Pronunciamento de Cyro Miranda em 02/09/2014
Discurso durante a 128ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Críticas à Presidente Dilma Rousseff pela forma como tem conduzido a economia brasileira durante seu mandato.
- Autor
- Cyro Miranda (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
- Nome completo: Cyro Miranda Gifford Júnior
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
PRESIDENTE DA REPUBLICA, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
- Críticas à Presidente Dilma Rousseff pela forma como tem conduzido a economia brasileira durante seu mandato.
- Publicação
- Publicação no DSF de 03/09/2014 - Página 3354
- Assunto
- Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
- Indexação
-
- CRITICA, GOVERNO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ENFASE, CRISE, ECONOMIA, AUSENCIA, CONTROLE, INFLAÇÃO, REDUÇÃO, CRESCIMENTO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), DESACELERAÇÃO, SETOR, AUTOMOVEL, ENDIVIDAMENTO, POPULAÇÃO, ACRESCIMO, JUROS, INVESTIMENTO.
O SR. CYRO MIRANDA (Bloco Minoria/PSDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente desta sessão, Senador Kaká Andrade, Srªs e Srs. Senadores, Senador Fleury, do meu Estado, complexo de comunicação do Senado, Rádio, TV, Jornal e Agência, é impressionante a incapacidade da Presidente Dilma de reconhecer erros e desacertos. No vocabulário dela, e, com certeza, do Partido dos Trabalhadores, não existem as palavras autocrítica, reavaliação e outras do gênero.
Não dá para acreditar que, com todos os sinais de paralisia da economia, a Presidente continue a dizer que está tudo bem e a repelir qualquer crítica à condução do Brasil. Ou ela pensa que vai haver um milagre para transformar em verdade as patacoadas do Ministro Mantega, ou ela acha que todo mundo é bobo e não está vendo o orçamento doméstico encolher dia após dia, pressionado pela inflação sempre no teto da meta.
Até mesmo o comemorado superávit da balança comercial em agosto é resultado de mais um velho truque, muito ao estilo do atual Governo. Contabilizaram a venda de uma plataforma de petróleo da Petrobras para a própria Petrobras, de mim para mim mesmo, com muito amor próprio. É o desespero de um governo que, em quatro anos, conseguiu um desastre sem precedentes para a economia do Brasil.
Dilma Rousseff vai deixar uma herança maldita com efeitos nefastos para o futuro Presidente. Seu governo nunca teve um planejamento de longo prazo e aprendeu a pior das lições em economia: correr atrás do prejuízo no lugar de gerenciar com metas de médio e longo prazo.
Vejam o que acontece agora: a indústria automobilística caiu 7,4% em agosto e frustrou expectativas. Ao contrário do que o Governo e a Presidente têm dito, não é a Copa do Mundo a responsável pelo fraco desempenho da economia.
Findo o mundial, Sr. Presidente, as vendas de veículos não se recuperaram e dificilmente haverá mudança no quadro, mesmo com a tentativa dos bancos públicos em oferecer taxas mais favoráveis para a aquisição de automóveis.
Dilma desorganizou a economia do País e nos colocou ladeira abaixo, sem freio ou rumo.
A situação é tão grave que o The Economist chegou a fazer chacota da situação brasileira ao comparar a economia com a “dancinha da garrafa”, em que os participantes vão tentando passar por debaixo da corda cada vez mais baixa.
Não se pode admitir que um governo pretenda se reeleger quando oferece aos eleitores míseros 0,8% como perspectiva de crescimentos do PIB em 2014.
E o fundo o poço ainda não chegou, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores! Conforme a pesquisa Focus do Banco Central, o tombo do primeiro semestre será seguido por mais um fracasso no segundo. Isto deverá levar o Brasil a um crescimento de em torno de 0,5%. Meio por cento, Srªs e Srs. Senadores, é o que um país com o potencial econômico do Brasil deverá crescer em 2014. Em 2015 o PIB deverá crescer medíocre 1%.
A Presidente Dilma tenta enganar os eleitores dizendo que a crise da economia brasileira é passageira, mas o estrago provocado por ela e sua equipe econômica é enorme. O desempenho da economia brasileira só não fica atrás do da Venezuela e do da Argentina. Boa comparação.
Pela décima quarta vez, as previsões para o crescimento do PIB foram rebaixadas. Aí vem a Presidente falar de pleno emprego, do aumento real de salários, dos programas sociais de seu Governo. Ora, se a economia vai mal, tudo vai mal! É apenas uma questão de tempo.
Dona Dilma, a senhora sai, mas sabe quem fica? O povo, com essa herança maldita, com uma enorme dívida e com suas famílias pagando, pelo resto das décadas, pelo mau governo com que a senhora as está presenteando.
As paradas de produção nas fábricas de automóveis continuam. Além do mercado doméstico retraído, as exportações estão em baixa e as montadoras precisam reduzir o excesso de estoques.
Nesta semana, a Ford suspendeu a produção de carros e caminhões na fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Seria uma parada para ajustar a produção à menor demanda. Mas o fato é que os operários só voltarão ao trabalho na próxima segunda-feira, no que tem sido qualificado como parada emergencial pelos próprios sindicatos. O mercado automobilístico não se reaqueceu como previsto. As ofertas especiais de juros dos bancos públicos para a aquisição de automóveis não vão surtir efeitos.
A maior parte das famílias está endividada com prestações da casa própria, com financiamentos de carros, com a linha branca e com uma poupança cada vez menor. A decisão de trocar de carro exige planejamento e, muitas vezes, sacrifícios. Não por acaso esse sonho tem sido adiado por muitos brasileiros. A inflação corrobora essa tendência.
Entra o tomate, sai o tomate, mas, na média, a inflação acomodou-se no teto da meta e não baixa nem por reza. Dilma e sua equipe pisam sempre no tomate. Se fosse possível reduzir a inflação apenas pelo aumento dos juros, isso já teria acontecido.
Mas, justamente com os juros absurdos e inconcebíveis para uma econômica de mercado, a inflação trava o País e tira qualquer estímulo para o investimento. Como bem observou e observa Miriam Leitão, o maior problema não é a queda no crescimento de um setor, mas, evidentemente, é temerosa a diminuição de investimentos. E os investimentos de hoje são o crescimento do PIB de amanhã.
O que, lamentavelmente, estamos assistindo é o desabar de um mundo de mentiras e manobras, de um governo, que, ao longo de quatro anos, liquidou a economia brasileira como jamais visto em toda a história. Dilma Rousseff vai ficar para a posteridade como uma das piores, senão a pior, Presidente em toda a história republicana.
Com sua visão dogmática, intervencionista e sectária, conseguiu jogar por terra a estabilidade econômica e levar o Brasil à recessão técnica. Enquanto o Brasil cai vertiginosamente, os dados de diversos países latino-americanos mostram um crescimento significativo: o Chile cresceu quase 2%, o Peru, 1,7% e a Colômbia, 6,4%. Os Estados Unidos, por sua vez, saindo de uma recessão, estão crescendo cerca de 2,5%. Alemanha, Rússia e França também têm crescimento positivo.
Então, a desculpa de uma conjuntura internacional desfavorável não cola como justificativa para o péssimo desempenho da economia brasileira. Daqui há pouco, eles vão dizer e nos comparar com uma crise na ilha de Chipre: se Chipre vai mal, nós vamos mal também. Sempre há uma desculpa.
O fato inequívoco e inquestionável, Sr. Presidente, é que, ao longo do governo Dilma, o Brasil perdeu muita musculatura. A falta de compromisso com as metas fiscais, as infindas manobras contábeis e o crescimento da máquina pública colocaram por terra a credibilidade do País. Se o Brasil, antes de Dilma, tinha um potencial de crescimento médio anual da ordem de 3%, hoje não passa da metade, com clara tendência negativa.
Dilma deixa uma herança maldita.
Obrigado, Sr. Presidente.