Discurso durante a 76ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Análise dos dados revelados pelo Relatório Global sobre Tecnologia da Informação.

Autor
Ciro Nogueira (PP - Progressistas/PI)
Nome completo: Ciro Nogueira Lima Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA.:
  • Análise dos dados revelados pelo Relatório Global sobre Tecnologia da Informação.
Publicação
Publicação no DSF de 22/05/2014 - Página 177
Assunto
Outros > POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA.
Indexação
  • REGISTRO, DIVULGAÇÃO, RELATORIO, TECNOLOGIA, INFORMAÇÃO, REUNIÃO, ECONOMIA INTERNACIONAL, PARCERIA, UNIVERSIDADE ESTRANGEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), IMPORTANCIA, DESENVOLVIMENTO TECNOLOGICO, PROMOÇÃO, INOVAÇÃO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, DESENVOLVIMENTO SOCIAL, ENFASE, REDUÇÃO, POSIÇÃO, CLASSIFICAÇÃO, PAIS, RESPONSAVEL, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), MUNDO, OBSTACULO, AMERICA DO SUL, MELHORAMENTO, CONEXÃO, TECNOLOGIA DIGITAL, NECESSIDADE, SIMULTANEIDADE, DESENVOLVIMENTO, EDUCAÇÃO, CIENCIA E TECNOLOGIA.

            O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Maioria/PP - PI. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, o Fórum Econômico Mundial, em parceria com a escola de negócios Insead e a Escola de Administração Samuel Curtis Johnson, da Universidade Cornell, divulgou, há cerca de duas semanas, o Relatório Global sobre Tecnologia da Informação 2014. O Relatório acompanha e monitora o progresso das tecnologias da informação e da comunicação desde 2002.

            Graças a esse trabalho, tornou-se possível compreender a importância da capacidade de alavancagem das tecnologias da informação e da comunicação sobre a competitividade e o bem-estar das nações. Essas tecnologias têm revelado grande importância para promover inovação e para impulsionar a prosperidade econômica e social de cada país.

            A má notícia que esse Relatório traz é que o Brasil caiu para a 69ª posição num ranking de 148 países, que são responsáveis por 98% do PIB mundial. Perdemos nove posições em relação à nossa situação no Relatório do ano anterior. Esse ranking, estabelecido a partir do Índice de Prontidão em Rede (NRI, na sigla em inglês), mede a capacidade dos países em aproveitar as oportunidades oferecidas pelas tecnologias de informação e comunicação para o seu progresso.

            No cálculo desse Índice são levados em conta fatores ligados ao uso de tecnologia da informação e comunicação, como custo de acesso e existência das competências para utilização otimizada dos recursos; aceitação e utilização por governos, empresas e pessoas; ambiente de negócios e inovação; quadro político e regulatório; e impactos econômicos e sociais das tecnologias da informação e comunicação.

            Assim, por exemplo, o número de dias necessários para abrir uma empresa no Brasil - 108 - pesa na nossa posição no ranking. No Chile gastam-se 19 dias, e no México, no Panamá e em Porto Rico são necessários apenas 22 dias.

            Somos o sétimo colocado na América Latina, atrás do Chile (35º colocado), de Porto Rico (41º), do Panamá (43º), da Costa Rica (53º), do Uruguai (56º) e da Colômbia (63º). Entre os BRICS, a Rússia e a China estão em melhor situação que o Brasil, respectivamente na 50ª e 62ª colocações. África do Sul e Índia vêm atrás de nós, nas 70ª e 83ª posições. No topo do ranking estão, é claro, países desenvolvidos como Finlândia, Singapura e Suécia.

            O maior desafio para a América Latina, segundo o Relatório, é o melhoramento da conectividade digital. Mas não é só isso. Uma das principais conclusões do Relatório é que o desenvolvimento das infraestruturas de tecnologia da informação e comunicação não basta, por si só, para tornar os países competitivos. Elas somente resultam em benefícios plenos quando um país tem uma estratégia abrangente, fomentando o desenvolvimento simultâneo da inovação, do empreendedorismo, e de infraestruturas modernas.

            Não é difícil compreender, a partir desse Relatório, que é necessário combinar uma estratégia de desenvolvimento da tecnologia da informação e comunicação com educação, ciência e tecnologia. Mais ainda, é preciso que dela participem governos e iniciativa privada, trabalhando em conjunto; caso contrário, estaremos caminhando contra a corrente, na direção da segregação digital interna e em relação aos demais países, especialmente aqueles do mundo desenvolvido.

            Infelizmente, os dados relativos a investimentos em educação e em pesquisa e desenvolvimento ainda não nos são muito favoráveis. Nosso País gasta em média U$S 26,7 mil (R$ 64 mil) para educar uma criança dos 6 aos 15 anos, enquanto nos países mais ricos da OCDE esse gasto chega a U$S 83,4 mil (R$ 200 mil). 

            O Relatório também mostra que no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) estamos entre os últimos numa lista de 65 países, sempre abaixo da 54ª posição, dependendo da disciplina avaliada. Nos investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) ocupamos a 36ª posição no mundo, com um investimento de 31 bilhões de dólares, equivalentes a 1,3% do nosso PIB. O décimo colocado no ranking mundial, a Áustria, aplica 2,8% do seu PIB em P&D. Israel, o primeiro da lista, investe 4,2% de seu PIB em pesquisa.

            Como se vê, temos muito que avançar, se desejarmos ocupar lugar de importância no concerto das nações e não sermos apenas a sexta ou sétima economia do mundo. É a produção de conhecimento que coloca os povos na liderança mundial e que promove o bem estar de suas populações.

            É preciso mudar, e essa mudança virá com a educação da população e a produção e a difusão do conhecimento, para que possamos explorar a tecnologia que transformou o mundo em aldeia global e nos leva, hoje, a competir com os nossos mais distantes “vizinhos”. Se nada fizermos - e rapidamente -, estaremos fatalmente condenados ao final da fila. Era o que tinha a dizer, Senhor Presidente.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/05/2014 - Página 177