Discurso durante a 101ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Satisfação com o sucesso obtido pelo País na organização da Copa do Mundo de 2014.

Autor
Jorge Viana (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Jorge Ney Viana Macedo Neves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESPORTE, TURISMO.:
  • Satisfação com o sucesso obtido pelo País na organização da Copa do Mundo de 2014.
Aparteantes
Cidinho Santos, Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 15/07/2014 - Página 574
Assunto
Outros > ESPORTE, TURISMO.
Indexação
  • ELOGIO, ORGANIZAÇÃO, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL, LOCAL, BRASIL, MOTIVO, FUNCIONAMENTO, TRANSPORTE COLETIVO, AVIAÇÃO CIVIL, COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, PAIS ESTRANGEIRO, CONGRATULAÇÕES, REALIZAÇÃO, EVENTO, INCENTIVO, TURISMO, ESTRANGEIRO.

            O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, caros colegas Senadores e Senadoras, todos que nos acompanham pela Rádio e TV Senado, faço uso da tribuna, inscrevi-me nesta sessão de hoje, a primeira após a Copa do Mundo, o encerramento da Copa do Mundo, no dia de ontem - que teve um desfecho previsível, deu a lógica com a Alemanha campeã, a seleção mais regular, que se preparou para esse grande dia, para essa grande Copa, que também nos deixou um legado enorme -, venho para comentar um pouco o fato de o Brasil ter sediado essa Copa do Mundo e, com isso, inaugurado uma fase nova no nosso País, que é a de sediar grandes eventos mundiais. Os dois maiores eventos, os de maiores audiências, o Brasil ousou sediar: a Copa do Mundo, que se encerrou ontem, e as Olimpíadas, em 2016.

            E todos nós falamos hoje de quem ganhou, de quem perdeu, do legado positivo, do legado negativo, e eu não tenho dúvidas de que a Alemanha foi a grande vencedora dentro do campo, mas o Brasil, especialmente as brasileiras e os brasileiros, foram os grandes vencedores desta Copa.

            O legado... Eu vou abrir minha fala, Senador Presidente Anibal. O legado que eu espero que fique, além daqueles a que vou me referir daqui a um pouco sobre a história do nosso futebol, que teve o pior desempenho em cem anos... Mas eu queria dizer que, do ponto de vista geral, o legado que eu penso fica dessa Copa é a oportunidade de aqueles que têm complexo de vira-lata virarem esta página. Os articulistas, alguns políticos e uma parte da grande imprensa precisam mudar a maneira de ver, de tratar o nosso País daqui para frente.

            Não é possível. Foram dois anos tentando vender para os brasileiros e para o mundo uma imagem falsa do nosso País: que o nosso País não sabe realizar nada, que o nosso País é incapaz de fazer alguma coisa bem feita, que o nosso País não podia receber as melhores seleções do mundo sem passar vergonha... Até membro do Comitê Organizador, como o grande jogador Ronaldo, deu uma grande derrapada, a ponto de dizer que estava com vergonha da Copa. Eu acho que ele leu muito, ouviu muito a posição da grande imprensa nacional.

            A Copa começou, foram 31 dias de sucesso, e aí começaram a mudar as versões, dizendo: não quem estava falando isso era a imprensa internacional. Ao contrário, quem fez a imprensa nacional mudar de opinião sobre a Copa foram S. Exªs os fatos e também a imprensa internacional, que começou a fazer matérias mostrando que a Copa estava sendo um sucesso.

            Eu estou falando isso porque todos nós devemos tirar lições dessa Copa. Mas penso que quem mais deve tirar lições desse evento é a grande imprensa nacional.

            Não é possível que não se tenha uma maneira... Eu vi a maneira como o jornal O Globo pôs na capa um jogador, capitão da nossa Seleção, de quatro, de quatro. É, de forma pejorativa, na capa, depois do fracasso da nossa Seleção perante a Alemanha. Ninguém viu? Aquilo é uma maneira de tentar expor o nosso País. Foi muito infeliz não quem tirou a foto, mas quem tomou a decisão de publicá-la na capa do jornal como sinônimo da apresentação do nosso capitão David Luiz.

            O jornal deveria pedir desculpas ao David Luiz, que é um atleta que se esforçou, que foi nosso capitão. Essa mania de diminuir o País é inaceitável! Quebraram a cara.

            A nota, por critérios técnicos, que a FIFA deu para a nossa Copa foi 9.2, mais do que a nota dada às outras copas todas.

            Nós precisamos fazer isso. O leitor, o cidadão brasileiro precisa ser respeitado. Nós não podemos vender o País para o mundo: “Não, olhe, a Copa vai ser um fracasso. O sangue vai escorrer nas ruas, as pessoas vão ter que ficar trancadas nos hotéis para não ser assaltadas, os estádios não vão funcionar, os aeroportos vão virar um caos, não tem transporte”.

            Oitenta por cento das pessoas que foram para os estádios usaram o transporte público. O caos que o Brasil viraria não aconteceu nos nossos aeroportos.

            Será que esse é o jeito de nós tratarmos o Brasil? Aquela foto no jornal O Globo?

            Eu li outra reportagem fazendo o comparativo de como o Brasil , como a grande imprensa tratou a derrota que nós tivemos na Copa de 82, que foi parecida com essa. Copas que mobilizaram o País, que as ruas ficaram enfeitadas, que as casas ficaram enfeitadas, todo mundo com fé, com esperança. Seleções bem diferentes. Na de 82, a frustração na Copa da Espanha foi de que uma das melhores seleções de todos os tempos perdeu, como parte do futebol.

            Sabe como é que a grande imprensa tratou o resultado daquela Copa, Senador Anibal? Pondo na capa Carlos Drummond de Andrade com uma crônica muito bonita, chamando todos a erguer a cabeça e seguir em frente e pregando o amor pelo nosso País. A nossa, o fracasso daquela infeliz capa do jornal O Globo. Infeliz, que dá vergonha de ver, foi o capitão da Seleção Brasileira sozinho no campo, de quatro. De quatro!

            Eu não sei. Tem gente que quanto mais ganha neste País mais renega o nosso País. Tem setores da imprensa nacional que arrecadam fortunas a custa do brasileiro, arrecadam dinheiro fora dos padrões comerciais, e são exatamente esses que diariamente puxam e empurram o nosso País para baixo.

            E agora! Será que não era hora? Pelo menos duas coisas poderíamos ver acontecendo: a grande imprensa fazer uma autocrítica, dizer que errou. Mas não! Já estão pregando o caos nas Olimpíadas.

            Eu não consigo. Eu gosto muito de ler jornal, é parte do meu ofício. Eu gosto de ver noticiário. Eu gosto de conversar com os jornalistas, mas, sinceramente, nós precisamos, depois dessa Copa, depois de dois anos de pregação do caos, daquilo que Nelson Rodrigues chamou de complexo de vira-lata, depois dessa Copa, eu acho que todos que trabalharam nessas linhas editoriais precisam fazer uma reflexão para ver qual é o legado do ponto de vista da grande imprensa que a Copa deixa, porque tem um outro que eu quero debater agora, senão vão dizer que eu vim aqui para tentar acertar contas com a imprensa. Não. Eu acho que a Copa nos impõe também refletir sobre o esporte, sobre a educação no nosso País.

            Eu queria cumprimentar a Presidenta Dilma, que foi objeto de ataque antes, durante e depois da Copa, ataques injustos alguns, porque cobrar e criticar é parte da democracia, mas a Presidenta Dilma foi xingada, agredida, na abertura e no encerramento, por maus brasileiros, os novos ricos deste País, uma elite que ganha dinheiro aqui e gasta lá fora, que fatura alto aqui, às custas das mudanças que as mudanças que o Brasil está experimentando nos últimos doze anos, mas compra casa em Miami e faz seus investimentos fora do País. Foram alguns desses que compõem essa elite brasileira que xingaram a Presidenta Dilma, os novos ricos. Mas a Presidenta Dilma merece o cumprimento pela maneira como enfrentou todas as dificuldades antes, durante, até o último jogo.

            Não é possível que o país não entenda e não separe as coisas, porque as diferenças políticas não podem ser confundidas num ato como aquele. Tudo bem! No futebol cabe vaia. Isso é parte, mas a agressão, o estímulo à agressão até física, isso não é parte do futebol nem de qualquer outro esporte,

            A Presidenta Dilma, fosse ela ou qualquer outro que estivesse à frente da nossa Nação, tinha que estar lá, na final, fazendo como fazem todos os presidentes de países, no encerramento e na abertura entregando a Taça e abrindo a competição. Aqui no Brasil, alguns maus brasileiros querem mudar essa regra. Nós vamos fazer o quê? Não tem Presidente o País? Nós temos que saber separar as coisas. É um processo que tem que ser pedagógico.

            Eu acho que nós temos que aprender a lidar com isso. Vamos realizar as Olimpíadas. Quem acha que, no caso das Olimpíadas, é mais tranquilo porque é só num lugar, de fato, é só num lugar. Vai ser no Rio. Futebol, por exemplo, vai ter em Brasília, vai ter em São Paulo, mas são praticamente todos os países do mundo, não 32 como tivemos na Copa. Praticamente todos os países do mundo, todo tipo de esporte. A audiência das Olimpíadas é de pelo menos 1 bilhão de pessoas a mais que na Copa, que passou dos 3 bilhões. O evento de maior audiência do Planeta são as Olimpíadas, e antes dele vem a Copa do Mundo de futebol.

            Claro, serão concentrados no Rio de Janeiro. Vamos ter a experiência da realização da Copa, que foi um grande sucesso em 12 cidades. Imaginem 32 seleções em lugares diferentes, transitando nos céus do Brasil de lado para lado para jogar, um treinamento num canto...

            Queria cumprimentar o Ministério da Defesa, o Exército brasileiro, a Marinha e a Aeronáutica pela maneira eficiente e discreta com que agiram e garantiram a segurança da Copa do Mundo. Não é fácil realizar uma Copa do Mundo.

            A audiência dessa Copa do Mundo no Brasil atingiu os Estados Unidos, que foram os que deram o maior número de turistas aqui. Mais de 80 mil americanos vieram, foram os segundos a comprar mais ingressos. Só perderam para os argentinos, nossos hermanos, que vieram aqui buscar o segundo lugar. Eram mais de 100 mil e construíram uma história da Copa na cidade do Rio de Janeiro, com a invasão argentina, como foi chamada, no bom sentido. Nos Estados Unidos, a audiência da Copa do Mundo foi maior do que a da final da NBA, o campeonato mais importante de basquete, esporte pelo qual os americanos são apaixonados. Até os Estados Unidos estão se rendendo a essa coisa fantástica que o futebol traz para todos nós.

            Eu queria também dizer, Sr. Presidente e a todos os que me acompanham, que o Ministro Aldo Rebelo, com toda a sua equipe, merece os nossos cumprimentos.

            Eu fiz questão de fazer uma garimpagem das notícias que saíram.

            Ainda agora, o Senador Ricardo Ferraço fez uma fala muito importante sobre turismo: quando as Olimpíadas foram realizadas na Espanha, em 1992, o número de turistas que visitavam a Espanha era de 10 milhões de pessoas por ano. Em poucos anos, passou para 20 milhões de pessoas por ano. São situações como essa que eu sonho que aconteçam no nosso País. O nosso País, há seis anos, era visitado por 5 milhões de turistas. Agora são quase 10 milhões. Depois desta Copa e das Olimpíadas, eu ainda estarei aqui no Senado, porque tenho mais quatro anos e meio de mandato. Quero, daqui a quatro anos, depois das Olimpíadas, fazer uma prestação de contas. E tomara que eu possa aqui dizer: agora são 20 milhões de pessoas que visitam o nosso País por ano.

            É este País que temos que buscar, com mais emprego, com o povo podendo viver melhor, com esse transporte coletivo usado por quem tem dinheiro e para alguns convidados se dirigirem aos estádios, com aeroportos como o de Brasília. E cumprimento o Governador Agnelo pela maneira como nós temos hoje o novo aeroporto, feito em menos de dois anos.

            Esses aeroportos não vão embora nem vão fechar porque a Copa acabou. A freqüência de atraso de voos foi menor no Brasil, durante esses 30 dias da Copa, do que na Europa normalmente e nos países desenvolvidos. E nós não vamos nos orgulhar disso? O Governo brasileiro, a Presidente Dilma está de parabéns, porque a Copa não caiu do céu. Não foi a FIFA, que vinha aqui também para cobrar e criticar - e aí davam ênfase. Não. Foi o nosso Estado brasileiro que realizou, foram os Governos de Estado com o Governo Federal.

            E quero dizer, antes de ouvir o Senador Cidinho e o Senador Suplicy, que o campeão dos campeões desta Copa foi o brasileiro, que encantou, em cada cidade deste País que sediou a Copa, quem nos visitou. De fato, o melhor do Brasil são os brasileiros.

            Óbvio que a nossa Seleção fracassou. O pior resultado da história de cem anos da Seleção Brasileira foi nesta Copa, mas não vamos xingar os jogadores, não vamos fazer uma ação como foi feita contra os jogadores, porque eles fizeram o possível, mas vamos tirar lições, vamos fazer as grandes transformações que o futebol precisa fazer. Vamos fazer o encontro do futebol com educação, vamos fazer o País entender que a Alemanha, que ganhou, que foi a grande vitoriosa, era um fracasso também de educação em 2000, quando fracassou na Copa. E a Alemanha, há 14 anos, resolveu juntar uma ação na educação com outra no futebol. E o que aconteceu? Ela agora é tetracampeã. E mais que isso: é um país que virou a página do pessimismo na educação e no futebol. Quem está me ouvindo vai dizer: “O quê? A Alemanha, em 2000, era um fracasso na educação?!” De certa forma, sim, e vou dar os dados. Foi ali, quando ela fracassou no futebol, quando ela participou de uma avaliação de ensino internacional, que eles viram que o que eles achavam que era um exemplo - a educação deles - era um péssimo exemplo. O nosso País pode fazer o mesmo: fazer uma junção entre uma nova educação no País com um novo futebol, só que fazer isso num País que tem um povo fantástico, que agrada a todos, que impressiona todos que nos visitam, num País onde há talentos como Pelé. Nós também temos que fazer a promoção dos nossos talentos, para que outros Pelés possam vir. Eu ouvi no estádio lá: “Come back, Pelé”, com o pessoal pedindo a volta de um Pelé. E eu acho que só apostando na educação, no futebol de base, numa reestruturação do futebol nós vamos ter outros Pelés, outros Messis, outros grandes ídolos para o nosso povo.

            Com prazer, ouço o Senador Cidinho.

            O Sr. Cidinho Santos (Bloco União e Força/PR - MT) - Obrigado, Senador Jorge Viana. Quero parabenizá-lo pelo brilhante pronunciamento. Eu só queria, neste aparte, fazer uma reflexão. Ontem, tive a oportunidade de assistir, pela televisão, o final da Copa. Foi uma festa maravilhosa. Participei de três jogos, em Cuiabá, e também estive nos jogos de abertura, onde tive o prazer de encontrar V. Exª. E realmente a Copa do Mundo foi um sucesso no Brasil, se não dentro do campo, mas, fora do campo, com certeza, deu um show. E ontem, observando os programas de televisão, tanto os esportivos, como os programas de variedades, passado o final do jogo, sempre os elogios... A população brasileira, com certeza, merece o nosso reconhecimento, pois realmente teve uma hospitalidade sem par, uma civilidade ímpar, que é a nossa marca, dos brasileiros: receber bem...

(Soa a campainha.)

            O Sr. Cidinho Santos (Bloco União e Força/PR - MT) -... as pessoas que vêm visitar o nosso País. E não vi nenhuma referência de nenhum órgão de imprensa em reconhecimento e agradecimento às ações tanto do Governo Federal, do governo do Estado, quanto das prefeituras das doze sedes que sediaram os jogos. Então, à noite, eu fiz uma reflexão, que hoje comentava, vindo de Cuiabá para Brasília, com o Senador Blairo Maggi: como é difícil ser político no Brasil hoje. Todas as coisas ruins que acontecem são vinculadas aos políticos. Quanto há uma ação que dá certo, uma ação boa, como foi a Copa do Mundo, agradeceram a todo mundo, mas se esqueceram de agradecer o trabalho da Presidente Dilma, o trabalho do Ministro Aldo Rebelo, o trabalho dos governadores das cidades-sede, pela pressão por que passaram, e dos prefeitos. Isso eu falo independentemente de partido, porque, em alguns Estados, o governador e o prefeito trabalharam muito, foram muito pressionados, e não são partidários do PT ou aliados ao Governo, são até da oposição. Mas nós temos de reconhecer que as tarefas foram cumpridas. A Copa foi um sucesso e as pessoas estão felizes, mas, se não houvesse aeroporto, se não houvesse mobilidade urbana, se não houvesse estádio, com certeza, haveria uma revolta e não essa satisfação hoje. Eu aprendi com o meu pai e o meu avô também que devemos ser gratos, agradecer e reconhecer aquilo que é feito. Eu sinto muito, fico muito triste, quando vejo o reconhecimento de toda a imprensa brasileira à civilidade do povo brasileiro à hospitalidade, que, com certeza, como eu já disse, é ímpar, mas se esquecem também de registrar o grande trabalho feito pelo Governo Federal, pelos governos estaduais e também pelos governos municipais para que essa Copa se tornasse realidade. Muito obrigado.

            O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Eu lhe agradeço.

            Ouço o Senador Eduardo Suplicy.

            Obrigado, Senador Cidinho.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Prezado Senador Jorge Viana, quero aqui congratular-me com V. Exª pela análise que fez do sucesso da Copa do Mundo no Brasil e também pela análise que fez sobre como grande parte de comentaristas, na imprensa, inclusive em alguns dos principais jornais do Brasil, tiveram, por muito tempo, uma visão pessimista sobre o que poderia ser a realização da Copa do Mundo. E ela, conforme ressaltou V. Exª, foi um sucesso pelo qual a Presidenta Dilma Rousseff, o Ministro Aldo Rebelo, todos que se empenharam, conforme V. Exª mencionou, e o próprio Governador Agnelo Queiroz estão de parabéns. Foi, sobretudo, um fenômeno formidável de agregação, de confraternização dos povos, dos times e das torcidas. Foi tão bonito ver os alemães, depois de terem goleado o Brasil numa situação de grande tristeza para nós, até serem aplaudidos pelos brasileiros quando acabou o jogo. Cumprimentaram todos os nossos jogadores, e diversos deles disseram: “Vocês não precisam ficar tristes, porque nós aprendemos a jogar futebol muito com vocês, brasileiros.” Então, foi uma demonstração dessa aproximação de povos. Eu, aliás, no último sábado, estive presente quando foi completado o chamado Mundial de Futebol de Rua. Havia 20 equipes de 20 países, e mais de 400 jovens de 15 até 20 anos estavam ali presentes. Eles ficaram nos Centros Educacionais Unificados, nos CEUs de São Paulo, nos bairros mais periféricos da capital, por duas semanas. Tiveram uma interação também formidável. Eu tive a oportunidade de, há três semanas, vê-los interagindo com os jovens de Heliópolis, ali na União de Moradores de Heliópolis, e vi como eles puderam também dar um exemplo de confraternização. A Colômbia foi a campeã do Mundial de Futebol de Rua.

(Soa a campainha.)

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - A equipe vice-campeã foi Israel. Interessante é que no time de Israel havia tanto israelenses da religião judaica como mulçumanos. E me informaram que, na semana passada, o time todo telefonou para Israel ou Palestina, Faixa de Gaza, para saber se algum de seus familiares haviam sido mortos naqueles bombardeios, mas eles estavam ali jogando e de uma maneira tão bonita. Então, acho que o futebol tem essa característica formidável. E gostaria, também, fui testemunha do seu diálogo hoje com o Governador Agnelo Queiroz, quando V. Exª mencionou o exemplo do que fez no estádio em Rio Branco, no Acre, sugerindo ao Governador que possa até utilizar o Mané Garrincha para..

            O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Serviço de atendimento ao cidadão.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - ... serviço de atendimento ao povo do Distrito Federal e a todos que chegam aqui, a Brasília. Meus cumprimentos a V. Exª.

            O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Muito obrigado, Senador Suplicy, Senador Cidinho.

            Eu só queria, então, concluindo...

(Soa a campainha.)

            O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - ... dizer que penso que duas coisas fundamentais têm que ser trabalhadas com calma, mas com perseverança, para ver se acontece no nosso País. Não é só o exemplo do futebol que a Alemanha deixa, é o exemplo da atitude que o país adotou em 2002, quando recebeu a nota do Pisa. Eles achavam que tinham um sistema educacional modelo, a avaliação foi feita em 32 países, e a Alemanha ficou em 21º lugar, viram que eram o país mais injusto, do ponto de vista da educação entre os países-membros da OCDE. E os alemães entenderam que precisavam fazer uma mudança. Eles são também uma federação parecida com a nossa em que a responsabilidade com a educação é dos Estados, das cidades, parecida com a do Brasil, estabelecida na Constituição, e achavam que estava tudo muito bem conduzido, e não estava. E, de lá, para cá, agora estão entre as dez nações mais desenvolvidas. Em alguns aspectos, como Matemática, já estão entre as seis nações, e, no conhecimento da língua deles, também melhoraram muito e estão entre os dez países.

            E o nosso País, o nosso Brasil pode, deve e precisa de uma grande reestruturação no futebol. Não tenho dúvidas de que a CBF poderia aproveitar, já que esse foi o pior resultado de uma seleção brasileira em cem anos, e fazer um grande debate, trazer especialistas do mundo inteiro...

(Soa a campainha.)

            O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - ... pegar exemplos como o da Alemanha, de outros países, antes que seja tarde, e fazer uma reestruturação, que não venha do Governo ou nem mesmo daqui do Congresso, que venha da reunião de jogadores, de especialistas na área, para que o Brasil, que é o país do futebol, que está entranhado no coração de cada brasileira e de cada brasileiro...

(Soa a campainha.)

            O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - ... possa reestruturar o seu futebol, a sistemática desse esporte no Brasil e associar isso a uma profunda mudança na educação e estabelecer um plano para o nosso País no tempo para que o Brasil possa, sim, encontrar o Hexa, mas como fruto de uma ação proativa, positiva. Aí, sim, envolvendo toda a imprensa, toda a grande imprensa, toda a Nação brasileira na busca desse objetivo. As Olimpíadas estão bem aí. Ainda há tempo, ainda há tempo de apoiar nossos atletas. Ainda há tempo de profissionalizar os clubes e apoiar os clubes que apoiam esses atletas, porque o nosso problema está nas competições.

            O Brasil sai dessa Copa com autoridade para sediar grandes eventos no Planeta e uma das melhores maneiras de se estimular o turismo é o turismo de evento. Uma das melhores maneiras de se firmar como uma grande nação, como um grande endereço turístico é o turismo de evento.

(Soa a campainha.)

            O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - E eu não tenho dúvida nenhuma de que, passado o Brasil por essa provação de sediar grandes eventos, o desafio que temos é agora dentro das quatro linhas ou dentro dos espaços de disputa dos esportes. E só há uma maneira: profissionalismo, apoio, investimento, associação com a educação e apoiar o desenvolvimento das talentosas brasileiras e brasileiros que são nossos atletas.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/07/2014 - Página 574