Discurso durante a 88ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao Governo Federal pela falta de investimento na revitalização de rodovias federais; e outros assuntos.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
JUDICIARIO. PRESIDENTE DA REPUBLICA, SEGURANÇA PUBLICA. POLITICA DO MEIO AMBIENTE. CORRUPÇÃO, POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Críticas ao Governo Federal pela falta de investimento na revitalização de rodovias federais; e outros assuntos.
Publicação
Publicação no DSF de 05/06/2014 - Página 59
Assunto
Outros > JUDICIARIO. PRESIDENTE DA REPUBLICA, SEGURANÇA PUBLICA. POLITICA DO MEIO AMBIENTE. CORRUPÇÃO, POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • CRITICA, PARTICIPANTE, COMISSÃO DE ETICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), MOTIVO, AMEAÇA, MORTE, JOAQUIM BARBOSA, PRESIDENTE, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF).
  • CRITICA, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MOTIVO, AUMENTO, VIOLENCIA, QUANTIDADE, HOMICIDIO, BRASIL.
  • CRITICA, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), MOTIVO, DESTRUIÇÃO, FOGO, CAMINHÃO, PEDIDO, PROVIDENCIA, PRESIDENTE, INDENIZAÇÃO, TRABALHADOR.
  • CRITICA, DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DOS TRANSPORTES (DNIT), MOTIVO, FALTA, RESTAURAÇÃO, ESTRADA, ENFASE, ESTADO DO PARA (PA), DENUNCIA, CORRUPÇÃO, AUTARQUIA.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado. É bondade de V. Exª, sempre muito gentil com todos os Senadores.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ontem falei, nesta tribuna, que o homem que ameaçou de morte Joaquim Barbosa... E pensava eu, e penso ainda, que o Joaquim está deixando o Supremo decepcionado; decepcionado com a Corte, decepcionado com as pressões, decepcionado com as ameaças de morte, enfim.

            Eu mesmo tenho um processo de uma bomba caseira explodida na garagem da minha casa, aqui em Brasília. Por isso, deixei de contar com a minha família aqui em Brasília.

            Eu sempre disse à Nação brasileira, eu sempre disse à minha terra querida, de Nossa Senhora de Nazaré, Belém do Pará, Estado do Pará, que jamais falaria alguma coisa, nesta tribuna, sem aqui ter as provas na mão - jamais! Então, quero mostrar a foto do homem que ameaçou o Joaquim Barbosa. Onde está a TV Senado? TV Senado, mostra para mim - eu recebi uma série de e-mails hoje, Presidente, dizendo que a TV Senado não está conseguindo mostrar as fotos de perto.

            Este é o homem que ameaçou o Ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal. Este é o homem. E esta aqui é a matéria da revista Veja que diz que ele pertence ou pertencia, vejam lá, brasileiros e brasileiras, à Comissão de Ética do PT - à Comissão de Ética do PT!

            Ontem, a galeria estava cheia, e eu percebi que a metade, quando eu falava dos brindes que a Presidenta Dilma dá a Fidel Castro, mostrava a ilha bilionária de Fidel Castro, aplaudiu, mas havia uma meia dúzia de pessoas fazendo “uh, uh”. Aí, eu percebi que eles ficaram chateados, porque eu teria dito que o homem que fazia uma ameaça de morte ao grande, a um dos homens mais sérios da História Moderna desta Pátria, Joaquim Barbosa, era filiado ao PT. E não só é filiado ao PT, mas, mais do que isso, pertence à Comissão de Ética do PT.

            E o cara é meio ranzinza. Ele diz o seguinte: “Olha, eu não planejei nada para matar o Joaquim Barbosa, não”. Ele nega, mas diz assim: “O Ministro merece morrer mesmo”.

            Então, eu fiz esse preâmbulo aqui, no meu pronunciamento de hoje, para mostrar que não adianta questionar este Senador, porque, sobre tudo que eu falo aqui, eu estou coberto. Eu pesquiso.

            Por exemplo, Sr. Presidente, no dia 30 do mês passado, o Ibama, com a sua truculência... Eu pergunto à Nação: o que é que o Ibama faz nesta Pátria? O que é que o Ibama faz?

            Ele chegou ao meu Estado, foi a uma comunidade, a um Município - não é nem Município ainda, quer se emancipar - que fica a mil quilômetros do Município de Altamira, Castelo dos Sonhos. O Ibama esteve lá, havia dois caminhões parados na estrada, um trator do lado - tudo fotografado aqui -, chegou a uma comunidade - deixe-me ver se tenho o nome aqui; tenho sim -, de Cachoeira da Serra. A situação era a mais calma possível: dois caminhões na estrada, um trator e uma moto. Os caminhões não estavam carregados, senhores e senhoras. Estavam apenas parados. E sabem o que os fiscais fizeram? Olhem aqui. TV Senado, mostra aqui. Agora sim; estava mostrando errado.

            Olhem aqui: eles queimaram os caminhões. Olhem o fogo ainda ateado nos caminhões. Eles queimaram os dois caminhões, queimaram o trator e queimaram a moto, sem nada, absolutamente nada.

            Quero chamar a atenção do Presidente do Ibama, Volney Zanardi Júnior, para que tome providências, mas tome mesmo, tome mesmo. Esse tom é de ameaça mesmo! O tom que eu falo aqui, Presidente do Ibama, é de ameaça mesmo! Se V. Sª não tomar providências... O Ibama tem que indenizar as pessoas que trabalham com dignidade para criar seus filhos nesta Pátria, tão ruim como está, sem saúde, sem educação, sem estradas, e ainda vem um desgraçado, um fiscal do Ibama e queima a ferramenta do pequeno agricultor.

            Presidente, tome as providências, senão vou fazer o senhor comparecer às comissões do Senado para prestar contas comigo - comigo! -, que sou representante do meu Estado, de onde mais de um milhão e meio de pessoas me mandaram para cá. E a sorte sua é que estou mordido e não posso bater direito na tribuna hoje.

            Mas, quando o cara quer ser direito, quando a pessoa quer trabalhar, vem o capeta - vamos chamar mais certo -, vem o diabo, Senador Mozarildo, e desgraça a vida daquelas pessoas.

            O Brasil bateu recorde mundial de assassinatos, povo brasileiro. Sabe quantas pessoas morrem por assassinato no Brasil hoje? Mais do que na guerra da Síria. Morrem 60 mil pessoas - 60 mil pessoas! Dados do próprio Ministério da Saúde. Somadas aos acidentes de trânsito, Brasil, nós vamos a 100 mil pessoas por mês, perdão, por ano. Cem mil pessoas por ano!

            Sabe quantas morreram no Governo petista? Seiscentas mil pessoas assassinadas, ou por bala ou por faca!

            E aí eu pergunto: Dilma, Dilma, com certeza, tu sabes dos discursos aqui no Senado, tu deves ver um pouco a TV Senado; Dilma, me responde sinceramente: tu és capaz, Dilma? Ou tu és incapaz?

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Por que, Dilma? Por que você não protege os brasileiros? Por que aumentou tanto a criminalidade neste País? Por que aumentou tanto a insegurança neste País? Por que os brasileiros têm medo de andar na rua hoje, Dilma?

(Soa a campainha)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Presidente do Ibama, eu vou aguardar uma resposta sua, Presidente!

            Para terminar, meu caro Presidente do Senado... Eu vou prometer a V. Exª que não me demoro nesta tribuna, mas quero novamente recorrer à TV Senado.

            Olha aqui, esta é a estrada. Mozarildo, vou mostrar uma para a TV Senado e outra para ti. Olha, Mozarildo! Esta é a estrada que liga as duas cidades que crescem muito no sul do Pará, Marabá e Redenção. Cidades produtoras e que estão abandonadas.

            Eu passei, Presidente, um ano aqui cobrando do DNIT. Mostrei todas as roubalheiras, as [expressão retirada a pedido do Senador] que existiam no DNIT; briguei, falei, batalhei, suei meu paletó e cheguei à conclusão de que a roubalheira era maior do que eu falava aqui. Um ano, um ano, um ano! Quando o escândalo saiu, quando o escândalo explodiu, eram milhões e milhões, foram contando, contando, contando, chegaram a bilhões.

            Mas como nesta Pátria prendem e soltam... O Ministrou outro dia prendeu aquele doleiro do caso da Petrobras; prendeu seis, sete. Aí, passaram uns quinze dias: “Solte os sete”. Aí se arrependeu: “Volta um dos sete”.

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Assim é a Pátria. Assim está a Pátria hoje.

            O caro, até hoje, não se fala mais no Diretor-Geral do DNIT. Era Pagot. Eu passava pelo aeroporto, o pessoal olhava para mim e dizia: “Ei, Pagot!” Já tinham me apelidado de Pagot, de tanto eu bater no cara.

            O cara saiu do DNIT bilionário! Onde está o cara? Candidato a governador de Mato Grosso, lógico! Forte candidato. Com todo o dinheiro que tem...

            Eu quero agora começar novamente, Mozarildo - e já vou descer, Presidente -, dizendo que eu desconfio que a [expressão retirada a pedido do Senador] continua maior no DNIT - desculpe a expressão chula, Presidente; tire-a das notas taquigráficas.

            Lembram, brasileiros? Lembram, paraenses, do quanto eu denunciei o DNIT? Quanto o Brasil perdeu aí? Quanto os brasileiros perderam aí? Isso é dinheiro nosso, do pagamento de impostos.

            Agora, não tem uma estrada pela qual se possa andar neste País! São as famosas estradas assassinas, que matam todos os dias...

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - ... que matam a toda hora, e o DNIT não toma uma providência. Um órgão cheio do dinheiro!

            O nome do diretor atual é o Sr. Jorge Ernesto Pinto.

            Jorge Ernesto, eu vou começar uma campanha aqui para tu resolveres o problema na estrada do Pará, de Marabá a Redenção. Mas eu vou te dar um tempo para tu fazeres isso. Eu já comecei a recolher dados para trazer a esta tribuna para mostrar a tua administração.

            Eu já tenho...

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - ... e tu não estás movendo uma palha para melhorar as estradas no Brasil e no meu Pará!

            Eu vim para cá, Sr. Presidente - desço -, para representar o povo da minha terra; minha terra querida, que eu amo, que eu adoro. E eu tenho aqui a única coisa que me é permitida neste Senado Federal, que é a “democracia da fala”. Eu não tenho cargos públicos que a Dilma dá! Eu não tenho emendas que a Dilma dá! Eu não conheço nenhuma roupa da Dilma, porque nunca fui ao palácio! A única coisa que eu tenho, Presidente, é esta tribuna.

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - É este Senado, onde eu represento o meu Estado e defendo a minha Pátria.

            Então, Sr. Diretor do DNIT, cuide, mas cuide logo, de tapar os buracos da corrupção no seu órgão porque, se neste verão agora, que começou no Pará, V. Sª não resolver as estradas do Pará, eu vou chamá-lo aqui para prestar contas de todo esse dinheirão que há dentro do DNIT. Para onde está indo? Porque as estradas todas estão abandonadas e matando. Está aqui o exemplo de uma que eu mesmo visitei...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - ... eu mesmo visitei uma estrada, Presidente, (Fora do microfone.) em que normalmente se demora de uma hora a uma hora e meia. Sabe em quanto tempo V. Exª poderia agora, como está a estrada? Cinco horas.

            Desço, Presidente. Desço dizendo que V. Exª é um exemplo de democracia. V. Exª é, mas muitos já tentaram calar a minha voz aqui. Muitos, Presidente! Jamais vão calar! Enquanto eu tiver voz e coragem, eu não vou me calar! Eu não vou fazer o que Joaquim fez, a não ser que o povo me aposente.

            Mas eu não saio daqui. E eu vou bradar aqui até o último dia do meu mandato!

            Muito obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/06/2014 - Página 59