O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Apoio Governo/PT - PE. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, ouvintes da Rádio Senado, espectadores da TV Senado, quero também, na tarde de hoje, falando em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores nesta Casa - e sei que falando também em nome do próprio PT, da própria Presidenta Dilma -, expressar os nossos profundos sentimentos de pesar pelo falecimento do Governador, hoje candidato à Presidência da República, Eduardo Campos.

            Todos nós estamos profundamente chocados, consternados, tristes; nós, pernambucanos, em especial. Em que pese divergências circunstanciais que tínhamos neste momento, tivemos uma longa trajetória conjunta. Eu, pessoalmente, tive a oportunidade de ser Deputado Estadual com o Eduardo Campos entre 91 e 95. E, naquela ocasião, pude não apenas desfrutar da sua relação pessoal, do seu bom humor, mas, acima de tudo, dividir, na bancada de oposição que compúnhamos à época, um trabalho de construção, de proposições, de ideias, coisas que nos engrandeceram a todos nós.

            Tive a oportunidade, depois, de ser candidato a Senador na mesma chapa, com o Governador Miguel Arraes, em 98. E, naquela campanha, tive a oportunidade também de aprofundar essa convivência que já tinha com, à época, o Secretário Eduardo Campos - importante Secretário que foi do terceiro Governo Arraes. Depois, estivemos juntos, no segundo turno do pleito do ano 2000, em apoio à eleição do então Deputado João Paulo para a Prefeitura do Recife; e o próprio PSB teve a oportunidade de compor o nosso governo.

            Foi com alegria também que pudemos dividir o fato de sermos Ministros - ele, na Pasta da Ciência e Tecnologia, eu, na Pasta da Saúde - no primeiro governo do Presidente Lula. Depois, em 2006, numa das campanhas, eu diria, mais diferentes que nós já tivemos oportunidade de viver no nosso Estado, fomos ambos candidatos a governador. E digo “diferente”, porque, apesar de ser ele candidato pelo PSB e eu pelo PT, nós fizemos uma campanha de muito mais solidariedade que de disputa; chegamos a ocupar o mesmo palanque em apoio à candidatura do Presidente Lula à reeleição.

            No segundo turno, eu, que fui violentamente retirado da disputa por calúnias que foram assacadas contra mim - calúnias essas, depois, devidamente esclarecidas pelo Poder Judiciário -, estive com ele, de forma plena, e cheguei a ser seu Secretário das Cidades no seu primeiro governo, quando tive a oportunidade de, em trabalhando com ele, apesar da nossa diferença de idade - sendo eu mais velho e estando há mais tempo na política -, ter aprendido bastante com ele.

            Eduardo deixa uma lacuna enorme para o povo de Pernambuco, especialmente porque, como Governador, não somente fez uma administração revolucionária no nosso Estado, em parceria com o Presidente Lula - e depois com a Presidenta Dilma -, mas se reafirmou como um líder político, alguém que pensava e vivia a política 24 horas por dia e que, sem dúvida, mostrou-se um competente articulador político no nosso Estado.

            Tive também a oportunidade de ser candidato ao Senado na chapa de Eduardo, com Armando Monteiro - Eduardo disputando a reeleição - e a Presidenta Dilma, então candidata, pela primeira vez, à Presidência da República.

            Então, são muitas as ações e muitos os momentos em que tivemos a oportunidade de estar juntos.

            Eu, aqui, quero manifestar meu profundo pesar, minhas condolências, meus sentimentos à família, em especial a sua esposa, Drª Renata, uma pessoa difícil de ser descrita. Sei que, neste momento, ela está profundamente abalada com essa notícia, bem como todos os seus filhos, com quem formava uma bonita família.

            Gostaria, ainda, de me associar ao sofrimento de todo o povo de Pernambuco nesta hora.

            Estou também muito triste, Sr. Presidente, porque, nesse mesmo vôo, estavam outros amigos meus: o jornalista Carlos Percol, que foi Secretário Adjunto de Comunicação do primeiro governo Arraes - e eu era secretário, como ele -, casado com uma amiga, uma jornalista extremamente preparada, Cecília Ramos, a quem eu quero manifestar, também, as minhas condolências; o fotógrafo Alexandre Severo, um dos maiores talentos da fotografia brasileira; e o ex-Deputado Pedrinho Valadares, com quem todos nós tivemos a oportunidade de conviver na Câmara dos Deputados. Pedrinho era sobrinho do nosso companheiro Antonio Carlos Valadares, de Sergipe.

            Então, é um episódio de enorme tristeza e consternação para todos nós. Assim, falando em nome do nosso partido, quero levar as minhas condolências ao povo de Pernambuco, que, sem dúvida, está vivendo, neste momento, uma das maiores comoções que o nosso Estado teve oportunidade de viver, uma coisa trágica: Eduardo Campos falece no dia em que se contavam nove anos da morte do ex-Governador Miguel Arraes, seu grande inspirador na política, seu avô, grande companheiro que todos nós tivemos também.

            Portanto, queria aqui deixar patenteada esta minha posição, a posição do nosso partido.

            Ouço o Senador Fleury, que deseja se manifestar.

            Eu ouço V. Exª com muita atenção.

            O Sr. Fleury (Bloco Minoria/DEM - GO) - Eu quero parabenizá-lo e concordar (Fora do microfone.) com as falas de V. Exª sobre a importância desse homem, mas vou fazer um pronunciamento logo após. Acho que V. Exª está no caminho certo. Concordo, em gênero, número e grau, com o que V. Exª está falando.

            O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Apoio Governo/PT - PE) - Agradeço o aparte de V. Exª.

            Sr. Presidente, estou me dirigindo a Pernambuco daqui a pouco, onde, com certeza, todos nós pernambucanos vamos apresentar nossas últimas homenagens ao ex-Governador.

            Quero aqui dizer que, sem dúvida, o legado que ele nos deixa é muito importante e também que há essa sensação de prematuridade, já que ele vinha, sem dúvida, começando a construir uma presença nacional importante, que certamente, no futuro, teria uma dimensão bastante expressiva.

            Perde o Brasil, perde a esquerda brasileira, e, principalmente, perdemos todos nós de Pernambuco.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.