Discurso durante a 101ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Defesa da retomada dos debates de questões relevantes para o País; e outro assunto.

Autor
Casildo Maldaner (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SC)
Nome completo: Casildo João Maldaner
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESPORTE. ECONOMIA NACIONAL, ELEIÇÕES.:
  • Defesa da retomada dos debates de questões relevantes para o País; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 15/07/2014 - Página 566
Assunto
Outros > ESPORTE. ECONOMIA NACIONAL, ELEIÇÕES.
Indexação
  • COMENTARIO, ENCERRAMENTO, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL, ELOGIO, ORGANIZAÇÃO, AEROPORTO, RECEPÇÃO, POPULAÇÃO, TURISTA, REGISTRO, PERDA, TIME, BRASIL, OPORTUNIDADE, ALTERAÇÃO, FORMAÇÃO, ATLETA PROFISSIONAL, GESTÃO, ESPORTE, PAIS, REFORMULAÇÃO, ESCOLHA, DIRIGENTE.
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, RETOMADA, DEBATE, ASSUNTO, SOLUÇÃO, PROBLEMA, ECONOMIA NACIONAL, MOTIVO, REDUÇÃO, CRESCIMENTO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), REFERENCIA, ELEIÇÕES.

            O SR. CASILDO MALDANER (Bloco Maioria/PMDB - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Caro Presidente, se me permitir o Senador Aloysio Nunes, nós gostaríamos de também subscrever em relação ao Dr. Osmar, um jornalista tão conhecido no Brasil inteiro, em função da mensagem que manda à família toda.

            Caro Presidente Jorge Viana e prezados colegas, terminou ontem, com êxito, diria, a edição da Copa do Mundo do Brasil. O momento, muito além das celebrações ou decepções em campo, é oportuno para necessárias reflexões.

            Inegavelmente, a Copa teve o seu sucesso, não há dúvida nenhuma. Apesar dos atrasos e problemas tão alardeados até poucos dias antes do torneio, os estádios ficaram praticamente prontos, os aeroportos receberam melhorias que foram suficientes para atender a demanda de visitantes e as cidades-sede não registraram grandes problemas viários em função dos jogos, nem ocorrências mais graves de violência. Não obstante nossas já conhecidas dificuldades e carências, o Brasil deu conta do recado e conseguiu organizar um belo evento.

            Por isso, eu diria que, quanto à recepção, quanto ao atendimento, quanto à cordialidade do brasileiro, ela tem sido extraordinária, e a gente ficava até com a pulga atrás das orelhas de como seria a mobilidade urbana, como é que vai ser nos aeroportos e, na verdade, não se tem registros de grandes transtornos em relação a isso.

            O grande destaque, contudo, foi - eu diria - o próprio povo brasileiro. Com sua alegria e cordialidade, recebeu os visitantes de braços abertos e proporcionou um espetáculo que foi muito além dos estádios.

            Essas marcas seguem com os visitantes, quando voltarem aos seus países, aos seus lares, e serão poderosos transformadores de nossa imagem, trazendo benefícios ao turismo nacional, que ainda se encontra num patamar muito aquém de nossas potencialidades.

            Dentro de campo, no entanto, essa alegria recebeu o contraste da decepção, do desapontamento com o desempenho da Seleção Brasileira e, especialmente, nas últimas duas partidas.

            Longe de mim tecer comentários técnicos a respeito do esquema tático ou da capacidade de cada atleta. A fragorosa derrota, contudo, é uma rica oportunidade de repensarmos o esporte no Brasil, desde a formação de atletas até o gerenciamento da modalidade.

            Cito como exemplo o modelo de eleição dos dirigentes. Tenho defendido, há muito tempo, um limite de reeleições para parlamentares, assim como já existe no Poder Executivo. O céu - eu diria - não pode ser o limite. A pessoa não pode ser eleita e se perpetuar no poder. Não pode haver isso.

            Defendo que o mesmo princípio seja aplicado em entidades privadas que recebam recursos públicos ou incentivos fiscais, como federações esportivas, clubes, entre outros, e assim por diante, onde haja a participação de recursos públicos, de qualquer entidade, direta ou indiretamente, o incentivo fiscal ou coisa que o valha. Eu acho que não pode ser o firmamento como limite nas reeleições, acho que tem que ter uma oxigenação, uma renovação. Acho que esse é o momento para refletirmos essas questões.

            Já tenho abordado nesta Casa, nesta tribuna, temas em relação a isso.

Já seria o começo de uma mudança estrutural, mais profunda, que poderá render frutos em médio e longo prazo. Obviamente, o princípio se aplica não apenas ao futebol, mas a todas as modalidades esportivas e outras, também, congêneres. Por que não dizer?

            A derrota em campo, contudo, não desmerece a Copa realizada, que inflou de orgulho todos os brasileiros. Tal sentimento, contudo, não pode converter-se em ufanismo e obliterar os problemas que enfrentamos no cotidiano.

            Nesta segunda-feira, que é hoje, dedicada à nossa senhora da pouca vontade, como se diz lá no oeste catarinense, no meu Estado, é também o dia consagrado do retorno à realidade. Temos que voltar a discutir o País, seus problemas e os caminhos para o nosso desenvolvimento.

            Se os investimentos milionários foram suficientes para a realização da Copa, sem maiores sobressaltos, por outro lado, não suprem as carências logísticas do Brasil, seja em aeroportos, rodovias, portos, ferrovias, e por aí vai.

            Nossa economia vive um momento que, se não podemos chamar de crise, deve, no mínimo, ser tomado como preocupante. Há um certo quadro de estagnação, com taxas de crescimento muito baixas e um cenário que não estimula o investimento privado, o investimento de outros fundos internacionais.

            Precisamos tentar buscar e oferecer condições para que isso retome, para que isso aconteça com mais força. Uma ampla reforma tributária, com redução da carga e alteração no modelo arrecadatório, ainda aguarda na pauta de transformações capazes de colocar o País no rumo do crescimento.

            Esses são apenas alguns dados, alguns exemplos. Outros tantos temas de vital relevância para o País devem entrar, mais do que nunca, no debate cotidiano. Entramos, definitivamente, no período da campanha eleitoral.

            Logo mais, em outubro, decidiremos nossos novos governantes e legisladores, em nível estadual e federal. A grande revolução se faz nesse momento, no debate responsável e na escolha consciente. São nossas decisões, em outubro, que terão impacto decisivo sobre a vida de todos os brasileiros, dentro e fora do campo.

            Trago essas reflexões, caro Presidente Jorge Viana, porque não poderia deixar de fazê-lo, neste momento em que terminamos um campeonato mundial aqui no País e, a partir de agora, precisamos enfrentar outro. O debate já se desenrola, que é o campeonato nacional, eu diria, das eleições deste ano.

            Dos diversos temas, como enfrentá-los, o que fazermos, como encararmos, como disputarmos? O que é melhor para o País nos próximos tempos? Que lições podemos tirar disso ou daquilo, não só no campo esportivo, que nós temos que meditar para buscarmos, mas agora, principalmente, no campeonato que se inicia, que é no campo do Governo Federal e dos governos estaduais? Esse é o grande debate que se inicia neste momento para os próximos três meses, Sr. Presidente e caros colegas.

            Por isso, não poderia deixar de trazer essa reflexão na tarde e já, praticamente, no começo da noite desta segunda-feira.

            Muito obrigado, Sr. Presidente e caros colegas.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/07/2014 - Página 566