Discurso durante a 87ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Destaque para a disseminação da corrupção no Brasil e para a importância do período eleitoral; e outros assuntos.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATIVIDADE POLITICA. ESPORTE. ELEIÇÕES. JUDICIARIO, CORRUPÇÃO. REFORMA POLITICA.:
  • Destaque para a disseminação da corrupção no Brasil e para a importância do período eleitoral; e outros assuntos.
Aparteantes
Cristovam Buarque.
Publicação
Publicação no DSF de 04/06/2014 - Página 64
Assunto
Outros > ATIVIDADE POLITICA. ESPORTE. ELEIÇÕES. JUDICIARIO, CORRUPÇÃO. REFORMA POLITICA.
Indexação
  • REGISTRO, IMPORTANCIA, POPULAÇÃO, ACOMPANHAMENTO, DEBATE, ATIVIDADE POLITICA, LOCAL, CONGRESSO NACIONAL.
  • COMENTARIO, REALIZAÇÃO, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL, LOCAL, BRASIL, CRITICA, EXCESSO, GASTOS PUBLICOS.
  • COMENTARIO, EXPECTATIVA, ELEIÇÕES, REGISTRO, IMPORTANCIA, COMBATE, CORRUPÇÃO.
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, JOAQUIM BARBOSA, PRESIDENTE, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), MOTIVO, CONTRIBUIÇÃO, COMBATE, CORRUPÇÃO.
  • DEFESA, REALIZAÇÃO, REFORMA POLITICA, ENFASE, PROIBIÇÃO, EMPRESA PRIVADA, DOAÇÃO, BENEFICIO, CAMPANHA ELEITORAL, CANDIDATO, REDUÇÃO, QUANTIDADE, PARTIDO POLITICO.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. e Srªs Senadoras, como é bom falar com a galeria cheia!

            Que bom será o tempo em que a galeria estiver assim diariamente! É claro que, em defesa de um projeto pessoal, isso é muito importante. Que venham aqui defender as suas ideias. Mas não é sempre que o Congresso Nacional está assim. A não ser quando aparece um projeto que nem este, especial, de interesse de uma categoria, a galeria está vazia, só aparecem jovens que estão visitando Brasília, porque faz parte do turismo conhecer a Catedral, conhecer o Congresso, então, passam por aqui rapidamente.

            Seria muito importante que esse contato existisse e que o povo se identificasse com o seu Congresso. Lamentavelmente, a situação está muito longe disso. Todas as pesquisas de opinião pública colocam o Congresso lá no fim, entre as entidades que têm menos credibilidade no apoio da sociedade brasileira. No entanto, não há maior identidade dos senhores do que com o Congresso Nacional, porque quem está aqui foram os senhores que colocaram. Ou colocaram pensando, refletindo, analisando e escolhendo melhor, ou despreocupados, votando no primeiro que apareceu porque lhe deu uma propaganda, porque lhe foi simpático ou coisa parecida.

            A verdade é que o povo tem o Congresso que merece, porque passa pelo povo a eleição do Congresso. É verdade que se fala muito na necessidade de uma reforma política. Acha-se importante mudar os métodos de fazer política no Brasil, que são muito antigos. No Brasil, a corrupção existe, lamentavelmente, por todos os lados, por todos os cantos.

            Vi, outro dia, o ex-Presidente Fernando Henrique dizendo numa entrevista na televisão que, no Brasil, isso é tão real que até a corrupçãozinha existe em tons mais ou menos usuais; todos a praticam. Quem não dá uma gorjetinha para furar fila? Quem não dá uma gorjetinha, quando chega a hora de tirar a carteira de motorista? Quem não dá uma gorjetinha no sentido de fazer qualquer irregularidade? E o Brasil é isso, e o Congresso é este.

            Estamos aqui debatendo, debatendo assim que nem os senhores estão vendo, um projeto que realmente é importante? Sim, é importante. É preocupante aos senhores? Sim, realmente é preocupante. E os dois lados botam questões que parecem realmente incompreensíveis.

            O Senador, nosso bravo Deputado, Senador, Governador três vezes do Estado do Paraná, Requião, debate contra este projeto. Diz ele que este projeto permite que o trabalhador motorista fique doze horas trabalhando. Ficando doze horas trabalhando, eles somam os incentivos, sejam quais forem, mas que realmente preocupam a todos por sua saúde, demolem com a sua saúde, e que é algo que realmente deveria ser absolutamente proibido.

            É impressionante, vendo esta discussão, a radicalização dos dois lados. Ao meu gabinete, vieram os de um lado e do outro lado, e eu fiquei meio bobo, parecia que todo mundo tinha razão.

            E essa é a realidade deste País. Um País que daqui a dez dias todo mundo vai parar para ver a Copa do Mundo. Vai parar para ver e apreciar a realização da Copa do Mundo, exageradamente preparada no Brasil. Nenhum País do mundo moderno, nem nos mais ricos, nem nos mais prósperos, se preparando para qualquer coisa, gastou metade do que nós gastamos para fazer a nossa Copa do Mundo. A Inglaterra fez uma, inaugurou dois estádios. Nós fizemos doze, um mais bonito que o outro, fortunas e fortunas. O nosso aqui de Brasília saiu duas vezes o que foi projetado.

            E a Copa vai sair. E os jogos vão sair. Mas, se nós olharmos a preocupação da sociedade, veremos que há um aspecto negativo quanto à nossa Copa. É uma demonstração de como o Brasil vai mal, como o espírito público da nossa sociedade vai mal, como as coisas estão realmente difíceis no nosso Brasil.

            Dizem que foram feitas pesquisas com relação à Copa do Mundo, e as chegaram duas pesquisas negativas com o maior número de simpatizantes: em penúltimo lugar, aqueles que querem que o dengue que existe hoje lá por Campinas se espalhe por todos os lugares onde vai haver Copa do Mundo e se espalhe de tal maneira, se espalhe pelo mundo, que ninguém venha assistir à Copa do Mundo. E a que ganhou não foi essa, a que ganhou foi a outra; foi a que torce para que o Brasil, nas oitavas de final, perca para a Argentina.

            É verdade que eu duvido que, quando chegar a hora, esse sentimento existirá. Eu sei que o Brasil haverá de vigorar com uma emoção normal nesse momento. Mas isso mostra um pessimismo, uma incompreensão da realidade desta hora que nós estamos vivendo.

            Estamos vivendo à véspera de uma eleição. Uma eleição tão importante. Deveria ser uma eleição de euforia no Brasil. O Brasil não tem memória. O Brasil esquece logo.

Outro dia fizeram uma pesquisa, e a maioria do povo não sabia dizer quem era o Dr. Ulysses Guimarães, o Presidente que governou o MDB, que liderou a luta pelas Diretas, que liderou a luta contra a ditadura e contra a violência!

            No entanto, passou! Mas, na verdade, foram 20 anos, e os senhores conhecem isto, os senhores, a sociedade conhece e deve se lembrar disto: da tortura, da violência, da radicalização, do que foi a paixão das mortes, dos assassinatos, da nomeação de general substituindo general, do brasileiro não podendo falar a não ser “sim, senhor”.

            Isso, graças a Deus, passou. E passou, graças a Deus, sem a loucura, sem a violência, sem a luta armada, sem a guerra civil, sem milhares de pessoas morrendo, como acontece em outros países. Terminou tranquilamente. Os jovens nas ruas lotando as avenidas do Brasil inteiro, protestando, gritando e dizendo: “Não! Basta! Chega! Chegou a hora!” E os militares, com todos os seus tanques, com todas as suas metralhadoras, tiveram que voltar para os quartéis.

            E a democracia está vivendo. E está vivendo bem, graças a Deus. E ganhou um, e ganhou o segundo, e foi o Sr. Collor, que infelizmente errou, foi posto para fora. Veio o Itamar, que deu certo. Veio depois o Fernando Henrique, e foi reeleito; e veio o Lula, e foi reeleito; e a Dona Dilma foi eleita, e agora estamos num momento importante de escolher um novo candidato. Um momento muito importante, e os senhores deviam parar e pensar neste sentido: “O que nós vamos escolher? Para onde nós queremos ir? O que nós queremos?” Este é um momento importante porque o Brasil vai escolher o seu destino.

            Parece mentira, parece piada, mas, no Brasil, este período que nós estamos vivendo agora, que começou com a eleição do Sr. Collor, este período é o período de democracia mais longo que o Brasil viveu: 30 anos! Porque o Brasil tem períodos de ditadura, entrecortados de momentos de democracia. E é mais ditadura do que democracia. Hoje estamos vivendo a democracia, mas tem gente que parece doida pela volta de uma ditadura. Então, tem esses movimentos de rua, que são necessários, que são importantes. E que vocês estejam aqui é ótimo; que os senhores gritem é ótimo; que a mocidade vá para a rua e proteste, debata e discuta é ótimo; mas, se acontece o que vem acontecendo, que queimem 300 ônibus no Rio de Janeiro, 300 ônibus reduzidos a cinzas no Rio de Janeiro, isso é um absurdo.

            Há um movimento de radicalização, querendo levar o Brasil para um campo que ele não quer. Nesta hora da véspera de Copa do Mundo, eu não sou do Governo, eu não tenho simpatia pelo Governo, mas, se depender de mim, os campos vão estar lotados, o Brasil vai ser campeão (Palmas.), porque não me importa, a mim não importa, a questão da radicalização. Se a Dilma vai tirar vantagem, que tire! Mas, em primeiro lugar, está o Brasil; depois estão aqueles de quem eu posso não gostar.

            E a grande questão é essa. É essa a análise que os senhores têm que pensar. Os senhores podem pensar no caminho de vocês, e, se há uma profissão que eu admiro e respeito e acho da maior importância é a profissão dos caminhoneiros, pessoas que realmente lutam. Eu vejo, já peguei carona, nas campanhas eleitorais, lá no Rio Grande do Sul. Os caminhões vão de São Paulo em direção a Porto Alegre. E quantas vezes a gente pegou carona de um lugar a outro, porque tinha comício aqui e tinha comício ali, entre Osório e Santo Antônio, entre Santo Antônio e Porto Alegre? E eu via motoristas que estavam chegando a Porto Alegre, cansados, com os olhos arregalados, esgotados. E eu via, ali no cinzeiro, o vidrinho das pílulas que tinham que tomar para se manterem acordados. Eu sei o que é essa luta, eu sei o que é essa dificuldade, mas a verdade é que essa dificuldade cada um vive ao seu jeito.

            O Brasil vai viver um grande momento agora, na escolha do seu Presidente! Nós temos que cobrar dos nossos candidatos a responsabilidade de dizer o que querem, para onde vão e o que desejam fazer.

(Soa a campainha.)

(Palmas.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Nós temos que preparar, realmente, a obrigatoriedade de que a sociedade tenha o direito de conhecer os seus candidatos.

            Acho, Sr. Presidente, com toda a sinceridade, e eu defendo, Sr. Presidente, de coração aberto, que é uma hora definitiva. Vamos selecionar, vamos escolher, vamos mostrar alguém que, realmente, cumpra com a realidade.

            Este Brasil é um país grande, é um país rico. O Brasil é o país que tem as maiores terras agricultáveis do mundo inteiro. O mundo inteiro não tem as terras agricultáveis que tem o Brasil. As terras agricultáveis que tem o Brasil, essas reservas, podem alimentar o mundo inteiro!

            O Brasil é o maior país com reservas de água doce do mundo inteiro. No mundo inteiro, não há um país que tenha as reservas de água doce que nós temos. E hoje, meus irmãos, água doce é mais importante do que petróleo, porque ela está se rarefazendo e ela é absolutamente necessária.

            O Brasil é um grande povo, é um grande país, é uma grande nação. Tem todas as condições de ocupar uma posição de liderança no mundo. Para isso, é necessário que nós nos imponhamos, que nós nos demos as mãos, que essa corrupção escandalosa que anda pelo Brasil termine, que o povo possa olhar para nós, para o Congresso Nacional, para o Presidente da República, discordar ou aplaudir, mas ver ali gente de bem, que mereça respeito, que use o nosso dinheiro a serviço da dignidade, a serviço da sociedade, a serviço de nosso País!

            Com prazer, Senador. (Palmas.)

            O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - Senador, quero me congratular com seu excelente discurso - e, como sempre, com sua verve formidável -, mas sobretudo com o tema que o senhor está trazendo: a importância de a gente lembrar o que aconteceu no regime militar e do risco que a gente tem de retrocesso, mesmo que não seja de militares. Eu disse há pouco, em um aparte ao Senador Jarbas, que a sensação que eu tenho hoje - e o senhor é testemunha, pode não estar de acordo com meu sentimento - é de que o sentimento que vejo na rua, em relação a nós, políticos, é parecido com o sentimento que houve contra os militares nos anos 80: de descontentamento. E aí é porque nós não estamos dando as respostas. O senhor falou sobre os 300 ônibus queimados. Claro que isso é uma ameaça ao funcionamento da sociedade e mesmo ao processo democrático. Mas a culpa não é daqueles que queimam e, sim - ou mais -, de nós que não estamos entendendo por que eles estão queimando! A gente deveria parar este Senado, durante um tempo, para perguntar: por que, no Brasil, queimam ônibus? (Palmas.)

            O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - Não apenas quem, mas por que se queimam ônibus no Brasil? Algo leva a pessoa a tomar essa maluquice de queimar ônibus. É alguma forma de protesto por algum descontentamento do qual nós, como líderes deste País, somos responsáveis. Eu gostaria que mais gente ouvisse seu discurso e mais debate a gente tivesse para refletir por que, no Brasil, nós temos hoje... Antes, tivemos uma de 100 mil; agora, nós temos mil manifestações com 100 manifestantes. E mil manifestações com 100 manifestantes desorganizam mais o País do que uma só de 100 mil. Cem mil vão com faixas, passeiam e vão para casa. Mas mil manifestações com 100 manifestantes estarão sempre na rua, sempre acontecendo alguma coisa, e com esses riscos das violências que terminam ameaçando o sistema. Hoje, eu acho que nós estamos com o sistema ameaçado. Estamos! Não é ameaçados de golpe militar porque os militares não vão dar; mas é, de repente, surgir alguma coisa diferente numa eleição presidencial de forma a que se eleja alguém que não seja capaz, nem tenha vocação, nem queira manter o sistema democrático funcionando normalmente - como, aliás, tem acontecido em outros países da América Latina: nem é ditadura nem é democracia; é uma coisa que ninguém sabe direito o que é. Isso a gente pode ver... Não se vai ver nesta eleição, mas o esgotamento que estamos caminhando para sofrer no próximo governo - com inflação, com a dívida das famílias, com a crise ecológica -, isso pode levar ao surgimento de uma dessas lideranças malucas, que terminam conseguindo os votos. O senhor falou que nós somos o país com mais água doce do mundo, Senador Simon. Esta é a prova de como nós somos ruins no exercício de nosso trabalho: o país com mais reserva de água doce do mundo não tomou as providências para evitar que falte água na sua maior cidade! (Palmas.)

            O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - Não tomamos as medidas! Nós nos lembramos de fazer um estádio em São Paulo, mas não nos lembramos de fazer um açude a mais ao lado do Cantareira para que não faltasse água. Há seca, mas podia haver uma reserva maior se fossem dois, três. Ou podíamos ter pensado em trazer água de lugares mais distantes para lá. Somos imprevidentes. Isso, a imprevidência...

(Soa a campainha.)

            O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - E eu concluo com esta frase, Senador Paim: a imprevidência mata a democracia! E nós estamos sendo imprevidentes.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Eu agradeço o importante pronunciamento do aparte de V. Exª.

            Eu iria além do que V. Exª falou. Eu acho que um momento como este que o Brasil vive... Olha, nós estamos deixando de ter um presidente do Supremo que é uma figura extraordinária. O Ministro Joaquim Barbosa deu o maior exemplo da luta do Brasil contra a corrupção. Ele era alguém que podia fazer.

            Que bom seria se, neste momento, nós pudéssemos reunir o comando do País. Vão fazer uma eleição? Vão fazer uma eleição. Vão para um grande debate? Vão para um grande debate. Vão para uma grande luta? Vão para uma grande luta. Mas vamos botar na mesa as questões, as teses, o que nós queremos e para onde nós vamos.

            A reforma do sistema eleitoral. As grandes empreiteiras, as grandes empresas de fundo financeiro dão fortunas: 80% do dinheiro que vai numa campanha eleitoral sai das grandes empreiteiras e das grandes empresas financeiras. E, desses 80%, 70% do dinheiro vai para o partido que está no governo. Recebe o dinheiro, e quem ganha, no fim, são as grandes empreiteiras, são as grandes firmas. Isso tinha que ser proibido. Empreiteira e instituição financeira não são para dar dinheiro para fazer campanha! Quem tinha de fazer campanha é o povo, é a sociedade, e não alguém com uma montanha de dinheiro no bolso ser candidato a Deputado e espalhar, para tudo o que é lugar, o dinheiro que tem.

            Mas ninguém faz essa reforma. Essa reforma termina não saindo. Nós aprovamos aqui, no Senado, mas vai levar muito tempo para que ela seja aprovada. Nós precisamos fazer uma reforma. Hoje, há 31 partidos políticos. Vamos para uma eleição que é uma anarquia. Os senhores veem as alianças desses 31 partidos. Pega-se o apoio de um partido; ele não vale nada, não significa nada, não tem nada, mas ele tem um minuto e meio de televisão. Então, o outro partido, que é grande, paga ouro por esse um minuto e meio, dá um ministério, dois ministérios para ganhar esse minuto e meio no programa de televisão. Os grandes países têm dois, três, quatro partidos; nós temos trinta e tantos partidos.

            Nós temos um País onde, até ontem, só ia para a cadeia ladrão de galinha. Por isso, o ministro presidente hoje do Supremo - e que logo vai sair - se transformou numa liderança nacional, porque hoje, realmente, na presidência dele, o Supremo botou na cadeia Deputado, chefão, diretor financeiro. Gente rica foi para a cadeia, e o mensalão provou que é possível fazer justiça. Mas isso tem que ser feito a toda hora e a todo momento. O Brasil tem que entender... E se rouba à vontade, porque o cidadão sabe que rouba e não acontece nada. Rouba e não há nada demais. E aí está o Brasil campeão mundial da corrupção.

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Dizem que, entre a corrupção, da roubalheira em si, e entre a anarquia da nossa Administração...

            Uma Administração que tem 40 Ministérios! Sabem os senhores o que é isso? Quarenta Ministérios! Olha, se o gordo lá do programa de televisão da Globo, do domingo, se ele chamasse alguém e dissesse “diga o nome dos ministérios, quantos sabe?”, ninguém chegaria a mais de 10. Eu acho que a Presidenta Dilma não chega a 15. Nós temos 40 Ministérios - Ministério disso, Ministério daquilo, Ministério de não sei mais o quê, Ministério de não sei o quê, Ministério de não sei mais o quê. Por quê? Porque tem que dar um Ministério para aquela Bancada - de quatro, de cinco, de seis Senadores e Deputados - poder apoiar.

            Isso tem que terminar. Temos que ter realmente um País enquadrado, que tenha condições de ir, de avançar, de desenvolver, de progredir.

            O Brasil nasceu, meus irmãos, para ser uma grande nação. É uma grande nação. Lamentavelmente, temos um grande povo, mas a elite brasileira é muito ruim. Nós, a elite, que estamos no Governo, nós, que somos responsáveis por governar este País, somos uns incompetentes, somos uns irresponsáveis. Nós somos indignos de ter a confiança dos senhores, porque nós, lamentavelmente, pegamos o voto, agarramos o voto e saímos por aí, alguns atuando, roubando, e outros, não olhando, fingindo que não estão vendo nada.

            Isso tem que mudar! E é bom que mude com realeza, com dureza no voto, e não na ditadura, porque, lamentavelmente, daqui a pouco, vai aparecer, daqui mais uns dias, aparece um outro general, e esse general vai dizer de novo “salve a Pátria!”, e nós não vamos salvar a Pátria botando um outro general, porque, na verdade, é coisa de nada, e é fracasso de novo.

            Por isso, meus irmãos, é necessário, nesta hora, pararmos para meditar: qual é a razão de ser de quererem marcar concentrações na frente dos estádios de futebol, nos dias em que vai haver jogo da Copa do Mundo?

Qual a razão de querer fazer esse conflito desnecessário, absurdo e ridículo? Façam concentrações nas ruas, nas avenidas! Qual a razão de permitir mascarados, pessoas com máscaras, carregando ferros ou coisa que o valha nas concentrações? Passeata não é lugar de máscara. Em passeata, o cara tem que mostrar a cara, dizer quem é, o que quer e para onde vai.

            É necessário que realmente haja um entendimento. Seria necessário que a Senhora Presidente tivesse as condições, tivesse a serenidade, que parece que não tem, de convocar as lideranças do País para sentarem-se à mesa, debater e, nesta hora difícil que nós estamos vivendo, fazer uma regra: “é isso aqui que cada um vai fazer”. O Governo vai agir, sim, mas não vai usar toda a máquina do Governo para fazer campanha eleitoral. A Senhora Presidente não vai, pela manhã, pela tarde e à noite, estar inaugurando escola, fazendo isso e fazendo aquilo com o dinheiro público, fazendo a sua campanha, porque ela tem que ter a grandeza de entender que ela é Presidente da República de segunda a sexta. Pode ser que ela seja candidata nas horas vagas e no domingo, mas ela não pode, como Presidente, fazer campanha de candidata à Presidência da República.

            Essas coisas têm que ser feitas, meus irmãos. É necessário que essas coisas sejam feitas, e nós precisamos fazer.

            Que bom seria se a sessão fosse sempre assim. Que bom seria se o Congresso estivesse cheio como está hoje. Está cheio de pessoas defendendo justamente um projeto a que os senhores têm direito, mas que às vezes encontra... Que bom seria se, às vezes, o povo estivesse aqui para olhar para nós, para cobrar de nós, para exigir de nós a dignidade, a seriedade, a defesa da coisa pública.

            Meus abraços, meus irmãos, e que os senhores sejam felizes! (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/06/2014 - Página 64