Discurso durante a 123ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Destaque à relevância de Eduardo Campos para a política brasileira e apoio à candidatura de Marina Silva para a Presidência da República.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM, POLITICA PARTIDARIA, ELEIÇÕES.:
  • Destaque à relevância de Eduardo Campos para a política brasileira e apoio à candidatura de Marina Silva para a Presidência da República.
Publicação
Publicação no DSF de 22/08/2014 - Página 10
Assunto
Outros > HOMENAGEM, POLITICA PARTIDARIA, ELEIÇÕES.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, EDUARDO CAMPOS, ELOGIO, VIDA PUBLICA, CITAÇÃO, ACORDO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO (PSB), COLIGAÇÃO PARTIDARIA, ESCOLHA, MARINA SILVA, SUBSTITUTO, CHAPA, CAMPANHA ELEITORAL, CANDIDATURA, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, COMENTARIO, EXPECTATIVA, ALTERAÇÃO, POLITICA NACIONAL, SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, DISCURSO, ITAMAR FRANCO, REFERENCIA, POSSE, CARGO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. colegas Senadores, venho a esta tribuna, em razão dos últimos acontecimentos, trazer uma palavra e um sentimento pela hora que estamos vivendo.

            O impacto da morte de Eduardo Campos foi algo de profunda comoção no Brasil inteiro. Eduardo Campos nasceu em 1965, um ano e três meses depois da Revolução, ou depois do Golpe de Abril de 1964, o golpe que derrubou uma das primeiras vítimas, seu avó Miguel Arraes, então Governador de Pernambuco.

            Eduardo Campos veio da geração posterior à ditadura, não viveu aquele intenso momento que eu, amigo de seu avó, vivemos na luta que começou a ditadura. Ele nasceu um ano e três meses após essa ditadura, pertenceu a uma geração que a ditadura queria evitar que falasse, que a ditadura queria proibir que se manifestasse. Eu me lembro - oh, se eu não me lembro, e o Senador Cristovam há de lembrar - quantas decisões foram tomadas para evitar que o estudante estudasse, que o estudante pensasse, que o estudante tivesse liderança.

            Eu não conheço até hoje, em nenhum País do mundo, uma legislação que pune o estudante, que proíbe o estudante, por três anos, de estudar em qualquer colégio. A punição do estudante era proibir de estudar. Era posto na rua, principalmente das faculdades. Nasceu o Eduardo exatamente numa geração em que os militares, com as baionetas, quiseram calar. Mas ele não se entregou. Sem a presença física do avô, banido lá na Argélia, ele se integrou à vida brasileira e, como jovem, lutou pela democracia no seu País.

            O Eduardo foi uma notável exceção à política de terra arrasada que os militares quiseram fazer com a mocidade brasileira, principalmente com os jovens estudantes.

            Olha, eu posso dizer que, apesar da perseguição, apesar do exílio da sua família, Eduardo não se entregou, não se debruçou na dor de tudo o que tinha acontecido com a sua família, não culpou, não desertou, não abandonou a política. Guerreiro como o seu avô Miguel Arraes, Eduardo, desde o início, nos bancos escolares, mostrou que na boa política estava o caminho para o futuro. Subiu, cresceu e se transformou em um notável governador. Reeleito, durante os oito anos foi considerado o melhor governador do Brasil, o maior percentual entre todos os governadores de todos os Estados.

            Esse é o jovem Eduardo. E o seu nome foi crescendo, crescendo. De repente, seu nome é lançado à Presidência da República. Ele inicia a sua caminhada. Paralelo a ele, nós temos a Senadora Marina, lá do Acre, terra de V. Exª, Sr. Presidente. Uma vida - e V. Exª sabe - dura, difícil, amarga, uma autêntica filha da Floresta Amazônia sofrendo os problemas e as dificuldades que ela sofreu.

            O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Apoio Governo/PT - AC) - O termo mais adequado, talvez, seja uma sobrevivente dessas condições tão precárias.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Agradeço a felicidade do aparte de V. Exª. Realmente, ela sobreviveu. Passou fome. Teve dificuldades. Analfabeta com 16 anos, mas ela sobreviveu. Estudou, se formou - e o nobre Presidente Jorge Viana poderá até expor mais do que eu -, entrou nessa luta, conheceu Chico Mendes - como V. Exª -, pertenceram à geração que lutou por uma grande causa.

            De repente, aquela jovem magrinha teve uma doença que os médicos disseram que não tinha cura, e teve. Vereadora, e veio para o Senado. Grande administração no Senado, importante posição como Ministra do Meio Ambiente durante cinco anos do Presidente Lula. Marina sai do PT, está formando um partido: a Rede.

            É impressionante. É realmente impressionante. Nós temos trinta e tantos partidos políticos. Nós temos partido para todos os gostos e para todas as preferências. Para o que quiser pensar, nós temos um partido político. E, diga-se de passagem, as portas estão abertas para se criar mais tantos partidos quantos se queira hoje. Só Marina não pôde.

            O partido da Marina, o Tribunal não permitiu. Assinaturas à vontade, fichas à vontade; pela internet, solidariedade à vontade, não se criou. Lá em Canoas, anunciaram um montão de filiação. Jorge Uequed, Deputado Federal, um homem brilhante, advogado de primeira grandeza, diretor, dono de jornal, ele e a sua mulher não foram reconhecidos. As fichas foram anuladas. Moram em Canoas há 30 anos.

            Não saiu o partido.

            Eu estou falando para mostrar as forças dos caminhos, dos destinos, de onde vêm e para onde vão. Ela tinha que tomar uma decisão, não por ela, mas porque aqueles milhares de companheiros dela que tinham se filiado ao partido dela -, como o partido não era registrado - ficaram com o pincel na mão sem saber o que fazer. Aí, há a aproximação dela com o Eduardo. A Marina tem uma longa conversa aqui, em Brasília, com o Eduardo, Presidente do Partido Socialista, que, diga-se de passagem, é um grande partido, é um partido histórico, é um partido de credibilidade, é um partido de longa biografia de grandes nomes, respeitáveis, deste País. Dizem que foi muito bonita, foi emocionante a conversa dos dois.

            O Eduardo, em Pernambuco, quando soube, pegou o avião e, no dia seguinte, pela manhã, estava se reunindo com Marina. E ali os dois fecharam um acordo. Depois, os homens da Rede e do Partido concordaram, mas os dois se integraram, entenderam-se, uniram-se no primeiro momento. E começou a caminhada.

            Todos nós sentimos que havia algo de novo no ar. Todos nós sentimos que ali tinha um símbolo diferente, uma fórmula diferente, uma realidade diferente, uma biografia diferente e um futuro diferente. Unindo as duas biografias, unindo a análise, unindo o espírito do que é, sentia-se que era o tronco de uma grande árvore que tinha todas as condições de frutificar.

            Cresceu, acertaram-se, deu sorte, deu certo, e os dois partidos, a Rede e o Partido Socialista Brasileiro, fizeram um programa de ação, de integração, de luta para um novo Brasil. E se iniciou a campanha.

            Estávamos em plena campanha, quando acontece o desastre. Naquele dia chuvoso em Santos, aquela notícia abrupta: um avião caiu em Santos. E veio a notícia da morte de Eduardo.

            Não é a primeira vez que um político importante morre em meio a uma campanha política, e sempre causa uma mágoa profunda, mas, desta vez, ela ultrapassou a mágoa tradicional, porque envolvia, primeiro, aquele jovem, na flor da mocidade, no início de uma caminhada em que o Brasil lhe depositava total esperança. As homenagens que o País, que o povo brasileiro prestou, foram inestimáveis.

            Mas e daí? O que aconteceu?

            O irmão de Eduardo leu uma nota na televisão, chorosa, mas dizendo que ele achava que Marina deveria ser a substituta do irmão. Pouco depois, vem a notícia de que a viúva e a família pensavam iguais: Marina devia ser a substituta do irmão. Dizem mais, o irmão e a viúva: “Se Eduardo estivesse vivo, tenho certeza de que ele diria que essa é a solução”. Olha, e foi a solução.

            A família, Pernambuco, o PSB, a Rede chegaram todos juntos à conclusão de que, realmente, Marina, que já havia sido candidata por um partido inexpressivo, com um tempo ultrarrestrito de televisão, e feito 20 milhões de votos, devia ser a candidata. E escolheram como vice um jovem e excepcional Deputado lá da minha terra - mais uma vez, Presidente, uma ligação entre o Acre e o Rio Grande do Sul -, o Deputado Beto Albuquerque: Deputado Estadual por várias vezes; Deputado Federal pela quarta vez; Secretário de Estado por várias vezes; Vice-Líder do Governo; enfim, um homem de uma capacidade e de uma dignidade a toda prova. E a chapa foi lançada.

            Ontem, reuniram-se os partidos dessa aliança. Uma carta do PSB à Marina, que eu tive ocasião de ler, emociona pela dignidade, pela correção, pela seriedade e pelo conteúdo do pensamento do Partido Socialista, mostrando como ele vai para a campanha da Marina. Não é pedido, não é exigência, não é isso, não é aquilo. É o Brasil, é o interesse do Brasil, do seu povo e da sociedade. Essa é a chapa Marina e Beto. E sobre essa chapa eu desejo falar.

            A última vez em que eu estive nesta tribuna, eu disse com todas as letras: o Brasil não pode continuar como está. Nós estamos chegando ao final de um estágio de fazer política que não tem como continuar. Ganhe quem ganhar, venha quem vier, nós vamos ter de entender. O é dando que se recebe...

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - ... o toma lá, dá cá não pode servir de padrão ao novo Governo. Porque, se com o é dando que se recebe, com o toma lá, dá cá nós, hoje, já temos trinta partidos e quarenta Ministérios, daqui mais quatro anos, nós vamos para cinquenta partidos e oitenta Ministérios. Não dá mais!

            São dados dolorosos, cruéis, sobre o que estamos vivendo. Ainda hoje, nos jornais, de um lado, a Presidente da Petrobras passando os seus bens para os seus filhos; do outro lado, a realidade que a gente vê, dura de carregar nesta hora.

            Vejo o seguinte...

(Interrupção do som.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - ... ninguém, no ano que vem, poderá chegar aqui (Fora do microfone.), reorganizar a maioria, dando cargo para um, Ministério para outro, não sei o quê para outro, e votar esse projeto, como tem sido feito nos últimos 20 anos.

            Infelizmente, começou assim no governo Fernando Henrique, que começou bem, que teve coisas boas. O grande erro dele foi quando quis aprovar a emenda da reeleição, rejeitada na Constituinte, rejeitada na revisão da Constituinte. Para ganhar a emenda da reeleição, dinheiro público foi dado a vários Deputados, a vários Parlamentares, para votarem a favor da reeleição.

            A privatização da Vale, “vendida” - entre aspas - por cinco bilhões emprestados pelo Banco do Brasil a um grupo que se criou um mês antes, tendo do outro lado a equipe dos maiores empresários, das pessoas mais responsáveis deste País, que estavam ali, já estava tudo acertado; e, de repente, jogou dinheiro para tudo que é lado.

            O Ministro do Planejamento do governo Fernando Henrique, ali, naquela tribuna, depois do meu pronunciamento, das minhas perguntas feitas a ele, desceu da tribuna, pegou o telefone e telefonou para o presidente Fernando Henrique: “Eu estou demissionário”. E se demitiu do Ministério. Isso não pode continuar.

            Veio o governo do Lula.

            O governo Fernando Henrique teve muita coisa boa, não vamos esquecer. Foi um governo sério, responsável, fez, traduziu, mas se perdeu. O Lula, então, não se discute. Na parte social, nem se discute, muitas realizações.

            Quando o Senador Suplicy me procurou, eu Líder do Governo Itamar, ele querendo... O Lula queria conversar com o governo sobre um projeto para ajudar no problema da pobreza e da fome, ele queria falar com o Ministro, e Itamar disse: “Não, vamos falar com o governo”. Reuniu todo o Ministério - mentira -, os cinco ou seis ministros mais ligados ao tema. E o Lula ficou meio assim, não era o que ele queria, mas compareceu com uma equipe. E foi aprovado.

            E foi aprovado o plano que teve o Betinho como presidente e o Bispo de Duque de Caxias como secretário executivo.

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Plano contra a fome. Deu certo, avançou, progrediu.

            Fernando Henrique, infelizmente, quando assumiu, tirou esse plano. Inventou o Comunidade Solidária, que deve ter feito muita coisa boa, mas não apareceu nada - mas não apareceu.

            O PT agiu bem aí: voltou o projeto original, criou o salário família e fez muitas coisas positivas. Mas, de repente - não sei como, mas, de repente -, foi dessa tribuna aqui que eu, amigo do Lula, havia votado nele naquela eleição em segundo turno - na primeira, votei na querida Senadora de Alagoas -, dessa tribuna, eu disse: Presidente, saiu, na televisão, o fulano de tal do governo recebendo dinheiro do vigarista; saiu, na televisão, o cara pegando dinheiro no bolso e entregando para ele e ele recebendo e discutindo os percentuais que ia se receber pelo tráfico de influência. Ele disse que ia demitir, e não demitiu. Queríamos uma CPI, não deixaram criar. Fomos ao Supremo, e o Supremo mandou criar a CPI, e ela foi criada, mas um ano depois. Um ano depois, não era mais aquele caso do seu Waldomiro, a questão dos Correios. Um ano depois, já era um tremendo mensalão, com tudo o que aconteceu.

            Isso foi crescendo, e chegamos ao mensalão, ao é dando que se recebe, o toma lá, dá cá; trinta partidos, quarenta Ministérios. E nesse momento, nesta eleição, eu digo com toda a sinceridade: a Marina e o Beto não são mais nem a Rede e o Partido Socialista, não são mais a aliança do Eduardo com a Marina, não representam esse eleitorado, mas representam a mudança. Quem quer mudar, quem quer alterar a sociedade brasileira, quem quer racionalizar a nossa política, quem quiser moralizar, dar novo estilo e nova fórmula, essa é a solução.

            Se ganhar o PT, já tem ampla maioria. O PT mais o PMDB mais não sei o que, ampla maioria já para começar. E já começam no dando que se recebe, para eleger a Mesa daqui e a Mesa de lá. Se ganhar o PSDB...

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - E eu admiro o Aécio, mas o PSDB é o PSDB. Vai ser a mesma coisa. Já vão ganhar. Na eleição da Mesa, o Aécio ganhando, eles já vão fazer a Mesa daqui e a Mesa de lá. Se ganhar a Marina e o Beto, tenho quase certeza de que nós vamos perder a Mesa aqui e vamos perder a Mesa lá. Mas eles iniciarão, e só pode dar certo. Eles farão isso, porque eles não têm nenhuma condição de ter maioria nem na Câmara nem no Senado, mas eles vão governar com a sociedade, o que Itamar fez.

            Quando assumiu o governo, com a cassação do Collor, ele estava praticamente sozinho. Lançou o Plano Real ao Congresso Nacional, o projeto mais espetacular, mais importante que esta Casa votou. E foi aprovado. Eu era Líder do Governo. Desafio alguém que ganhou um copo d'água, uma banana, um emprego, um favor, uma vantagem, um ministério, uma autarquia para votar o Plano Real. Foi debatido, analisado, foi afrontado, os ministros vieram aqui dez, vinte, trinta vezes, mas foi votado. E é considerado o grande salvador do Brasil de hoje, votado por um Congresso livre, democrático, sério, honesto, decente, que mudou várias emendas, baseado no interesse da sociedade.

            É isso que eu espero.

            Meu querido Presidente, é isso que eu espero. Vai ser um grande debate.

            Quando eu vejo, Sr. Presidente...

            O Jornal Nacional fez três grandes debates. Fez com Aécio, e eu acho que a dupla de jornalistas foi muito dura; depois fez com Eduardo, quando achei que a dupla de jornalistas foi ainda mais dura. E eu fiquei pensando: agora a Presidente vai falar lá do Palácio? É uma coisa arranjada...

            Quero fazer justiça: foi ainda mais duro com a Presidente do que com os outros dois candidatos. Justiça seja feita.

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Mas o Eduardo se saiu bem. Ao encerrar, quando ele sai dali, e foi o último compromisso que ele teve antes de ir para casa dormir e, no dia seguinte, pegar o avião que caiu, ele larga esta frase: “Não podemos desistir do Brasil.”

            Vamos parar, Presidente, para analisar o que quer dizer esta frase: “Não podemos desistir do Brasil.” Quem diz uma frase como essa? O Eduardo candidato, cheio de vigor, saindo de um programa excepcionalmente bem, iniciando a caminhada?

            É claro que ele está iniciando a caminhada. Não tem por que desistir do Brasil. Vamos lutar pelo Brasil! Vamo-nos esforçar pelo Brasil! Mas “Não podemos desistir do Brasil” não é para um cara que está começando a caminhada. Podia ser, se o Eduardo perdesse a eleição... Perdeu a eleição. Ganhou “a” ou ganhou “b”. Aí vão entrevistar o Eduardo: “O que o senhor tem a dizer, Presidente? O senhor perdeu. O senhor está muito chateado? O que o senhor tem a dizer?” “Eu tenho a dizer que nós não podemos desistir do Brasil.”

            Mas, no caso dele, não é a frase. Essa frase, meu Presidente, ela é mística! Eu não sei de onde veio, como veio e a que veio, mas não é a frase do momento, a não ser se algo já tivesse em círculo quanto ao que ia acontecer.

            Foi a última frase do Eduardo. E ele morreu. É interessante... Eu já vi duas vezes o Lula falando na televisão. E o Lula disse: “Não podemos desistir do Brasil.” Eu vi o Aécio falando na televisão, e ele disse: “Não podemos desistir do Brasil.” Eu vi a Marina falando na televisão, e ela disse: “Não podemos desistir do Brasil.” O Brasil inteiro está dizendo: “Não podemos desistir do Brasil!” Essa é a grande frase.

            Essa frase é uma bandeira.

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Essa frase tem um significado. Todos aqueles que querem mudar, que não querem que as coisas fiquem como estão, que querem outra perspectiva não podem desistir do Brasil.

            O senhor conhece, Presidente, a companheira Marina muito mais do que eu, muito mais. Embora em partidos diferentes, V. Exas, durante muito tempo, comungaram no mesmo Partido, nas mesmas lutas e nos mesmos pensamentos.

            Eu aprendi a admirá-la. É impressionante. Olhando para ela, ela realmente parece uma freirinha, dessas muito apaixonadas, muito crentes, muito fiéis, e a gente pensa que o diálogo com ela é coisa simples. Mas o diálogo com ela é difícil. Ela sabe o que quer. Ela conhece. Ela sabe os melindres. Ela tem convicção do que ela quer e ela luta por isso.

            Mas eu não tenho dúvida nenhuma de que é aquilo que a Dilma quis. A Presidente Dilma, quando assumiu, demitiu seis Ministros - seis! - por atos não justificados. E eu, desta tribuna, vim aqui defendê-la. Publiquei o livro. Resista, Dilma! Resistir é preciso.

            Não deu. O seu Partido e os que a apoiavam começaram a lançar o nome do Lula. “É a vez do Lula!” E já começavam a fazer as críticas e a circular a mobilização contra ela. O Congresso não lhe deu força, é verdade. E ela se entregou. Hoje, ela é a campeã do “é dando que se recebe”.

            Eu creio, com convicção de fé...

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - ... pelo conhecimento, pela religiosidade, pela pureza, pela integridade, pela profunda dedicação, que ela é a pessoa para o momento. Eu creio. E, quando alguns me falam, Presidente - dirijo-me a V. Exª -, que ela, com o seu amor pelo meio ambiente, seria uma Presidente que prejudicaria a área da agricultura ou coisa parecida, eu não posso levar isso a sério.

            Há gente, lá pelo meu Rio Grande, que, com 15 hectares de terra, já disse: “Olha, se a Marina for candidata e ganhar, tu vais perder as tuas terras”. É claro que é piada. É piada, e nós sabemos que sim.

            A Marina vai ter condições de explicar, de esclarecer, como fez em Pelotas, lá no Rio Grande do Sul, reunindo empresários de toda a zona sul, principalmente do agronegócio. E todos reconheceram, aplaudiram e disseram que ela estava certa. Mas vai ser uma grande campanha, Sr. Presidente. Vai ser uma grande campanha.

            De modo especial, queira Deus... Queira Deus...

            Eu farei um apelo dramático aos outros candidatos a Presidente da República. Esses debates que as televisões vão publicar tinham que ser entre os três candidatos. Tinham que ser com o candidato do PSDB, o candidato do PT e o candidato do Partido Socialista, os três que, na verdade, estão ali, porque aí se vai atender, aí você vai conhecer. Agora, mais cinco que atordoam, alteram, modificam...

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - ... que não têm nenhum significado e que ninguém acompanha desvalorizam completamente o debate.

            Eu agradeço muito a V. Exª a tolerância, Sr. Presidente, e falo com a maior alegria: há esperança do futuro.

            Vou deixar transcrito nos Anais um discurso do Presidente Itamar Franco no dia em que, assumindo a Presidência da República no impeachment do Collor - eu deixo aqui, nos Anais - ele convoca todos os Presidentes de todos os partidos no Palácio - eu era seu Líder - e diz: “Eu estou aqui, mas o povo elegeu Fernando Collor. O Congresso cassou Fernando Collor, deu impeachment a Fernando Collor. Quem me colocou aqui foi o Congresso Nacional. O povo colocou Fernando Collor, o Congresso me colocou aqui. Pois eu estou aqui, mas, em nome do Congresso, eu quero dizer aos senhores: nós, partidos, e eu, nós vamos ter que nos responsabilizar pelo nosso futuro. Temos que fazer um entendimento onde haja respeito e onde haja entendimento. Qualquer problema de crise que seja nacional, qualquer presidente de qualquer partido, por menor que seja, chamem, e eu convoco uma reunião como esta. E quero ter o mesmo direito. Qualquer crise, eu convoco uma reunião como esta”. 

            Escolheu seu ministério. Ninguém indicou, nem PT, nem PDT nem PMDB. Ninguém indicou. Foram escolhidos os melhores entre os melhores. Errou, acertou. Houve Ministro que errou, foi demitido; provou que não tinha errado, voltou ao seu cargo.

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Nas coisas mais difíceis, não houve um momento, não houve um instante em que nós tivemos que ir para o toma lá dá cá. Não há um minuto em que esta Casa tenha saído da sua dignidade. É a isso que nós tínhamos que voltar, é esse o problema.

            Os outros problemas que nós vamos debater - saúde, educação, transporte, segurança -, tudo é importante, mas o mais importante é que esta Casa tenha a altivez, a dignidade, a seriedade, o respeito de votar com a sua consciência, com o que pensa o povo e não com o seu bolso e com vantagens pecuniárias.

            Esse é um grande momento!

            Essa é uma grande hora!

            Essa é uma grande decisão!

            Muito obrigado.

            É com muito carinho que agradeço a gentileza de V. Exª, Sr. Presidente.

 

DOCUMENTO ENCAMINHADO PELO SR. SENADOR PEDRO SIMON EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I, § 2º, do Regimento Interno.)

Matéria referida:

- Discurso do Presidente Itamar Franco.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/08/2014 - Página 10