Comunicação inadiável durante a 88ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Exemplificações sobre o estado de paralisia generalizada do Governo da Presidente Dilma.

Autor
Cyro Miranda (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
Nome completo: Cyro Miranda Gifford Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA.:
  • Exemplificações sobre o estado de paralisia generalizada do Governo da Presidente Dilma.
Aparteantes
Gleisi Hoffmann.
Publicação
Publicação no DSF de 05/06/2014 - Página 81
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA.
Indexação
  • CRITICA, ATUAÇÃO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MOTIVO, AUMENTO, INFLAÇÃO, REDUÇÃO, INDICE, QUALIDADE, EDUCAÇÃO, SAUDE, CORRUPÇÃO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS).

            O SR. CYRO MIRANDA (Bloco Minoria/PSDB - GO. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente desta sessão, Senador Cidinho Santos, Srªs e Srs. Senadores, comunicação do Senado Federal.

            Senhoras e senhores, será que algum Senador do Partido dos Trabalhadores conseguiria explicar porque a imagem do Brasil está tão arranhada? Tudo o que se fala hoje sobre o Brasil é negativo. Indica uma paralisia generalizada do Governo da Presidente Dilma.

            Eis alguns exemplos de manchetes dos últimos dias: "Inflação e eleição levam confiança de brasileiro de volta a níveis da crise"; "Um ano após protestos, satisfação de brasileiros cai igual à de países da Primavera Árabe"; "Brasil cai em ranking de investimentos"; "A dez dias do início da Copa, aeroportos estão inacabados"; "Metade dos estádios da Copa não terá wi-fi para torcedores"; "PAC do Saneamento: 54% das obras estão atrasadas ou paradas"; “Dilma terá notícias ainda piores antes das eleições"; “Obras inacabadas ou abandonadas” (transposição do Rio São Francisco).

            Sr. Presidente, são apenas algumas das notícias que chegam aos brasileiros nos últimos dias. Uma, de tão inusitada, chega a ser cômica: "Turistas são aconselhados a fugir de morcegos e macacos, e 'reservar' dinheiro do ladrão durante a Copa".

            E por aí vai!

            Há hoje um consenso no Brasil: o Governo é um fracasso, o pior nunca antes visto na história republicana do Brasil. Os problemas são infindáveis em todas as áreas: educação, saúde, economia, segurança, infraestrutura. Índices rebaixados em todas as áreas.

            Às vésperas da Copa do Mundo, o País mergulha num dos piores momentos econômicos e entra na perigosa zona da "estagflação": inflação com estagnação econômica. O remédio equivocado dos juros altos não foi capaz de segurar a inflação. Ao contrário, fez a economia frear, jogando o PIB para 0,2% no primeiro trimestre de 2014.

            Só existe uma pessoa que acredita na melhoria desse quadro: o Ministro Mantega. Mas, lamentavelmente, o que o Ministro da Fazenda diz não se escreve. Não há uma única previsão de Mantega que tenha dado certo. Todas são verdadeiros fracassos.

            Por último, o Ministro disse o que ninguém poderia imaginar: que o baixo crescimento econômico é resultante da inflação e dos juros altos. Ou seja, é resultado de uma política econômica mal conduzida. E conduzida por ele!

            O Governo exagerou nos gastos e inchou a máquina pública. São quase 40 ministérios. Resultado? Desequilíbrio orçamentário e financeiro.

            O Governo optou por estimular o consumo, mas se esqueceu do endividamento das famílias e não cuidou da produtividade e da competitividade. O resultado? Inflação fora de controle.

            O País ruma para o abismo e, se o povo brasileiro cometer o equívoco de reeleger a Presidente Dilma, sabe-se lá onde vai parar o Brasil. Falta ao Governo humildade para reconhecer os próprios erros, como as manobras contábeis e a falta de políticas fiscais. Não é possível sustentar um discurso otimista com os números que surgem a cada dia. Falta planejamento.

            Como bem lembra o historiador Marco Antonio Villa, a maior ação administrativa do Governo Dilma não foi no Brasil, mas em Cuba. A Presidente investiu US$1 bilhão na modernização e ampliação do porto de Mariel.

            Este talvez seja o principal desafio de Dilma Rousseff: entender que não é Presidente de Cuba, um país paralisado no tempo e no espaço, com uma economia cambaleante e um controle anacrônico e policialesco da vida de todos os cidadãos. Assim como Lula também não entendeu que não mandava na Venezuela e na Bolívia.

            Dilma precisa entender que é Presidente do Brasil, um País com uma economia dinâmica, um potencial empreendedor invejável. O sectarismo e o dogmatismo são a receita do fracasso.

            A sociedade brasileira quer de volta o Brasil moderno, o Brasil da estabilidade econômica construída pelo governo de Fernando Henrique Cardoso, tão duramente criticado pelo Partido dos Trabalhadores.

            FHC teve coragem de privatizar o sistema de telecomunicações e não se escondeu atrás de dogmas. O que faz o Governo do PT? Privatiza, mas não dá o braço a torcer. Diz que é concessão.

            A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Apoio Governo/PT - PR) - V. Exª me permite um aparte, Senador Cyro Miranda?

            O SR. CYRO MIRANDA (Bloco Minoria/PSDB - GO) - Logo em seguida, Senadora.

            O que a Vale e as companhias telefônicas retornaram de impostos aos cofres públicos compensa qualquer crítica possível à privatização realizada por Fernando Henrique Cardoso.

            Pois não. Ouço, com prazer, a Senadora Gleisi Hoffmann.

            A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco Apoio Governo/PT - PR) - Agradeço, Senador Cyro, o aparte. Estou aqui ouvindo o senhor fazer esse discurso com tanta ênfase contra o Governo da Presidenta Dilma, do Presidente Lula, dizendo que é um Governo que se dedica mais ao exterior. E fico aqui pensando como as pessoas que são beneficiárias de tantos programas, de tantas ações do Governo recebem essa sua fala. Um Governo que conseguiu colocar 14 mil médicos para atender à população, muitos, inclusive, no seu Estado de Goiás; médicos que estão oito horas por dia, cinco dias por semana, atendendo às pessoas. Um Governo que colocou tantas novas universidades - criamos 18 universidades novas no Brasil -; fizemos o ProUni, o Fies, e hoje 1,5 milhão de alunos estudam em mais de 200 instituições federais de ensino tecnológico. Um Governo que tem o Minha Casa, Minha Vida, que tem 3,7 milhões de casas contratadas. Já desafiei este Plenário a me dizer que outro país fez um programa dessa dimensão; que outro país, em tão curto espaço de tempo, incorporou 36 milhões de pessoas no consumo, tirando-as da miséria. Portanto, não consigo ver - com todo respeito que tenho por V. Exª, Senador Cyro - adesão à realidade do discurso que V. Exª está proferindo. Até porque, recentemente, a Presidenta, indo ao seu Estado, estando com o seu Governador, em Goiás, recebeu grandes elogios pelo espírito republicano, pela forma de atuar e pelos investimentos do Governo Federal em Goiás. Eu mesma fui testemunha e acompanhei a renegociação, a ajuda e o socorro que o Governo Federal deu à Celg (Centrais Elétricas de Goiás), assim como ao PAC do Entorno, que passou pela Casa Civil, e eu tive oportunidade de fazer diversas reuniões com o Governador. Então, Senador, eu acredito que podemos ter divergências em relação a concepção, a formas de governo e a condução de governo. É natural que haja divergência no que dá mais peso ou não dá peso, para que serve o Estado, qual o seu papel, mas desconhecer que houve avanços e dizer que este Governo não fez pelo Brasil, que é um Governo que só faz pelo exterior, que é um Governo que não tem presença e parceria nos Estados, aí, é ir longe demais, Senador Cyro; é não olhar a realidade e os programas que estão beneficiando a população. Portanto, eu não poderia escutar o que V. Exª está dizendo sem me posicionar, porque nós temos muitos programas, muitas coisas que estão sendo oferecidas em benefício do povo brasileiro, inclusive em benefício do povo goiano.

            O SR. CYRO MIRANDA (Bloco Minoria/PSDB - GO) - Se eu fosse V. Exª, eu também faria o mesmo. Mas, Senadora, o que nos incomoda é justamente a mudança que está havendo de como foi entregue este País e como ele está agora.

            São os índices, não somos nós que falamos, não é um partido que está falando. Estamos caindo em todos os índices: educação, infraestrutura, economia. Estamos perdendo espaço. Já fomos os principais dos BRICS, hoje não somos mais.

            Agora, alguma coisa este Governo tinha que fazer, e fez, sim, é evidente, se não, a situação estaria extremamente pior, e tenho que justificar por quê. O meu Estado, durante muito tempo, andou com as próprias pernas. Realmente, recebeu, sim, um auxílio do Governo Federal meritório, necessário. A Presidente teve, naquele momento da Celg, principalmente, uma atitude republicana, porque foi eleita para ser Presidente do Brasil e não Presidente de um partido.

            Mas, como se a série de equívocos na condução da economia não bastasse,...

(Soa a campainha.)

            O SR. CYRO MIRANDA (Bloco Minoria/PSDB - GO) - ... Sr. Presidente, o Governo do PT está acabando com a Petrobras - ou eu estou enganado ou a imprensa toda está mentindo -, que perde valor de mercado dia a dia. Suas ações valem um terço do que valiam. A situação da empresa é tão grave que chega ao vexame e ao absurdo.

            Como é que a Presidente Graça Foster admite publicamente que não pode falar sobre as declarações do ex-Diretor Paulo Roberto Costa sobre a construção da Refinaria Abreu e Lima? Como é que a Srª Graça Foster fica calada quando o ex-executivo afirma que o custo da refinaria de Pernambuco foi calculado utilizando-se uma "conta de padeiro"?

            Nas palavras dele: “Estimou-se o custo de uma refinaria no México, na época entre US$15 mil e US$20 mil, e multiplicou-se pela capacidade pretendida para o projeto brasileiro, sem considerar particularidades do mercado e da logística locais." Por outras palavras, a falta de planejamento na Petrobras fez a refinaria saltar do custo inicial de US$2,5 bilhões para os atuais US$18,5 bilhões. E a refinaria ainda não está pronta!

            Esse tipo de conduta é o atestado da incompetência na gestão de um dos maiores patrimônios do povo brasileiro. O Governo Dilma está destruindo a Petrobras e quer enganar todo mundo com depoimentos combinados na CPI do Senado. Uma verdadeira farsa!

            É a linha que tem sido adotada nas manobras contábeis do Governo. Criam um discurso fictício, literalmente para inglês ver, e acham que o brasileiro é bobo. Meia dúzia de falsos argumentos não enganam mais os eleitores. As redes sociais estão aí para desmentir as balelas e trazer à tona a realidade.

            No Brasil, Sr. Presidente, vivemos numa democracia. O Governo quer colocar uma mordaça na imprensa, com o controle social da mídia. Isso é uma ditadura disfarçada. Aqui, ao contrário de Cuba e da Venezuela,...

(Soa a campainha.)

            O SR. CYRO MIRANDA (Bloco Minoria/PSDB - GO) - ... - já termino, Sr. Presidente -, vigora a livre manifestação do pensamento e a liberdade de expressão. Também não dá mais para achar que o futebol é o ópio do povo, que se satisfaz com pão e circo.

            Mais que a mãe de um PAC fracassado, empacado, Dilma é a madrinha da inflação! Está conduzindo o Brasil a um buraco sem fundo!

            E não me venham com essa história de que a imprensa faz discurso contrário ao Governo ou que a oposição é pessimista, ou que está de mau humor.

            Será que o mundo todo está contra Dilma? É claro que não!

            O que todo o Brasil e o mundo já perceberam é como o atual Governo está perdido e sem rumo.

            O Governo da Presidente Dilma é um fiasco!

            Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/06/2014 - Página 81