Pronunciamento de Eduardo Suplicy em 14/07/2014
Discurso durante a 101ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Homenagem de pesar pelo falecimento do ex-Deputado Federal Plínio de Arruda Sampaio.
- Autor
- Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
- Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
HOMENAGEM.:
- Homenagem de pesar pelo falecimento do ex-Deputado Federal Plínio de Arruda Sampaio.
- Aparteantes
- Randolfe Rodrigues.
- Publicação
- Publicação no DSF de 15/07/2014 - Página 579
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
-
- HOMENAGEM POSTUMA, APRESENTAÇÃO, REQUERIMENTO, VOTO DE PESAR, MORTE, EX-DEPUTADO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ELOGIO, VIDA PUBLICA.
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Anibal Diniz, quero hoje dedicar este pronunciamento à memória de um grande brasileiro, Plínio de Arruda Sampaio. Assim, requeiro, nos termos do art. 218, inciso II, e do art. 221 do Regimento Interno, inserção em ata de voto de pesar pelo falecimento, ocorrido no dia 8 de julho, do ex-Deputado Federal Plínio de Arruda Sampaio, em São Paulo, bem como a apresentação de condolências à sua esposa, Marietta Ribeiro de Azevedo Sampaio, aos seus filhos, Francisco, Plínio, Eduardo, Mário, Fernando e Vicente, e aos netos.
Até seus últimos dias, Plínio de Arruda Sampaio brigou com o cansaço e com os prognósticos. Aos 83 anos, depois de um mês no hospital, devido a um câncer ósseo, e já bastante debilitado com broncopneumonia, Plínio ainda cobrou do filho Francisco: ele queria que Francisco levasse o livro que ele estava traduzindo, A People’s History of the World, do qual fazia a tradução para o português. É um livro que conta a história do mundo através da visão do povo, e ele queria trabalhar, fazer a tradução, mas não conseguiu colocar a sua mão devidamente, para continuar aquele trabalho nos seus últimos dias de vida.
Quando ele decidiu disputar a Presidência pelo PSOL, em 2010, sabia que ficaria na lanterna, mas concorreu. Disse que o importante era defender os princípios, entre eles a reforma agrária radical, pela qual ele tanto batalhou, inclusive como presidente que foi da Associação Brasileira de Reforma Agrária, fundada em 1967. E foi justamente a reforma agrária, sua menina dos olhos, que lhe custou o exílio em 1964.
Teve os direitos políticos cassados no primeiro ato institucional do regime militar por ter sido o relator do programa agrário do Presidente João Goulart.
E, mesmo perseguido por defender mudanças na política agrária, foi um dos fundadores, em 1967, da Associação Brasileira de Reforma Agrária, a Abra, e presidiu-a, instituição que reunia notáveis em torno do tema.
Socialista, católico e um ávido internauta, Plínio nasceu em 26 de julho de 1930, em São Paulo. Na adolescência, ele integrou o movimento Juventude Universitária Católica, JUC, e, mais tarde, formou-se em Direito pela Faculdade do Largo São Francisco. Foi Promotor por um ano, inclusive em Pindamonhangaba, conforme ressaltou o Governador Geraldo Alckmin, durante o seu enterro.
Antes de completar 30 anos, Plínio se destacou ao coordenar o grupo de planejamento responsável pela elaboração do primeiro Plano de Ação Geral do Estado de São Paulo, no Governo Carvalho Pinto, 1958 a 1962. Nessa época, ele interagiu muito com seus amigos Jorge da Cunha Lima, Chopin Tavares de Lima e muitos outros.
Ele começou na política no extinto Partido Democrata Cristão. Eleito Deputado Federal em 1962, foi cassado durante o regime militar e permaneceu no exílio durante 12 anos. Foi também Diretor do Correio da Cidadania, um jornal da internet que teve muito sucesso entre os internautas e consultor da FAO, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação. E, ao tempo em que ele era um jovem Deputado Federal, no início dos anos 1960, 1962, 1963 e 1964, ele participou de algumas reuniões que se realizaram na minha residência, na residência de meus pais, Paulo Cochrane Suplicy e Filomena Matarazzo Suplicy, pois os dirigentes da Confederação das Famílias Cristãs queriam ouvir os jovens parlamentares e membros do PDC, como Chopin Tavares de Lima, Paulo de Tarso Santos, Plínio de Arruda Sampaio, e também um pouco mais dos de outra geração acima deles, como André Franco Montoro.
Nessa época, Plínio, que era amigo de minhas irmãs - Besita, Vera, Ana Maria e Maria Theresa -, muito conviveu em minha residência. Passei a tê-lo como um amigo, e essa amizade prosseguiu.
Na volta ao Brasil, depois de seu exílio, em 1976, Plínio se aproximou das lideranças que formariam o PT, como o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E, na verdade, ao conversar no exílio com outros políticos, como Fernando Henrique Cardoso, Almino Affonso e outros, ele tinha pensado em formar um novo partido progressista de esquerda. Acontece que, uma vez eleito suplente de Senador, Fernando Henrique achou que não deveria dividir o MDB ou o que se tornou o PMDB.
Foi então que ele se aproximou do Partido dos Trabalhadores, ajudou a construir o nosso Partido. Foi quem ajudou a redigir o primeiro estatuto do Partido dos Trabalhadores, que é um documento de grande relevância. E ele foi eleito primeiro suplente da Bancada de Deputados paulistas, que era composta por mim, por Airton Soares, por Irma Passoni, por Djalma Bom.
Quando, em 1985 e, depois, em 1986, fui candidato a prefeito de São Paulo e a governador de São Paulo, pedi licença para dedicar-me todo o tempo à campanha. E e Plínio de Arruda Sampaio foi o Deputado Federal que assumiu como meu primeiro suplente. E aí nós tivemos, mais uma vez, uma grande interação.
Posso voltar um pouco no tempo, para dizer que, quando Plínio de Arruda Sampaio morava em Washington, D.C. e fazia uma pós-graduação na Cornell University, e eu fui aos Estados Unidos, para fazer o meu doutoramento em Economia, no início dos anos 70, eu o visitei, e tivemos um ótimo diálogo, inclusive sobre todos aqueles acontecimentos da época: a luta pelos direitos civis, a oposição à guerra do Vietnã. E, sobre esses temas, nós conversávamos com muita afinidade.
E, quando Plínio de Arruda Sampaio voltou do exílio, nos anos 70, eu era o chefe de Departamento de Economia da Escola de Administração de Empresas de São Paulo e, então, o convidei para dar aulas no Departamento de Economia e de Planejamento sobre aquilo que ele sabia tão bem, e ele foi um excelente professor.
Mas Plínio participou da campanha das Diretas Já. Na Assembleia Nacional Constituinte, foi Vice-Líder do PT em 1987; e, em 1988, quando Luiz Inácio Lula da Silva deixou o comando da Bancada, foi ele que se tornou o Líder da Bancada.
Lula e Plínio estiveram juntos nas eleições seguintes e palanques, mas, pouco a pouco, ele foi se afastando, desde que o PT ganhou a Presidência em 2002. Plínio havia redigido o programa de governo da reforma agrária do Presidente Lula, eleito em 2002, mas ele passou a tecer críticas, porque nem todas as suas recomendações estavam devidamente consideradas.
Plínio de Arruda Sampaio, como presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária, tinha um diálogo intenso, por exemplo, com João Pedro Stédile, Gilmar Mauro e todos aqueles que eram os principais coordenadores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, que cobravam do governo do Presidente Lula que aquilo que Plínio havia escrito devesse ser colocado em prática, mas nem sempre o foi em toda forma.
Após 20 anos, Plínio deixou o Partido, em 2005, e ingressou no recém-lançado Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) do qual se tornou um dos maiores dirigentes. Os princípios defendidos continuaram os mesmos: a reforma agrária radical, que ele considerava necessária; a reforma urbana, a taxação das grandes fortunas; o controle sobre a dimensão das propriedades rurais e assim por diante.
Plínio de Arruda Sampaio defendia uma reforma institucional que fosse dirigida às massas. Entre suas propostas para o País estava a educação pública e gratuita, com investimento de 10% do Produto Interno Bruto, meta que agora consta do Plano Nacional de Educação (PNE), homologado, depois de aprovado pelo Congresso Nacional, pela Presidenta Dilma Rousseff.
À frente do PSOL, Plínio de Arruda Sampaio procurou ampliar o debate político e foi candidato à Presidência da República em 2010. Durante a campanha presidencial, Plínio atraiu a atenção dos eleitores mais jovens, conectados nas mídias sociais e na internet. Ávido usuário do Twitter, ele usou a rede para difundir a sua plataforma política.
Ele recebeu 886 mil votos, o equivalente a 0,87% do total. Mas as tiradas de Plínio de Arruda Sampaio nos debates e, depois, nas redes sociais o transformaram na estrela dos debates, mesmo sem chances de eleição. “Nossa candidatura será a mosca na sopa da burguesia”, ele afirmava.
Conforme lembrou o Deputado Ivan Valente no seu velório, momentos antes do seu enterro, Plínio se tornou um herói dos jovens, o candidato preferido pelos jovens e a eles se juntou, por exemplo, nas manifestações de junho de 2013.
Em nota oficial, o PSOL disse que o Partido e o País perderam um grande protagonista da história recente e da luta pela justiça social e pela democracia no Brasil.
O Presidente Nacional da sigla, Luiz Araújo, disse que o Partido se solidariza com a família de Plínio de Arruda Sampaio: “Continuaremos levando adiante os ideais por justiça social defendidos incansavelmente por ele.”
Em seu perfil no Twitter, o candidato do PT ao Governo de São Paulo, Alexandre Padilha, deixou sua mensagem para os familiares e admiradores de Plínio de Arruda Sampaio: “Grande tristeza: falecimento de Plínio de Arruda Sampaio, com quem convivi em 90, quando fui candidato a governador. Brasileiro que honrou a política”.
Mesmo em partidos diferentes, mantive uma amizade fortíssima com Plínio, a quem eu considerava um irmão, um conselheiro-mor, que conhecia desde a minha adolescência.
Nas últimas semanas, visitei-o no hospital. Eu fui bater na porta do seu quarto, e veio a enfermeira e falou - eram umas seis e meia da tarde e a luz estava apagada -: “Olha, ele está repousando, e a família acha melhor... Quem sabe o senhor vai até o fundo do corredor, onde está a Srª Marietta e o seu filho Plininho.” Então, eu fui me dirigindo para lá quando, no meio do corredor, Plininho veio ao meu encontro. E telefona a enfermeira: “Olha, o Sr. Plínio de Arruda Sampaio, quando soube que o senhor estava aqui, pediu para o senhor vir ao quarto dele.”
Daí, voltei com o Plininho ao quarto e, por dez minutos, nós dialogamos. E eu transmiti a ele as lembranças que eu tinha desde quando ele frequentava a casa de meus pais e por toda a nossa vida. Quando ele inclusive deixou o PT, eu fui à residência dele, muito conversei, inclusive com o Ivan Valente, que, sabendo da nossa afinidade, pediu, sugeriu que eu também fizesse o mesmo, mas eu considerei que era importante para mim permanecer no PT.
O Senador Randolfe Rodrigues sabe que eu continuo a defender aqueles mesmos princípios do tempo do PT até hoje dentro do partido e acho que é a minha responsabilidade. Mas, mesmo em partidos diferentes, então, essa amizade prosseguiu.
E, quando eu fui eleito Senador pela primeira vez, em 1990, ele era o candidato a governador de São Paulo e eu era candidato ao Senado. Então, nós dois percorremos juntos o Estado de São Paulo. E sempre o achei um companheiro extraordinário, uma das pessoas que eu conheço que mais lutou para a construção de uma nação justa. E, com respeito à ética, ele era extremamente rigoroso.
Durante o velório, eu levei uma nota escrita pelo ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a entreguei à Dona Marietta e ao Plininho, dito assim, abrindo aspas, para Marisa Letícia e Luiz Inácio Lula da Silva: “Plínio dedicou toda a sua vida à luta pela igualdade, enfrentando a ditadura, na fundação do Partido dos Trabalhadores e no apoio sempre presente aos movimentos sociais brasileiros. Nossa solidariedade aos familiares, amigos e companheiros de militância.”
A mulher de Plínio, Marietta Ribeiro de Azevedo, lembrou que o seu marido sempre acreditou numa sociedade mais justa e que desde jovem esteve próximo da Igreja Católica, o que fez com que defendesse a atuação política como uma forma de caridade superior.
Ali, na missa de corpo presente na Igreja de São Domingos, na quarta-feira passada, nós ouvimos uma manifestação e assistimos manifestações lindas, prezado Senador Randolfe Rodrigues. Primeiro, a igreja estava completamente tomada.
Acho que houve ali um reencontro de pessoas que, ao longo dessas gerações, admiraram tanto Plínio de Arruda Sampaio e de alguns jovens, mas muitas pessoas de gerações da minha idade e ainda de mais idade: Hélio Bicudo, Dalmo de Abreu Dallari, Osorinho, José Gregori, José Serra, Geraldo Alckmin e tantos jovens amigos de seus irmãos e de seus netos, de seus seis filhos e, acho, que dos 14 netos que ele tinha.
E o Frei Carlos Josaphat lembrou de como Plínio de Arruda Sampaio abraçou os ideais da Teologia da Libertação. Do Frei Carlos Josaphat, nos anos 60, eu fui um dos que foram assistir quando ele fez inúmeras conferências a respeito da Mater et Magistra e da Pacem in Terris, das encíclicas papais, em que dizia como que a Igreja estava avançando extraordinariamente.
Também falou Frei Beto e D. Angélico Sândalo, que falou da vida de Plínio e Marietta Ribeiro de Azevedo Sampaio e que concluiu, com a voz embargada, com os versos da música que Plínio de Arruda Sampaio tanto amava, canção símbolo pelos direitos civis, da luta pelos escravos norte-americanos, pela liberdade. E essa música, prezado, querido Randolfe Rodrigues, vou terminar a minha fala com os poemas dessa canção, mas gostaria de lhe conceder o aparte, V. Exª, que comigo assinou esse requerimento de pesar e solidariedade à família e aos amigos de Plínio de Arruda Sampaio.
O Sr. Randolfe Rodrigues (Bloco Apoio Governo/PSOL - AP) - Senador Eduardo Suplicy, eu queria duplamente agradecer V. Exª, agradeço inclusive em nome do PSOL, primeiro pela homenagem que V. Exª faz da tribuna do Senado ao companheiro Plínio de Arruda Sampaio e, segundo, por ter possibilitado subscrever com V. Exª esse voto de pesar a esse companheiro tão importante para o nosso Partido. Eu queria ter estado presente na homenagem, na despedida a Plínio. Eu estava em Macapá no dia do seu falecimento, e não foi possível me deslocar de Macapá para São Paulo pelo congestionamento nas linhas aéreas e pela ausência de vôo de Macapá até São Paulo. Fiz uma homenagem no Facebook para ele, e minhas orações foram voltadas e têm sido voltadas a ele, em agradecimento ao que ele fez por nós, pelo Brasil e na luta pelo socialismo.
(Soa a campainha.)
O Sr. Randolfe Rodrigues (Bloco Apoio Governo/PSOL - AP) - Tenho, Senador Eduardo Suplicy, das várias lembranças de Plínio. Acho que V. Exª, ao discorrer sobre a biografia dele, já mostra o que Plínio fez pela democracia em nosso País: os trabalhos dele como Parlamentar; o trabalho dele como Deputado Constituinte; a luta dele pela reforma agrária; antes, no Governo João Goulart, um dos primeiros a terem sido cassados pelo golpe de 1964; a luta como Deputado Constituinte; a luta incansável dele pela reforma agrária em nosso País; a luta pela democracia na construção do Partido dos Trabalhadores; a coerência política dele, saindo do Partido dos Trabalhadores, depois, indo para a construção do nosso partido, o Partido Socialismo e Liberdade. Quero lembrar - talvez V. Exª não recorde - que eu estava neste momento junto com ele quando apelava para V. Exª vir para o PSOL e fazia o convite a V. Exª. Ele não esteve no primeiro momento na fundação do PSOL. O primeiro momento na fundação do PSOL é o momento de Heloísa Helena, Luciana Genro, do Deputado Babá e dos primeiros Parlamentares que saíram para fundar o PSOL. Mas eu sou desse segundo momento de dissidência com o Partido dos Trabalhadores e dos que foram para a construção do Partido Socialismo e Liberdade. É o momento em que vai do Ivan Valente, o Deputado Chico Alencar, o Deputado João Alfredo, o Deputado Edmilson Rodrigues e Plínio de Arruda Sampaio. E é a dissidência de outubro, de setembro, de 2005, eu estava entre estes que, em um segundo momento, resolvem acorrer ao Partido Socialismo e Liberdade e se somar aqueles que lá estavam.
(Soa a campainha.)
O Sr. Randolfe Rodrigues (Bloco Apoio Governo/PSOL - AP) - Se há alguma das várias características em que nós nos somamos a Plínio, é a vitalidade que ele tinha. Eu costumo dizer que Plínio era o mais jovem de nós, e V. Exª, daí da tribuna, destaca isso. Plínio tinha uma atração natural para os jovens, ele dialogava com os jovens. Uma das mensagens, uma das imagens que nós temos de Plínio é ele, nas manifestações de junho do ano passado, nas ruas, participando das manifestações com os militantes do Passe Livre, lá em São Paulo, ao lado dos jovens. V. Exª lembra aqui a quantidade de jovens que estavam presentes na missa de corpo presente em São Paulo e a quantidade de jovens que estavam na missa de sétimo de dia de Plínio. Isso é porque ele tinha o apelo e o atrativo para os jovens, ele era o mais jovem de todos nós, militantes do PSOL. E é porque há algo que me chamava a atenção em toda vez que nós perguntávamos para o Plínio quais eram os melhores anos ou as melhores experiências que ele tinha da vida, e ele sempre nos respondia: “Aquelas que virão”. Ele era, sem dúvida, o mais jovem dos nossos militantes. Eu coloquei, no Facebook, uma mensagem dele, e eu lembro que a última mensagem dele na campanha presidencial de 2010 é uma mensagem exatamente para os jovens, em que ele dizia o seguinte: que tudo que ele tinha feito valeria a pena se os jovens entendessem a mensagem que ele tinha deixado naquela campanha presidencial, tudo o que tinha ocorrido na vida dele, o exílio, a luta pela reforma agrária, tudo valeria a pena se os jovens entendessem, se tivessem entendido a mensagem dele. E ele concluía aquela mensagem na campanha presidencial de 2010, dizendo o seguinte: “Jovens, pensem grande. Não pensem pequeno. Não acreditem no impossível. O impossível torna-se possível, se você quiser. Ele vira possível.” O que é preciso é ter coragem para fazer o impossível tornar-se possível. Por isso que ele é, ele sempre foi, entre nós, o mais jovem dos militantes. É esse o espírito - e não é para poucos - de acreditar em um mundo onde cada um viva o sonho de uma sociedade de igualdade só é para alguém que traz no coração a juventude como sonho possível o tempo todo, que é o sonho de uma sociedade socialista. Eu o cumprimento, Senador Suplicy, e lhe agradeço por ter, ainda há pouco, me possibilitado falar com Plininho pelo telefone. Estarei em São Paulo na próxima quarta-feira. Falei para Plínio filho que estarei lá com ele e com D. Marieta para dar, embora um pouco depois, um abraço neles. É um abraço que eu queria ter dado em Plínio ainda em vida. É um abraço de agradecimento por tudo que Plínio fez por nós e pelo Brasil. E o melhor que ele fez pelo Brasil e por nós foi o exemplo de alguém que dedicou a vida a esse sonho possível e ao principal legado que ele deixa à juventude: o legado de acreditar no impossível que é possível para aqueles que acreditam em uma sociedade mais justa.
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Muito obrigado, Senador Randolfe Rodrigues. As suas palavras significam um abraço carinhoso ao Plínio, aos seus amigos e aos seus familiares.
Eu quero aqui, mais uma vez, reiterar: eu sinto em Plínio de Arruda Sampaio um verdadeiro irmão e um exemplo e tenho no PSOL, em V. Exª mesmo, um sentido de irmandade. Tantas vezes nós estivemos juntos e vamos continuar juntos na batalha junto aos jovens para transformar este País.
(Soa a campainha.)
O Sr. Randolfe Rodrigues (Bloco Apoio Governo/PSOL - AP) - Da mesma forma, Senador Suplicy, de nossa parte para com V. Exª. Quero só destacar: eu lembro que tive um sentimento de muita solidariedade de Plínio logo após a definição de minha pré-candidatura à Presidência da República. Havia um clima de muita conflagração no PSOL, e Plínio foi o primeiro a registrar e manifestar sua solidariedade e apoio à definição do Partido.
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Muito bem.
O Sr. Randolfe Rodrigues (Bloco Apoio Governo/PSOL - AP) - Era uma manifestação também de muita maturidade de um grande militante político. De nós, Senador Suplicy, quero aqui registrar nosso sentimento de irmandade e companheirismo para com V. Exª.
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Muito obrigado. E também com Luciana Genro, Ivan Valente e todos os companheiros do PT.
Pois bem. O Frei Betto anunciou que haverá uma missa não propriamente de sétimo dia, mas um pouco além, no dia 19 de julho, na Catedral de São Paulo, ao meio-dia. Certamente, ela será rezada, como foi a missa de corpo presente, por muitos sacerdotes, por Dom Angélico, por Frei Betto, por Frei Carlos Josaphat, por Padre Lancellotti, por Frei Jorge e por tantos amigos que ele tinha dentre os dominicanos.
Assim, Presidente Anibal Diniz, permita-me só que, em homenagem ao Plínio, eu faça como fez a Marieta, sua esposa, que disse que gostaria de terminar a fala dela, na Igreja dos Dominicanos, com a música que os negros tantas vezes cantavam na luta pelos direitos civis e também pela libertação dos escravos: When The Saints Go Marching In.
Well, when the Saints go marching in,
When the Saints go marching in,
MM, I want to be, I'm gonna be in that number
Oh, when the Saints go marching in.
Bem, quando os santos estiverem marchando [em direção à liberdade, para entrar no paraíso],
Quando os santos estiverem marchando,
Mm eu quero ser, eu vou estar nesse número,
Oooh, quando os santos estiverem marchando.
Oh, sim, quando o sol começar a brilhar.
Quando o velho sol começar a brilhar,
Digo-te uma coisa que eu vou ser, eu vou estar nesse número [junto com aqueles santos],
Quando o sol começar a brilhar.
Sim, quando meu Senhor me chamar para casa de novo [junto ao paraíso],
Quando meu Senhor me chamar para casa de novo,
Eu vou te dizer que eu vou estar nesse número,
Oh, quando o meu Senhor me chamar para casa novamente.
Oh, quando os santos estiverem marchando,
Quando os santos estiverem [entrando no céu]
Digo-te uma coisa, eu vou ser, eu vou estar nesse número,
Quando os santos estiverem marchando.
Bem, quando o sol, sim, começar a brilhar.
Quando o sol começar a brilhar,
Digo-te uma coisa, eu vou ser, eu vou estar [dentre esses],
Quando o velho sol começar a brilhar.
Preguiçoso uma vez.
Mm mm, sim, tudo bem, tudo bem,
Oooh, quando os santos estiverem marchando.
Sim, quando os santos estiverem marchando,
Sim, quando os santos estiverem marchando,
Tenho que dizer uma coisa, eu vou estar, eu vou estar nesse número [dentre eles],
Sim, quando os santos estiverem marchando.
Sim, quando meu Senhor me chamar para casa de novo,
Ah, quando meu Senhor me chamar para casa de novo,
Eu vou te dizer que eu vou estar...
(Soa a campainha.)
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - ... nesse número, oh, quando os santos estiverem marchando.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
Obrigado, Senador Randolfe Rodrigues.
O SR. PRESIDENTE (Anibal Diniz. Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Muito obrigado, Senador Suplicy. Parabéns pelo belíssimo pronunciamento de V. Exª.
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Quero dizer que V. Exª, Senador Anibal Diniz, o Senador Aloysio Nunes, a Senadora Ana Amélia, o Senador Jorge Viana e o Senador Cidinho, todos assinamos este requerimento, nesta tarde.
Muito obrigado, Sr. Presidente Anibal Diniz.
O SR. PRESIDENTE (Anibal Diniz. Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Obrigado e parabéns, Senador Suplicy.
Eu convido V. Exª a assumir a Presidência, por alguns minutos.