Discurso durante a 86ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Anúncio do início das obras do “PAC da Mobilidade” em Rio Branco; e outros assuntos.

Autor
Anibal Diniz (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Anibal Diniz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES. ESPORTE. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO, ELEIÇÕES.:
  • Anúncio do início das obras do “PAC da Mobilidade” em Rio Branco; e outros assuntos.
Publicação
Publicação no DSF de 03/06/2014 - Página 183
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES. ESPORTE. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO, ELEIÇÕES.
Indexação
  • ANUNCIO, INICIO, OBRAS, PROGRAMA DE ACELERAÇÃO DO CRESCIMENTO (PAC), LOCAL, RIO BRANCO (AC), ESTADO DO ACRE (AC), OBJETIVO, MELHORIA, TRANSPORTE COLETIVO, INFRAESTRUTURA, ESTRADA.
  • EXPECTATIVA, REALIZAÇÃO, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL, LOCALIDADE, BRASIL, COMENTARIO, GASTOS PUBLICOS, CONSTRUÇÃO, ESTADIO, OBRAS, INFRAESTRUTURA, POSSIBILIDADE, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, LOCAL, EVENTO, IMPORTANCIA, PAIS, TURISMO.
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ENTREVISTA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PERIODICO, CARTA CAPITAL, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ASSUNTO, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL, LOCAL, BRASIL, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, ECONOMIA NACIONAL, AUMENTO, INVESTIMENTO, EDUCAÇÃO, GOVERNO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), CANDIDATO, DISPUTA, ELEIÇÕES, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco Apoio Governo/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Paulo Paim, Srs. Senadores, telespectadores da TV e ouvintes da Rádio Senado, ocupo inicialmente a tribuna para informar que, no último sábado, dia 31 de maio, o Governador Tião Viana e o Prefeito Marcos Alexandre deram início, em Rio Branco, ao PAC da Mobilidade, em Rio Branco. É um programa, um projeto financiado pelo Governo Federal, que tem como protagonista o Prefeito de Rio Branco, o Prefeito Marcos Alexandre, e o apoio direto do Governo do Estado, por intermédio do Governador Tião Viana.

            O Prefeito Marcos Alexandre e o Governador Tião Viana dão início às obras de duplicação de sete ruas e avenidas na capital do Acre. Esse ato aconteceu no último sábado, 31 de maio, e faz parte do PAC 2, que é o Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC da Mobilidade, que foi lançado pela Presidenta Dilma para todo o Brasil e para as cidades de porte médio, perfil no qual se enquadra a nossa capital do Acre, a cidade de Rio Branco.

            Os investimentos para a duplicação, alargamento e urbanização de vias públicas ultrapassam R$60 milhões, recursos do Governo Federal com contrapartida do Município, que vão melhorar a mobilidade urbana de Rio Branco.

            A mobilidade urbana é um desafio para as médias e grandes cidades do Brasil e do mundo. Os investimentos em infraestrutura são fundamentais para melhorar a fluidez do trânsito e também a fluidez do transporte público, e a mobilidade urbana é um problema que afeta a maior parte da população que depende de transporte público. Por isso, a preocupação com o alargamento, duplicação e melhoramento das vias, principalmente as que dão acesso ao centro e aos principais bairros da cidade de Rio Branco.

            Em 2005, a cidade de Rio Branco tinha em torno de 56 mil veículos. Agora já são mais de 140 mil veículos, quantidade superior ao número de imóveis da capital, que é de pouco mais de 100 mil imóveis.

            As ruas e as avenidas que serão duplicadas ou alargadas e também urbanizadas pela Prefeitura de Rio Branco são a Getúlio Vargas, a Campo Grande, a Rua São Salvador, a Estrada da Floresta, a Estrada das Placas, a Estrada Apolônio Sales, a Rua João XXIII e a Estrada da Sobral, com obras acontecendo simultaneamente na cidade.

            O Prefeito Marcus Alexandre fez questão de dizer, durante a assinatura da ordem de serviço, que se trata da sequência de um trabalho que vem desde a gestão do ex-Prefeito Raimundo Angelim, que foi considerado à época um dos melhores do Brasil, juntamente com o Prefeito de Campo Grande. Esse PAC da Mobilidade Urbana de Rio Branco faz parte de um trabalho que vem desde a gestão do ex-Prefeito Raimundo Angelim, com apoio do Governador Tião Viana, ainda em 2013, quando ele criou as condições para o projeto de duplicação dessas vias, ruas e avenidas, para que a cidade de Rio Branco sofresse essas melhorias.

            Vale ressaltar também que toda gestão dos governos da Frente Popular tem tido uma atenção muito especial para com a cidade de Rio Branco. Quando Jorge Viana era Governador, ele construiu o Parque da Maternidade, ampliou a Rua Antônio da Rocha Viana, fez a estrada do aeroporto duplicada, construiu a Via Chico Mendes, construiu a Terceira Ponte, construiu a Via Verde, fez uma série de investimentos, de tal maneira que houve um importante impacto de melhoria para a cidade de Rio Branco.

            Quando veio o Governador Binho Marques, ele deu continuidade a essas ações. Ele construiu a Avenida Amadeo Barbosa, fez a Quarta Ponte no centro de Rio Branco, fazendo a ligação do Primeiro com o Segundo Distrito, facilitando o acesso no rumo da Corrente, no rumo da Arena da Floresta, e fez a duplicação da maior parte da Avenida Ceará, de tal maneira que deu também uma grande contribuição para melhoria do trânsito, do tráfego na cidade de Rio Branco.

            Agora a dupla Marcus Alexandre e o Governador Tião Viana dá um novo passo, um passo importante, com esse PAC da Mobilidade, que vai atingir sete importantes ruas da cidade de Rio Branco e, dessa maneira, vai contribuir para maior fluidez no trânsito e facilitar o transporte coletivo, porque essas vias vão ficar alargadas, com melhor condição para a trafegabilidade.

            Por isso vai o nosso cumprimento especial ao Prefeito Marcus Alexandre, ao Governador Tião Viana, pela dedicação que eles estão tendo, no sentido de buscar soluções para a melhoria da nossa cidade de Rio Branco.

            E quero fazer esse registro aqui, porque sei que eles vivem momentos de dificuldade. Rio Branco passou grandes dificuldades neste ano, início de ano, com alagação. Depois teve uma outra dificuldade por conta da interrupção da BR-364, que deixou, durante 60 dias, a cidade de Rio Branco com muitas dificuldades. E o Governador Tião Viana teve uma intervenção muito forte, no sentido de permitir que o mínimo necessário, que aquilo que era indispensável, aqueles bens de consumo mais indispensáveis não faltassem na cidade. Houve toda uma mobilização nesse sentido, mas devo reconhecer que, na última vez em que fui a Rio Branco com o Ministro das Cidades e o Ministro da Integração Nacional, nós fizemos juntos, participamos do ato de entrega das primeiras 392 casas do Cidade do Povo. E agora, no último sábado, o Governador Tião Viana e o Prefeito Marcus Alexandre anunciaram essa importante intervenção, no sentido de contribuir para melhorar ainda mais a cidade de Rio Branco.

            Veja que eu estou, ao mesmo tempo, falando das dificuldades que enfrentamos no início do ano, mas tão logo o verão está começando, porque estamos exatamente no início do verão, esses primeiros dias de junho, já temos uma presença da Prefeitura, uma presença do Governo do Estado no sentido de resolver os principais problemas da cidade.

            Então fica o nosso cumprimento especial ao Governador Tião Viana, ao Prefeito Marcus Alexandre e à população de Rio Branco, que vai, com certeza, beneficiar-se desse grande investimento que o Governo do Estado, juntamente com a Prefeitura, com recursos do Governo Federal, através da solidariedade plena da nossa Presidenta Dilma Rousseff, vai fazer, essa intervenção em sete ruas que vão melhorar vários bairros de Rio Branco e, certamente, vai contribuir para melhorar a fluidez do trânsito na nossa capital.

            Senador Paulo Paim, Senadores aqui presentes, eu gostaria de, também aproveitando este momento, dizer que, há pouco, concedi uma entrevista à TV Senado, que estava abordando vários Senadores da República sobre a sua expectativa em relação à Copa, o que os Senadores estão pensando. E eu, como sempre muito otimista, manifestei o meu otimismo em relação à Copa aqui no Brasil.

            Acho que os torcedores, de um modo geral, gostam da ideia de a Copa estar sendo realizada no Brasil. Quem gosta de futebol certamente vai se felicitar com esse evento. O fato de a Copa do Mundo estar sendo realizada no Brasil gera tamanho impacto que até o futebol se paralisou ontem - foi a última rodada antes da Copa -, numa prova de que tudo se paralisa no que diz respeito ao futebol, para aguardar, com grande expectativa e ansiedade, o início da Copa do Mundo, que vai acontecer no dia 12 de junho.

            Amanhã mesmo, a seleção brasileira faz um amistoso contra o Panamá aqui próximo, na cidade de Goiânia. E ontem eu já ouvia notícias de que, dos 40 mil ingressos colocados à venda, Senador Paim, no domingo já haviam sido vendidos 20 mil, ou seja, há uma grande expectativa para um jogo-treino da seleção brasileira, quanto mais para os jogos oficiais que vão acontecer.

            Então, eu falava dessas expectativas todas e, claro, fui questionado sobre todos os aspectos: em relação, por exemplo, às despesas feitas, aos questionamentos, aos protestos. E o que posso dizer é que as pessoas têm todo o direito do mundo de fazer os seus protestos, que são legítimos, as reivindicações, que são legítimas, mas também é legítimo o direito de quem comprou um ingresso para assistir a um jogo da Copa ter a liberdade de poder chegar em paz, tomar o seu assento e assistir aos jogos exatamente como está previsto no seu contrato: comprou ingresso para ver os jogos.

            E nós, que somos os anfitriões desta Copa do Mundo, temos a responsabilidade de bem receber a todos que nos visitarem, porque a Copa do Mundo é um evento promovido pelo Brasil, pela Confederação Brasileira de Futebol. O Governo brasileiro está envolvido, assim como os governos estaduais onde os jogos acontecem e há certamente o esforço de todos para fazer uma boa recepção, porque, certamente, com o Brasil sendo mostrado durante os 30 dias dos jogos da Copa de maneira farta em praticamente todos os países do Planeta, nós temos total convicção de que isso vai contribuir para uma grande visibilidade, uma visibilidade positiva do nosso País.

            A partir daí, Senador Paim, eu não tenho dúvida de que o turismo nacional, que é pouco explorado, apesar do grande potencial turístico que o Brasil tem… O Brasil não é um grande destino turístico do ponto de vista numérico. Há outros países bem menores que o Brasil que têm indicadores do turismo infinitamente maiores que os nossos. Acredito que, certamente, com a realização da Copa, com a visibilidade que o Brasil vai ganhar nesse período da Copa, vamos ter um grande salto de visitantes. E o que podemos oferecer de melhor para os nossos visitantes? O nosso sorriso, a nossa boa acolhida, a nossa boa culinária, a nossa boa música, os nossos eventos culturais.

            A Fan Fest certamente vai ser uma das maiores festas do mundo, porque aqui, quando há Copa, mesmo que ela não seja no Brasil, a cada jogo há um carnaval. Então certamente vai haver muita festa na rua, vai ser certamente um evento muito divertido.

            E, no que diz respeito às despesas, que são tão questionadas em relação aos custos, o que podemos dizer é que todo evento, seja um festival de roque, seja um evento de futebol ou uma conferência do clima, como foi a Rio+20, que aconteceu no ano passado, tem custo, e não há como fugir dessa realidade. Agora, se há despesas que precisam ser mais bem justificadas, os órgãos de controle estão aí para fazer as suas cobranças. O fundamental é que nós temos que estar cientes de que a Copa do Mundo acontecendo no Brasil neste ano de 2014, 64 anos depois de ter acontecido pela primeira vez no País, é algo que vai marcar certamente esta geração.

            A respeito desse assunto, Senador Paulo Paim, devo dizer que o ex-Presidente Lula deu uma entrevista, uma longa entrevista, à revista CartaCapital e falou sobre os mais diversos assuntos no último final de semana. Entre os assuntos abordados está, logicamente, a Copa do Mundo.

            Foi perguntado se o ex-Presidente Lula enxerga alguma relação entre Copa do Mundo e eleição, se ele vê alguma forma de a Copa do Mundo influenciar o resultado das eleições. E ele responde de maneira muito interessante, vale a pena.

            Eu peço, inclusive, Senador Paim, que depois… A entrevista é muito longa, não dá para ler integralmente, mas alguns trechos eu quero puxar aqui. Peço a gentileza de que fique nos Anais do Senado o registro dessa entrevista, uma entrevista muito inteligente, muito leve do ex-Presidente Lula.

            Então ele responde sobre a Copa e a eleição nos seguintes termos:

Eu acho difícil imaginar que a Copa do Mundo possa ter qualquer efeito sobre a preferência por este ou aquele candidato. Por outro lado, se o Brasil perder, acho que teremos um desastre similar àquele de 1950. Temo uma frustração tremenda, e a gente não sabe com que resultado psicológico para o povo. Em 50, jogaram o fracasso nas costas do pobre do goleiro Barbosa. O Barbosa carregou por 50 anos a responsabilidade e morreu muito pobre, com a fama de ter sido quem derrotou o Brasil. É uma vergonha jogar a culpa num jogador apenas. Se o Brasil ganha, a campanha passa a debater o futuro do País e o futebol vai ficar para os especialistas como eu.

            Diz o Lula numa demonstração do seu bom humor. Aí, ele continua:

Eu acho que [as manifestações de rua, falando sobre as manifestações] isso é saudável, o povo elevou seu padrão reivindicatório. E é plenamente aceitável dentro do processo de consolidação democrático que vive o Brasil. Eu acho que, ao realizar a Copa, o governo assumiu o compromisso de garantir o bem-estar e a segurança dos brasileiros e dos torcedores estrangeiros. Quem quiser fazer passeata que faça, quem quiser levantar faixa que levante, mas é importante saber que, assim como alguém tem o direito de protestar, o cidadão que comprou o ingresso e quer ir ver a Copa também tem o direito de assistir aos jogos em perfeita paz.

            Ele, em outro momento, diz se vale a pena realizar a Copa no Brasil. E ele tem uma opinião que eu praticamente já expressei aqui no plenário. Acho que a realização da Copa do Mundo aqui no Brasil é algo positivo, sim, para o Brasil. Apesar de todos os percalços, apesar de todas as críticas, apesar de todos os questionamentos, a realização da Copa do Mundo no Brasil é algo bom, sim. É bom para o futebol, é bom para as pessoas, é bom para a autoestima do povo brasileiro e não vejo por que pensar diferente.

            E o que o Lula diz a esse respeito? Ele diz:

Discordo daqueles que defendem a Copa no Brasil dizendo que vão entrar R$30 bilhões ou que geraremos novos empregos. O problema não é econômico. A Copa do Mundo vai nos permitir, no maior evento de futebol do mundo, mostrar a cara do Brasil do jeito que ele é. O encontro de civilizações, o resultado dessa miscigenação extraordinária entre europeus, negros e índios que criou o povo brasileiro. Qual é o maior patrimônio que temos para mostrar? A nossa gente.

            E realmente. Se, porventura, uma obra não for concluída, se um aeroporto ficar com uma fase ainda para ser entregue daqui mais uns dias ou se uma obra de mobilidade urbana não foi concluída não há problema, porque o legado vai continuar, a Copa vai passar e essas obras vão ser concluídas e vão ser para o bem do povo brasileiro.

            Agora, o que é que nós temos de bom para mostrar a todos que nos visitarem durante a Copa? O nosso sorriso, a nossa boa receptividade, a característica essencial do povo brasileiro que é um povo hospitaleiro.

            E ele pergunta novamente, o pessoal da revista Carta Capital:

Em que medida essas manifestações nascem do fato de que houve uma ascensão econômica? Aqueles que melhoraram de vida reivindicam mais saúde, mais educação.

            E o Lula responde:

Eu acho que não há apenas uma explicação para o que está acontecendo [no Brasil]. Precisamos aprender a falar com o povo para que entenda o momento histórico. O jovem hoje com 18 anos [- o Lula disse - o jovem hoje com 18 anos] tinha 6 anos quando ganhei a primeira eleição, [e tinha] 14 anos quando eu deixei […] [a Presidência] da República.

            É algo absolutamente diferente.

A tentativa midiática é mostrar tudo pelo lado negativo. Agora, se nós tivermos a capacidade de dizer que certamente o pai dele viveu num mundo pior do que o dele, e se começarmos a mostrar como a mudança se deu, tenho certeza de que ele vai compreender que ainda falta muito, mas que em 12 anos passos [importantes] foram dados [no Brasil].

            É isso, o Lula mostra claramente que um jovem que tem hoje 18 anos quando o Lula entrou no Palácio do Planalto pela primeira vez, no seu primeiro dia de governo ele tinha quatro anos. Uma criança de quatro anos quando o Lula saiu ele estava com 12 anos. E hoje esse garoto está com 16, 18 anos. Quer dizer, se não houver permanentemente alguém contando a história para esse jovem, ele não vai entender o que está acontecendo no Brasil. E o Lula mostra o caminho. O caminho é mostrar que o mundo, o Brasil de 12 anos atrás era bem mais complicado para os pais desse garoto do que o Brasil que nós temos agora.

            E ele continua com uma série de observações aqui importantes em relação ao que o Brasil era e o que o Brasil é. Ele disse assim:

[…] em 100 anos, o Brasil conseguiu chegar a 3 milhões de estudantes em universidades.

            Essa informação é muito importante porque ele faz um relato do que é o Brasil no que diz respeito ao investimento em educação. O Brasil, nos países vizinhos, foi o último a ter uma universidade, Senador Inácio Arruda. Olha só que dado interessante.

            Olha só que dado interessante:

Eu, de vez em quando, gosto de falar de problema histórico para a gente entender o que de fato aconteceu neste país. Já disse e repito: Cristóvão Colombo chegou em Santo Domingo em 149, e em 1507 ali surgia a primeira faculdade.

            Ele chegou em 1492, e em 1507, 60 anos depois, ali surgia a primeira faculdade.

No Peru, em 1550, na Bolívia, em 1624. O Brasil ganhou a primeira faculdade com Dom João VI, mas a primeira universidade somente em 1930. Então, você compreende o nosso atraso. Qual é nosso orgulho? Primeiro, em 100 anos, o Brasil conseguiu chegar a 3 milhões de estudantes em universidades. Nós, em 12 anos, vamos chegar a 7,5 milhões de estudantes, ou seja, em 12 anos nós colocamos mais jovens na universidade do que foi conseguido em um século.

Escolas técnicas. De 1909 até 2002, foram inauguradas 140 [escolas técnicas]. Em 12 anos, nós inauguramos 365 [escolas técnicas]. Ou seja, duas vezes e meia o número alcançado em um século. E daí você consegue imaginar o que significa o Reuni, ao elevar o número de alunos por sala de aula, de 12 para 18, ou o que significa o Ciência sem Fronteiras, o Fies: 18 universidades federais novas.

[…]

Nós triplicamos o orçamento da União para a educação. É pouco? É tão pouco que a Presidenta Dilma já aprovou a lei permitindo 75% dos royalties para a educação. É tão pouco que a Presidenta Dilma criou o Ciência sem Fronteiras para levar 65 mil jovens a estudar no exterior. É tão pouco que ela criou o Pronatec, que já tem 6 milhões de jovens se preparando para exercer uma profissão. Isso tudo estimula essa juventude a querer mais. Tem que querer mais. Quanto mais ela reivindicar, mais a gente se sente na obrigação de fazer. […] Quanto mais o povo for exigente e reivindicar, forçará o Governo a fazer mais.

Eu sempre fui contra a teoria de que é melhor pingar do que secar. Para mim, quanto mais o povo for exigente e reivindicar forçará o governo a fazer mais.

O que é ruim? A hipocrisia. Nós temos um setor médio da sociedade, que ficou esmagado entre as conquistas sociais da parte mais pobre da população…

(Soa a campainha.)

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco Apoio Governo/PT - AC) -

… e os ricos que ganharam dinheiro também. A classe média, em vários setores, proporcionalmente ganhou menos. Toda vez que um pobre ascende um degrau, quem está dez degraus acima acha que perdeu algumas coisas. A Marilena Chauí tem uma tese que eu acho correta: um setor da classe média brasileira que às vezes também é progressista, do ponto de vista social, mas não aprendeu a socializar os espaços públicos e então fica incomodado.

            Realmente, Senador Arruda, podemos refletir sobre isso nos aeroportos. Os aeroportos estão superlotados de pessoas que antes não viajavam e agora estão podendo viajar de um lugar para outro no Brasil, estão podendo pegar férias no Nordeste, lá no bom Ceará, tomar aquela cervejinha na beira da praia, que antes não podiam.

            Senador Paim, eu preciso de mais três minutinhos para concluir, se V. Exa puder me concedê-los.

            Nós tínhamos 36 milhões de brasileiros viajando em um passado recente. Agora, esse número foi para 112 milhões. E esses avanços todos são muito interessantes para serem refletidos. O Presidente Lula é da tese de que quem resolveu isso, Senador Arruda, não foi a macroeconomia, mas sim a microeconomia. Ele diz o seguinte:

A macroeconomia só deu certo por causa da microeconomia. O que foi a microeconomia? [E o Presidente Lula diz, de maneira divertida, que foi] a minha macroeconomia [ou seja, a macroeconomia que ele concebeu]. A macroeconomia [ele diz aqui] foi o aumento do salário mínimo, foi a compra de alimentos, a agricultura familiar, foi o financiamento, foi o crédito consignado, foi o Bolsa Família. Foi essa microeconomia que deu sustentabilidade à macroeconomia [e, na realidade, conseguiu fazer com que o Brasil atravessasse o momento de crise que abalou tantos países da Europa, os próprios Estados Unidos].

            O Brasil conseguiu superar essa situação, por quê? Porque a microeconomia se sobrepôs à macroeconomia, porque estava disseminada e chegando a todos os rincões.

O que o Governo tem de garantir é aumento da poupança interna, mais investimento do Estado, mais junção entre empresas privadas e públicas, mais capital externo para investir no setor produtivo. Para tanto, é indispensável dar continuidade à ascensão dos mais pobres, porque é isso que também vai garantir a ascensão do Brasil no mundo desenvolvido, com alto padrão de qualidade de vida, renda per capita muito maior. O Brasil não pode parar agora. Está tudo mais difícil, mas temos agora o que a gente não tinha há cinco anos. Vamos contar com o pré-sal, daqui a pouco [e vamos crescer muito mais].

            O Presidente Lula segue falando de agronegócio, segue falando de uma série de outras questões e, por fim, dá algumas opiniões sobre essa questão das eleições. Ele faz uma referência muito simpática, muito solidária, aos candidatos, mostrando as características de cada um, mostrando que a história do “Volta Lula” nunca existiu e mostra isso de maneira muito clara.

O "Volta Lula" começou já na época que eu era Presidente, quando pediam o terceiro mandato. Eu, graças a Deus, aprendi a ter responsabilidade muito cedo. E aprendi que, ao aceitar o terceiro mandato, por me achar insubstituível, poderia permitir que outros também achassem, com a possibilidade de alguém, algum dia, tentar o quarto. Não é prudente brincar com democracia.

            Essa foi uma das boas lições do Presidente Lula nessa entrevista: “Não é prudente brincar com a democracia”.

Cumpri meus dois mandatos, saí cercado pelo carinho do povo. Se, em algum momento, tiver de voltar, posso daqui a quatro anos. Mas não é a minha prioridade. Estarei então com 72 e acho que tem de ser gente mais jovem, com mais vigor físico e capacidade de administração.

            Ele diz:

[…] minha relação com a [Presidenta] Dilma é muito forte, e de muito respeito e admiração pelo caráter dela. Bem formada ideologicamente e muito leal. Nunca iria disputar sua candidatura.

            É bonito ouvir isso de um líder como o Presidente Lula, uma pessoa que está nos braços do povo, que tem o respeito brasileiro, mas que está aqui para dizer que em nenhum momento se colocou em posição de disputar com a Presidenta Dilma porque tem total respeito pela Presidente Dilma e porque considera a Presidenta Dilma uma pessoa leal…

(Soa a campainha.)

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - … competente e ideologicamente comprometida com os mais pobres. Portanto, temos aí a nossa candidata, Presidenta Dilma, com total e irrestrito apoio do Presidente Lula.

            Daí ele fala um pouquinho dos adversários. Sobre Eduardo Campos ele diz: 

Conheço o Eduardo Campos, é meu amigo, gosto dele profundamente. Conheço o Aécio, ele não tem a mesma firmeza ideológica do Eduardo, tem outro compromisso, é um representante mais afinado com a elite. Mas a Dilma é a mais preparada [do que os dois].

            É muito bom ouvir isso do Presidente Lula. Daí ele fala também sobre a Marina. Ele diz:

Eu gosto muito da Marina, como figura humana. Foi minha companheira no PT por 30 anos, tenho por ela um carinho muito grande, mas acho que, de vez em quando, comete equívocos na análise política dela, meio messiânica.

            Diz também que esperava que ela fosse candidata a Presidente e não candidata a Vice.

            Pergunta, também, a revista Carta Capital: “Dilma ganha no primeiro turno?” Ele responde com mais uma sabedoria das grandes. Diz assim:

A ganhar no primeiro turno por 51% a 49% prefiro ganhar no segundo turno, com 65% a 35%. Reeleição é sempre muito difícil, mas no segundo turno você pode consolidar um processo de alianças com a coalizão e você é eleito com mais desenvoltura, e também permite fazer um debate mais profundo. No primeiro turno todo mundo fala a mesma coisa, promete tudo para o povo. Eu acho que a Dilma está tranquila. Se em 2002 a esperança venceu o medo, acho que agora a esperança e a certeza do que pode ser feito pode vencer o ódio.

            E é assim essa entrevista imperdível com o Presidente Lula.

            Para não tomar mais tempo dos meus colegas que estão na lista para falar, eu paro por aqui. Mas peço, Senador Paim, que essa entrevista seja registrada, porque é verdadeiramente uma aula de política e de Brasil, de alguém que conhece o Brasil com mais profundidade do que qualquer outro brasileiro, porque andou pelo Brasil inteiro, fez suas caravanas da cidadania, aprofundou seu conhecimento de Brasil nas três eleições em que foi derrotado, mas nunca baixou a cabeça. Estava sempre de cabeça erguida. Estava sempre disposto a colocar o seu nome à disposição. Ele era a nossa única esperança de um dia conquistarmos a Presidência do Brasil, e assim aconteceu.

            O Lula, depois de três derrotas consecutivas, de cabeça erguida, partiu, venceu a primeira vez, venceu a segunda vez e depois venceu a terceira vez, colocando a Presidenta Dilma, que foi, digamos assim, uma das suas mais felizes criações no mundo da política.

            Fica então o nosso cumprimento total, o nosso respeito total ao ex-Presidente Lula, que dá essa entrevista de maneira serena, aberta e de maneira muito solta.

            O Presidente Lula é uma pessoa que está completamente de alto astral, falando da política com todo o carinho, com todo o sentimento. E a abertura da sua entrevista é algo que traduz bem o momento que o Presidente Lula está vivendo. Diz assim o jornalista que escreveu a abertura:

Antes de mais nada, impressiona a paixão. Aos 68 anos, Luiz Inácio Lula da Silva não perdeu o vigor com que arengava à multidão reunida no gramado da Vila Euclides no fim dos anos 70. E nos momentos em que sustenta algo capaz de empolgá-lo, ocorrência frequente, aperta com força metalúrgica o pulso do entrevistador mais próximo, como se pretendesse transmitir-lhe fisicamente sua emoção. Assim se deu nesta longa entrevista que o ex-presidente Lula deu à Carta Capital.

            Então, fica uma indicação de leitura para quem tiver um tempinho de abrir a CartaCapital ou de ir ao site da CartaCapital para ler essa entrevista com o Presidente Lula, que é uma verdadeira aula de política para todos nós que amamos a política, gostamos da política e sabemos que a política é o melhor caminho, o caminho mais curto para fazer as transformações e construir um País melhor para todos.

            Muito obrigado, Senador Paim.

 

DOCUMENTO ENCAMINHADO PELO SR. SENADOR ANIBAL DINIZ EM SEU PRONUNCIAMENTO

            (Inserido nos termos do art. 210, inciso I e §2º, do Regimento Interno.)

Matéria referida:

- Entrevista da Revista CartaCapital com o Presidente Lula: Lula em campanha.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/06/2014 - Página 183