O SR. FLEURY (Bloco Minoria/DEM - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srs. Senadores, Srªs Senadoras, Presidente desta sessão, Kaká Andrade, é com grande satisfação que hoje anuncio que estão no meu gabinete a Srª Anésia, Sr. Zé e Monalisa Parreira. As duas são diretoras da FAC de Quirinópolis, faculdade que vem crescendo e que tem trazido melhores condições para os estudantes do sudoeste goiano, que tinham que viajar de 300 a 500 km para terem acesso ao ensino superior. Um delas era dona de um colégio e abriu uma faculdade. Hoje, não só em Quirinópolis, como nos Municípios vizinhos, a população está perto da faculdade. É uma faculdade que já tem alguns anos e que vem, dia a dia, mostrando para aquela região a importância da educação.

            Neste meu pronunciamento, quero voltar ao problema das usinas de álcool e açúcar, que estão passando por uma dificuldade muito grande. Hoje, nesse setor, estamos com mais de 60 mil funcionários demitidos. Existem mais de 40 usinas fechadas. Mais de 20 usinas estão atrás de recuperação de crédito. Isso está acontecendo, Senador, por uma única coisa: o Governo Federal está pisando esse setor. O álcool é indexado à gasolina, o Governo Federal acha que, se subir a gasolina, cria-se inflação, mas está acabando com vários setores.

            Então, acho que o Governo, a Presidenta Dilma precisa ter mais sensibilidade com esse setor.

            O próprio Presidente Lula incentivou o plantio do álcool, disse que o Brasil seria autossuficiente com o álcool, que iria exportar álcool. Ele foi o maior propagandista no mundo do álcool, e hoje estamos vendo a sua sucessora do mesmo partido, aliada a ele, sempre o tendo como conselheiro, acabando com esse setor.

            Ela se iludiu, nós todos batemos palma quando se descobriu o pré-sal, mas hoje não se fala mais no pré-sal. E essa energia de álcool é uma energia renovável, não ocupa área agrícola, está praticamente em regiões que produzem álcool. Uma usina não precisa, para produzir álcool, mais do que um raio de 25km, porque a produtividade é boa.

            Estamos lutando para aumentar a produtividade de cana, podemos abastecer tranquilamente o mercado nacional, mas hoje é triste, porque o que estamos vendo? O Brasil importando dos Estados Unidos álcool feito de milho, enquanto nós sabemos que os países, Senador Randolfe, precisam do milho para alimentação. Nós somos um país em que estamos dispostos e temos condições de alimentar o mundo, enquanto os Estados Unidos colocam álcool aqui com preço muito superior ao que nós podemos fazer; mas o Governo Federal, a nossa Presidente não se sensibiliza por esse lado.

            Nós estamos vendo aí inúmeros e inúmeros pedidos das usinas, mas nem um pronunciamento até hoje da Presidente Dilma sobre esse setor. Isso me deixa indignado, porque, no sudoeste de Goiás, o crescimento foi muito grande com as usinas. Hoje, na parte de agricultura, está muito difícil produzir neste País. Nós não temos seguro. Eu sou um agricultor, sou um homem da roça, moro há mais de 30 anos na minha propriedade, não moro na cidade, mas não tenho a mínima coragem de plantar grão, porque o grão é a indústria de céu aberto.

            E, além de ser uma indústria de céu aberto, para você perder com o tempo, estamos perdendo grão, Senador Randolfe, por falta de armazenamento no Mato Grosso e em Goiás. Então, o produtor corre todo aquele risco, usa toda a tecnologia, e, depois de colhido, perde-se porque não tem onde armazenar. É algo inaceitável neste País: quando a Presidenta está fora, fala com tanto orgulho da balança comercial do País, do superávit que a agricultura dá a este País, mas os produtores estão chorando, os produtores estão clamando por um olhar da Presidente para este setor.

            Eu me pronuncio aqui muito sentido, por produtor que sou e por várias pessoas que têm me ligado, dizendo da situação do centro-sul do País, com o álcool e com o grão.

            É isso que eu tinha a dizer e pedir ao Senador Randolfe, cuja voz é respeitada nesta Casa e no País inteiro, que ele nos ajude. O setor está precisando urgentemente ser reconhecido.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.