Discurso durante a 114ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Cobrança de apuração, por parte do Senado Federal, da denúncia de fraude na CPI da Petrobras.

Autor
Cyro Miranda (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
Nome completo: Cyro Miranda Gifford Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS).:
  • Cobrança de apuração, por parte do Senado Federal, da denúncia de fraude na CPI da Petrobras.
Publicação
Publicação no DSF de 06/08/2014 - Página 1222
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS).
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ASSUNTO, DENUNCIA, REUNIÃO, ASSESSOR, DIRIGENTE, TROCA, INFORMAÇÃO, DECLARAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS).

            O SR. CYRO MIRANDA (Bloco Minoria/PSDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Caro Presidente Antonio Aureliano, é um prazer falar nesta tribuna sob a Presidência de V. Exª pela primeira vez.

            O SR. PRESIDENTE (Antonio Aureliano. Bloco Minoria/PSDB - MG) - Obrigado.

            O SR. CYRO MIRANDA (Bloco Minoria/PSDB - GO) - Srªs e Srs. Senadores, complexo de comunicação do Senado, senhoras e senhores, ou o Senado investiga a fundo o que ocorreu, de fato, na CPI da Petrobras, ou a imagem da Casa ficará comprometida de forma irremediável.

            A denúncia publicada pela revista Veja é gravíssima. Demonstra a que ponto se pode chegar na tentativa de encobrir as negociatas da Petrobras e tentar livrar de responsabilidades tanto os dirigentes da empresa quanto a própria Presidência da República.

            Não queremos chegar ao extremo de pensar, como nos parece ser a convicção do cronista Arnaldo Jabor, que Pasadena valia US$300 milhões, mas foi comprada por um US$1 bilhão para o troco ser rachado entre diretores, políticos e financiadores de campanha. Não queremos ir nessa linha.

            Mas, depois dessa denúncia da revista Veja, estamos convencidos de que, dentro da caixa-preta da Petrobras, não há apenas malfeitos como quer dar a entender a Presidente Dilma. Com certeza, há muito mais, provavelmente um verdadeiro conluio.

            Não é por acaso que o Tribunal de Contas da União deverá determinar a indisponibilidade dos bens da Presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster.

            A indisponibilidade dos bens vem corrigir a decisão tomada há duas semanas, em que Foster não foi incluída entre os diretores da estatal que respondem pelo prejuízo de mais de US$700 milhões, ocasionado pela compra da refinaria nos Estados Unidos.

            A verdade nua e crua, Srªs e Srs. Senadores, é que a Petrobras perde valor a cada dia. Vale hoje apenas metade do que valia no governo Lula.

            Oito anos depois de Lula anunciar a autossuficiência do Brasil em petróleo, com o seu estardalhaço costumeiro, a Petrobras enfrenta uma crise de credibilidade. Está envolvida em diversos negócios suspeitos.

            O valor da Petrobras despencou de R$380 bilhões para R$179 bilhões nesses doze anos de governo do PT.

            A empresa está indo para o fundo do poço. É usada ostensivamente pelo Governo para abrigar apadrinhados num loteamento inaceitável para um dos maiores patrimônios do povo brasileiro.

            A gestão da Petrobras revela verdadeiros absurdos.

            O pior é o Senado, uma das instituições mais importantes da República, compactuar com uma farsa para tentar encobrir os escândalos da Petrobras. Como é que Senadores da República podem abrir mão do sagrado direito constitucional de fiscalizar o Poder Executivo, no legítimo exercício dos pesos e contrapesos? Está tudo combinado nesta CPI da Petrobras. A CPI deve ser investigada por outra CPI, tamanha a farsa em que se transformou.

            Nós, do PSDB, apuramos que os dois Relatores - da CPI do Senado e da CPI mista - fizeram 15 questões idênticas para Graça Foster. Há trechos iguais nas perguntas feitas pelos Relator da CPI do Senado e pelo Relator da CPI mista. Pelo que conhecemos hoje, com a denúncia da Veja, provavelmente Graça Foster deve ter tido conhecimento prévio das perguntas e ensaiado direitinho as respostas.

            Nestor Cerveró já foi considerado um homem bomba. Mas a desfaçatez da CPI do Senado é tão grande que - hoje - ele não tem o menor constrangimento de admitir ter passado por uma espécie de treinamento. E o "cursinho" foi bancado pela Petrobras, dias antes da audiência no Senado.

            Como bem assinala editorial do Correio Braziliense, se a farsa da CPI da Petrobras fosse trama criada por Dias Gomes, Janete Clair ou Aguinaldo Silva, por certo o autor mereceria aplausos pela capacidade criativa. Enredar o Senado, a Petrobras, o PT e o Palácio do Planalto em fraude contra o povo é obra de mestre. Mas houve um equívoco por parte dos autores desta malfadada trama da CPI da Petrobras.

            Assim como ocorre com a Presidente Dilma, seu mentor Lula e toda a equipe econômica, os dramaturgos da CPI acharam que poderiam enganar o povo brasileiro. Imaginaram que a montagem da farsa passaria despercebida em época de Big Brothers. Cometeram um descuido de principiante: as microcâmeras registram o cenário, os personagens, a movimentação e os diálogos, sem economia de pormenores.

            Agora, Sr. Presidente, será que todos os Senadores desta Casa vão ficar calados e compactuar com um absurdo dessa proporção?

            Será que o Senado vai aceitar que os investigados tenham recebido as questões e as respostas antecipadamente?

            Será que o Senado não vai fazer nada diante do fato de que os investigados foram treinados para se saírem bem na foto, no áudio e no vídeo?

            O que se revela hoje é uma verdadeira operação para proteger, a qualquer custo, a Presidente Dilma Rousseff, então presidente do Conselho de Administração da petrolífera.

            Mas esse jogo político, o esforço desesperado do Governo para se manter no poder está colocando em risco as instituições republicanas e a democracia.

            Ora, Srªs e Srs. Senadores, a matéria da Veja revela que há na Petrobras algo muito mais grave, escondido da opinião pública, que precisa vir à tona.

            Por que escondido? Porque a verdade sobre a Petrobras deve comprometer gente graúda, muito graúda.

            Esta Casa - acima de qualquer convicção ideológica ou partidária - tem o dever de apurar o que de fato aconteceu na Petrobras. Caso contrário, o Senado ficará extremamente comprometido junto à opinião pública.

            A Petrobras é um patrimônio do Brasil e não pode servir a interesses escusos de quem quer que seja e de qualquer partido que seja. Precisamos apurar o que de fato tem ocorrido nesta empresa, custe o que custar.

            No mínimo, os dois Relatores devem renunciar ao cargo.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/08/2014 - Página 1222