Discurso durante a 101ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Insatisfação com os resultados da seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo e considerações sobre a importância do voto.

Autor
Mozarildo Cavalcanti (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RR)
Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESPORTE. ELEIÇÕES.:
  • Insatisfação com os resultados da seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo e considerações sobre a importância do voto.
Publicação
Publicação no DSF de 15/07/2014 - Página 482
Assunto
Outros > ESPORTE. ELEIÇÕES.
Indexação
  • CRITICA, RESULTADO, TIME, FUTEBOL, BRASIL, RELAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, CAMPEONATO MUNDIAL.
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, POPULAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, ELEIÇÕES, OBJETIVO, CONTRIBUIÇÃO, COMBATE, CORRUPÇÃO.

            O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (Bloco União e Força/PTB - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Paulo Paim, Srs. Senadores e Srªs Senadoras, brasileiros que nos assistem pela TV Senado e que nos ouvem pela Rádio Senado, hoje, como brasileiro, eu não poderia ter outro tema para abordar e comentar nesta tribuna, senão, digamos assim, a tristeza de todos os brasileiros por ter visto a nossa Seleção não se colocar nem em terceiro lugar na disputa da taça da nossa Copa do Mundo aqui realizada.

            Eu sempre comento com amigos e também nas redes sociais que a escolha do técnico, da comissão técnica, dos assessores e dos próprios jogadores não foi feita pelo conjunto de brasileiros. Então, é normal que os brasileiros sofram, porque, no papel de torcedores, evidentemente, misturando aí o nosso patriotismo, nós tínhamos que, realmente, torcer até o último minuto pelo Brasil.

            É lamentável, portanto, que tenha havido essa derrota, que considero não humilhante, mas uma derrota que não mostra o nível que deveria ter o Brasil como pentacampeão do mundo. Agora, nesse evento, nós, brasileiros, não votamos para escolher nenhum deles, como eu disse, nem o técnico, nem a comissão, nem os jogadores.

            Portanto, é muito importante que este momento de tristeza nos leve a profundas reflexões e possa nos levar também a encarar o Brasil mais como ele deve ser encarado, vendo as prioridades que realmente são do interesse das famílias, das pessoas. Se nós temos o título de cinco vezes campeão mundial, nós temos títulos lamentavelmente muito tristes também de campeão, como, por exemplo, em relação à corrupção. É um dos países em que a corrupção mais avança, nunca diminui e atinge setores vitais da vida pública, como a saúde, a educação, a segurança, o trabalho.

            Então, na verdade, é bom que todos reflitamos, desde a Presidente da República aos Parlamentares, seus Ministros e Governadores, para que, realmente, essa tristeza com o resultado da Copa possa nos incentivar a investir nas verdadeiras prioridades e deixar as coisas que não são prioritárias para depois. Acho que isso é urgente, Senador Paim.

            Estou lendo agora o livro 1889, que trata da Proclamação da República. Estou ainda no início, mas estou me convencendo de que nós não proclamamos de fato uma República, muito menos implantamos uma República neste País. Eu acho que temos muito a fazer para, de fato, termos uma vida republicana no Brasil, em que a voz do povo seja mais bem ouvida e, principalmente, que seus representantes, sejam Vereadores, governantes como Prefeitos, Governadores, Presidente da República, Deputados Estaduais, Federais, Senadores e também que os Ministros nomeados tenham realmente um compromisso com esses três pilares que constituem um avanço para qualquer País do mundo. Temos o exemplo do Japão, que saiu arrasado da Segunda Guerra Mundial e hoje é uma potência em todos os níveis, principalmente no da educação. Mas nós, não. Nós sempre temos algumas medidas de marketing que dizem que a educação é isso, que a saúde é aquilo.

            Eu, inclusive, em episódio da votação da CPMF, me posicionei contra a CPMF, porque, como médico, fiz um estudo adequado e vi que, nos 14 anos de vigência da CPMF, a saúde só piorou. Ao contrário do que se pretendia na origem, quando se criou o imposto, uma contribuição provisória, ela estava virando permanente. A ideia era realmente colher dinheiro específico para melhorar a saúde. E o que aconteceu nesse período? Não melhorou a saúde, o dinheiro da CPMF servia para fazer superávit primário do Governo e pior: o dinheiro que ia para a saúde, ia, pelo menos metade dele, roubado ou mal-aplicado.

            Então, é preciso que agora a gente pense nisso. Em outubro, teremos eleições gerais no Brasil, de Deputado Estadual a Presidente da República. É a hora em que o povo - aí, sim - deve escolher políticos que tenham uma vida de trabalho, de honestidade, que tenham realmente compromisso com a coisa pública, e não com a coisa pessoal. É preciso, portanto, que o eleitor veja a importância desse voto em outubro.

            Alguns estão, digamos assim, descrentes, desencorajados, desestimulados com a política. Aliás, tudo que ocorre se bota a culpa na política. Dizem que os políticos são corruptos, e não que este e aquele político são corruptos. Não se diz. Generaliza-se, como se eu fosse enganado por um taxista e dissesse que os taxistas são ladrões, ou por um policial, que pede dinheiro para dispensar uma infração de trânsito. Eu também teria que dizer que todo policial é ladrão, é corrupto.

            Não. Existem homens e mulheres sérios em todas as atividades humanas, mas, quando você não vota, não comparece para votar, portanto, se abstém, quando você vota nulo ou quando você vota em branco, você está ajudando os maus políticos, os corruptos a permanecerem no poder. Por quê? Porque, se as pessoas boas se desenganam e se afastam, quem vai ficar para escolher? Pessoas que não veem no voto o compromisso, realmente, de mudar as coisas no Brasil.

            Portanto, com esse exemplo da Copa do Mundo, em que o povo brasileiro não escolheu, repito, nem os dirigentes, nem os jogadores e que nos abalou bastante, nós temos que pensar de maneira mais profunda nessa eleição próxima de outubro, porque ela abalará ou melhorará as condições de vida de cada família, de cada cidadão e de cada cidadã, dependendo do nosso voto, do voto de cada brasileiro e brasileira.

            Então, Sr. Presidente, eu queria fazer este registro, lamentando a derrota do País na Copa do Mundo - aliás, a derrota do País não, a derrota da Seleção de futebol do País na Copa do Mundo -, mas dizendo que é justamente nesses momentos de revés que a gente pode pensar mais alto. Acho que agora é a hora de pensar mais alto no País, na República e no povo brasileiro.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/07/2014 - Página 482