, infelizmente, a gente não conseguiu colocar no ar um programa lindo, que já estava pronto, porque um dos nossos dançarinos, talvez o mais alegre, o mais querido pelas crianças, foi brutalmente assassinado com um tiro pelas costas.

            Regina Casé, mais ao final do programa e depois de ter ouvido e colocado no ar o depoimento de tantas personagens da Globo, como o próprio Faustão e tantos artistas principais ali, ouviu o depoimento de Maria de Fátima da Silva, a mãe do DG.

            Assim, Sr. Presidente, quero aqui ressaltar a importância desse apelo de todas as pessoas, para que venhamos a prevenir, evitar a violência que, infelizmente, tem acontecido em nosso País, inclusive com incêndios, queimas de ônibus, destruição de propriedade pública e privada. É importante que possamos conclamar todas as pessoas, neste ano da Copa do Mundo, a agirem com muita assertividade, dizendo o que pensam, mas sem se utilizarem da violência.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/04/2014 - Página 107