Discurso durante a 76ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações acerca do crescimento da economia chinesa e de seus potenciais benefícios à economia brasileira.

Autor
Cyro Miranda (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
Nome completo: Cyro Miranda Gifford Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA INTERNACIONAL.:
  • Considerações acerca do crescimento da economia chinesa e de seus potenciais benefícios à economia brasileira.
Publicação
Publicação no DSF de 22/05/2014 - Página 97
Assunto
Outros > ECONOMIA INTERNACIONAL.
Indexação
  • COMENTARIO, CRESCIMENTO, ECONOMIA, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, ALCANCE, LIDERANÇA, COMERCIO EXTERIOR, IMPORTANCIA, PARCERIA, GARANTIA, MELHORIA, BALANÇA COMERCIAL, BRASIL, NECESSIDADE, CONTRATO BILATERAL, MANUTENÇÃO, PARCEIRO, AMERICA, UNIÃO EUROPEIA, AFRICA, EFICIENCIA, TRAMITAÇÃO, POSTO ADUANEIRO, ALFANDEGA, MELHORAMENTO, INFRAESTRUTURA, PORTOS, ACESSO FERROVIARIO, ACESSO RODOVIARIO, INOVAÇÃO, TECNOLOGIA, PAIS, ELOGIO, CRIAÇÃO, FUNDO DE ASSISTENCIA, EMERGENCIA, BANCO DE DESENVOLVIMENTO, GRUPO, PAIS EM DESENVOLVIMENTO.

            O SR. CYRO MIRANDA (Bloco Minoria/PSDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente desta sessão, querido amigo Ruben, Srªs e Srs. Senadores, em primeiro lugar, quero, em meu nome e em nome da Bancada do PSDB, dar os nossos pêsames ao Senador Humberto Costa pelo falecimento, hoje, do senhor seu pai. A nossa solidariedade. Sei que é uma perda irreparável, mas, em nome de todos os nossos colegas, receba este nosso abraço.

            Quero também cumprimentar os meus conterrâneos de Goiás, principalmente o pessoal de Inhumas, que aqui hoje se faz representado.

            Senhoras e senhores, a força da economia chinesa cresce ano após ano e já se coloca como líder no comércio mundial, superando os Estados Unidos em volume na troca de bens. Os valores chegam à marca de US$4 trilhões por ano.

            A China é a segunda economia mundial e apresenta números impressionantes no comércio exterior, mesmo quando se considera um crescimento menor da economia do país em 2013: foram 7,7%, pouco abaixo da meta prevista pelo governo, 8%.

            Só no ano passado, as exportações chinesas subiram 7,9% e movimentaram mais de US$2 trilhões. As importações, por sua vez, cresceram 7,3%, o que representa quase US$2 trilhões. Os chineses têm hoje um superávit no comércio exterior de mais de US$250 bilhões, quase 13% a mais que em 2012.

            A China é o parceiro que queremos e que precisamos ter. Qualquer economia que deseje crescer de forma duradoura e sustentável, como deve ser o objetivo de todo Presidente que chegue ao Palácio do Planalto, precisa estar em sintonia com a China. Exatamente por isso, a missão que nos levou à China não só aproximou os Parlamentos, mas também mostrou o papel basilar das relações bilaterais com o Brasil. O objetivo é garantir a melhoria da balança comercial brasileira nos próximos anos.

            O comércio com a China foi decisivo para o Brasil no ano passado, porque evitou uma queda expressiva da balança comercial. Ao longo da última década, o volume de exportações do Brasil para a China cresceu de 5%, em 2003, para 20%, em 2013.

            A balança comercial com a China apresentou superávit de R$8,7 bilhões, em 2013, cresceu 11% e chegou a US$40 bilhões, com aumento expressivo do volume de soja - há uma participação muito grande do Estado do nosso querido Presidente desta sessão, Mato Grosso. Isso ocorreu num ano em que o comércio exterior brasileiro teve um minguado superávit de US$2,5 bilhões.

            Entendemos que é acertado o esforço no sentido de fortalecer o acordo de swap cambial entre o Brasil e a China para garantir o comércio bilateral, mesmo em caso de crises. Os US$30 bilhões reservados para a troca comercial são estratégicos e promissores. O Brasil garante o comércio com um gigante da economia mundial sem abrir mão de parceiros tradicionais, como os Estados Unidos, a União Europeia, os vizinhos sul-americanos e os países africanos. Esse acordo bilateral é imprescindível.

            É inteligente e oportuno também o esforço dos países membros do BRICS - Brasil, Rússia, índia, China e África do Sul -, no sentido de criar um fundo emergencial e um banco de desenvolvimento. O comércio no mundo globalizado é intenso. Só o intercâmbio comercial da China com os Estados Unidos e a União Europeia é de US$3 bilhões ao dia.

            Nesse contexto, os blocos precisam se fortalecer e criar canais para o progresso mútuo. A disputa no comércio exige prospecção de cenários futuros e sagacidade para identificar potenciais de negócios.

            Quando avaliamos as relações comerciais do Brasil com a China, vemos que muito poderia ser melhorado se o Governo Dilma envidasse esforços para tomar os trâmites aduaneiros e alfandegários menos burocráticos e bem mais eficientes. Os terminais portuários são essenciais para a economia brasileira. Temos de lembrar que 95% do volume total de cargas destinadas ao comércio exterior são feitos por transporte marítimo.

            Entre 2001 e 2012, houve um aumento de 78% nesse volume, passando de 506 milhões para 904 milhões de toneladas, segundo dados do Governo Federal.

            O que se coloca diante do Brasil é um desafio de competitividade. O País não pode mais conviver com uma complexa burocracia alfandegária, retrógrada e incompatível com o nível de comércio mundial. Senador Jarbas Vasconcelos, além disso, a infraestrutura dos portos brasileiros é antiquada, deficiente e com extrema dificuldade de acesso rodoviário e ferroviário. A falta de tecnologia e de mão de obra especializada agrava a morosidade dos portos brasileiros.

            Na China, um navio leva, em média, oito horas para ser descarregado. No Brasil, a embarcação pode ficar ao largo por mais de 40 dias, aguardando para atracar.

            Resta saber, senhoras e senhores, se a nova lei dos portos será ou não capaz de mudar essa realidade ou se, mais uma vez, perderemos uma oportunidade fantástica de comércio com a China e com o mundo, porque não somos capazes de primar pela eficiência e vencer os gargalos da competitividade.

            Outro desafio que se coloca para o Brasil nas relações bilaterais com a China diz respeito à tecnologia. O Brasil não pode se consolidar apenas como exportador de commodities agrícolas e minerais. Sem dúvida, um dos maiores desafios para o desenvolvimento brasileiro é a inovação tecnológica. A China pode e deve ser um parceiro fundamental para que o Brasil avance em vários setores, com uma tecnologia de ponta, com a indústria aeroespacial e com inovação em energia limpa.

            É preciso que o Governo brasileiro fortaleça o Plano de Ação Conjunta Brasil-China, que definiu metas e orientações para a cooperação bilateral.

            Na verdade, Srªs e Srs. Senadores, as parcerias para o desenvolvimento tecnológico devem ser um objetivo também dos países integrantes do BRICS. Não devem imperar nas relações entre as economias emergentes a concorrência e a disputa, mas a cooperação nos diversos setores da indústria e de serviços.

            Se o Brasil assumir o papel de liderança nesse sentido, poderá colher importantes frutos para as gerações futuras e consolidar o caminho para o desenvolvimento sustentável e duradouro.

            Para que isso ocorra, é necessário pensar em estratégias de médio e de longo prazo. É preciso desenhar e planejar o Brasil com uma visão de 50 anos, como fazem nossos parceiros chineses.

            Precisamos olhar à frente e pavimentar o caminho do desenvolvimento com gestão de qualidade e oferta de serviços à altura das demandas sociais.

            O desejo dos brasileiros é retomar o caminho da modernização em todos os sentidos.

            O Brasil precisa mudar.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/05/2014 - Página 97