Pronunciamento de Pedro Simon em 09/06/2014
Discurso durante a 91ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Apoio à Seleção Brasileira de Futebol e preocupação com protestos violentos durante a Copa do Mundo.
- Autor
- Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
- Nome completo: Pedro Jorge Simon
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
ESPORTE, MANIFESTAÇÃO COLETIVA.:
- Apoio à Seleção Brasileira de Futebol e preocupação com protestos violentos durante a Copa do Mundo.
- Aparteantes
- Cristovam Buarque.
- Publicação
- Publicação no DSF de 10/06/2014 - Página 672
- Assunto
- Outros > ESPORTE, MANIFESTAÇÃO COLETIVA.
- Indexação
-
- APOIO, TIME, FUTEBOL, BRASIL, RELAÇÃO, CAMPANHA, CAMPEONATO MUNDIAL, APREENSÃO, POSSIBILIDADE, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, MOTIVO, GASTOS PUBLICOS, REALIZAÇÃO, EVENTO, VIOLENCIA, POPULAÇÃO, POLICIAL.
O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Parlamentares, depois de amanhã, ou melhor, na quinta-feira inicia-se finalmente a Copa do Mundo, de que o Brasil, ao longo desses cinco anos, vem tratando, cuidando, fazendo, deixando de fazer, mas é manchete permanente.
Não há dúvida de que, dentre os acontecimentos que atraem a atenção do mundo inteiro, a Copa do Mundo é um desses eventos, o esporte mais praticado, mais apreciado por todos. Chega a ser impressionante o poder, a força que a Fifa tem e o grau de comunicação, de penetração que ela tem pelo universo inteiro.
A televisão vem mostrando as chegadas das delegações - são 34 - e, na verdade, o Brasil hoje é uma concentração mundial que atrai atenção e as manchetes. E as televisões, a partir de quinta-feira, serão transmitidas para praticamente para o mundo inteiro.
Ao longo desse tempo é intenso o debate que se faz no Congresso, na sociedade brasileira em torno da Copa. Dizem que o Brasil é a capital mundial do futebol. Pode ser, pode não ser, mas dificilmente se encontrará um país onde a população aprecie mais o futebol do que o Brasil.
O congresso mundial da Fifa decidiu fazer um megaprogresso, um megaplano espetacular de realizações, fazendo com que seja, como diz a Presidenta, a Copa das Copas.
Independentemente de Governo e de Oposição, várias são as manchetes positivas que se podem analisar em função do evento e várias são as manchetes negativas que se podem fazer. Estádios modernos, bonitos no Rio Grande do Sul, em São Paulo, no Paraná, no Rio, pelo Brasil inteiro, com obras inacabadas, prometidas, garantidas, que não chegaram a bom tempo.
O que eu quero analisar é que quinta-feira começa o congresso.
O jogo de inauguração no estádio do Corinthians não foi um bom início. E as manchetes e as notícias que estão circulando também não são um bom presságio.
É natural que o Governo esteja querendo faturar de tudo que é jeito. É natural que o Governo, às vésperas de uma eleição, um congresso, dois, três meses antes da votação, queira somar pontos para o Governo. E é natural que a Oposição esteja vendo os erros, a falta disso, a falta daquilo e que, inaugurado o aeroporto de Brasília, uma maravilha, três dias depois, chove dentro do aeroporto. As críticas são naturais e os elogios, também.
Mas o que eu quero dizer, Sr. Presidente, é que acho que o que vem sendo noticiado de preparativos para os dias da Copa - protestos, caras-pintadas, demonstrações de revolta -, eu sou um Senador independente, mas acho que não é bom isso. Acho profundamente prejudicial colocar uma questão dessa, em que é o Brasil que está na análise, e esses preparativos que se estão a imaginar.
O Governo já se preparou, inclusive com homens cujo aparato, parece que vieram de outro planeta. O Governo está se preparando para o que der e vier. Não apenas as Polícias Civis e Militares, mas as Forças Armadas estão de prontidão. Precise do número que precisar, Marinha, Aeronáutica e Exército estão preparados. E isso é muito ruim.
Olha, podemos ter as nossas desavenças, e são enormes. Podemos ver as críticas à Presidenta, e são imensas. Agora, por exemplo, a Presidenta inaugura uma obra dia por dia. Essa tese de que a campanha só vai começar em 5 de julho é uma piada, porque a Presidenta se movimenta, leva todo o aparato... Havia um, dois, três, quatro para fazer as suas inaugurações. Que se critique, mas está aí a se movimentar.
Preparar uma ação de protesto, de rebelião, acho profundamente negativo. Preparar exatamente para o início da partida, às vésperas do início da partida, na frente do estádio, concentração de protesto, com toda sinceridade, não acho que é a maneira de fazer política, não acho que é a maneira de agir, não acho que é a maneira de protestar. Não soma para ninguém, nem para a Oposição.
Eu vejo amigos de oposição que chegam a torcer. Outro dia, estavam vendo que, se o Brasil sair em primeiro ou em segundo da sua chave, da chave com quem ele vai concorrer, ele poderá pegar a Espanha ou a Holanda. Então já diziam: “Tomara que pegue a Espanha e perca para a Espanha.”
Eu não acredito. Acho que isso é coisa de véspera de campanha, véspera de futebol, mas até, se quiser, eu não estou discutindo. No Rio Grande nós temos muito disso. Se o cidadão é gremista, o Internacional pode jogar com o inferno que ele vai torcer pelo inferno contra o Internacional. Mas eu não acredito que esse seja o problema.
O problema, Sr. Presidente... E eu faço um apelo veemente à própria imprensa, que está cumprindo o seu papel, divulgando, analisando, publicando, noticiando, prevendo, no sentido de evitar que isso aconteça; aos partidos de oposição, no sentido de não colaborarem para que isso aconteça.
O que impressiona é saber que há discussão entre grupos que estão se preparando para isso com grupos de presidiários. Grupos organizados lá na penitenciária de São Paulo estão fazendo trama para trabalharem juntos. É difícil acreditar, mas é bom prevenir.
Acho que a Copa do Mundo poderá ser um evento muito importante para o nome e para o prestígio do Brasil. Isso é bom. Acho que, da maneira como cresceu, como se desenvolveu, com 34 países, transmitindo para o mundo inteiro, o Brasil será conhecido, o Brasil será respeitado e nós todos ganharemos com isso.
Pode a Copa do Mundo ser o maior sucesso, pode o Brasil ser hexacampeão que eu não acredito que, dois meses depois, na hora da eleição, esse será um fator de determinação de que a Senhora Presidenta ganhará a eleição. Como também não acredito que, se for um fiasco a Copa do Mundo, se se fizer a anarquia que se está a anunciar, isso significará que a Presidenta perderá a eleição.
É claro que há influência, que há paixão, que há luta, mas, terminados dois meses, é o suficiente para a cabeça voltar ao lugar, esfriar e se votar de acordo com a consciência. É por isso que eu me preocupo, eu me angustio.
Neste mês de junho faz um ano desde junho do ano passado. Quantas vezes vim a esta tribuna chamar a atenção, estimular e felicitar os jovens, porque saíram às ruas, saíram, desde a defesa das causas, como passagem escolar a vinte centavos, até a defesa das causas da dignidade, da ética e da moral, até a defesa da causa de uma ação que foi popular, um projeto popular, com 1,7 milhão assinaturas, que é a Ficha Limpa, quando a mocidade, na rua, pressionou este Congresso e este Congresso votou. A mocidade na rua assistiu, movimentou-se, foi ao Supremo, e o mensalão não foi um fiasco. O mensalão fez o que tinha de fazer e puniu quem tinha de punir.
Um ano faz desses movimentos. E a imprensa tem publicado, analisado, inclusive jovens que participaram, perguntando o que eles farão agora, neste junho. Uns desiludidos, outros assustados, mas o que se vê é que os jovens que realmente estariam se movimentando no sentido desse arrasta multidão não são propriamente os jovens na luta pelo ideal da sua pátria.
Assim como quem pega o metrô e leva duas horas da cidade onde mora para chegar ao seu local de trabalho e, quando não tem o metrô, fica alucinado, caminhando sem saber para onde vai, o que fazer, é claro que o trabalhador que trabalha no metrô também chora pelo seu salário e quer um salário melhor. Mas daí a aproveitar um momento como este da Copa do Mundo, quando a Nação está inteiramente unida no sentido de somar o que há de melhor, para fazer uma greve e levá-la adiante, mesmo já tendo a decisão sido tomada pela Justiça e o salário acordado entre os dirigentes sindicais e os dirigentes dos trabalhadores na Justiça trabalhista?! Não cumprindo a decisão, a Justiça trabalhista declara a greve ilegal. São R$500 mil por dia de multa, se não cumprirem.
A Justiça e o Governador dizem que, se fizerem greve, estão cometendo um ato ilegal e podem ser demitidos por justa causa. E, no meio disso tudo, as coisas continuam. Aonde querem chegar? Aonde querem chegar?
O acordo foi feito. O sindicato o aceitou, mas não foi cumprido pelos trabalhadores. Nova reunião, nova discussão. A Justiça diz que, a partir daí, a greve é ilegal. Se não voltarem ao trabalho, multa de R$500 mil por dia. Se não voltarem ao trabalho, podem ser demitidos por justa causa. Não é hora de parar para pensar?
Parece que alguns querem, nesta hora, neste momento, na véspera de se iniciar o campeonato, trazer à baila uma questão dessa natureza. E as pessoas que estão agindo, se movimentando, marcarem as reuniões para a frente dos estádios, no dia do jogo e na hora em que se inicia, não é bom. Ninguém está buscando o melhor com isso.
Os trabalhadores terão a vida inteira para lutar pelos seus direitos, e nós defendemos o direito que eles têm de lutarem por aquilo a que eles têm direito. Mas a Nação, no seu contexto, tem direito a viver o momento que está vivendo. E não é possível, de repente, se fosse pelo desejo de alguns, romper uma explosão de raiva, de briga, de quebra-quebra e tudo o mais a ponto de se suspenderem, ou coisa parecida, os jogos.
Eu sempre defendi o direito de greve na rua, em praça pública, no Congresso. Acho justo, acho que os direitos dos trabalhadores têm que ser absolutamente respeitados.
Tenho restrições enormes ao serviço de transporte coletivo, principalmente de alguns lugares e de determinados setores onde os empresários das empresas de transporte se juntam, e não há a devida liberdade e seriedade na fiscalização, na escolha e na seleção. Muitas vezes, o preço da passagem termina subindo, com prática vil, onde há Câmara de Vereadores, onde há funcionários de Governo e tudo o mais.
Eu sei que isso é real; é um debate que não terminará aqui. Mas nós temos tempo; não precisa ser agora. É o apelo que eu faço com toda sinceridade. Acho que o Lula foi de uma vaidade quase doentia. O Presidente da FIFA, quando começaram a culpar a FIFA por causa disso e por causa daquilo, disse:
Não, nós queríamos fazer o campeonato mundial que nem era. Se eu não me engano, era em 12 sedes. Se dependesse do Presidente da República, ele queria em todas as capitais dos Estados. O Lula queria fazer um estádio em cada capital de Estado, nós é que não concordamos [nós, da FIFA, diz o presidente].
Eu concordo que está errado. Eu concordo na promessa exagerada. Depois, não vejo por que construir o estádio do Corinthians. Só porque o Lula era do Corinthians? O estádio do Morumbi estava ali, era só fazer uma reforma; um estádio preparado para 150 mil pessoas. Fizessem as reformas ali! Em Porto Alegre, terminou-se fazendo dois estádios: o Internacional, escolhido o campo, reformou o seu; o Grêmio vai demolir, vai implodir um estádio de alto gabarito, para 60 mil pessoas, e construir um estádio novo, uma arena nova, melhor que a do Inter, e vai implodir o velho, como se fôssemos um país de milionários.
E por aí aconteceram coisas erradas? Sim, coisas erradas. Aliás, uma das discussões que tivemos e que debati desta tribuna foi a seguinte: o Governo querer aplicar a fórmula de fiscalização na construção, no geral, como fez no futebol, é um escândalo, porque, na construção dos estádios, a começar pelo daqui, está todo mundo olhando e dizendo que se gastou mais do que o dobro do que precisaria.
Tudo isso é exato, esse debate vai continuar, tudo isso é correto, mas daí a anarquizar a Copa, daí a deixar uma imagem para o Brasil que vai atingir a nós todos, eu não acho justo; sinceramente, eu não acho justo!
Nem que somasse para mim, nem que somasse para o meu Partido, nem que eu tivesse alguma vantagem de ordem político-partidária, assim eu não quero, juro por Deus que eu não quero! Eu acho que a nossa obrigação é o nosso País. Fazendo esse quebra-quebra, fazendo essa anarquia que eles querem fazer, vai terminar como? Podemos até perguntar: mas, se nós fizermos isso, vai terminar melhor? Não vai terminar melhor! Não vai terminar melhor!
Eu tive, no passado, uma crise, não digo igual a esta, mas mais ou menos nesse sentido. Na ditadura, no auge, no duro da ditadura, havia muita gente que queria ir à baila: “Vamos quebrar, arrebentar, vamos largar bomba, vamos fazer uma guerrilha que nem a que Fidel Castro fez em Cuba e vamos derrubar o Governo!”.
Eu fui um dos líderes dos movimentos que fui contra e até de covarde fui chamado: “Não tem coragem?!”. E eu dizia: Não, medo eu não tenho, mas vamos sentar à mesa e vamos ver quais são as chances que temos de ganhar. Exército, Marinha, Aeronáutica, Governadores de Estado, Igreja - todas as Igrejas -, empresarial, burguesia, o americano ali do lado, todo mundo está nos cercando. E nós somos quem? Cassação, tortura, violência, medo, terror, a grande imprensa, lavagem cerebral, como é que nós vamos ganhar nesta terra? Nós vamos dar pretexto para eles irem, para bombardearem, para matarem, para durar não sei quanto tempo.
E nós, que éramos chamados de covardes, construímos a democracia neste País, exatamente com os jovens na rua, exatamente sem derramar uma bala, sem matar ninguém, falando, debatendo, analisando, desmoralizando o processo, defendendo as Diretas Já, reunindo este Congresso, desmoralizado que era. Pois ele se reuniu e legitimou o processo, elegeu Tancredo, fez a democracia, e os militares voltaram para os quartéis, onde estão até hoje.
Não, senhores, pelo amor de Deus, não pensem, quem está me assistindo, que eu estou preocupado com o prestígio da D. Dilma ou do Dr. Lula. Não é essa a minha preocupação. Estou preocupado com o meu País, com o futuro do meu País. O Lula passa, e a Dilma também. Vem aí eleição, vêm aí novos tempos e nova realidade, mas o prestígio do Brasil no mundo, quem é o Brasil, quem somos...
Que justiça seja feita: estamos crescendo. O Brasil é hoje muito melhor em nível de mundo, conhecido, do que era cinquenta anos atrás. Hoje o Brasil é conhecido, é respeitado, é uma Nação que tem lugar na economia, que tem lugar no campo político, que tem presença. E temos que somar, para que isso cresça, para que isso vá adiante. Os homens passam, os partidos passam, mas o Brasil deve continuar.
Eu estou chegando ao final da minha caminhada. Poderia até dizer "que se dane!". Não! Eu quero que a gente vá adiante, ainda que sob palmas para o Sr. Lula e para a D. Dilma. Eu quero que o Brasil saia melhor.
Pois não, Senador.
O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - Senador Simon, eu quero me somar a esse seu sonho, seu apelo. Devo ter sido dos primeiríssimos a ficar contra a vinda da Copa para cá. Primeiros meses depois, eu manifestei que considerava um equívoco. O País precisando tanto de escola, e investir numa operação de Copa do Mundo. De lá para cá, fiz críticas, especialmente aqui na minha cidade, no Distrito Federal, em relação a esse crime cometido pelo Governador que fez esse estádio. Mas, a partir de agora, essa Copa, não dando certo, é um prejuízo muito maior para o Brasil do que todo o prejuízo que ela fará. O prejuízo está feito. Daqui a 20, 30, 50 anos, a história vai analisar - eu espero estar enganado -, mas eu acho que vai concluir que foi o maior escândalo de prioridade equivocada da história do País. O maior de todos, eu acredito! Mas que digam que foi um equívoco na prioridade, que foi um equívoco na forma incompetente como as obras foram feitas, mas que não se espalhe no mundo que nós não fomos capazes de fazer os jogos acontecerem, serem transmitidos e assistidos por 2 milhões de pessoas, que, se não me engano, é a estimativa dos que vão assistir aos jogos. O Brasil não pode correr o risco de passar para o mundo que nós, o povo, não somos capazes de nos comportar durante a Copa. Que o Governo Lula e Dilma não foi capaz de fazer a Copa como prometeram já está provado para nós. Agora, trata-se de provar o nosso comportamento de povo. Este aí exige que essa Copa funcione direito, que ela passe ao mundo a ideia de que o Brasil levou adiante a sua Copa. E depois que ela passar? Eu convido o senhor, no dia seguinte, a fazermos aqui o julgamento dos que trouxeram a Copa sem nos consultar. Porque a gente critica muito o fato de ter vindo a Copa; a gente nunca critica o fato de o Lula ter decidido isso sem passar pelo Congresso, sem consultar, que eu saiba, nenhuma instância. Foi um instinto dele de que isso era bom; uma irresponsabilidade com o povo. Depois que passar a Copa, a gente vem aqui e julga, analisa, critica, mas até lá eu espero que cada um da gente se comporte. Nós não somos culpados de como isso vai ser ou não do ponto de vista do funcionamento, mas do comportamento do povo, sim. Eu espero que a gente tenha um comportamento digno e que colabore para que o Brasil fique bem na foto; pelo menos não pior do que já está. O estrago já foi muito grande. Não vamos nós colaborar para que esse estrago seja maior ainda. Vamos colaborar para diminuir o estrago que já foi feito, fazendo com que a Copa funcione bem, pelo menos no que diz respeito ao nosso comportamento. Por isso eu quero me somar ao seu apelo e à sua manifestação. Agora, vamos fazer a Copa. Depois a gente julga os que cometeram a irresponsabilidade de trazê-la e os que cometeram a ineficiência de não administrá-la bem.
O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Eu agradeço muito o aparte de V. Exª, porque ele se somou muito ao meu pronunciamento e completou em muito o meu pensamento.
Realmente tem razão V. Exª: uma coisa foi organizar a Copa, outra coisa é realizar a Copa. E nós, realizando-a bem, apesar dos erros, estamos mostrando a soma do nosso povo.
É importante salientar que, se alguma coisa de errado acontecer, se alguma desgraça acontecer, o mundo não vai falar nem em Lula, nem em Dilma: vai falar em povo brasileiro, vai falar em Brasil, vai falar “naquele povo brasileiro, naquela gentinha que fez isso, que fez aquilo”. Quer dizer, não vai ser ali que A, B ou C vão ser julgados. Nós temos que mostrar quem é o nosso povo, quem é a nossa sociedade.
Uma coisa que dá para fazer - se eu tivesse capacidade, eu faria -, seria muito bacana que a sociedade organizada, essa mocidade que está aí caminhando e ainda não tem condições de se organizar nesse sentido... Uma coisa seria boa: não botar máscara, não pegar madeira, pau, ferro, mas que houvesse caminhadas, que houvesse uma organização pacífica, ordeira, de brasileiros. Sem mais nada. Sem absolutamente mais nada. “Viva o Brasil!” Aí seria diferente.
E tem razão V. Exª: mesmo que o Brasil seja hexa - e tomara que seja -, será feito o julgamento do que foi feito e do que não foi feito; do que está certo e do que está errado. Esse é um dos momentos que depende de nós.
O Governo está até preparado. E não duvido de que algumas autoridades de segurança vão gostar que haja algumas brigas para mostrar força, para mostrar prestígio, para mostrar competência, para mostrar como eles estão aptos, como no Primeiro Mundo, a acabar com qualquer altercação.
Por isso, meu apelo ao nosso povo, à nossa gente e ao Governo também: que a orientação das autoridades de segurança seja a de prevenir, mas que também não haja exagero na hora de evitar.
Afora isso, que Deus esteja conosco. E, cá entre nós, tanta coisa está dando errado no Brasil. Bem que pelo menos merecíamos ganhar essa Copa do Mundo. Acho que valeria a pena, mesmo que tenhamos contra nós a torcida do Papa Francisco, que tenho certeza estará torcendo para a sua Argentina.
Aliás, falando em Papa Francisco, meu abraço fraterno à Sua Santidade. O que ele fez, a reunião que fez no Vaticano, a capacidade, a genialidade de reunir Israel e o mundo árabe e de ficar ali...
Eu me perguntava: mas onde ele vai fazer a reunião, na Capela Sistina? A imprensa tinha publicado que ele ia fazer a reunião lá na... Uns chamam de hotel, outros chamam de morada, que é onde ele está residindo, junto com os outros. Ele fez a reunião nos jardins, onde não aparecia nenhum sinal, nenhuma cruz, nenhuma estátua, nenhum santo, nem coisa nenhuma: a natureza. E os três, em três cadeiras iguais, falando ao mesmo tempo na sua língua, dizendo que estavam apenas rezando - rezando pela paz.
Não fizeram tratativas, não discutiram, e o Papa fez questão de dizer - não tentando dizer A, B, C ou o que deve ser feito - apenas: “Vamos pedir ao nosso Deus que consigamos fazer a paz”.
Que Deus atenda ao Papa Francisco nessa justa pretensão, que é do mundo inteiro.
Quanto ao futebol, o máximo que eu desejo à Sua Santidade é que a Argentina seja o segundo lugar, depois do Brasil em primeiro.
Muito obrigado.