Discurso durante a 91ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Pesar pelo falecimento do ex-jogador de futebol Fernandão; e outros assuntos.

Autor
Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Ana Amélia de Lemos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESPORTE. HOMENAGEM. IGREJA CATOLICA, POLITICA INTERNACIONAL.:
  • Pesar pelo falecimento do ex-jogador de futebol Fernandão; e outros assuntos.
Aparteantes
Pedro Simon, Rodrigo Rollemberg.
Publicação
Publicação no DSF de 10/06/2014 - Página 647
Assunto
Outros > ESPORTE. HOMENAGEM. IGREJA CATOLICA, POLITICA INTERNACIONAL.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, MORTE, ATLETA PROFISSIONAL, FUTEBOL, VITIMA, ACIDENTE AERONAUTICO, HELICOPTERO, LOCAL, ESTADO DE GOIAS (GO), LEITURA, TEXTO, AUTORIA, JORNALISTA, ASSUNTO, HOMENAGEM.
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, FUNDAÇÃO, ASSOCIAÇÃO DOS PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS (APAE), OBJETIVO, COMENTARIO, IMPORTANCIA, TRABALHO, RELAÇÃO, INCLUSÃO, PESSOA COM DEFICIENCIA, CONTRIBUIÇÃO, MÃO DE OBRA, MERCADO DE TRABALHO.
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, ENCONTRO, PARTICIPAÇÃO, PAPA, LIDER, PAIS ESTRANGEIRO, ISRAEL, PALESTINA, OBJETIVO, TENTATIVA, SOLUÇÃO, CONFLITO.

            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Maioria/PP - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Caro Presidente desta sessão, Senador Alvaro Dias, caros colegas Senadores, nossos telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, hoje eu venho à tribuna, na semana em que o Brasil abre as portas ao mundo apreciador do futebol, não só para me referir a esse evento, que é o maior do mundo, mas para começar falando de uma tragédia que abalou a história do futebol gaúcho, goiano e também brasileiro: a morte, num acidente de helicóptero, do jovem de apenas 36 anos, Fernando Lúcio da Costa, carinhosamente chamado pelos torcedores "Fernandão".

            Pai dos gêmeos Enzo e Eloá, já estava o Fernandão consagrado pela admiração e respeito de técnicos, colegas de equipe, ou das equipes onde ele trabalhou, de torcedores, de comentaristas. Jogou futebol e continua sendo um exemplo como pessoa, em primeiro lugar, e como craque. Morreu um atleta cujas qualidades foram exaltadas até por aqueles que torciam para o adversário - no caso do Rio Grande do Sul, o Grêmio.

            O tamanho dessa tragédia foi refletido pela emoção que tomou conta do Internacional, da torcida colorada espalhada pelo Rio Grande do Sul.

            Ontem, Senador Alvaro Dias, quando eu saía de Canela para Porto Alegre, para tomar o voo para Brasília, eu vi muitas bandeiras do Internacional com uma tarja preta, símbolo do luto por aquele atleta que comandou, em 2006, o que aqueles que não tinham esperanças consideravam improvável: a vitória do Internacional na grande disputa com o Barcelona.

            O Beira-Rio, com Fernandão, passou a ser diferente, porque o Fernandão, pela sua juventude, pela sua força e pelo seu carisma, encantava, sobretudo, as crianças. A morte dele é uma perda dolorida para os colorados, mas também para os gaúchos apreciadores do bom futebol.

            Por isso, eu faço questão de, hoje, ao fazer - e tenho certeza de que o faço em nome do Senador Simon, do Senador Paim, que são os representantes aqui no Senado - referência a essa perda, prestar solidariedade e condolências à família dele, à família goiana, porque ele honrou o Estado onde nasceu, Goiás - onde ele morava, aliás -, e onde morreu, porque estava saindo de Aruanã, território goiano, à noite, para voltar a Goiânia. Também deixou um vazio de muita tristeza na SportTV, de onde ele seria comentarista.

            Eu vou tomar a liberdade, com a licença dos autores, de dois cronistas festejadíssimos: o Paulo Sant’Ana, que é gremista doente no bom sentido, pelo seu fanatismo pelo Grêmio; e de um colorado, o Luís Fernando Veríssimo.

            O Paulo Sant’Ana escreveu na sua coluna de domingo o seguinte belo texto:

Corro para o jornal no sábado pela manhã, quando sou sacudido como todos pela morte do ex-jogador do Internacional Fernandão.

Ele estava em um helicóptero, junto com quatro amigos que também morreram, talvez de passeio por uma região de veraneio em litoral de rio em Goiás.

Era um ídolo colorado. O melhor jogador do time vermelho na conquista do título mundial de clubes pela agremiação do Beira-Rio.

Ironicamente, o gol do título contra o Barcelona foi marcado por Gabiru, que entrou no lugar de Fernandão, lesionado.

Tinha apenas 36 anos o Fernandão, era jovem, podia estar jogando ainda futebol. O Zé Roberto do Grêmio é bem mais velho e está aí jogando.

Era jovem e a morte o colheu quando estava se preparando para comentar a Copa do Mundo pelo canal SporTV.

Só para salientar a grandeza de Fernandão no Internacional, me apanhei no sábado, quando recebi a notícia da morte, com os olhos marejados de lágrimas. Afinal eu tinha, embora gremista, que acordar minha filha e minha mulher, coloradas doentes, para dar-lhes a notícia do infausto acontecimento.

Sempre que vejo assim uma morte tão surpreendente, me lembro de um sexteto do meu poeta imortal Augusto dos Anjos:

‘É a morte, esta carnívora assanhada

Serpente má, de língua envenenada

Que tudo que acha no caminho come

Sinistra mulher que a 1 de janeiro

Saiu para matar o mundo inteiro

E o mundo inteiro não lhe mata a fome’ [Esse é o sexteto de Augusto dos Anjos, transcrito pelo grande cronista Paulo Sant’Ana, que prossegue:]

Fernandão marcou o gol número 1.000 da história dos Gre-Nais.

O Internacional e seus torcedores teriam de mandar erguer em algum canto do Beira-Rio um mausoléu para Fernandão, mesmo que ele seja natural de Goiás.

É que o coração não tem fronteiras.

           E o Luís Fernando Veríssimo, que é colorado, escreveu esta crônica:

De poucos jogadores se pode dizer que inspiraram e lideraram um time, como fez o Fernandão no Inter, que chegou a Yokohama e ao campeonato mundial em 2006. O único outro exemplo que me ocorre é o do Falcão no tricampeonato brasileiro em 1979.

No futebol ninguém ganha sozinho, claro, mas, no caso do Fernandão, sua personalidade contagiou o resto, foi o caráter de um mobilizando o todo. O espírito vencedor do Fernandão era tão forte, que até dispensou sua presença física no campo daquele inesquecível final do mundial contra o Barcelona. Mesmo ausente, ele estava lá; mesmo ausente, ele continuará aqui.

            Na verdade, às vezes, Senador Pedro Simon, as pessoas nos perguntam o que três Senadores temos a ver, quando - V. Exª, o Paim e eu - defendemos o interesse do Internacional em relação ao Oscar, numa disputa com o São Paulo.

            As pessoas que interpretaram dessa forma não entendem ou não quiseram entender que futebol hoje é um patrimônio imaterial. E, para o Rio Grande do Sul, como para os cariocas, para os paranaenses, para os goianos, ser do seu time é pertencer a um patrimônio intangível, que tem um valor extraordinário, que é o valor do seu princípio de afeto a uma causa, que é um time de futebol, que encarna a tradição, a história e o valor que se dá a um esporte tão popular quanto o futebol - não só no Brasil, não só no Brasil. O mundo inteiro se curva ao futebol. O mundo inteiro! Reis, rainhas, príncipes, presidentes, governantes, primeiros-ministros, todos se curvam ao futebol, pela magia que aquela quadra verde representa para o mundo.

            O Papa, torcedor do San Lonrenzo, fez o milagre de tirar o Grêmio - claro, milagre para eles, porque nós, gaúchos, não gostamos! Claro que há a rivalidade entre gaúchos e colorados, entre gremistas e colorados, claro, mas é para ver aonde chega a relevância do futebol, que serve para uma torcida da paz no Haiti ou para outra referência na África. É o campinho da várzea ou da periferia, em que a criançada, com a sua bola, às vezes de pano, vai fazer aquilo que é prazeroso.

            Então, aquilo que fizemos, como estou fazendo hoje, agora, é o respeito que tem um Parlamentar que representa um Estado de tantas e tão fortes convicções da sua cultura, da sua tradição, pelo futebol, não só em relação ao Internacional e ao Grêmio, que têm, aliás, os dois mais bonitos estádios do Brasil e que vão ser palco de muita história ainda: o Beira-Rio e o Arena do Grêmio. Belíssimos estádios, os dois próximos do Guaíba, cada um ao seu estilo, mas os dois revelando a grandeza que faz do futebol essa paixão, esse contágio e essa reverência, agora, a esse jovem, Fernandão, que morreu, enlutando a família colorada e a família de quem gosta do bom futebol e de atletas como ele, que, jovem, faleceu num acidente de helicóptero.

            Então, estou usando isso porque estamos na semana da Copa do Mundo, e o Fernandão seria o comentarista do SporTV. Então, de todos, pelos depoimentos que ouvi, no SporTV e nas emissoras, foi exatamente esse de respeito e veneração a esse atleta que, precocemente, nos deixa, mostrando, também, que a vida é muito fugaz e que precisamos ter respeito por ela e viver cada vez melhor.

            O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. Bloco Minoria/PSDB - PR) - Senadora Ana Amélia, desculpe interrompê-la, mas eu gostaria, também, de me associar aos sentimentos de V. Exª em relação a essa ausência, a partir do falecimento do ex-jogador Fernandão, uma figura emblemática do futebol brasileiro, que marcou a sua passagem nos campos do Brasil e do exterior com uma postura inteligente, com um comportamento exemplar dentro e fora de campo. Por isso, nossa homenagem póstuma a ele, a solidariedade à família e, principalmente, aos torcedores do Colorado.

            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Maioria/PP- RS) - Muito obrigada.

            O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. Bloco Minoria/PSDB - PR) - E a V. Exª, também, por, oportunamente, fazer referência a esse fato.

            V. Exª diz bem: o futebol não é apenas uma atividade lúdica. O futebol é uma atividade econômica essencial, geradora de renda, de receita pública. Portanto, uma atividade promotora do desenvolvimento.

            No mundo, o futebol mobiliza, anualmente, mais de US$200 bilhões. Mais de US$200 bilhões é o que o futebol mobiliza, anualmente, no mundo. Veja, portanto, a importância.

            A única discordância de V. Exª é que nós temos que conferir, ainda, qual é o estádio mais bonito do Brasil, Senador Pedro Simon.

            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Maioria/PP- RS) - Há controvérsia, não é, Senador?

            O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. Bloco Minoria/PSDB - PR) - Há controvérsias, porque lá no Paraná, também, a Arena da Baixada, certamente, é um estádio belíssimo e pode entrar nessa competição do mais bonito do Brasil.

            O Sr. Pedro Simon (Bloco Maioria/PMDB - RS) - É que, no Paraná...

            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Maioria/PP - RS) - Não vou brigar com o senhor porque acho que cada um tem...

            O Sr. Pedro Simon (Bloco Maioria/PMDB - RS) - No Paraná, ainda não acabaram o estádio, estão terminando. Tem que esperar terminar para ver como é que vai ficar.

            O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. Bloco Minoria/PSDB - PR) - (Risos.)

            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Maioria/PP - RS) - (Risos.) Viu? São dois contra um, Senador Alvaro. Agora, são dois a defender.

            O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. Bloco Minoria/PSDB - PR) - Eu estou em minoria hoje. (Risos.)

            V. Exª continua com a palavra.

            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Maioria/PP - RS) - Muito obrigada, Senador Alvaro.

            O senhor fez o aparte na hora extremamente oportuna, porque o Fernandão realmente era um jovem que cativava, até mesmo pela força dele, pelas declarações dele. Acho que ele também faria bem aqui se estivesse na política.

            Com muito prazer, concedo um aparte ao Senador Pedro Simon.

            O Sr. Pedro Simon (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Eu agradeço muito a presença de V. Exª na tribuna. V. Exª realmente fala em nome de nós, seus colegas Senadores do Rio Grande, mas fala em nome de todo o Rio Grande - tenho certeza de que inclusive dos gremistas. O Fernandão é daquelas figuras que não era apenas um grande jogador de futebol. Com sua personalidade, seu estilo, seu comando, a credibilidade que impunha a todos que o cercavam, ele era um fenômeno catalisador de um time. No Internacional, ele se transformou num grande ídolo. E talvez o momento mais histórico do Internacional, ao longo de toda a sua história, foi exatamente quando chegou a ser campeão do mundo, ganhando do Barcelona, lá no campeonato mundial. E lá estava o Fernandão. Homem que, quando voltou para o Colorado agora, pela última vez, voltou com amor, voltou com alma, voltou com sentimento, voltou com vontade de acertar. E, numa hora de crise do Internacional, ele aceitou deixar de jogar futebol para ser o técnico do Internacional. Realmente, 35 anos, 36 anos é a flor da idade, até para jogar futebol. Muita gente com a idade dele ainda joga e está inclusive nas seleções que estão hoje no Brasil, defendendo vários países. Morreu tragicamente, acidente de helicóptero, morreu no início da Copa mundial. Tenho certeza, filho de Goiânia, e vi pela televisão as homenagens que recebeu, a imensidão de goianienses que lá estavam e de gaúchos, de colorados que, inclusive com a camisa do Colorado, fizeram questão de ir a Goiás. Eu me sinto realmente triste. Jovem, na flor da idade, ele, que tinha grandes disposições, era uma pessoa - eu tinha convicção - daquelas que, passada a fase do esporte, pela idade, ele continuaria trabalhando pelo esporte, pela cultura, na capacidade e na competência. Fernandão - acho que o Veríssimo foi muito feliz: Fernandão e o Falcão foram dois homens que, em momentos importantíssimos do futebol colorado, impuseram a sua capacidade, a sua competência, a sua liderança, fazendo com que a equipe os acompanhasse. Através de V. Exª, eu também levo as minhas sentidas homenagens ao povo de Goiás, ao povo gaúcho, à família de Fernandão e ao nosso querido Sport Club Internacional. Muito obrigado.

            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Maioria/PP - RS) - Obrigada, Senador Pedro Simon, pelas palavras.

            Eu queria que tanto esse aparte do Senador Pedro Simon quanto o do Senador Alvaro Dias fizessem parte deste meu pronunciamento, meu caro Presidente.

            Na quinta-feira - hoje é segunda-feira -, abre-se oficialmente a Copa do Mundo, e há uma expectativa muito grande sobre isso. Hoje, chamou-me muito a atenção uma das mais interessantes matérias, talvez, sobre a Copa do Mundo, até pelas questões relacionadas ao comércio e ao relacionamento que temos, político, diplomático, com a maior economia do mundo, os Estados Unidos. Chamou-me a atenção porque os Estados Unidos tiveram, no futebol, uma projeção com a presença do Pelé naquele país; um país que, tradicionalmente, gosta de basquete, futebol americano, beisebol e hóquei. E os Estados Unidos, que começaram a se interessar por futebol, acabaram revelando uma grande surpresa: mandarão, para a Copa do Mundo, o maior contingente de torcedores entre todos os outros países, Senador Simon. Cerca de 90 mil torcedores!

            Nós imaginaríamos que o Brasil seria “invadido”, no bom sentido, pelos argentinos, que estão tão perto. Não! Os Estados Unidos mandarão quase 100 mil torcedores; a Argentina, 61 mil; a Alemanha, 58 mil; a Inglaterra, 57 mil; a Colômbia, 54 mil; e a Austrália, 52 mil. Esses 90 mil torcedores compraram os 196 mil ingressos que foram comercializados nos Estados Unidos.

            Os Estados Unidos estão batendo todos os recordes de compra de ingressos: 196.838 ingressos, contra 61 mil da Argentina, 58 mil da Alemanha, 57 mil da Inglaterra, 54 mil da Colômbia e 52 mil da Austrália.

            Então, isso prova realmente que a vinda desses torcedores dos Estados Unidos tem um grande significado, porque os americanos vêm também para conhecer o que o Brasil tem de bom na área do turismo. Isso é extremamente relevante, e eles vão fazer a diferença já nesta Copa, para dar a demonstração clara de quanto é relevante o futebol nos seus valores.

            Estou terminando, Presidente.

            Senador Alvaro Dias, Senador Pedro Simon, Senador Rodrigo Rollemberg, hoje tivemos aqui uma sessão especial de homenagem aos 60 anos das APAEs no Brasil. Foi uma comovente sessão, pela presença, em todo este plenário, dos alunos das APAEs aqui do Distrito Federal, de dois projetos de inclusão - um da Biblioteca do Senado e outro da Biblioteca da Câmara. Esses alunos das escolas de APAEs do DF estavam presentes uniformizados. Eles trabalham na limpeza dos bens de patrimônio cultural, como os livros ou obras de arte, que precisam, minuciosamente, ser limpadas para serem preservadas.

            Então, a sessão de hoje me comoveu muito - fui autora desse requerimento - e queria relembrar que, atualmente, existem, no meu Estado, no nosso Estado, Senador Simon, 209 APAEs em quase todos os 497 Municípios. No Brasil, são 2.125 APAEs, inclusive no Paraná, do Senador Alvaro Dias, onde uma figura notável, que fiz questão de registrar, Flávio Arns, fez um trabalho belíssimo na defesa, na Comissão de Educação, da Meta 4, que falava preferencialmente na questão da educação especial para permitir que as APAEs tivessem direito.

            A Apae de Porto Alegre foi fundada em 22 de agosto de 1962. A Apae de Porto Alegre possui duas escolas: uma no Bairro Glória, a Escola de Educação Especial Nazaré, e outra no Bairro Vila Nova, a Escola de Primeiro Grau Incompleto Dr. João Alfredo de Azevedo. As duas escolas atendem juntas mais de 400 alunos.

            A Apae de Lagoa Vermelha, minha cidade, chamada de Escola de Educação Especial Cantinho da Esperança - olha que nome bonito! - foi fundada em 3 de julho de 1980, conta com 110 alunos, atende também alunos de um Município próximo de Capão Bonito do Sul. O presidente é o Ovidio Danielli, e a diretora, Loiva Staforti.

            Segundo o IBGE, Senador Alvaro Dias, 10% da população brasileira possui algum tipo de deficiência, seja visual, auditiva, física, mental, com doenças raras ou também intelectual.

            Então, a cerimônia de hoje foi muito bonita porque eles, os protagonistas das APAEs, e a presidente da Federação das APAEs do Brasil, Aracy, estavam aqui presentes para nos saudar.

            Dou, com muito prazer, o aparte ao Senador Rodrigo Rollemberg.

            O Sr. Rodrigo Rollemberg (Bloco Apoio Governo/PSB - DF) - Muito obrigado, Senadora Ana Amélia. Cumprimento V. Exª e, de forma muito especial, eu a cumprimento pela realização da sessão solene de hoje. Não pude estar presente, porque fui participar de uma atividade na Universidade de Brasília, mas quero registrar que aqui, neste plenário, neste momento, há cinco Senadores que foram solidários na discussão do Plano Nacional de Educação: a senhora, o Senador Cristovam, o Senador Alvaro Dias, o Senador Simon e eu.

            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Maioria/PP - RS) - Com a Meta 4.

            O Sr. Rodrigo Rollemberg (Bloco Apoio Governo/PSB - DF) - Com aquela modificação na Meta 4 no sentido de garantir o funcionamento dos Centros de Ensino Especial e das APAEs em todo o Brasil.

            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Maioria/PP - RS) - O Senador Valdir Raupp, que está também no plenário...

            O Sr. Rodrigo Rollemberg (Bloco Apoio Governo/PSB - DF) - Desculpe, não tinha visto o Senador Valdir Raupp. Quero registrar, Senadora Ana Amélia, que, no sábado, fui tomado de grande emoção porque fui a uma festa junina no Centro de Ensino Especial que V. Exª, juntamente com o Senador Cyro Miranda, visitou...

            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Maioria/PP - RS) - A seu convite.

            O Sr. Rodrigo Rollemberg (Bloco Apoio Governo/PSB - DF) - ... a meu convite, durante a discussão do Plano Nacional de Educação. E fui surpreendido: no meio da festa, chamaram-me ao palco para fazer uma homenagem - que recebi em nome de todos os Senadores que atuaram pela Meta 4 - que me deixou extremamente emocionado. Ali, mais uma vez, tive o depoimento de muitos pais de que seria uma insensibilidade muito grande não reconhecer que, hoje, as escolas de ensino regular ainda não estão preparadas para receber os alunos com todos os tipos de deficiência.

            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Maioria/PP - RS) - É verdade.

            O Sr. Rodrigo Rollemberg (Bloco Apoio Governo/PSB - DF) - É muito importante, e todos que estão aqui defendem a ampliação do ensino inclusivo, que avançou no nosso País, mas tem de avançar muito mais. E temos a obrigação de reconhecer que as escolas não estão preparadas para receber os alunos com alguns tipos de deficiência mais grave, Senador Alvaro Dias. E foi muito emocionante receber o depoimento de pais. Assim, eu me associo à homenagem que V. Exª fez hoje às APAEs, porque sou um amigo da Apae do Distrito Federal, sou testemunha do trabalho importante que a Apae desenvolve no Distrito Federal, que é um trabalho complementar - e assim deve ser entendido -, mas extremamente importante.

            Portanto, eu me associo aqui à homenagem que V. Exª faz às APAEs e agradeço, do fundo do coração, a homenagem que recebi do Centro de Ensino Especial do Distrito Federal, que tem uma rede de 13 centros de ensino especial. Muito obrigado, Senadora Ana Amélia.

            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Maioria/PP - RS) - Eu agradeço imensamente ao Senador Rodrigo Rollemberg, dizendo que conheci esses centros de educação especial pública aqui em Brasília e fiquei comovida quando estivemos lá. Imagino a sua emoção ao receber essa homenagem, também solidário com o que nós fizemos aqui.

            Eu quero encerrar, Senador Alvaro Dias, fazendo uma referência ao que aconteceu nessa tragédia que levou o líder Fernandão e uma referência a essa homenagem singela, mas extremamente importante, dos 60 anos das APAEs no Brasil.

            Encerro com uma imagem que o século XXI precisa sublinhar, pintar com todas as cores e com as letras mais bonitas, que é a foto do Papa Francisco ao lado do líder israelense e do líder muçulmano, para tentar selar a paz no Oriente Médio. Tenham fé na paz. E ninguém melhor do que o Papa Francisco, que teve a capacidade, a iniciativa, a grandeza, o humanismo e a justiça de, com o simbolismo que ele encarna, fazer aquele ato para tentar o fim dos conflitos no Oriente Médio.

            O Papa Francisco reuniu ontem o Presidente de Israel, Shimon Peres, e o Líder da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, para uma cerimônia de oração conjunta nos jardins do Vaticano. A iniciativa, proposta durante a recente visita do Papa à Terra Santa, busca colaborar para a aproximação dos dois povos, após o fracasso das negociações nesse sentido, iniciadas em abril.

            "Para se conseguir a paz, é preciso valor, muito mais do que para fazer a guerra" -declarou o líder católico, que mostrou alegria pela maneira calorosa como se cumprimentaram Abbas e Peres. "É preciso valor para dizer sim ao encontro, e não ao confronto; sim ao diálogo, e não à violência; sim à negociação, e não à hostilidade; sim ao respeito dos pactos, e não às provocações.”

            Eu penso que essas declarações do Papa Francisco marcam o século XXI de maneira indelével, de maneira fantástica. E nós estaremos vendo que esse ciclo, a partir dessa cena, que não apenas é uma foto-família, uma foto de um momento histórico, mas que ele consiga, com essa imagem, realizar o grande encontro da paz no Oriente Médio. Que o gesto de Francisco sirva também às nossas lideranças políticas no Brasil, para evitar o confronto, o desrespeito, já que estamos numa campanha eleitoral. E que essa campanha seja limpa, limpa como o Papa Francisco gostaria que fosse, não só no Brasil, mas em todos os lugares do mundo.

            Muito obrigada, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/06/2014 - Página 647