Discurso durante a 94ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Repúdio aos insultos recebidos pela Presidente da República no jogo de abertura da Copa do Mundo.

Autor
Humberto Costa (PT - Partido dos Trabalhadores/PE)
Nome completo: Humberto Sérgio Costa Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESPORTE, MANIFESTAÇÃO COLETIVA.:
  • Repúdio aos insultos recebidos pela Presidente da República no jogo de abertura da Copa do Mundo.
Publicação
Publicação no DSF de 19/06/2014 - Página 61
Assunto
Outros > ESPORTE, MANIFESTAÇÃO COLETIVA.
Indexação
  • CRITICA, COMPORTAMENTO, POPULAÇÃO, ABERTURA, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL, MOTIVO, OFENSA, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

            O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Apoio Governo/PT - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, telespectadores da TV Senado, ouvintes que nos acompanham pela Rádio Senado, o Brasil inteiro assistiu aos odiosos ataques e insultos proferidos contra a Presidenta Dilma durante a abertura da Copa do Mundo no Itaquerão, em São Paulo.

            Foi uma agressão abominável à Chefe de Estado e um ato perverso e covarde contra uma mulher, uma cidadã, que não tinha ali nem mesmo o direito de se defender. Mas, acima de tudo, aquele ato reprovável serviu para externar o violento preconceito de uma minoria de brasileiros incomodada com governos que promoveram a ascensão social de quase 80 milhões de cidadãos na última década.

            É uma minoria que verbalizou, em termos chulos dirigidos a uma mulher, o pensamento que a oposição deste País tenta disseminar na nossa sociedade: o do preconceito, da agressão e do ódio.

            Não há, entre todos aqueles que insultaram a Presidenta, uma única pessoa cuja vida tenha piorado nos últimos 12 anos. De onde, então, vem tanto ódio? De onde, então, vem tanto rancor?

            Eu entendo que esse tipo de comportamento externa a índole irascível de uma parcela da nossa sociedade que tem profundo desprezo pela liberdade, pelo diálogo e pela vivência democrática.

            A baixaria no Itaquerão, organizada por aqueles bem-nascidos, demonstra o desprezo pelo contraditório e reproduz, de certa forma, a repulsa e o espírito violento que a casa grande dispensava à senzala no passado.

            Dilma - que reagiu com a mais profunda dignidade àqueles ataques torpes - era ali um símbolo contra quem os abastados, muitos deles aboletados em camarotes luxuosos, desnudaram todo o seu comportamento deselegante, truculento e chulo.

            Com essa indignidade na abertura da Copa a oposição deste País logo procurou se solidarizar, demonstrando o raso nível político em que transita.

            O pré-candidato do PSB, por exemplo, à Presidência da República, Eduardo Campos, aplaudiu as agressões ao dizer que a Presidenta "colheu o que plantou", dando total apoio ao ato de se atacar uma Chefe de Estado, uma mulher, uma cidadã sem condição de defesa, e com o uso de palavrões.

            O presidente do Solidariedade, Paulinho da Força Sindical, que apoia a candidatura do Senador Aécio Neves à presidência da República, foi outro que comemorou as injúrias, dizendo, em linguajar tão rasteiro como o dos agressores, que "o povo mandou a Presidenta para o lugar que tinha que mandar" - entre aspas.

            Por fim, o próprio presidente nacional do PSDB e candidato Aécio Neves, num discurso aparentemente coordenado com seu colega Eduardo Campos, comemorou os xingamentos à Presidenta, também com a afirmação de que ela estava colhendo o que plantou. Depois, vendo que essa postura de ódio e estímulo a agressões foi mal recebida pela expressiva maioria da população brasileira, que reprovou esse ato indecente e imoral, o Senador Aécio voltou atrás e tentou desfazer a barbaridade que tinha dito.

            Aquela cena, largamente festejada pela oposição, envergonhou a ampla maioria dos brasileiros, que seriam incapazes de insultar alguém com palavrões e expressões tão chulas, ditas diante de câmeras para o mundo todo e assistidas, inclusive, por crianças.

            O Palácio do Planalto não é um lugar aonde se chega pelos esgotos. Estimular o ódio e fazer política no submundo da baixaria, dos ataques e da desqualificação dos adversários são atos que não honram a disputa de um cargo tão importante como o de presidente da República.

            Na verdade, ali não estava a candidata Dilma Rousseff, mas estava a Presidente da República. A presidência da República é uma instituição cuja dimensão aqueles que desejam até lá chegar precisam ter claramente.

            Todo esse comportamento odioso é ainda mais significativo num período tão simbólico, de tanta confraternização, como é o da Copa do Mundo, um momento em que as nações e os povos se unem por meio do esporte. Acredito que esse tipo de atitude vem exatamente porque a Copa está aí e, ao contrário de tudo o que queria a oposição, está sendo um grande sucesso.

            Todos os estádios ficaram prontos. Não houve racionamento de energia, como dizia a oposição. Não houve caos aéreo, como preconizavam os pessimistas de plantão. Nada, enfim, do que desejavam os nossos adversários aconteceu.

            Nesses dias, salvo pelo déficit civilizatório dos raivosos abastados no Itaquerão, tudo tem feito do Mundial um enorme sucesso. Os estrangeiros que estão aqui têm reconhecido e elogiado a qualidade do Mundial, a ponto até de um representante da imprensa especializada britânica ter defendido publicamente que - abre aspas -, "se toda a Copa do Mundo for assim, que todas as Copas do Mundo sejam no Brasil" - fecha aspas.

            Os brasileiros têm dado um espetáculo de civilidade, receptividade, hospitalidade e carinho a todos os milhares de turistas que vieram pra cá, ao mesmo tempo em que assistem aos jogos e estão na torcida para que a nossa Seleção chegue ao hexacampeonato. De forma que só quem torce contra o nosso País é realmente a oposição e a grande mídia.

            Mas não há de ser nada. Do mesmo jeito que conduzimos a primeira semana desse Mundial com muito êxito e com muita segurança, assim será até o fim desta Copa, quando, eu tenho certeza, nós a consagraremos como a Copa das Copas, oxalá como campeões.

            Ficará para nós o legado de que tudo o que fizemos, de que todo o nosso esforço, de que todas as obras realizadas valeram a pena para engrandecer e ilustrar o Brasil como o país de imenso potencial que nós somos.

            Para a oposição, ao contrário: o legado que ficará será o do ódio, o da intolerância e o da torcida para que tudo desse errado no Brasil, o que espero eu sirva como elemento de profunda reflexão para que os nossos adversários elevem o nível do debate político daqui para frente e percebam que fazer um enfrentamento eleitoral não pode jamais significar jogar contra o próprio País.

            Nós, do PT, sempre estivemos, seja como oposição, seja como governo, jogando no mesmo time: o do Brasil e o de todos os brasileiros. E é nele que seguiremos jogando. O que, não tenho dúvidas, será largamente reconhecido pelo povo brasileiro.

            Muito obrigado, Srª Presidenta, Srs. Senadores, Srªs Senadoras.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/06/2014 - Página 61