Discurso durante a 84ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Denúncia contra o ex-Governador de Roraima, o Sr. José de Anchieta Júnior, pela precariedade da educação no estado.

Autor
Mozarildo Cavalcanti (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RR)
Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DE RORAIMA (RR), GOVERNO ESTADUAL, EDUCAÇÃO, ELEIÇÕES.:
  • Denúncia contra o ex-Governador de Roraima, o Sr. José de Anchieta Júnior, pela precariedade da educação no estado.
Publicação
Publicação no DSF de 31/05/2014 - Página 143
Assunto
Outros > ESTADO DE RORAIMA (RR), GOVERNO ESTADUAL, EDUCAÇÃO, ELEIÇÕES.
Indexação
  • CRITICA, GESTÃO, JOSE DE ANCHIETA JUNIOR, EX GOVERNADOR, ESTADO DE RORAIMA (RR), REFERENCIA, PRECARIEDADE, ADMINISTRAÇÃO ESTADUAL, EDUCAÇÃO, DEFESA, NECESSIDADE, PARTICIPAÇÃO, POPULAÇÃO, PROCESSO ELEITORAL.

            O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (Bloco União e Força/PTB - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente Ana Amélia em cujo Estado está o ponto extremo Sul do Brasil, o Arroio Chuí, é uma felicidade eu aqui estar representando o extremo Norte, que é o Monte Caburaí.

            Srs. Senadoras e Srªs. Senadoras, estou vindo pela terceira vez a esta tribuna para, infelizmente, denunciar mais um descalabro deixado pelo ex-Governador de Roraima, o Sr. José de Anchieta Júnior.

             Já falei aqui sobre a saúde. O próprio governador que assumiu, que era o vice dele, decretou estado de calamidade pública. Falei também sobre a questão do número de homicídios, isto é, da questão da segurança no meu Estado, e hoje quero falar da educação.

            É triste ver, como tenho acompanhado nos jornais lá de Roraima, especialmente no jornal mais independente, que é a Folha de Boa Vista, a situação das escolas, dos prédios, do transporte escolar, a precária condição em que trabalham os professores. Os professores têm sido tratados em Roraima como não importantes para o desenvolvimento do Estado. Mas não são só os professores, como também os funcionários técnicos administrativas da área de educação. Eu espero, realmente, que possamos pôr um fim a essa situação.

            Vou também analisar esses casos, abordar outras áreas, como a questão das rodovias, a questão da produção, a questão da assistência aos colonos da pequena agricultura familiar e também da falta de planejamento e estímulo aos médios e grandes produtores do meu Estado. Nós temos tudo para ser um Estado modelo, porque temos área para várias atividades, embora metade do Estado de Roraima, ou mais, seja hoje reservas indígenas ou reservas biológicas, ecológicas.

            Mas é importante dizer que, além das demarcações de extensas reservas indígenas, o Governo Federal, através da Funai, não dá assistência aos índios, que sabem ser agricultores, sabem ser vaqueiros, há uma série de atividades. Nós temos, em Roraima, um número significativo de indígenas que terminaram a universidade no Estado, principalmente a Universidade Federal de Roraima, que tem até um núcleo indígena. Nós temos, portanto, hoje índios professores, agrônomos, enfim, de todas as atividades do ramo de trabalho humano.

            Agora, na educação, eu, como médico, sempre digo o seguinte: que a saúde e a educação são gêmeas na questão de puxar um Estado, puxar a população para um status social melhor. É lógico que quem não tem educação nem sequer sabe se prevenir de certas doenças, como também quem não tem saúde não tem condições de estudar, não tem condições de trabalhar, não tem condições de ter um lazer.

            Lamento muito o caos que se instalou também na educação do meu Estado. Há problemas com transporte escolar, há problemas com coisas elementares. A maioria das salas de aula não tem nenhum tipo de ventilação, nem de ventilador, muito menos de ar-condicionado, que estão todos praticamente parados.

            Eu espero que o povo de Roraima, nesta eleição de outubro, faça bem, tenha bem na mente essa situação e que possamos, portanto, escolher as pessoas que, de fato, têm ficha limpa, que, de fato, querem o bem-estar de Roraima, não só aqueles que nasceram lá, como eu, mas aqueles que não nasceram lá, como, por exemplo, o meu pai, que foi do Ceará para lá, meus avós maternos, que foram da Paraíba para lá.

            Eu sempre digo que cidadão roraimense é aquele que mora em Roraima, que trabalha em Roraima e que paga os impostos em Roraima. Então, eu quero concitar todos, desde o jovem de 16 anos até o jovem de 70 anos, que, embora não tenha obrigação de votar, pode votar, a comparecer às urnas. E não anulemos o voto, não votemos em branco, não nos abstenhamos de votar, senão estaremos só ajudando os maus. Se os bons, por se desiludirem da política por causa dos malfeitos de alguns, deixarem de lutar para mudar... E mudar, aqui, normalmente, não significa só mudar a pessoa, mas mudar a forma de administrar, a forma de atuar como Parlamentar.

            Não é possível que, às vésperas da eleição, o Governo ou os candidatos governistas - e o ex-Governador Anchieta disse que tem mais de 40 milhões para gastar na campanha dele para Senador - que pessoas carentes ou pessoas que têm negócios com o Governo se deixem levar por uma questão de valor em dinheiro que eles estejam precisando ou de favores, maracutaia mesmo, corrupção, para poderem se eleger. Eu espero que aconteça o contrário do que aconteceu com esse ex-governador, que governou durante todo esse tempo sub judice, porque há processos no TSE oriundos de condenações dele no TRE que, até hoje, não foram julgados. Em tese, ele até já perdeu o objeto, porque ele saiu do mandato, cumpriu, portanto, o período que podia cumprir, se desincompatibilizou e está concorrendo a um cargo de Senador.

            Eu sei que o povo de Roraima não vai prestar esse desserviço a ele próprio e ao Estado. Qual foi a condição que esse senhor mostrou para Roraima, mostrou para o povo de Roraima? Que ele não tem nem qualidade nem competência para governar e, portanto, também não tem nem qualidade nem competência para representar o nosso Estado para valer, dedicando-se às causas de Roraima, e não para ser Parlamentar para se aproveitar tanto do aspecto jurídico, pois se passa a ter foro privilegiado, como também para se locupletar de maracutaias - nas quais ele é especialista, aliás - que levaram o nosso Estado ao esse retrocesso. Foram sete anos de retrocesso no meu Estado em todos os setores.

            Enquanto o Governador Ottomar trabalhou, em vários mandatos, para avançar - e avançamos - no Estado, ele fez o contrário; desmanchou tudo o que o ex-Governador Ottomar tinha feito. E não é só isso: também desmanchou os planos que o Ottomar tinha preparado para o futuro de Roraima.

            Então, faço aqui essa denúncia sobre o estado de calamidade pública em que se encontra a educação no meu Estado. E, ao mesmo tempo, faço este apelo ao povo de Roraima. A arma está na mão de cada eleitor. Portanto, vamos comparecer às urnas e dizer o que nós queremos de melhor para o nosso Estado. Não adianta reclamar deste ou daquele político, porque eles não foram nomeados ou foram nomeados pelo povo, através do voto. Então, é muito importante que nós tenhamos uma eleição em que a Lei da Ficha Limpa funcione, mas, sobretudo, para que também o voto consciente, o voto pensado do eleitor esteja presente.

            Eu vou continuar, como eu disse, Senadora Ana Amélia, a trazer aqui análises de todos os setores do meu Estado que foram, de maneira fragorosa, vítimas de corrupção e, portanto, de atraso.

            Quero dizer que, se nós queremos, realmente, que o nosso Estado avance, que dê melhor condição de vida para os cidadãos e cidadãs, é preciso que tenhamos pessoas que, de fato, trabalhem de maneira honesta, que apliquem os recursos públicos, recursos do povo, para beneficiar o povo, e não para se beneficiar, como fez esse ex-governador. Ele era um empresário praticamente falido, quando assumiu o governo pela morte do ex-Governador Ottomar Pinto; e, hoje, ele é dono de mansões em Roraima. Dizem que também em Miami e dizem que é um dos grandes empresários em Fortaleza.

            Quer dizer, então, foi por acaso, com o salário de governador, que ele fez isso? Lógico que não! O salário de Governador, por bom que seja, não daria para ele, em sete anos, fazer tanta coisa como se tivesse, realmente, produzido esse dinheiro.

            Então, eu quero encerrar, embora compreenda que poderia falar mais nesta sexta-feira, porque, de fato, eu quero abordar item por item, dissecando mesmo esta questão dos diversos setores do meu Estado que foram prejudicados, sucateados.

            Portanto, a população é que está pagando o pato, porque os filhos são educados precariamente, a família não é atendida na questão da saúde e está exposta, como mostrei ontem, a um aumento dos casos de assassinato. Aliás, Roraima foi o campeão brasileiro de assassinatos no Brasil.

            Então, é lamentável que o nosso Estado, que tem pouca população, que tem uma infraestrutura razoável, tenha tido, portanto, sete anos de sofrimento e descaso por parte desse ex-desgovernador, que agora quer ser Senador.

            Muito obrigado, Srª Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/05/2014 - Página 143