Discurso durante a 65ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com a qualidade do ensino no Estado do Amazonas.

Autor
Alfredo Nascimento (PR - Partido Liberal/AM)
Nome completo: Alfredo Pereira do Nascimento
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO.:
  • Preocupação com a qualidade do ensino no Estado do Amazonas.
Publicação
Publicação no DSF de 08/05/2014 - Página 387
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO.
Indexação
  • APREENSÃO, QUALIDADE, ENSINO, LOCAL, ESTADO DO AMAZONAS (AM), MOTIVO, RESULTADO, AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO, ALUNO, NECESSIDADE, INVESTIMENTO, EDUCAÇÃO, ENFASE, MANAUS (AM).

            O SR. ALFREDO NASCIMENTO (Bloco União e Força/PR - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, preocupa-me a educação no Brasil, Senhor Presidente. Especialmente no meu Estado, o Amazonas, onde as manchetes dos jornais demonstram que os números não estão favoráveis aos nossos alunos e nossos professores. Cito como exemplo o jornal Diário do Amazonas que estampou as seguintes manchetes: "Alunos do AM estão entre os piores do mundo em Matemática, aponta Pisa", de 2 de abril; e "Manaus está atrás de 23 cidades do Amazonas no ranking escolar", de 15 de abril.

            Ora Sr. presidente, não é isto que gostaríamos de ler. Pelo contrário, queremos que a educação seja prioridade e que os alunos aprendam. Queremos ser exemplo e dar exemplo.

            Infelizmente, a realidade é outra. Na avaliação do índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), criado em 2007, Manaus está muito abaixo do ideal, ficando com nota 4,1, índice inferior a cidades bem menores como: Nhamundá -- que recebeu o primeiro lugar no Estado com nota 5,8 -, Boca do Acre (4,8), Novo Airão (4,8), Silves (4,7), Beruri (4,5), Manacapuru (4,3) e Humaitá (4,2).

            O Ideb reúne em um só indicador dois conceitos: fluxo escolar e médias de desempenho nas avaliações. O indicador é calculado a partir dos dados sobre aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar, e médias de desempenho nas avaliações do Inep, o Saeb - para as unidades da federação e para o país, e a Prova Brasil para os municípios.

            Entre as capitais do País, Manaus ficou em 20° lugar, já em relação às sete capitais pertencentes à região Norte, ficou à frente apenas de Macapá. Estes dados, Senhor Presidente, revelam que é preciso mais investimento na área de educação, especialmente em Manaus, e mais atenção de alunos, pais e professores. Para melhorar a educação em nosso País, o esforço deve ser conjunto, não só dos governantes. Sabemos que são necessárias melhorias de infraestrutura, mais professores e funcionários, melhorias na alimentação e no material didático, que deve ser de acesso universal.

            Há também a necessidade de se olhar para os alunos, para os pais e para a comunidade de maneira especial. O desempenho destes estudantes também depende do acompanhamento em casa, por meio do olhar atento dos pais e responsáveis. Todos precisam participar ativamente do processo, cobrando melhorias dos diretores, dos professores, dos governantes e, também, acompanhando os estudos de seus filhos e filhas para que o processo educativo seja completo.

            Em outro índice, o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes - Pisa. Outra decepção! O Amazonas como o antepenúltimo no ranking internacional de proficiência em Matemática dos alunos da rede pública de ensino. Com uma média geral de 356 pontos, o nosso querido Estado ganha apenas de Alagoas (342) e do Maranhão (343,2).

            O Pisa é uma iniciativa internacional de avaliação comparada, aplicada a estudantes na faixa dos 15 anos, idade em que se pressupõe o término da escolaridade básica obrigatória na maioria dos países. O programa é desenvolvido e coordenado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em cada país participante há uma coordenação nacional. No Brasil, o Pisa é coordenado pelo Inep.

            O objetivo do Pisa é produzir indicadores que contribuam para a discussão da qualidade da educação nos países participantes, de modo a subsidiar políticas de melhoria do ensino básico. A avaliação procura verificar até que ponto as escolas de cada país participante estão preparando seus jovens para exercer o papel de cidadãos na sociedade contemporânea.

            As avaliações do Pisa acontecem a cada três anos e abrangem três áreas do conhecimento - Leitura, Matemática e Ciências - havendo, a cada edição do programa, maior ênfase em cada uma dessas áreas. No último índice, em 2012, o foco foi Matemática e no próximo, em 2015, será Ciências.

            Neste exame, foram avaliados 44 países e o Brasil ficou em 38° lugar. Os três primeiros lugares foram Cingapura, Coréia do Sul e Japão.

            Ressalto que no Amazonas 69,4% dos alunos do ensino médio e fundamental participaram desta avaliação., quase 38 mil estudantes de 726 escolas. O campo relacionado à capacidade do indivíduo de modelar mudanças e relações com funções e equações, assim como criar, interpretar e transitar entre as várias representações e simbólicas, foi o que recebeu o pior desempenho. Neste item 68,8% dos estudantes estão abaixo do nível mínimo de proficiência. '

            Ainda neste estudo, a repetência também foi elencada. 42,7% dos estudantes amazonenses informaram já terem repetido o ano pelo menos uma vez, sendo mais de 60% no ensino médio. A repetência é um atraso não só para o aluno, mas para o estado e para o município que pagam duas vezes - ou mais - para o mesmo aluno cursar a mesma educação.

            Os números não devem ser apenas manchetes de jornais, mas devem servir de alerta para organizar políticas públicas para melhoria dos índices. Novos programas de educação, de incentivo ao professor e funcionários, de investimento em materiais escolares, infraestrutura e alimentação. Sem esquecer de campanhas de conscientização dentro da escola e ao redor, na comunidade, pois alunos, pais e integrantes da sociedade devem encarar a escola como um bem comum, de todos, que deve ser preservada e receber investimentos e credibilidade. Acredito que assim, consigamos um caminho para a solução. A educação de um povo é a chave para a melhoria de vida.

            Era isso que tinha a dizer, obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/05/2014 - Página 387