Pronunciamento de Eduardo Suplicy em 11/06/2014
Discurso durante a 93ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Comentários sobre discurso proferido pela Presidente Dilma Rousseff acerca da Copa do Mundo; e outros assuntos.
- Autor
- Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
- Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
ESPORTE.
MOVIMENTO TRABALHISTA, POLITICA AGRICOLA.:
- Comentários sobre discurso proferido pela Presidente Dilma Rousseff acerca da Copa do Mundo; e outros assuntos.
- Aparteantes
- Anibal Diniz.
- Publicação
- Publicação no DSF de 12/06/2014 - Página 77
- Assunto
- Outros > ESPORTE. MOVIMENTO TRABALHISTA, POLITICA AGRICOLA.
- Indexação
-
- LEITURA, PRONUNCIAMENTO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ASSUNTO, INICIO, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL, LOCAL, BRASIL, REFERENCIA, CAPACIDADE, PAIS, SEDE, EVENTO.
- SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, CARTA, AUTOR, SINDICATO, TRANSPORTE METROVIARIO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DESTINATARIO, GERALDO ALCKMIN, GOVERNADOR, ASSUNTO, PEDIDO, REVISÃO, DEMISSÃO, DOCUMENTO, AUTORIA, FRENTE DE TRABALHO, LUTA, CAMPO, CIDADE, REFERENCIA, PAUTA, REIVINDICAÇÃO, ENTIDADE.
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Querida Senadora Gleisi Hoffmann, primeiramente, registro a presença aqui na tribuna de honra do Senado dos Vereadores Roberto Andrade e Silva, Betinho da Educação, e Marcelino, ambos da Câmara Municipal da Instância Balneária de Praia Grande, no Estado de São Paulo, que aqui vieram conversar com os Senadores de São Paulo a respeito do Centro de Aprendizagem Metódica e Prática de Praia Grande, que há 40 anos tem assistido os jovens da comunidade promovendo cursos das mais diversas naturezas.
A SRª PRESIDENTE (Gleisi Hoffmann. Bloco Apoio Governo/PT - PR) - Sejam muito bem-vindos, Vereadores.
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Srª Presidenta, em primeiro lugar, quero ressaltar aqui a extraordinária relevância do pronunciamento da Presidenta da República, Dilma Rousseff, ontem à noite sobre a Copa do Mundo de 2014, e aqui fazer alguns comentários, porque estou inteiramente solidário com respeito ao entusiasmo demonstrado pela Presidenta Dilma Rousseff.
Disse ela:
Minhas amigas e meus amigos, a partir desta quinta-feira, os olhos e os corações do mundo estarão voltados para o Brasil, acompanhando a maior Copa do Mundo da história. Pelo menos 3 bilhões de pessoas vão se deixar fascinar pela arte das 32 melhores seleções de futebol do Planeta.
Para o Brasil, sediar a Copa do Mundo é motivo de satisfação, de alegria e de orgulho. Em nome do povo brasileiro, saúdo todos que estão chegando para esta que será, também, a Copa pela paz e contra o racismo; a Copa pela inclusão e contra todas as formas de violência e preconceito; a Copa da tolerância, da diversidade, do diálogo e do entendimento.
A Seleção Brasileira é a única que disputou todas as Copas do Mundo realizadas até hoje. Em todos os países, sempre fomos muito bem recebidos. Vamos retribuir, agora, a generosidade com que sempre fomos tratados, recebendo calorosamente quem nos visita. Tenho certeza de que, nas 12 cidades-sede, os visitantes irão conviver com um povo alegre, generoso e hospitaleiro e se impressionar com um País cheio de belezas naturais e que luta, dia a dia, para se tornar menos desigual. Amigos de todo o mundo, cheguem em paz! O Brasil, como o Cristo Redentor, está de braços abertos para acolher todos vocês.
Brasileiras e brasileiros [disse a Presidenta Dilma], para qualquer país, organizar uma Copa é como disputar uma partida suada - e, muitas vezes, sofrida - com direito a prorrogação e disputa nos pênaltis, mas o resultado e a celebração final valem o esforço. O Brasil venceu os principais obstáculos e está preparado para a Copa, dentro e fora do campo.
Para que esta vitória seja ainda mais completa, é fundamental que todos os brasileiros tenham uma noção correta de tudo que aconteceu. Uma visão sem falso triunfalismo, mas também sem derrotismo ou distorções. Como se diz na linguagem do futebol: treino é treino, jogo é jogo. No jogo, que começa agora, os pessimistas já entram perdendo. Foram derrotados pela capacidade de trabalho e a determinação do povo brasileiro, que não desiste nunca.
Os pessimistas diziam que não teríamos Copa, porque não teríamos estádios. Os estádios estão aí, prontos. Diziam que não teríamos Copa, porque não teríamos os aeroportos. Praticamente, dobramos a capacidade dos nossos aeroportos. Eles estão prontos para atender quem vier nos visitar; prontos para dar conforto a milhões de brasileiros.
Chegaram a dizer que iria haver racionamento de energia. Quero garantir a vocês: não haverá falta de luz na Copa, nem depois dela. O nosso sistema elétrico é robusto, é seguro, porque trabalhamos muito para isso [Disse a ex-Ministra de Minas e Energia, Chefe da Casa Civil e, desde 2011, Presidenta do Brasil].
Chegaram também ao ridículo de prever uma epidemia de dengue na Copa em pleno inverno no Brasil!
Além das grandes obras físicas e da infraestrutura, estamos entregando um sistema de segurança capaz de proteger a todos, capaz de garantir o direito da imensa maioria dos brasileiros e dos nossos visitantes que querem assistir aos jogos da Copa.
Estamos entregando também um moderno sistema de comunicação e transmissão que reúne o que há de mais avançado em tecnologia, incluindo redes de fibra ótica e equipamentos de última geração, em todas as 12 sedes.
A Copa apressou obras e serviços que já estavam previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Construímos, ampliamos ou reformamos aeroportos, portos, avenidas, viadutos, pontes, vias de trânsito rápido e avançados sistemas de transporte público. Fizemos isso, em primeiro lugar, para os brasileiros.
Tenho repetido que os aeroportos, os metrôs, os BRTs e os estádios não voltarão na mala dos turistas, ficarão aqui beneficiando todos nós. Uma Copa dura apenas um mês, os benefícios ficam para toda a vida.
Os novos aeroportos não eram necessários apenas para receber turistas na Copa. Com o aumento do emprego e da renda, o número de passageiros mais que triplicou nos últimos dez anos: de 33 milhões em 2003, saltamos para 113 milhões de passageiros no ano passado, e deveremos chegar a 200 milhões em 2020. Por isso, precisávamos modernizar nossos aeroportos para, acima de tudo, melhorar o dia a dia dos brasileiros que, cada vez mais, viajam de avião.
Agora, também temos estádios modernos e confortáveis, de Norte a Sul do País, à altura do nosso futebol e dos nossos torcedores. Além de servir ao futebol, serão estádios multiuso: vão funcionar também como centros comerciais, de negócios e de lazer e serão palcos de shows e festas populares.
Tem gente que alega que os recursos da Copa deveriam ter sido aplicados na saúde e na educação. Escuto e respeito essas opiniões, mas não concordo com elas. Trata-se de um falso dilema. Só para ficar em uma comparação: os investimentos nos estádios, construídos em parte com financiamento dos bancos públicos federais e, em parte, com recursos dos governos estaduais e das empresas privadas, somaram R$8 bilhões.
Desde 2010, quando começaram as obras dos estádios, até 2013, o Governo Federal, os Estados e os Municípios investiram cerca de R$1,7 trilhão em educação e saúde. Repito: R$1,7 trilhão. Ou seja, no mesmo período, o valor investido em educação e saúde no Brasil é 212 vezes maior que o valor investido nos estádios.
Vale lembrar, ainda, que os orçamentos da saúde e da educação estão entre os que mais cresceram no meu Governo.
É preciso olhar os dois lados da moeda. A Copa não representa apenas gastos, ela traz também receitas para o País. É fator de desenvolvimento econômico e social. Gera negócios, injeta bilhões de reais na economia, cria empregos.
De uma coisa não tenham dúvida: as contas da Copa estão sendo analisadas, minuciosamente, pelos órgãos de fiscalização. Se ficar provada qualquer irregularidade, os responsáveis serão punidos com o máximo rigor.
[...] o Brasil que recebe esta Copa é muito diferente daquele País que, em 1950, recebeu sua primeira Copa. Hoje, somos a sétima economia do Planeta e líderes no mundo em diversos setores da produção industrial e do agronegócio. Nos últimos anos, nosso País promoveu um dos mais exitosos processos de distribuição de renda, de aumento do nível de emprego e de inclusão social. Reduzimos a desigualdade em níveis impressionantes, levando, em uma década, 42 milhões de pessoas à classe média e retirando 36 milhões de brasileiros da miséria.
Somos também um País que, embora tenha passado há poucas décadas por uma ditadura, tem hoje uma democracia jovem, dinâmica e pujante. Desfrutamos da mais absoluta liberdade e convivemos com manifestações populares e reivindicações que nos ajudam a aperfeiçoar, cada vez mais, nossas instituições democráticas, instituições que nos respaldam tanto para garantir a liberdade de manifestação como para coibir excessos e radicalismos de qualquer espécie.
Meus queridos jogadores e querida comissão técnica, debaixo da camisa verde-amarela, vocês materializam um poderoso patrimônio do povo brasileiro. A Seleção representa a nacionalidade. Está acima de governos, de partidos e de interesses de qualquer grupo. Por isso, vocês merecem que um dos legados desta Copa seja também a modernização da nossa estrutura do futebol e das relações que regem nosso esporte. O Brasil precisa retribuir a vocês e a todos os desportistas tudo o que vocês têm feito por nosso povo e por nosso País. O povo brasileiro ama e confia em sua Seleção. Estamos todos juntos para o que der e vier.
Viva a paz!
Viva a Copa!
Viva o Brasil!
Obrigada e boa noite.
Assim, concluiu a querida Presidenta Dilma, transmitindo palavras de extraordinária confiança, inclusive em nossos craques.
Eu até li, há pouco, a notícia de que, na conferência entre os jogadores e técnicos, anteontem, na Granja Comary, no preparo, estava o Neymar,...
(Soa a campainha.)
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - ... um de nossos principais craques, a dizer aos seus companheiros: “Aqui não há ninguém de nariz empinado. Todos nós queremos colaborar uns com os outros.”
É esse, Senadora Gleisi Hoffmann, querida Presidente, o estado de espírito dos nossos craques neste campeonato.
Senador Anibal Diniz, com prazer.
Eu ainda preciso registrar dois documentos, mas concedo o aparte a V. Exª, Senador Anibal Diniz, com muita honra.
O Sr. Anibal Diniz (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Eu quero tomar um pouquinho do tempo do Senador Suplicy para me congratular com o seu pronunciamento, que faz alusão à fala que a Presidenta fez ontem à Nação. Ao mesmo tempo, faço alguns esclarecimentos muito importantes. Com relação à Copa, Senador Suplicy, o pronunciamento de V. Exª é muito apropriado porque a Presidenta Dilma deixou muito claro que, se as despesas com estádios chegaram a R$8 bilhões, de 2010 a 2013, os investimentos do Estado brasileiro com educação e saúde chegaram a R$1,7 trilhão. Portanto, o investimento em saúde e educação nesse período, comparado com o investimento em estádios, foi 212 vezes maior. É algo realmente muito impactante, para mostrar que, em nenhum momento, o Governo brasileiro, o Governo da Presidenta Dilma deixou de dar atenção à saúde e à educação para dar conta da agenda de organizar bem esta Copa do Mundo, para bem receber todos os povos que estarão aqui presentes, as 32 seleções representadas.
(Soa a campainha.)
O Sr. Anibal Diniz (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Outro aspecto, Senador Suplicy, é reafirmar o que disse o Presidente Lula: nós somos plenamente defensores do direito legítimo de as pessoas se manifestarem, mas desde que as manifestações não afetem o direito de as pessoas irem aos estádios em paz, assistirem aos jogos, e o direito de todos que estão nos visitando de se locomover de um ponto para outro das cidades-sede, sem interrupção das suas programações neste período da Copa. Parabéns pelo pronunciamento. E vamos, juntos, com todo o otimismo, torcer pela seleção brasileira. O que nós podemos fazer, neste momento, é juntar todas as nossas forças para que a seleção tenha um excelente resultado em campo.
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Muito obrigado, Senador Anibal Diniz.
Eu queria saudar os jovens estudantes que vêm nos visitar no Senado.
Já tem o nome da escola?
(Soa a campainha.)
A SRª PRESIDENTE (Gleisi Hoffmann. Bloco Apoio Governo/PT - PR) - Qual é o nome da escola que está nos visitando?
(Manifestação da galeria.)
A SRª PRESIDENTE (Gleisi Hoffmann. Bloco Apoio Governo/PT - PR) - Ah, muito bem. Sejam muito bem-vindos, viu?
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Sejam muito bem-vindos. (Palmas.)
Do Liceu Francês, com estudantes de diversos países; meninos e meninas que - acredito - vão assistir à Copa do Mundo e, também, com muita alegria, participar.
Senador Anibal Diniz, que possa a Presidenta Dilma - e todos nós - ouvir as manifestações, os apelos de todos esses jovens, porque os resultados advindos de toda a receita dessa visita tão expressiva de pessoas de todo mundo, e tudo que vai gerar a Copa, significarão receitas, seja no turismo…
(Soa a campainha.)
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - … nos hotéis, no comércio, na indústria, nos restaurantes, etc. Que possam tais recursos ser canalizados para essas demandas de melhoria da qualidade de educação, do atendimento de saúde, do transporte coletivo, enfim, de todas as demandas.
Mas, Srª Presidenta, eu peço alguns instantes a mais, primeiro, para registrar aqui a carta de quarenta e poucos metroviários, sindicalistas, que foram demitidos pelo Metrô, em São Paulo, e que fazem um apelo. Eu quero também transmiti-la ao Governador Geraldo Alckmin para que sejam revistas as demissões. Eles estão, a partir das 17 horas, realizando uma assembleia no Sindicato dos Metroviários.
(Soa a campainha.)
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Eu acho muito importante que haja a compreensão do Governador Geraldo Alckmin. Eu acredito que ele está recebendo esta carta e que poderão também os metroviários atender o apelo de não haver greve, sobretudo no dia de amanhã, estreia da Copa do Mundo.
Que todos os paulistanos e visitantes possam ir e vir na, cidade de São Paulo, para onde desejarem, mas que haja a compreensão do Governador Geraldo Alckmin em suspender a demissão daqueles que lutaram tanto pela causa.
E inclusive considero que o ajuste proporcionado pelo Governador Geraldo Alckmin, finalmente acordado,...
(Soa a campainha.)
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo /PT - SP) - ... foi, de fato, maior do que a inflação.
E gostaria também de registrar aqui a carta que me foi enviada pela Frente Nacional de Luta Campo e Cidade, que no último domingo havia me convidado para estar presente, em Assis, durante a marcha da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares do Brasil, da Frente Nacional de Luta, Campo e Cidade, e inclusive pelo líder José Rainha.
E aqui está a pauta de reivindicações da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade, que trata dos temas da federalização da reforma agrária, do combate à desertificação com edificação de uma comunidade assentada sustentável, cidadania ambiental e educação ambiental, fortalecimento da atividade produtiva sustentável através do crédito e investimento...
(Interrupção do som.)
(Soa a campainha.)
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo /PT - SP) - ... construir a cidadania e dignidade de direitos dos assentados como brasileiro pela convivência coletiva, preservação e desenvolvimento da comunidade de pescadores artesanais, educação e moralização dos assentamentos e, ainda, ter uma casa para morar como direito sagrado do ser humano.
Peço, Srª Presidente, que seja transcrita na íntegra tanto a carta dos metroviários quanto a da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade.
Muito obrigado, e que V. Exª também torça com muita alegria pelo Felipão, pelo Neymar e por todos os craques da nossa seleção.
Muito obrigado.
DOCUMENTOS ENCAMINHADOS PELO SR. SENADOR EDUARDO SUPLICY EM SEU PRONUNCIAMENTO.
(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e §2º, do Regimento Interno.)
Matérias referidas:
- Carta da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade;
- Carta dos metroviários do Estado de São Paulo