Discurso durante a 101ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Destaque à importância para a economia mundial da VI Reunião de Cúpula do BRICS, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul; e outros assuntos.

Autor
Anibal Diniz (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Anibal Diniz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INTERNACIONAL, POLITICA EXTERNA. POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA, EDUCAÇÃO. ESPORTE.:
  • Destaque à importância para a economia mundial da VI Reunião de Cúpula do BRICS, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul; e outros assuntos.
Publicação
Publicação no DSF de 15/07/2014 - Página 584
Assunto
Outros > POLITICA INTERNACIONAL, POLITICA EXTERNA. POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA, EDUCAÇÃO. ESPORTE.
Indexação
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, ECONOMIA INTERNACIONAL, ATUAÇÃO, GRUPO ECONOMICO, PARTICIPAÇÃO, BRASIL, REGISTRO, REALIZAÇÃO, CONFERENCIA, AMBITO INTERNACIONAL, OBJETIVO, DEBATE, CRIAÇÃO, BANCO DE DESENVOLVIMENTO, FUNDO DE RESERVA, FORTIFICAÇÃO, AGRUPAMENTO, PAIS ESTRANGEIRO.
  • COMENTARIO, REALIZAÇÃO, EVENTO, TECNOLOGIA, LOCAL, CIDADE, RIO BRANCO (AC), ESTADO DO ACRE (AC), IMPORTANCIA, UNIVERSIDADE FEDERAL, INVESTIMENTO, INFRAESTRUTURA, POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA, CONTRIBUIÇÃO, ATRAÇÃO, ESTUDANTE, AREA, EDUCAÇÃO, CIENCIA E TECNOLOGIA.
  • ELOGIO, REALIZAÇÃO, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL, LOCAL, BRASIL, COMENTARIO, ORGANIZAÇÃO, EVENTO.

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco Apoio Governo/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Eduardo Suplicy, eu havia também dado uma declaração ao site do Senado a respeito da importância de Plínio de Arruda Sampaio.

            Além de ser um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores e ter dado uma grande contribuição para a formação dessa geração política, que tem trazido tantas contribuições ao Brasil, Plínio de Arruda Sampaio tinha uma sabedoria na condução de algumas reflexões.

            Lá no Acre, certa feita, quando esteve conosco, ele disse, numa das suas palestras, que a melhor maneira de promover a inclusão social era justamente através da política, através da presença, no Executivo. Isso foi algo que marcou profundamente, porque ele buscou o caminho da institucionalidade. Foi autêntico e teve uma história muito relevante.

            Por isso, a nossa homenagem total a este grande homem, a este grande brasileiro, Plínio de Arruda Sampaio.

            E gostaria, Senador Suplicy, sob a sua Presidência, neste final de sessão não deliberativa do Senado, de fazer apenas algumas menções a respeito do encontro que começa amanhã dos países que formam os BRICS, que são: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

            O Brasil sedia, nesta semana, uma importante reunião mundial: a VI Conferência de Cúpula dos BRICS, o grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

            Nesta reunião, que será realizada amanhã em Fortaleza, será discutido o desenvolvimento da economia desses países, que, nas últimas décadas, apresentaram um expressivo crescimento industrial.

            O encontro entre os presidentes dos países que integram os BRICS vai marcar a crescente influência das economias emergentes no mundo financeiro global, hoje dominada pelos Estados Unidos e pela Europa por meio do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial.

            Essa influência dos BRICS é expressiva. Hoje, esse bloco formado por cinco países detém quase 43% da população mundial - são 42,6% da população mundial - e possui um PIB somado de US$14 trilhões.

            A estimativa é de que, até o fim desta década, os BRICS devem alcançar um PIB combinado de US$25 trilhões. Temos a nosso favor recursos naturais e financeiros e também uma demanda muito significativa.

            A reunião desta terça-feira em Fortaleza é ainda especialmente importante porque o Brasil poderá ser o primeiro país do grupo a ficar na presidência do Novo Banco de Desenvolvimento, que também será criado oficialmente nesta terça. Será o banco dos BRICS o New Development Bank, que será exatamente o banco para promover o desenvolvimento econômico e também o desenvolvimento da infraestrutura, o financiamento de parte da infraestrutura desses países.

            O banco tem previsão para começar a operar a partir de 2016 e contará com um capital inicial de US$50 bilhões para financiar projetos de infraestrutura sustentáveis sob os pontos de vista econômico, social e ambiental. Esse capital, no entanto, poderá chegar a até US$100 bilhões, por meio de captações.

            O novo banco irá administrar fundos especiais de investimentos, segundo informou o Ministro da Fazenda, Guido Mantega. Vai financiar os países dos BRICS e outros países emergentes que não fazem parte do bloco.

            Um desses fundos especiais de investimentos será destinado a projetos de infraestrutura. Na avaliação do governo brasileiro, há carência de projetos, e uma saída para os efeitos da crise mundial seria justamente aumentar os investimentos nessa área.

            O Novo Banco de Desenvolvimento será dirigido por um diretor executivo (CEO) e um conselho de administração com mandato de cinco anos não renováveis.

            Os BRICS terão 55% do controle do novo banco, o que caracteriza uma situação de igualdade de condições. Cada um dos cinco países terá uma cota de US$10 bilhões. A intenção é formatar um modelo que evite que as decisões da instituição tenham pesos diferentes.

            A reunião desta terça-feira tem, também, outros objetivos. Além da criação do banco, os líderes dos BRICS assinarão três acordos. Um acordo para a criação do Arranjo de Contingente de Reservas, uma espécie de fundo com US$ 100 bilhões, para ajudar a resolver problemas nas economias dos países do bloco; um acordo de cooperação entre as respectivas seguradoras de crédito à exportação; e um convênio entre os bancos de fomento - no Brasil, a instituição será o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

            Especialistas avaliam que, com essas novas medidas e com o novo banco de desenvolvimento, os BRICS passarão a assumir um novo patamar de institucionalização e se fortalecerão como um grupo de países que reivindicam um importante papel político.

            Além disso, deverá atuar de forma positiva sobre a atual arquitetura internacional e no processo de reformas de instituições como Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial.

            Essa reunião terá uma importância muito grande na discussão do sistema de governança, soberania e busca de saídas estratégicas para esses países que enfrentam problemas sociais e econômicos, apesar da diferença cultural desses países, mas que têm problemas comuns que estão permanentemente na pauta dessas reuniões da alta cúpula dos países que formam o BRICS.

            Na atual economia mundial, principalmente nos países em desenvolvimento, o entendimento é de que há carência de financiamento de longo prazo para projetos mais complexos.

            Por isso, consideramos extremamente positivo o fato de que a reunião desta terça-feira irá acertar a expansão de novas fontes que permitam mais desenvolvimento da economia mundial.

            Temos pela frente, portanto, o surgimento de um novo horizonte, de um novo desenho financeiro e de um novo potencial para os negócios. E, com certeza, a população desses países, que soma 42,6% da população mundial, está atenta a esse encontro da cúpula, que acontece amanhã, em Fortaleza, para justamente discutir essas questões todas que estão postas na pauta da reunião dos BRICS: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

            Para finalizar, Sr. Presidente, eu gostaria de reforçar que, do dia 22 a 27 de julho, acontece em Rio Branco o congresso anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Esse congresso é um encontro da máxima importância para essa instituição, e vêm sendo tratadas com muito carinho a sua organização e a mobilização toda da instituição anfitriã, que é a Universidade Federal do Acre. Eu quero fazer aqui um reforço do reconhecimento do trabalho do Reitor Minoru Kinpara, da Vice-Reitora Margarida e de todas as pró-reitorias que estão mobilizadas para bem recepcionar todos os visitantes, os cientistas, estudantes e pessoas curiosas que estão interessadas em participar desse congresso anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, que acontece este ano em Rio Branco, no Estado do Acre.

            Na semana passada, eu fiz referência a esse congresso da SBPC, neste plenário, e eu quero reafirmar aquilo que nós afirmamos em plenário: a batalha para levar esse congresso da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência lá para Rio Branco foi muito grande. Inclusive, quero fazer um testemunho aqui em favor do Deputado Sibá Machado. Em alguns momentos, quando estivemos com o então Ministro da Educação, Aloizio Mercadante, ele já fazia essa defesa e mostrava o quanto precisava de uma atenção especial, porque a infraestrutura demandada para bem recepcionar os milhares de pessoas que vão estar presentes a esse evento é muito grande e, por isso, exigia uma atenção especial do Governo, do Ministério de Educação e das instituições todas para garantir essas condições.

             A Universidade Federal do Acre se transformou em um canteiro de obras: são espaços sendo construídos, espaços sendo adequados para receber os milhares de pessoas que vão estar presentes neste período de 22 a 27 de julho, em Rio Branco. Todas as experiências que serão mostradas e todos os debates que serão feitos têm a temática regionalizada da Amazônia, que, certamente, vai despertar grande interesse.

            Quero dizer também que nós estamos acompanhando a batalha, o esforço todo para de abrigar os milhares de pessoas que estão indo para esse encontro. Os hotéis estão completamente lotados. Sabemos que a infraestrutura hoteleira de Rio Branco é muito precária, por isso estão sendo mobilizados não só os hotéis, mas também outros espaços, casas de amigos, para fazer a recepção dessas pessoas.

            Esse evento simboliza uma espécie de Copa do Mundo na cidade de Rio Branco no sentido de que demanda uma infraestrutura muito grande, uma logística muito grande. É uma espécie de Copa do Mundo da ciência e tecnologia acontecendo em Rio Branco, exatamente porque exige uma grande mobilização e está, certamente, demandando muitas preocupações do Reitor Minoru Kinpara, da Vice-Reitora Margarida e de todos os que estão envolvidos no evento.

            Então, fica o meu cumprimento ao Reitor Minoru e a todos os que estão contribuindo nessa organização e os votos de que esse encontro de ciência e tecnologia que está acontecendo no Acre desperte nos nossos jovens o interesse científico, no sentido da conquista de uma posição, da conquista de um espaço nesse ambiente competitivo que temos. Principalmente na era da nova tecnologia, quando tudo se tornou instantâneo, é fundamental que os jovens estejam atentos à importância das novas descobertas. É fundamental que os jovens estejam atentos para a importância da educação, da busca do conhecimento, e esse congresso da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, no Acre, é algo verdadeiramente muito importante.

            Fica o meu cumprimento, digamos assim, a felicitação pela oportunidade que estamos tendo nesse período pós-Copa do Mundo. Nesse período que antecede as Olimpíadas de 2016, teremos em 2014, de 22 a 27 de julho, a presença da Conferência Nacional para o Progresso da Ciência no Acre (SBPC), fazendo o seu congresso nacional exatamente no Estado do Acre.

            Então, fica este meu cumprimento e o cumprimento a todos que contribuíram e que continuam contribuindo para a realização desse evento, na torcida de que seja muito bem-sucedido. Eu tenho certeza de que as dificuldades que teremos para abrigar as pessoas que irão para esse congresso nós iremos compensar com muito acolhimento, com muita hospitalidade. Eu tenho certeza de que todos que se fizerem presentes vão se sentir muito felizes e muito bem acolhidos pelo povo do Acre.

            E, finalmente, Senador Suplicy, em relação ao final da Copa do Mundo. Eu assisti pela televisão àquele jogo Alemanha x Argentina. Achei um jogo fantástico, em que a força do planejamento alemão teve uma oposição à altura com a garra e a disciplina argentina, que conseguiu fazer um jogo muito equilibrado. E o resultado foi o que já estava sendo esperado: uma vitória da Alemanha, sendo tetracampeã mundial.

            Mas, fundamentalmente, eu acho que o que nós podemos dizer, ao final dessa Copa do Mundo no Brasil, é que os resultados foram surpreendentemente bons. A Copa do Mundo foi maravilhosa, os eventos todos superaram as expectativas. Eu sei que há, digamos assim, um certo exagero quando se fala “A Copa das Copas” no Brasil, mas o fato é que a Copa superou em muito as expectativas e, por isso, todos estão de parabéns. Eu acho que o Governo brasileiro está de parabéns. A FIFA e a CBF, que acompanharam a realização desse evento, também estão de parabéns. Infelizmente, não tivemos o desfecho esperado, que era a conquista do hexa para o Brasil. Infelizmente, tivemos um resultado em campo que não foi o que desejávamos. Mas futebol é isso.

            Todo torcedor brasileiro tem capacidade para emitir a sua opinião. Aliás, são 200 milhões de técnicos, cada qual tem a sua opinião a respeito. O fato é que o futebol tem a presença do imponderável. Ainda que a Alemanha seja o país que todo mundo reconhece que teve o planejamento de longo prazo, nós sabemos o quanto a Alemanha suou para ganhar, por exemplo, da Argélia; o quanto ela suou para ganhar de Gana; o quanto ela suou para ganhar da França. Só teve facilidade mesmo com o Brasil. Com a Argentina, ontem, foi um jogo também muito equilibrado.

            Mesmo com tanto planejamento, a linha tênue que separa uma equipe vencedora de uma equipe derrotada é imperceptível. Quer dizer, não dá para, de um momento para o outro, condenar todo o trabalho feito e simplesmente exaltar o vencedor como se tivesse feito um trabalho impecável. Na realidade, há resultados que são fruto também do imponderável.

            Ontem mesmo, no jogo da Argentina, pudemos ver que o Messi teve a bola do jogo nos pés, o Palacio teve a bola do jogo nos pés e também o Higuaín, que era o matador argentino, teve o momento para fazer o gol e não o fez. Quer dizer, em qualquer momento desses, poderia ter saído um gol da Argentina e o resultado não ter sido a vitória da Alemanha. Então, além do planejamento, além do trabalho técnico que os alemães desenvolveram, há a imponderabilidade, que está presente no jogo de futebol e que o torna o esporte mais bonito e mais apreciado no mundo, exatamente porque ele permite que as surpresas aconteçam.

            No mais, a organização da Copa do Mundo no Brasil foi um sucesso. Os resultados são perceptíveis tanto para as pessoas que participaram quanto para as pessoas que assistiram pela televisão no mundo inteiro. O Brasil saiu muito bem nessa fotografia e, por isso, eu acho que o povo brasileiro está de parabéns e nós estamos absolutamente realizados, porque a Copa do Mundo cumpriu integralmente com o papel a que se propôs sendo realizada no Brasil. O Brasil pôde mostrar a sua hospitalidade. O Brasil pôde ser mostrado para o mundo de maneira muito simpática, exatamente como é o povo brasileiro.

            O Estado da Bahia está de parabéns, porque recepcionou tão bem a delegação alemã e, no final, essa simpatia e esse axé acabaram resultando também numa vitória alemã, que foi um pouco compartilhada com o povo baiano por ter sido, digamos assim, o anfitrião dos alemães no seu Estado.

            Então, parabéns a todo o povo brasileiro. Que possamos nos organizar melhor e nos planejar melhor para resultados melhores no futebol, para que o futebol pentacampeão mundial volte a se apresentar exatamente como ele deve ser, como um futebol a ser respeitado no mundo e não para ser batido por 7 a 1, como aconteceu naquele desastre, no jogo contra a Alemanha.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/07/2014 - Página 584