Pronunciamento de Cyro Miranda em 05/08/2014
Discurso durante a 114ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Cobrança de apuração, por parte do Senado Federal, da denúncia de fraude na CPI da Petrobras.
- Autor
- Cyro Miranda (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
- Nome completo: Cyro Miranda Gifford Júnior
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS).:
- Cobrança de apuração, por parte do Senado Federal, da denúncia de fraude na CPI da Petrobras.
- Publicação
- Publicação no DSF de 06/08/2014 - Página 1222
- Assunto
- Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS).
- Indexação
-
- COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ASSUNTO, DENUNCIA, REUNIÃO, ASSESSOR, DIRIGENTE, TROCA, INFORMAÇÃO, DECLARAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS).
O SR. CYRO MIRANDA (Bloco Minoria/PSDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Caro Presidente Antonio Aureliano, é um prazer falar nesta tribuna sob a Presidência de V. Exª pela primeira vez.
O SR. PRESIDENTE (Antonio Aureliano. Bloco Minoria/PSDB - MG) - Obrigado.
O SR. CYRO MIRANDA (Bloco Minoria/PSDB - GO) - Srªs e Srs. Senadores, complexo de comunicação do Senado, senhoras e senhores, ou o Senado investiga a fundo o que ocorreu, de fato, na CPI da Petrobras, ou a imagem da Casa ficará comprometida de forma irremediável.
A denúncia publicada pela revista Veja é gravíssima. Demonstra a que ponto se pode chegar na tentativa de encobrir as negociatas da Petrobras e tentar livrar de responsabilidades tanto os dirigentes da empresa quanto a própria Presidência da República.
Não queremos chegar ao extremo de pensar, como nos parece ser a convicção do cronista Arnaldo Jabor, que Pasadena valia US$300 milhões, mas foi comprada por um US$1 bilhão para o troco ser rachado entre diretores, políticos e financiadores de campanha. Não queremos ir nessa linha.
Mas, depois dessa denúncia da revista Veja, estamos convencidos de que, dentro da caixa-preta da Petrobras, não há apenas malfeitos como quer dar a entender a Presidente Dilma. Com certeza, há muito mais, provavelmente um verdadeiro conluio.
Não é por acaso que o Tribunal de Contas da União deverá determinar a indisponibilidade dos bens da Presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster.
A indisponibilidade dos bens vem corrigir a decisão tomada há duas semanas, em que Foster não foi incluída entre os diretores da estatal que respondem pelo prejuízo de mais de US$700 milhões, ocasionado pela compra da refinaria nos Estados Unidos.
A verdade nua e crua, Srªs e Srs. Senadores, é que a Petrobras perde valor a cada dia. Vale hoje apenas metade do que valia no governo Lula.
Oito anos depois de Lula anunciar a autossuficiência do Brasil em petróleo, com o seu estardalhaço costumeiro, a Petrobras enfrenta uma crise de credibilidade. Está envolvida em diversos negócios suspeitos.
O valor da Petrobras despencou de R$380 bilhões para R$179 bilhões nesses doze anos de governo do PT.
A empresa está indo para o fundo do poço. É usada ostensivamente pelo Governo para abrigar apadrinhados num loteamento inaceitável para um dos maiores patrimônios do povo brasileiro.
A gestão da Petrobras revela verdadeiros absurdos.
O pior é o Senado, uma das instituições mais importantes da República, compactuar com uma farsa para tentar encobrir os escândalos da Petrobras. Como é que Senadores da República podem abrir mão do sagrado direito constitucional de fiscalizar o Poder Executivo, no legítimo exercício dos pesos e contrapesos? Está tudo combinado nesta CPI da Petrobras. A CPI deve ser investigada por outra CPI, tamanha a farsa em que se transformou.
Nós, do PSDB, apuramos que os dois Relatores - da CPI do Senado e da CPI mista - fizeram 15 questões idênticas para Graça Foster. Há trechos iguais nas perguntas feitas pelos Relator da CPI do Senado e pelo Relator da CPI mista. Pelo que conhecemos hoje, com a denúncia da Veja, provavelmente Graça Foster deve ter tido conhecimento prévio das perguntas e ensaiado direitinho as respostas.
Nestor Cerveró já foi considerado um homem bomba. Mas a desfaçatez da CPI do Senado é tão grande que - hoje - ele não tem o menor constrangimento de admitir ter passado por uma espécie de treinamento. E o "cursinho" foi bancado pela Petrobras, dias antes da audiência no Senado.
Como bem assinala editorial do Correio Braziliense, se a farsa da CPI da Petrobras fosse trama criada por Dias Gomes, Janete Clair ou Aguinaldo Silva, por certo o autor mereceria aplausos pela capacidade criativa. Enredar o Senado, a Petrobras, o PT e o Palácio do Planalto em fraude contra o povo é obra de mestre. Mas houve um equívoco por parte dos autores desta malfadada trama da CPI da Petrobras.
Assim como ocorre com a Presidente Dilma, seu mentor Lula e toda a equipe econômica, os dramaturgos da CPI acharam que poderiam enganar o povo brasileiro. Imaginaram que a montagem da farsa passaria despercebida em época de Big Brothers. Cometeram um descuido de principiante: as microcâmeras registram o cenário, os personagens, a movimentação e os diálogos, sem economia de pormenores.
Agora, Sr. Presidente, será que todos os Senadores desta Casa vão ficar calados e compactuar com um absurdo dessa proporção?
Será que o Senado vai aceitar que os investigados tenham recebido as questões e as respostas antecipadamente?
Será que o Senado não vai fazer nada diante do fato de que os investigados foram treinados para se saírem bem na foto, no áudio e no vídeo?
O que se revela hoje é uma verdadeira operação para proteger, a qualquer custo, a Presidente Dilma Rousseff, então presidente do Conselho de Administração da petrolífera.
Mas esse jogo político, o esforço desesperado do Governo para se manter no poder está colocando em risco as instituições republicanas e a democracia.
Ora, Srªs e Srs. Senadores, a matéria da Veja revela que há na Petrobras algo muito mais grave, escondido da opinião pública, que precisa vir à tona.
Por que escondido? Porque a verdade sobre a Petrobras deve comprometer gente graúda, muito graúda.
Esta Casa - acima de qualquer convicção ideológica ou partidária - tem o dever de apurar o que de fato aconteceu na Petrobras. Caso contrário, o Senado ficará extremamente comprometido junto à opinião pública.
A Petrobras é um patrimônio do Brasil e não pode servir a interesses escusos de quem quer que seja e de qualquer partido que seja. Precisamos apurar o que de fato tem ocorrido nesta empresa, custe o que custar.
No mínimo, os dois Relatores devem renunciar ao cargo.
Muito obrigado, Sr. Presidente.