O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu estava sentado na minha cadeira ouvindo atentamente os Senadores petistas elogiarem a Copa do Mundo no Brasil. E fiquei a me perguntar, calado, onde estava, eu perguntava, meu Líder Pedro Simon: se a Copa foi tão boa, por que a Dilma não abriu a Copa do Mundo? Essa é a primeira pergunta que faço aos Senadores, aliás, nenhum dos dois está aqui para dialogar comigo, mas eu gostaria. Por que a Dilma não foi abrir a Copa do Mundo?

            E pior, quem dera eu pudesse mostrar a fisionomia da Dilma na hora em que ela foi entregar a taça do Mundo ao capitão alemão! Eu queria poder mostrar aos Senadores a cara da nossa Presidenta!

            Aliás, Ela não entregou a taça, não! Ela jogou nas mãos do alemão: “Toma, leva para ti que eu quero ir embora. Estão me dando vaia!”.

            É, meu Pedro! É isso, meu Pedro Simon, ela estava louquinha para sair dali, coitadinha, louca para sair dali: “Toma, capitão, eu quero ir embora!”. E foi ver o resto na televisão, na casa dela. “Minha culpa, minha culpa, minha máxima culpa!” É isso, Cristovam, aquela fisionomia é de “minha culpa, minha culpa, minha máxima culpa”.

            Só pergunto o seguinte, uma única pergunta, só para mostrar a estupidez que fizeram com o povo brasileiro, a estupidez! Dizer desta tribuna que a Copa do Mundo foi um imenso êxito à Nação brasileira! Eu queria poder dizer, Pedro, desta tribuna, hoje, e agradecer à Presidenta. O estádio daqui de Brasília, o Garrinchão, como o chamam, cujo valor inicial previsto foi de R$475 milhões, chegou a um R$1,6 bilhão. E a pergunta que eu faço é esta a todos os brasileiros que me olham, me veem e me escutam pela rádio e TV Senador. Pensa, Pedro! Pedro Simon, pensa, R$1,6 bilhão! Quantos clubes nós temos em Brasília para jogar nesse estádio? O Gama, 4ª Divisão; o Brasília, 5ª Divisão; e não sei mais quem. Não têm nem divisão os clubes daqui, Pedro, e vão jogar naquele estádio de R$1,6 bilhão, Pedro Simon.

            Eu saí à noite daqui de Brasília, Pedro, na janela, e eu abri a janelinha do avião e fiquei olhando o estádio. Pedro, eu fiquei pensando, minha Nossa Senhora de Nazaré, minha protetora e protetora dos meus queridos irmãos paraenses, já pensaste se com esse tanto de dinheiro construíssemos um hospital? Os brasileiros que têm dinheiro, aqueles que não têm fazem coleta, arrumam, vão para televisão, porque nós não temos um serviço de hospital bom no Brasil. Como é que a gente vai se dar ao luxo de gastar R$35 bilhões? E ainda chega para a FIFA e diz assim: “Não, FIFA, tu não vais pagar nenhum imposto.” Parece ser um País rico, parece que tudo está bem aqui dentro. “Ah, ah, porque os estrangeiros gostaram”, disse um Senador aqui. Os estrangeiros adoraram o Brasil, eles não queriam mais nem ir embora. Se eles sabem, se eles sabem como é a vivência neste País... Eles passaram 40 dias, 30 dias, mas se eles soubessem como vive o brasileiro hoje, eles não iriam nem de avião, eles sairiam é a cavalo: pegavam o primeiro cavalo e saiam. Era só dizer a eles e aos Senadores que eu acho que não estão bem avisados que este País chamado Brasil, onde há aquelas letras ali “Ordem e Progresso”, hoje não tem nem ordem e nem progresso. Sabem por quê? As estatísticas mostram. Vocês têm noção de quantos brasileiros, vocês que estão aí na segurança, que merecem todo o respeito, nosso e do Governo, que são guardas municipais, vocês sabem quantos brasileiros caem assassinados, assassinados, assassinados, bala e faca, só isso? Sabem quantos caem durante o ano? São 60 mil! É uma guerra!

            A Copa do Mundo acabou. Não ficou legado nenhum. Gastaram R$35 bilhões. A economia do Brasil, o PIB cresce 1% ao ano. O País não produz. Isso é uma sem-vergonhice, Presidenta!. É uma sem-vergonhice, Presidenta! Respeite os brasileiros, a inflação. Mas sabem o que é isso?

            E o Felipão tem razão. Eu dei razão ao Felipão. O Felipão disse: “Quem perdeu a Copa fui eu. Eu perdi a Copa, eu convoquei os jogadores, eu fui derrotado, peguei de 7 a 1, mas fui eu.”

            Mas o PT não diz isso. O Felipão não foi mentiroso. Ele falou a verdade. Só que o PT não fala a verdade. O PT mente. O PT diz que não há inflação. O PT diz que a economia está bem. O PT diz que a saúde está normal no Brasil. O PT diz que a educação está boa. O PT diz que os assalariados e as classes sociais ganham bem, que estão bem servidas, bem amparadas. E toda semana eu vejo as classes sociais na galeria, reivindicando os seus direitos. E a Dilma diz que está tudo bem no Brasil. Pelo menos o Felipão reconheceu que perdeu. Mas o PT mente. O PT faz questão de repetir um milhão de vezes que o Brasil está bem, que não há inflação, porque, repetindo um milhão de vezes, o povo acaba acreditando. Repete um milhão de vezes que a Copa foi muito boa, que a Copa trouxe benefícios para o Brasil...

(Soa campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - ... porque aí o povo acaba acreditando que a Copa trouxe benefícios para o Brasil.

            Pedro, agora eu vou mostrar, brasileiros e brasileiras, está aqui na minha mão, eu vou mostrar. E eu quero ver aqueles dois Senadores que me antecederam na palavra. Agora que eu quero ver.

            Está aqui na minha mão a primeira CPI da Confederação Brasileira de Futebol - a primeira, em maio de 2013. Eu consegui, Pedro, 33 assinaturas de Senadores. Sabe por que, Pedro? Porque nunca se ganha Copa do Mundo com corrupção, Pedro.

(Interrupção do som.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - O Brasil não é mais o País do futebol, Pedro.

            V. Sªs que me veem fazendo este pronunciamento sabem quantos anos o Ricardo Teixeira passou roubando da Confederação Brasileira de Futebol? Vinte e três anos roubando! Vinte e três anos! Bilionário! Bilionário! Agora, entrou o Marin, mais bandido ainda. Mais bandido, mais corrupto.

            Pedro, não tem como o futebol brasileiro se reerguer com corrupção desse tamanho.

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Eu vi isto: há um complô, Pedro, nas federações de futebol, para eleger o presidente da confederação. Eles nunca perdem, porque eles dão dinheiro para os presidentes de federações estaduais, dinheiro comprovado. E o Senado não quis apurar. Eu mostrei os comprovantes, anexei-os a essa CPI. Eu mostrei, Brasil! Eu mostrei os comprovantes, na tentativa de salvar o nosso futebol.

            Fiz outra. Esta aqui, mandaram arquivar, Senador. Esta aqui, Presidente, mandaram arquivar. Sete Senadores do PT, entre eles petistas governistas, à 01h da madrugada, vencendo o prazo, receberam autorização da D. Dilma, ou do governo não sei de quem, para retirar as assinaturas. E retiraram, porque são submissos, porque vivem sob proteção, porque eles têm cargos no Governo, porque eles recebem emendas mais do que os outros, porque são beneficiados pelo Governo.

            E aí eles esquecem a população que os trouxe para cá. Nós não devemos para governo nenhum! Nós devemos para os brasileiros! Nós devemos para aqueles que nos trouxeram para cá para representá-los e não temos que baixar cabeça para ninguém enquanto nosso País não está bem! 

            Tentei de novo, tentei de novo em outubro do ano passado. Ninguém quis mais assinar, ordem do Governo para não assinar mais. Consegui, eu e o Senador Randolfe. Disse ao Senador Randolfe: ajude-me, Senador, vamos tentar mostrar à população brasileira como está nosso futebol. Só 17 assinaturas, entre elas a sua e a do nobre Cristovam.

            Está aqui a prova de que eu sabia da desgraça. Está aqui a prova de que eu queria ajeitar a desgraça.

            Brasileiros, vou descer. Brasileiras, paraenses, os petistas ainda agora mostraram mais estatísticas. Eu mostro. Cadê a TV Senado? Olhem a Veja de hoje: aqui tem sete ou oito cientistas políticos. Perguntaram a eles todos, à unanimidade, quase unanimidade. Eles dizem que, pós-Copa, a Dilma quebra. Isso não sou eu que estou dizendo, são cientistas e marqueteiros que estão afirmando que a Dilma quebra pós-Copa do Mundo.

            E, ao descer, Presidente, quero dizer a V. Exª que é, Senador Jayme, normal o PT mentir, chegar a esta tribuna e acusar o Instituto Teotônio Vilela.

            Presidente, eu costumo dizer que Jesus Cristo, quando veio à Terra, foi crucificado. Ainda veio - não sei se naquela época tinha petista, mas acho que não era não - um cara com uma espada e enfiou na costela de Jesus Cristo. Ele estava com a camisa vermelha, mas eu não sei de que partido ele era.

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Viu, Perrella? Está aqui a CPI, meu filho. Você, que tirou a sua assinatura, ponha agora, Parrella! Ponha agora, Parrella! Assine, Perrella... Parrella, sei lá. Assine, meu amigo! Assine agora! Nós nos desentendemos, eu e você, aqui em plenário, e você continua sendo meu amigo.

            Mas eu queria... Tudo isso que aconteceu eu queria que não acontecesse, meu caro amigo. Mas isso aconteceu - não a Copa em si, mas o resultado da Copa para o Brasil -, porque o nosso sistema de futebol é corrupto. Os dois últimos presidentes estão ricos. Mande entrar na Justiça contra mim!

(Interrupção do som.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA. Fora do microfone.) - Entra na Justiça contra mim, Marin! Tu é safado e corrupto! Entra na Justiça contra mim! Não entra porque tenho provas. Chama! Manda me chamar na Justiça, que quero ir lá provar que era corrupto.

            Era isso que eu queria evitar, meu caro amigo Perrella.

            Vou descer, Presidente. Só terminando a minha história de Cristo...

            O SR. PRESIDENTE (Jayme Campos. Bloco Minoria/DEM - MT) - Conclua, Senador Mário Couto.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA. Fora do microfone.) - Cristo, já nos últimos instantes de vida, olhou todos que estavam lá e, quase morrendo, olhou para o céu e disse: “Pai...” - esta história eu dedico a todos os Senadores que estavam aqui. Olhou para o céu, Cristo, quase morrendo, e disse: “Pai, perdoa-os, porque eles não sabem o que fazem”.

            Dedico isso aos Senadores que me antecederam.