Pela Liderança durante a 87ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à sobreposição dos interesses do Poder Executivo em relação ao Legislativo e ao Judiciário.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO, CORRUPÇÃO. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO, POLITICA EXTERNA. SEGURANÇA PUBLICA. JUDICIARIO.:
  • Críticas à sobreposição dos interesses do Poder Executivo em relação ao Legislativo e ao Judiciário.
Publicação
Publicação no DSF de 04/06/2014 - Página 61
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO, CORRUPÇÃO. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO, POLITICA EXTERNA. SEGURANÇA PUBLICA. JUDICIARIO.
Indexação
  • COMENTARIO, PRECARIEDADE, SITUAÇÃO, BRASIL, ENFASE, RELAÇÃO, EDUCAÇÃO, SAUDE, INFRAESTRUTURA, TRANSPORTE, CRITICA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, GESTÃO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MOTIVO, EXCESSO, CORRUPÇÃO, REGISTRO, FORNECEDOR, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), DOAÇÃO, RECURSOS, OBJETIVO, FINANCIAMENTO, CAMPANHA ELEITORAL, CONGRESSISTA.
  • CRITICA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, MOTIVO, DESTINAÇÃO, RECURSOS, BENEFICIO, PAIS ESTRANGEIRO, CUBA.
  • COMENTARIO, RESULTADO, PESQUISA, REFERENCIA, EXCESSO, NUMERO, HOMICIDIO, PERIODO, GESTÃO, GOVERNO FEDERAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).
  • CRITICA, EXCESSO, INTERFERENCIA, GOVERNO FEDERAL, RELAÇÃO, ATUAÇÃO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), COMENTARIO, JOAQUIM BARBOSA, PRESIDENTE, ANUNCIO, APOSENTADORIA, MOTIVO, VITIMA, AMEAÇA.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, primeiro, quero parabenizar V. Exª por ter, não propositalmente, dado um tempo a mais para o Senador Paulo Paim.

            Como gosto eu de ouvir o Senador Paulo Paim! Espero que V. Exª possa fazer o mesmo comigo. Não seja rígido com o tempo.

            Sr. Presidente, Srs. Senadores, venho, na tarde de hoje, preocupado com o meu País. Quem assiste à TV Senado, os paraenses da minha terra, que têm como padroeira Nossa Senhora de Nazaré, os brasileiros e brasileiras que toda semana me assistem nesta tribuna devem sentir a mesma aflição que eu.

            Eu não tenho aqui, brasileiros e brasileiras, qualquer sentimento de mágoa contra ninguém. O serviço que faço aqui é o serviço que o povo do meu Estado me determinou fazer: “Lute pelos brasileiros, lute pelos paraenses, para que você tenha a consciência tranquila de poder ter o seu dever cumprido no Senado nacional”.

            Estive agora, Sr. Presidente, frente a frente com um dado estarrecedor. Se não bastasse, no Brasil, o abandono das classes sociais, o abandono das crianças brasileiras, a Rede Globo mostrou escolas brasileiras, mostrou crianças debaixo de mangueiras tendo aulas. Tenho fontes fidedignas, confiáveis, que mostram que estamos no mês de junho e crianças deste País, muitas, não receberam sequer livro escolar!

            Os hospitais cheios de gente pelos corredores. Mostrei a foto de um hospital do Rio de Janeiro, aqui desta tribuna, na semana passada: grávidas, grávidas, Brasil, nos corredores dos hospitais!

            As estradas brasileiras, principalmente as federalizadas, todas elas esburacadas. São verdadeiras estradas assassinas! 

            E eu me deparo com um dado estarrecedor. A situação do Brasil é preocupante, brasileiros.

            Vi um orador, há pouco, um dos grandes estadistas deste País, Jarbas Vasconcelos, falar sobre Joaquim Barbosa. Por que Joaquim Barbosa anuncia a sua aposentadoria?

            Ora, senhores, vocês que estão na galeria vão assistir, hoje, como é que atua e funciona o Parlamento brasileiro. Totalmente amarrado e amordaçado, ouvindo somente uma mandante. Só obedece a uma pessoa.

            Se tudo estiver combinado com a Presidenta Dilma, o processo de vocês vai ser aprovado. Se não estiver combinado, vocês verão Senadores como este virem aqui defender os direitos legítimos de uma classe que tem que ser respeitada neste Brasil: mais uma voz, ou duas, ou meia dúzia que ecoam neste plenário.

            Joaquim Barbosa quer ir embora. Ele, também lá, tem a minoria a seu favor. Aqui, neste Senado - e eu sei por que, está aqui um exemplo -, eu estou na CPI Mista do Senado. Ausentei-me há poucos minutos para vir fazer este pronunciamento. Pasmem, senhoras e senhores, eu já vou ler, eu não me esqueci do que estou falando. Eu já vou ler o que me fez vir aqui nesta tarde.

            Mas, pasmem, senhoras e senhores, eu vejo Senadores e Deputados morrerem pelo Governo, defenderem o Governo com unhas e dentes, e me afrontarem. Vêm para cima de mim e me chamam de truculento. E eu queria saber por que eles fazem isso. Será que eles amam muito esta Presidenta, que acabou com este País, que acabou com a Petrobras,...

(Manifestação da galeria.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - ... que foi o maior número até hoje de corrupção em toda história do Brasil. Desde a República, nunca se viu tanta corrupção em um país só.

            Aí, eu vejo a Veja. Folheando a página, na internet, puxo uma página da Veja e vejo o seguinte: “Fornecedores da Petrobras sob suspeita financiaram campanha de 121 parlamentares (...)”.

             Aí eu corri a minha vista, logo, rapidamente, para ver aqueles que defendem tanto o Governo aqui, que olham para mim com vontade de me matar, olham para mim como se eu fosse, assim, algo que teria que ser lixado da vida pública. Eu fui ver, percorri a lista das doações. São doações regulares? São. Mas enquanto 90 desses 121 receberam R$50, R$100, R$150 mil, aqueles mais acirrados, aqueles que defendem mais o Governo, olhem quanto receberam: R$2,42 milhões, ajuda de campanha.

            Ah, está aqui, ó! Está aqui, Brasil! Está aqui na minha mão! Eu descobri por que é!

(Manifestação da galeria.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Por que é que eles lutam contra o povo brasileiro, Brasil.

            Está aqui, Paulo Paim, ó! São exatamente aqueles que urram a favor do Governo. Assim, Paim. Assim. Olhe quantos aqui deram e dão seu suor pela Pátria, penando, Paulo Paim. Sabe o que é penar para ganhar dinheiro?

            Quem pode concordar com isto: enquanto os brasileiros penam para manter com dignidade a sua família, para terem o direito, têm que vir aqui ao Congresso Nacional, ao Senado Federal, e uns recebem, sem fazer nenhuma força, nenhuma forcinha?

            Quer ver mais? Olha outro Senador: dois milhões, quinhentos e pouco; outra Senadora: R$1 milhão; outro Senador: R$1,530 milhão; outro Senador: R$1 milhão; outro Senador: R$2,3 milhões.

            Assim... Assim...

            (Manifestação da galeria.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Assim é muito fácil. Enquanto isso, vou mostrar uma coisa. Ainda vou falar naquele dado com que estou estarrecido. Deixa por último, deixa para o final. Fiquem bem curiosos. Agora eu vou mostrar porque a Dilma gosta do Fidel Castro.

            Outro dia, abri uma página da Veja e vi a Dilma abraçada e beijando o Fidel Castro. “Mas, pelo amor de Deus, não é possível, isto aqui deve estar errado. Deixe-me ver mesmo. Essa é a Dilma? Esse é o Raúl Castro, irmão do Fidel Castro?” Era. Era verdade. Sabe quanto a Dilma já deu do nosso dinheiro para o Fidel Castro, o maior ditador de toda a história do mundo, o maior assassino de toda a história do mundo? Sabe quanto ela já deu para o Fidel Castro? Mais de R$2 bilhões. Mais de R$2 bilhões.

            Agora, eu vou mostrar um negócio para vocês. Olhem aqui - TV Senado -, olhem aqui a casa de campo do Fidel Castro. Olhem aqui. São duas ilhas unidas por uma ponte e tem até represa para criar golfinho, tartaruga, etc. Bilionária.

            (Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Nisto aqui tem dinheiro brasileiro, nosso, porque pagamos imposto.

            TV Senado mostre aqui. Olha, olha o que a Veja publica esta semana, a riqueza do Fidel Castro, e a Dilma mandando o nosso dinheiro para ele.

            Sr. Presidente, eu fui convidado...

            Agora vou falar da notícia para poder descer, Sr. Presidente. Já sei que V. Exª... Eu já estourei o tempo. Agora mesmo, notícia de hoje: ontem, ela mandou para o Fidel Castro R$239 milhões. Está aqui: Dilma manda para Cuba, escondido, confidencial, R$239 milhões. Quantos caminhões dá para comprar aqui?

            (Manifestação da galeria.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Quantos caminhões dá para comprar aqui? Ia resolver o problema da vida de vocês.

            Resolvia. Ela mandou para o Fidel Castro! O que a gente tem a ver com Fidel Castro, Dilma? Pelo amor de Deus, Dilma! Acorda! O povo está na rua, Dilma! Tu ainda não acordaste, Dilma! O povo está na rua todo dia, Dilma! Este País virou uma bagunça, Dilma! Será que tu não notaste isto ainda?

             Agora vou dar o dado estarrecedor.

            Olhem, brasileiros, ninguém sente o que eu vou falar. Ninguém sente, mas este dado é estarrecedor, meu caro amigo Cristovam. Estarrecedor!

            Pesquisas divulgadas na semana passada mostram o seguinte: em 2012, morreram por assassinato no Brasil, assassinados a bala ou a faca - vocês jamais podem imaginar quantos, num ano só -, 60 mil brasileiros!

            Paraenses, num ano, 60 mil brasileiros foram assassinados! Somados com os acidentes de trânsito, sabem quantos somam por ano? Cem mil. E o Governo não toma nenhuma providência. Hoje, o brasileiro tem medo de andar nas ruas. A que ponto nós chegamos, Brasil!

            Eu acabo de receber um convite. Acabo de receber um convite e vou ler para vocês. Vou ler para vocês, paraenses, brasileiros e brasileiras: “Câmara dos Deputados. Os partidos de oposição convidam para uma manifestação em repúdio às 600 mil pessoas mortas durante o Governo petista”. Isso é só por assassinato.

            Seiscentas mil pessoas foram assassinadas no Governo petista! Somem com as de trânsito, que dá mais de um milhão de pessoas mortas.

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Deixa longe qualquer guerra em atividade.

            Deixa longe a guerra da Síria.

            Desço, Presidente, dizendo a V. Exª que Joaquim Barbosa saiu ou está saindo porque aqui é um Poder desmoralizado, quem manda é a Presidenta Dilma.

            V. Exª, por várias vezes, Senador Paim, antes de descer daquela tribuna - e V. Exª é o homem que respeito muito -, clamou e clamou muito pela democracia. Eis o Senador brasileiro humilde que luta por isto dessa tribuna, mas a Pátria está ameaçada. Aquela frase que está ali, “Ordem e Progresso”, está ameaçada, Senador! Não existe Poder Legislativo nesta Pátria!

(Manifestação da galeria.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Não existe!

            E esta lista que mostrei aos brasileiros comprova isto. Aqui funciona uma troca de interesse. Câmara e Senado praticamente destruídos. E aí restava o Poder em que nós tínhamos uma esperança, chamado Supremo Tribunal Federal, na pessoa desse homem negro, humilde e decente, capaz, brasileiro, que não teve mais condições de atuar.

            E o Poder Supremo da Pátria também hoje pertence ao PT, com a saída de Joaquim Barbosa - é claro, porque ele tem família e foi ameaçado. E foi atestado que quem queria matá-lo era um petista. Foi atestado, foi descoberto. Descobriram que quem queria matá-lo era um petista. Assim como jogaram uma bomba doméstica na minha residência.

            Eu não recuo de jeito nenhum! Se quiserem me tirar daqui, vai ser o povo brasileiro. O povo do meu Estado que vai me tirar.

(Manifestação da galeria.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Eu não abro mão...

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Eu vou fazer um apelo às galerias. Vejam bem a minha posição, pessoal. Como eu disse desde o início em que estou presidindo, o protesto é o silêncio, mas as vaias não são permitidas. É regimental. Eu sou obrigado a pedir a vocês que colaborem com a condução dos trabalhos.

(Manifestação da galeria.)

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Meus amigos, nós não vamos dialogar com as galerias. Vocês sabem do carinho e do respeito que eu tenho por vocês. Ele é Senador da República, eleito pelo povo brasileiro. Ele tem imunidade e o direito de dizer da tribuna o que ele achar adequado. Os senhores têm duas versões: ou palmas ou silêncio. É uma forma de protestar.

(Manifestação da galeria.)

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Democracia é assim: eu posso gostar ou não gostar. Mas ele tem o direito de dizer o que ele achar que deve dizer.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Obrigado.

            Continuo, doa a quem doer. Custe o que custar, eu continuo o meu pronunciamento e repito: quem queria matar o Joaquim Barbosa, a não ser que a imprensa esteja mentindo, era um elemento do Partido dos Trabalhadores.

            E aí o PT comanda também hoje o Supremo Tribunal Federal. A Pátria está ameaçada, meus senhores. Lá a Dilma tem três votos a favor dela a mais. O único Poder que ainda poderia salvar a democracia neste País era o Supremo Tribunal Federal.

            Agora, Presidente, V. Exª...

(Interrupção do som.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Já vou terminar, Presidente. Já vou descer.

            E aí, Presidente, que esteve naquela tribuna pedindo democracia, alerte V. Exª para o fato de que o País já está numa ditadura branca, porque manda D. Dilma em todos os Poderes desta Pátria. E isso se chama ditadura.

            Eu entendo que as minhas palavras - e peço desculpas a meia dúzia da galeria - doem. Eu sei disso. Mas, enquanto eu for Senador da República, representando a minha Pátria, nem a Dilma...

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Nem se a Dilma vier aqui para me mandar calar, eu não me calo, porque não pertenço àquela classe que se curva à cor partidária.

            Eu pertenço àquelas cores verde, amarelo e azul, que são as da minha Pátria. E tenho o dever, como brasileiro, de mostrar o Brasil e ao meu Estado como se encontra a minha Nação, como se encontra o dinheiro seu - de você, que paga imposto -, que, a todo momento, é corrompido por corruptos que vivem tomando conta da Nação.

(Manifestação da galeria.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Desço eu..

(Interrupção do som.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Vou ajudá-los. Estarei aqui, porque acho que vocês merecem o nosso respeito. Desço, Presidente.

(Manifestação da galeria.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Desço, pedindo à Pátria que possa, daqui a alguns meses, escolher um Presidente estadista, capaz de governar esta Nação, capaz de manter a honra da ordem e do progresso daquela bandeira.

            E, esta voz, só vão calar quando Deus quiser. Nunca, nunca ninguém vai calar esta boca! Ninguém! Só quando Deus quiser! Doa a quem doer - sei que dói. Custe o que custar.

            Muito obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/06/2014 - Página 61