Discurso durante a 120ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem de pesar pelo falecimento do ex-Governador de Pernambuco Eduardo Campos e exaltação de sua trajetória política.

Autor
Rodrigo Rollemberg (PSB - Partido Socialista Brasileiro/DF)
Nome completo: Rodrigo Sobral Rollemberg
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem de pesar pelo falecimento do ex-Governador de Pernambuco Eduardo Campos e exaltação de sua trajetória política.
Publicação
Publicação no DSF de 19/08/2014 - Página 8
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, MORTE, EDUARDO CAMPOS, EX GOVERNADOR, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), ELOGIO, VIDA PUBLICA.

            O SR. RODRIGO ROLLEMBERG (Bloco Apoio Governo/PSB - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Muito obrigado, Senador Ruben Figueiró, que preside esta sessão, e Senador Fleury. Cumprimento V. Exªs, cumprimento os telespectadores da TV Senado, os ouvintes da Rádio Senado.

            Não poderia deixar, nesta primeira tarde de segunda-feira posterior ao sepultamento do nosso grande líder, amigo, companheiro, Eduardo Campos, de fazer alguns agradecimentos e de dizer algumas palavras a seu respeito, sem prejuízo da sessão solene que teremos, em que terei a oportunidade de voltar a esta tribuna para homenagear esse querido amigo e querido companheiro, que nos deixou de forma trágica e tão precocemente.

            Eduardo Henrique Accioly Campos é filho da ex-Deputada Federal e Ministra do Tribunal de Contas da União Ana Arraes com o escritor Maximiano Accioly Campos. Nasceu em Recife, em 10 de agosto de 1965. É neto do nosso querido e saudoso Miguel Arraes, ex-Governador de Pernambuco, Deputado Estadual, Deputado Federal por três mandatos e ex-Ministro da Ciência e Tecnologia.

            Em 1976, sua mãe levou Eduardo, então com dez anos, e seu irmão, de seis, para conhecer o avô na Argélia. Miguel Arraes tinha sido preso após o golpe militar de 1964. Libertado em 1965, exilou-se na Argélia e só voltou ao Brasil após a Anistia, em 1979.

            Portanto, ainda na infância, o ex-Governador, ex-Ministro, ex-candidato a Presidente da República já enfrentou a vida difícil, a vida difícil de uma ditadura, a vida difícil de uma injustiça cometida pelo arbítrio, e foi nesse ambiente que Eduardo Campos se forjou e se formou como grande liderança política. 

            Aos 20 anos se formou em economia na Universidade Federal de Pernambuco. Em 1986, então, no PMDB, participou da campanha que reelegeu Miguel Arraes como Governador de Pernambuco e, em 1988, se tornou chefe de gabinete do Governador Arraes.

            Eu me lembro de um filme feito por um cunhado meu, Armando Lacerda, chamado Arraes Taí, que já mostra, naquela ocasião da chegada do exílio de Miguel Arraes, o Eduardo Campos ainda muito jovem recebendo o avô e, a partir dali, assumindo um protagonismo político no Estado de Pernambuco.

            Em 1990, filiou-se ao Partido Socialista Brasileiro e foi eleito para o seu primeiro mandato de Deputado Estadual fazendo parte da oposição na Assembléia Legislativa de Pernambuco.

            Em1992, disputou a Prefeitura de Recife, não obtendo êxito. Naquela ocasião, foi reeleito o hoje Senador Jarbas Vasconcelos.

            Em 1994, elegeu-se Deputado Federal por Pernambuco, com 133 mil votos, mas no ano seguinte deixou o Congresso para ser Secretário de Governo e, em 1996, Secretário da Fazenda do Estado de Pernambuco.

            Em 1998, foi reeleito para a Câmara Federal com 225 mil votos. Teve ainda um terceiro mandato em 2002.

            Em 2002, pela terceira vez no Congresso Nacional, Eduardo Campos ganhou destaque e reconhecimento como grande articulador político que era. Por três anos consecutivos, esteve na lista do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) entre os 100 Parlamentares mais influentes do Congresso Nacional.

            No decorrer de sua vida pública no Congresso, Eduardo Campos participou de várias CPIs, apresentou diversos projetos de lei, mas, sobretudo, se caracterizou por uma grande capacidade de articulação e de construção de consenso.

            Foi Presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Natural Brasileiro, criado por sua iniciativa em 13 de junho de 2000. A frente tem natureza suprapartidária e representa, em toda a história do Brasil, a primeira intervenção do Parlamento nacional no setor.

            Lembro-me de que levei, ainda como Deputado Distrital, o Eduardo Campos à Câmara Legislativa do Distrito Federal - e esses dias recebi, de forma muito carinhosa, os anais daquele seminário, um seminário sobre educação patrimonial -, e Eduardo Campos, muito ligado às coisas do patrimônio, do patrimônio cultural, do patrimônio histórico, esteve presente, nos honrando com sua presença na Câmara Legislativa.

            Eduardo Campos foi autor de vários projetos de lei, entre eles o que prevê um diferencial no Fundo de Participação dos Municípios para as cidades brasileiras que possuem acervo tombado pelo IPHAN; o uso dos recursos do FGTS para pagamentos do curso superior do trabalhador e dos seus dependentes; o que tipifica o sequestro relâmpago no Código Penal; e o da responsabilidade social, que exige do governo a publicação do mapa da exclusão social, afirmando seu compromisso com os mais carentes.

            Em 2004, a convite do Presidente Lula, assumiu o Ministério da Ciência e Tecnologia, tornando-se o mais jovem dos Ministros nomeados. Em sua gestão, o Ministério da Ciência e Tecnologia reelaborou o planejamento estratégico, revisou o Programa Espacial Brasileiro e o Programa Nuclear, atualizando a atuação do órgão, de modo a assegurar os interesses do País num contexto global.

            Também como Ministro da Ciência e Tecnologia, tomou iniciativas que repercutiram internacionalmente, como a articulação e aprovação do programa de biossegurança, que permite a utilização de células-tronco embrionárias para fins de pesquisa, e também conseguiu, por unanimidade no Congresso, aprovar a Lei de Inovação Tecnológica, resultando no marco regulatório entre empresas, universidades e instituições de pesquisa.

            Outra ação importante à frente da pasta, que tive a honra de coordenar, foi a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, considerada a maior olimpíada de matemática do mundo em número de participantes.

            Tive a honra, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, de acompanhar, de ser Secretário de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social quando Eduardo Campos foi Ministro da Ciência e Tecnologia. E ali pude conhecer algumas das características que o fizeram um líder político tão reconhecido no Estado de Pernambuco e tão querido em todo o Brasil.

            Tive a oportunidade, Senador Fleury, de ver uma pessoa que, primeiro, articulou todo o setor produtivo, a comunidade científica e o Fórum de Secretários Estaduais de Ciência e Tecnologia, criando a Frente Plurissetorial em Defesa da Ciência, Tecnologia e Inovação no Congresso Nacional, que colocou, pela primeira vez, no âmbito do Congresso Nacional, com destaque, a pauta da ciência, tecnologia e inovação.

            Lembro-me de que, naquele ano, tivemos um aumento substantivo do orçamento do Ministério da Ciência e Tecnologia em função dessa articulação, do trabalho articulado com todos os secretários estaduais de ciência e tecnologia, com a Confederação Nacional da Indústria e com outras representações do setor produtivo e da comunidade científica, mostrando a sua imensa capacidade de diálogo e também a sua imensa liderança e capacidade de articulação política. O Ministério da Ciência e Tecnologia passou a ter outra dimensão no cenário político brasileiro a partir da gestão de Eduardo Campos.

            Participei dos entendimentos para a construção da política industrial, tecnológica e de comércio exterior, que definia alguns setores estratégicos para o País, aqueles setores exportadores de futuro, como a nanotecnologia, biotecnologia, biomassa, áreas estratégicas como o setor de eletrônica, de fármacos e de tecnologia da informação, aqueles temas extremamente importantes para o desenvolvimento brasileiro, sobretudo da Amazônia.

            Dizia o então Ministro Eduardo Campos que a melhor forma de proteger a Amazônia era através do conhecimento, que precisávamos investir no conhecimento da Amazônia, com o objetivo de construir formas de desenvolvimento sustentável para aquela região.

            Também tive a honra de ser nomeado por ele Presidente do Fundo Setorial do Agronegócio, que me permitiu uma convivência com representantes da comunidade científica e do setor produtivo.

            Todas as decisões tomadas no Fundo Setorial do Agronegócio quando fui Presidente foram por consenso. Fiz ali grandes amigos, como o Ministro Alysson Paulinelli e o Sílvio Crestana, posteriormente Presidente da Embrapa. E fazíamos tudo dialogando.

            Orgulho-me muito de hoje termos aqui, no Distrito Federal, em Brasília, o centro da Embrapa Agroenergia. Há 17 anos que a Embrapa não construía um centro. Esse era um centro estratégico para Brasília, e eu me lembro de que, quando levei para ele essa ideia - a ideia acordada já no Fundo Setorial do Agronegócio por mim, pelo Ministro Alysson Paulinelli e pelo Silvio Crestana -, ele ficou entusiasmado com a ideia de construção do centro da Embrapa Agroenergia.

            Ali também pude perceber a sua qualidade como gestor, que nos reunia semanalmente para avaliar a execução orçamentária e a qualidade da execução orçamentária no âmbito do Ministério da Ciência e da Tecnologia.

            Em 2005, Eduardo Campos assumiu a Presidência Nacional do Partido Socialista Brasileiro. Desde essa época... Aliás, desde antes disso, porque me filiei no PSB antes do Eduardo Campos. Filiei-me no PSB em 1985, nunca tive outro partido na vida, já são quase trinta anos de Partido. Fiz parte, junto com ele, todo esse período, como membro da Executiva Nacional do Partido Socialista Brasileiro.

            Em 2005, portando, Eduardo Campos assumiu a Presidência Nacional do Partido Socialista Brasileiro. Ele se licenciou em 2006 para concorrer ao Governo de Pernambuco. Foi eleito com mais de 60% dos votos válidos para governador no segundo turno.

            Em 2010, foi reeleito com a maior votação que um governador teve naquela eleição, mostrando profundo reconhecimento da população de Pernambuco em relação ao seu governo. Foi reeleito com 82,83% dos votos válidos, derrotando o então Senador Jarbas Vasconcelos. Foi Governador de Pernambuco até abril de 2014, quando renunciou para concorrer à Presidência pelo PSB. Seu vice, João Lyra Neto, assumiu, então, o cargo.

            Eduardo Campos ocupou o Governo de Pernambuco durante sete anos, de 2007 a 2014. Na primeira gestão, destacam-se projetos e obras estruturadoras, como a Ferrovia Transnordestina, a Refinaria de Petróleo Abreu e Lima, a fábrica de hemoderivados, a Hemobrás, e a recuperação da BR-101.

            Colocou as contas públicas na internet com o Portal da Transparência do Estado, considerado pela ONG Transparência Brasil o segundo melhor do País, entre os 27 Estados da Federação. O Estado de Pernambuco cresceu acima da média nacional (3,5%, em 2009) e os investimentos foram de mais de R$2,4 bilhões em 2009, contra média histórica de R$600 milhões/ano. A administração foi premiada pelo Movimento Brasil Competitivo.

            Na segurança pública houve redução dos índices de violência com a implantação do programa Pacto pela Vida.

            Tive a oportunidade, Sr. Presidente, de enviar uma equipe nossa, de Brasília, que estava trabalhando na elaboração do nosso programa de Governo para conhecer in loco a experiência do Pacto pela Vida. Os relatos são impressionantes.

            O número de homicídios no Estado sofreu uma queda 39,10% desde o início do programa. Além disso, 88 Municípios pernambucanos chegaram a uma taxa de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) menor que a média nacional, que é de 27,1 por 100 mil habitantes. A redução também ocorreu com crimes como roubos e furtos. Entre 2007 e 2013, houve uma diminuição de 30,3% neste tipo de delito no Estado.

            O Governador Eduardo Campos fazia questão de, pessoalmente, monitorar e comandar as reuniões do Pacto pela Vida.

            Na saúde, foram construídos três novos hospitais na Região Metropolitana do Recife (RMR) e 14 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), além da expansão do número de leitos de UTI e UCI.

            Entre 2006 e 2013, Pernambuco se firmou como o Estado nordestino com o maior ganho de anos na expectativa de vida (3,72 anos), superando a média da região. Houve também redução de 9,6% na taxa de mortalidade por causas evitáveis. Em 2011, Pernambuco alcança a média nacional em relação à mortalidade infantil, reduzindo em 47,5% o seu coeficiente.

            Na educação, entre 2007 e 2011, Pernambuco registrou um crescimento de 14,8% no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). O número é mais de duas vezes superior à média nacional de 6,2%. Os alunos das escolas técnicas pernambucanas apresentaram um desempenho médio 47% superior em relação aos estudantes de outras partes do Brasil, como São Paulo e Santa Catarina, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).

            Pernambuco tem hoje a maior rede de escolas de referência do Brasil, com 260 unidades. De acordo com pesquisa do Inep, somente em 2012 mais de 85 mil alunos foram matriculados - o que corresponde a dez vezes mais do que a média nacional de 8.509. Em 2013, foram 163 mil alunos matriculados. A educação profissional foi ampliada e, atualmente, 26 escolas técnicas estão em funcionamento no estado. O Programa Ganhe o Mundo levou 2.270 alunos para intercâmbios em países como Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia, Chile, Argentina e Espanha. Os relatos desses jovens que tiveram a oportunidade de estudar durante seis meses no exterior são emocionantes. É uma nova vida que se abriu para estudantes, pessoas com pouco poder aquisitivo do interior do Estado de Pernambuco.

            Eduardo Campos, como candidato a Presidente da República, tinha uma obsessão que vinha sendo disseminada por todo o País: a universalização, em quatro anos, da educação integral em tempo integral. Ele tinha plena consciência de que só tinha uma forma de mudar definitivamente a qualidade de vida no Brasil, de fazer com que o Brasil passasse a frequentar um outro patamar histórico no seu processo civilizatório e de desenvolvimento, que é através da educação, da educação integral em tempo integral.

            No emprego, entre 2007 e 2013, foram gerados 560 mil empregos formais, sendo 150 mil apenas no interior do Estado - o que representa uma expansão de 48% no mercado formal de Pernambuco. O governo também atraiu mais de R$78 bilhões de investimentos privados. Empresas como Sadia (Vitória de Santo Antão), Perdigão (Bom Conselho), Novartis (Goiana), Kraft Foods (Vitória de Santo Antão) e Fiat Chrysler (Goiana) se instalaram no Estado.

            Entre 11 Estados pesquisados pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) em parceria com o instituto Ibope, Eduardo Campos foi indicado como o governador mais popular, avaliado como ótimo ou bom por 58% dos pernambucanos; 68% da população disse confiar no governador.

            Tivemos, em alguns casos, em alguns institutos de pesquisa, índice ainda muito mais elevados do que esse, colocando sempre Eduardo Campos como o governador melhor avaliado do Brasil.

            Em setembro de 2013, anunciou a saída do PSB da base aliada do Governo da Presidente Dilma Rousseff, entregando os ministérios que ocupava. Definida por Campos como verdadeiro, tivemos um grande momento que alvoroçou a política brasileira com a entrada da companheira Marina Silva no Partido Socialista Brasileiro, evento histórico esse, de que tive a oportunidade de participar.

            Após o Tribunal Superior Eleitoral negar o registro, a formalização do registro do partido Rede Sustentabilidade, estivemos, eu e Eduardo, na casa de uma assessora do Deputado Walter Feldman e, em uma conversa com a ex-Senadora e ex-Ministra Marina Silva e o Deputado Walter Feldman, Eduardo Campos acertou o ingresso dos companheiros da Rede Sustentabilidade no PSB, constituindo uma filiação democrática para constituir, em seguida, uma coligação programática, uma coligação feita em torno de um programa de governo, construído conjuntamente entre PSB e Rede e, posteriormente, com outros partidos que fizeram parte dessa coligação, que, tenho certeza, será uma coligação vitoriosa, que mudará, definitivamente, os rumos do Brasil.

            Esse tem sido um processo extremamente rico, um processo de ouvir a população, de construir um programa de governo com a população e com a perspectiva de governar com a população; não governar para a população. Governar com a população, para o conjunto da população.

            Eduardo Campos deixa cinco filhos, João Henrique Accioly Campos, de 20 anos, Pedro, Maria Eduarda, José e, o mais novo, Miguel. Eduardo Campos, por ironia do destino, faleceu no mesmo dia em que morreu seu avô, Miguel Arraes.

            O PSB perde a sua maior liderança política, mas ganha o desafio de continuar sua luta por um novo Brasil, expressa nas diretrizes do programa de governo da Coligação Unidos pelo Brasil - Estado e democracia de alta densidade; Economia para o desenvolvimento sustentável; Educação, cultura e inovação; Políticas sociais de qualidade e Novo urbanismo e pacto pela vida.

            Eduardo Campos nos legou o dever de tornar realidade sua luta, que é a de todos nós: construir um Brasil próspero e justo - que é a bandeira do Partido Socialista Brasileiro (PSB).

            Quero aqui, Sr. Presidente, agradecer as infinitas manifestações de carinho, de reconhecimento, vindas de todo lado; em primeiro lugar, da população pernambucana. O que nós vimos, nesses últimos dias, especialmente nos dois últimos dias, no velório e no sepultamento do ex-Governador, ex-Ministro e ex-Deputado, nosso candidato a Presidente da República, Eduardo Campos, foi um profundo reconhecimento do povo de Pernambuco. Um reconhecimento incomum, num momento em que a política e os políticos sofrem de descrédito. Ali, havia uma manifestação de esperança, uma manifestação de confiança, de que Eduardo Campos era uma pessoa preparada para conduzir os destinos da Nação como esteve preparado e demonstrou-se preparado para conduzir os destinos da população de Pernambuco.

            Esses dados que acabei de relatar - do seu desempenho no Governo -, foi o que efetivamente o representou na vida de milhões de pernambucanos, que estavam ali para prestar a sua última homenagem.

            Eduardo Campos era o político brasileiro com maior capacidade de unir o Brasil, no momento em que o Brasil precisa de união para superar os seus enormes desafios. E as próprias presenças ali no seu velório, no seu sepultamento, demonstram essa capacidade, a capacidade de reconhecer os méritos dos outros, a capacidade de reconhecer os avanços que nós tivemos no governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, como os avanços na estabilização econômica, como os avanços que tivemos no governo do Presidente Lula, sobretudo no processo de inclusão social que nós tivemos, mais a capacidade de dialogar com todas as forças políticas do Brasil.

            Foi assim. E, aqui, além de registrar, queremos agradecer a presença da Presidente Dilma, do Presidente Lula, do candidato a Presidente Aécio Neves, do candidato a Presidente Pastor Everaldo, de várias lideranças que são muito amigas, como o ex-Ministro Aldo Rebelo, como o Senador Eunício Oliveira e centenas, milhares de lideranças, prefeitos, governadores, ministros, populares, gente da população mais simples, que foram ali manifestar o seu reconhecimento, o seu carinho, a sua homenagem a Eduardo Campos.

            Não posso deixar aqui de expressar palavras especiais para D. Ana Arraes, a sua mãe, muito abalada com a perda de um filho. É sempre incomum, não é natural um filho ir embora, partir desta vida antes da mãe. Portanto, é natural que ela estivesse muito abalada, mas quero registrar a serenidade, a força com que a família, a família unida, uma família com muita fé vem enfrentando essa tragédia.

            Quero aqui me referir à esposa de Eduardo Campos, Renata Campos, aos seus filhos, João, Pedro, Maria Eduarda, José, Miguel, a todos os familiares e amigos, a todos que acabaram sendo vitimados também por essa mesma tragédia e também às suas famílias, Pedro Valladares, Percol, Alexandre, Marcelo Lyra, os pilotos Geraldo Magela e Marcos Martins, todos que estavam ali e que vinham acompanhando permanentemente Eduardo Campos nesse sonho, nesse belo sonho de transformar o Brasil, de construir um novo Brasil.

            Quero aqui registrar um momento de muita emoção, quando já se encerrava o velório, antes de o caixão partir para o cemitério, em que o poeta popular Antônio Marinho declamou versos de homenagem a Eduardo Campos, emocionando a todos, como diversas outras manifestações de artistas locais, reconhecendo e retribuindo toda a atenção, todo o valor que Eduardo Campos sempre deu à cultura pernambucana e à cultura brasileira. As manifestações de artistas por todo o Brasil são inúmeras, são incontáveis, como a do músico, poeta, compositor Caetano Veloso, no Facebook, e diversos outros, como o músico Alceu Valença, como vários outros que manifestaram a sua admiração e a sua tristeza com a perda de Eduardo Campos.

            Eduardo Campos, um líder desse, quando se vai, deixa o seu exemplo a ser seguido.

            Aumenta para nós, como seus amigos, como seus correligionários, como seus colegas de sonho e caminhada, a nossa responsabilidade, a responsabilidade de seguir esse caminho sempre ao lado do povo, sempre ouvindo o povo, buscando construir um País melhor para todos. Exercendo a nossa indignação, exercendo essa indignação não de forma estéril, mas de forma propositiva, construindo pontes, construindo alternativas, para que possamos construir um mundo melhor.

            Eduardo Campos nos ensinou a fazer política com determinação, com compromisso, mas também com muita alegria. Era uma pessoa que contagiava pela sua permanente alegria, pela sua crença, pela sua fé no povo brasileiro, pela sua capacidade, pela sua crença na capacidade de realização do povo brasileiro. Ele tinha convicção - e aprendeu com seu avô, Miguel Arraes - de que, quando um povo se une em torno de um objetivo comum, todos nós que estamos na superestrutura da política somos obrigados também a nos unir em torno desses mesmos objetivos.

            Nós, do PSB, temos uma responsabilidade muito grande neste momento. Todos nós, militantes do Partido Socialista Brasileiro, desde o militante que está na base, a todos nós que exercemos cargos públicos, que exercemos mandatos parlamentares, que estamos nos propondo a cumprir missões no Poder Executivo, temos que estar irmanados neste momento com a companheira Marina Silva, que será a nossa candidata a Presidente da República. Essa companheira que teve, desde o primeiro momento, a absoluta confiança do nosso companheiro e amigo Eduardo Campos e que trilhou, ao longo desses nove meses, andou por este Brasil afora, semeando, junto com Eduardo Campos, a esperança no coração de milhões de brasileiros.

            Temos certeza, o PSB, nos próximos dias, formalizará a composição total dessa chapa. Teremos a nossa companheira Marina Silva como candidata a Presidente da República e escolheremos, nos próximos dias, o nosso candidato a Vice-Presidente, que deve ser, como já definido pela Comissão Executiva Nacional, de nosso Partido, uma pessoa de vida orgânica, identificada com os princípios e os valores do Partido Socialista Brasileiro, que esteja engajada neste projeto político desde o início, que acreditou desde o início nesse projeto político de transformação do Brasil, que seja uma pessoa que sempre gozou da confiança do nosso líder maior, Eduardo Campos, e que tenha uma boa relação construída com a nossa companheira, agora nossa candidata Marina Silva.

            Tenho certeza de que há uma expectativa muito grande do Brasil em relação a todos nós. Temos a tranquilidade de termos feito uma aliança em torno de um programa comum, programa construído junto com a população brasileira. E é esse programa que será o nosso norte.

            É esse programa que nós vamos debater em todos os rincões deste Brasil, com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, com a nossa companheira Marina, com o nosso candidato a vice, que será definido até a próxima quarta-feira, semeando a esperança por todos os cantos deste País, semeando a esperança no coração de todos os brasileiros.

            E, lembrando as últimas palavras de nosso querido irmão, amigo, companheiro, líder, nosso Presidente, Eduardo Campos: “Não vamos desistir do Brasil. É aqui que nós vamos criar nossos filhos. É aqui que nós vamos construir uma sociedade mais justa. Nós temos fé no Brasil e nós temos coragem para mudar”.

            Muito obrigado.

 

            [...]

            O SR. RODRIGO ROLLEMBERG (Bloco Apoio Governo/PSB - DF) - Muito obrigado, Senador Ruben Figueiró. Agradeço em meu nome e em nome de todo o Partido Socialista Brasileiro as suas palavras generosas, as palavras do Senador Fleury e todas as manifestações de carinho e reconhecimento da população brasileira.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/08/2014 - Página 8